Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 35
Lembranças de defuntos e uma ex-vadia consolada.




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Meu estômago embrulhou só com essa lembrança. Mamãe na cozinha era um perigo. Suspirei, pensando no meu pequeno. Bruna me abraçou com força. Sabia o quanto eu amava Pietro e o quanto doía em mim perdê-lo.

— Sinto falta dele, Bu.

— Sei disso, meu anjo – disse ela, beijando minha testa. Os demais nos fitaram – O irmão dela, gente. Era a criatura mais irritante do mundo, mas devia ser um bom irmão, sei lá , né.

— Como você sabe? Não era irmã dele!

Ri. Suspirei, deixando aquela lágrima teimosa escapar. Pronto, lá estava eu, chorando na frente de todo mundo. Lembrando-me de com ele saiu bêbado de casa pra ir praquele maldito racha com os amiguinhos. Só pra me mostrar que eu não vivo sem ele. Trouxa.

— Mandie... – sussurrou Gabes – Olha, você tem um irmão tonto de novo! Veja, o Rodrigo logo ali. Não lembra o seu Pietro?

Ri baixinho. Pior que lembrava mesmo. O jeito, o tamanho, o grande sorriso e os olhinhos pequenos, e o jeito que esses fechavam quando ele sorria. Só faltavam ser claros. Empurrei Gabriel e pulei no colo de Rodrigo.

— Ow, você tinha que lembrar tanto o meu menino?

— Ele lembra... – sussurrou Henrique.

— Muito!

Então todos eles me abraçaram. Exceto Natalie, mas isso é óbvio. A garota tá querendo me matar, afinal.

— Não fique assim, pequenina! – gritou Chloe – Você recuperou seu Cainho e seu Pietro vindo pra cá! Tudo bem, Caio deve ser extremamente superior ao Gabriel, mas já é alguma coisa!

Não preciso dizer que Gabriel não curtiu essa história de “Tudo bem que Caio era superior”, mas ok. Quem gostaria? Ser comparado a um defunto e ainda ser menosprezado? Eu também não ficaria feliz

Mas era um fato. Caio era um doce. Era um príncipe, todo fofo, lindo, teimoso, chato que só a porra... Era tudo. Era minha alma gêmea. E quando ele se foi, um pedaço meu se foi com ele.

— Aw – foi tudo o que eu consegui excamar.

Que merda. Por que sempre que falavam dele eu ficava assim? Suspirei, deitando-me no chão frio.

— Mandie! – gritou Gabriel – Eu vou fazer você esquecer este defunto, eu lhe prome...

— Você o que?! – disse, incrédula.

— Fazer com que você se esqueça dessa desgraça na sua vida.

— Olha, você veja bem como fala do defunto, porque o defunto era meu melhor amigo! – gritou Bruna.

— Defunto... – sussurrei.

— Santo Deus, eu não medi as palavras, me perdoe, pequena! – disse Bu.

— Eu sei.

Solucei enquanto as lágrimas começaram a rolar de novo. Olha, muita falta mesmo daquela Amanda durona que não chorava por nada. Que fazia com que as pessoas chorassem, jamais o contrário. Eu era, sinceramente, uma vaca. Aquele tipo de menina popular, vilã da Nova Cinderela ou Diário da Princesa, sabe. Dessas que você pergunta: ô filha da puta! Como você consegue ser popular?

Eu adorava a sensação de ser essa vadia. Eu era realmente muito boa nisso.

E olhem agora pra mim! Patética, digna de pena. Caindo no choro pela lembrança de m ex-namorado. Na verdade, namorado. Nunca terminamos.

— Pequena, você não parece bem... – sussurrou Thiago

— Eu não estou! – gritei – Eu sou patética!

— Oi?

— Eu to chorando por causa do meu namorado que morreu. Eu não costumo chorar por nada, cara. Eu sou o tipo de menina grosseira, estúpida e odiável que não permite que as pessoas, a não ser a Bruna ali, a vejam chorando! Agora cá estou eu jogada no chão, chorando na frente de todos vocês! Eu nunca precisei de gente pra me consolar, Thaigo!

— Amanda, você teve que lidar com duas mortes importantes pra caralho. Não precisa ter vergonha de chorar. E você não precisa ser uma vadia pra que a gente te ame, para com isso.

— Mas eu gostava de ser assim. Putas como aquela ali não me incomodavam sabe. Eu podia beijar o Gabriel na frente dela só pra vê-las com raiva. Eu tinha um sex-appel por ser assim, sabe.

— E você acha que não tem um sex-appel, Amanda? Porra, dois de uma vez só num grupinho só – disse Thi, rindo – Mas agora tem essa outra Mandie. A frágil que precisa de cuidados e precisa de um abraço do seu melhor amigo gostosão – disse, apontando pra si – Porra, Amanda. Eu me apeguei a você, e agora eu sinto que preciso cuidar de você. Se você fica mal, eu me sinto mal, porque é como se eu tivesse falhado com a minha irmãzinha. Entende como você mexe comigo? Mexe com o Gabriel, mexe com o Gustavo? Até com os outros que não querem te comer nem te têm como uma irmã...

— Eu a tenho como uma irmãzinha também! – gritou Rodrigo.

— Deixe-me terminar meu discurso? – resmungou Thiago – Muito obrigado. Enfim, Amanda, você mexe com as pessoas, sendo manipuladora ou não. Acaba sendo assim sempre, tendo diferentes métodos de manipulação – disse, me abraçando.

— A gente te ama, cu – disse Desirèe, rindo baixinho.

Funguei. Por alguns instantes, eu realmente não soube o que dizer. Suspirei, ajeitando-me sobre o abraço de Thiago e sorrindo.

— Nunca achei que uma maldita bola de golfe pudesse mudar minha vida – disse, rolando os olhos.

 Eles sorriram pra mim e me abraçaram. Olhei pelo lado de fora da janela. Finalmente, a linda - ou nem tanto - tempestade havia passado.


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