Olhos De Aquarela escrita por Star


Capítulo 11
A Queda do Monstro




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Deitada no chão, Nina viu enquanto a luz do quarto sumia, dando vez a uma onda alaranjada e depois a um azul meio fosco. Sentiu o chão ficar frio embaixo do seu corpo, as cortinas se mexerem com o vento, os estalos baixos dos móveis. Algumas vezes ela fechava os olhos com força e só continuava a sentir. Como fazia antes. Antes da sua cabeça entrar em pane.

Quando estava com os olhos fechados, tudo parecia mais simples. A dor sumia e a escuridão de certa forma a acalmava. Mas quando abria os olhos novamente e via que tudo ainda estava alí, espreitando, esperando que ela acordasse... Era desesperador.

Pensou em muitas coisas. Não pensou em nada. Chorou até os olhos incharem. Gritou até a garganta arranhar. Até entrar em um estado letárgico. E quando achou que já era suficiente, levantou.



Enquanto estava de olhos fechados, imaginou se Alex teria mesmo ido embora. Se a teria deixado sozinha, como havia mandado. Imaginou se ele simplesmente não sumiria do mundo, deixando-a para a escuridão novamente. Mas agora ela conseguia entender. Enquanto destrancava a porta, tinha certeza de que o encontraria ainda alí. Porque era isso que ela queria. E ele pertencia a ela.

Alex estava na sua cama, sorriu ao vê-la. Nina deitou-se ao lado dele. Queria pedir desculpas. Queria matá-lo. Queria, acima de tudo, parar de pensar em si mesma como uma criança perturbada que discute com seus amigos imaginários.

– Você está bem agora?

Ela estremeceu. De certa forma havia se esquecido de que Alex também podia falar.

– Mais ou menos – murmurou. – Vou ficar.

Alex virou-se para ela, ela se encolheu.

– O que? Está com medo de mim?

– Não. – hesitou - Desculpa, é que é difícil ficar me lembrando que você não é de verdade.

– Pode fechar os olhos, se quiser.

Nina fechou os olhos. Era assim que estava acostumada. Sentia o vento frio entrando pela janela da varanda, o lençol se agitando, o peso da sua respiração, o ranger discreto do ventilador.

– Nunca fui cega – falou, como se decretasse para si mesma. – É. Isso explica bastante coisa. Todos aqueles médicos. Eles nunca conseguiram entender porquê eu não enxergava.

Alex não falou nada. Ela continuou.

– Você não é a primeira pessoa a me chamar de baixinha . Ou é? Está ficando realmente difícil conseguir separar lembranças de sensações. – Continuou. – Ou eu já te conhecia antes? Antes de tudo? Você é algum parente meu? Mas não se parece muito comigo... Quem é você? O que é você?

Alex não respondeu. Nina abriu os olhos.

– Você não quer me contar – não foi uma pergunta. Ela já estava ficando zangada.

Alex deu um sorriso desapontado, contraindo as sobrancelhas em um olhar de pena.

– Não posso.

– Mas eu... Eu te criei pra isso, não foi? Pra me contar a verdade.

– Você ainda não está pronta para saber a verdade.

– Como pode saber se estou pronta ou não?

Ele acariciou seu rosto. Nina esperava não sentir nada, mas o seu toque era quente e afetuoso e só isso foi capaz de acalmar o embrulho gelado formado no seu estômago.

– Você fechou os olhos quando eu te ofereci – ele falou. - Ainda quer fugir. Finge ser durona e já estar pronta pra tudo, mas na verdade não quer descobrir coisa nenhuma, só quer que as coisas voltem a ser como eram antes. Pra mim, você não pode mentir.

Ele espantou suas lágrimas com as pontas dos dedos. Estava sorrindo. Alex estava sempre sorrindo.

– Alex...

– O que?

– Se eu dissesse que te amo... Isso soaria como uma forma absurda e insana de megalomania?

Ele franziu a testa, parecendo se divertir com a ideia.

– Não sei. Talvez. Por que? Você me ama?

Nina sentiu todo o seu corpo arrepiar, como se um balde de água fria lhe fosse atirado, e mesmo assim cada pedacinho seu ferveu como ferro em brasa.

– Talvez – assumiu, constrangida.

– Eu sabia. Eu sempre soube. – Alex sorriu, muito satisfeito.

– Seria muito estranho se nós... você sabe... nos beijássemos?

– Você quer tentar?

– Pare de ser tão direto, faz com que eu me sinta uma pervertida suja e imoral.

– E o que eu deveria fazer?

– Só faça!

– E se você me acusar de assédio?

Nina armou uma cara emburrada. Alex riu, como sempre, sussurrando "Tô brincando”, e segurou-lhe o rosto com delicadeza. Devagar, viu seus enormes olhos azuis se aproximarem, e o instinto fez com que fechasse os seus. Foi um toque apenas. Demorado, macio, agradável. Fez com que seu coração batesse tão alto que os neurônios que gritavam “Você está ficando louca! Completamente LOUCA!” mal foram ouvidos. E ainda tinha aquela sensação... Algo estranho e eufórico, como se fosse estivesse esperando por isso há tempo demais. Como se fosse exatamente a coisa certa a se fazer.

– O que achou? – Ele perguntou, depois de soltar seu rosto.

– Foi... bom.

– Fui seu primeiro?

Ela hesitou.

– Não.

– Fui, sim.

– Tá legal, você já sabe a verdade, qual a graça de ficar perguntando?

– Então, o que fazemos agora que meus germes já estão em você? – Perguntou, pressionando o dedo indicador contra os lábios da garota.

– Tenho umas ideias mas não tenho certeza de até que parte você pode ser real – Nina brincou, com um olhar malicioso.

– Ou poderíamos visitar Dani.

– Poderíamos. É. Fui muito grossa com ela ontem, eu deveria pedir desculpas. Não quero que fique preocupada comigo, também.

– Então? Vá.

– Não vem comigo?

– Não, você pode ir sozinha.

– Preguiçoso.

– Coala.

– Esteja aqui quando eu voltar, ok?

– Como se eu tivesse a imaginação de outras pessoas pra visitar.



É estranha a facilidade com que as pessoas se acostumam a situações extraordinárias. Primeiro foi a escuridão. Depois, Alex. E agora Nina estava alí, sozinha, com os olhos abertos para o mundo escondidos por um óculos escuro e batendo na porta de número 29.



– Daniela? Sou eu, Nina.





Fez-se silêncio por algum tempo, então ruídos discretos vieram do lado de dentro. O som da porta destrancando, devagar, e abriu-se uma fresta.



– Nina. Olá. Algum problema?

A voz da vizinha era entrecortada por soluços pequenos, e dentro do apartamento estava escuro demais para que Nina pudesse vê-la com seus óculos escuros.

– Não, não, eu só queria me desculpar pelo que houve no hospital mais cedo, mas... Não tinha pensado nisso, mas acho que já está um pouco tarde, não é? Não quero incomodar. Volto amanhã.

– Por favor, só espere um pouco.

A porta fechou novamente, as luzes de dentro se acenderam e por alguns minutos Nina ouviu o som de coisas sendo arrastadas. Quando o apartamento se abriu novamente, Nina segurou na garganta um grito de susto.

A vizinha não conseguia abrir um dos olhos. O esquerdo tinha sumido dentro da carne vermelha e inchada. Sangue seco estava preso nos cantos do seu nariz e uma mancha roxa e verde cercava o lábio inferior inchado.

– Desculpe por não ter aberto a porta antes, é que a casa está uma bagunça...

Mesmo que Nina fosse cega, mesmo que nunca pudesse enxergar o horror gravado na sua pele, a vizinha falava olhando para os próprios pés.

– Estava escolhendo o que fazer pro jantar, mas deve ser cup noodles mesmo. Quer me acompanhar? Podemos pedir comida chinesa também.

A vizinha se esforçava para fazer a própria voz soar animada, engolir a dor que sentia cada vez que precisava mexer a boca. Nina não sabia como fingir que não estava vendo o que estava a sua frente, sequer suportava a ideia de ter que agir como se tudo estivesse normal, por isso apenas mordeu as bochechas por dentro e assentiu com a cabeça.

Por dentro o apartamento estava tão bagunçado quanto sua dona. Os móveis estavam espalhados fora do lugar, os enfeites de plástico tinham sido atirados por todo canto e restos dos de porcelana estavam em cacos pelo chão. Os livros foram revirados, papéis amassados estavam amontoados em um canto, cacos de vidro de copos, pratos e de um espelho foram recolhidos em um montinho reluzente. Dois tapetes da sala estavam amassados no pé da parede ao lado da porta do quarto, junto do taco de beiseboll que Dani usava anos atrás, quando ainda fazia parte da Liga Feminina.

– Dani, o que aconteceu aqui? – Nina não conseguiu mais se conter - O que aconteceu com você? Está doendo, não está? Nós precisamos ir a um hospital, nós precisamos... - Sair daqui, era o que ia dizer até mesmo com certa urgência, mas parou quando viu a vizinha de olhos arregalados para ela.

– Eu sabia. Sabia que você estava vendo. Não sei como isso aconteceu, mas desde que você veio aqui mais cedo comecei a pensar nisso. Primeiro pensei que fosse besteira, que estava imaginando coisas. Mas... É mesmo verdade, não é?

Nina assentiu devagar, com ar desconfortável, sentando-se no sofá torto. Dani deu um suspiro cansado e encolheu-se esfregando os braços. Voltou o olhar para a bagunça da sua casa.

– Foi Paulo. O homem que você viu mais cedo. Ele estava aqui quando cheguei do hospital. Nervoso, como sempre.

– O que ele quer, Dani?

– Dinheiro, é claro. - Dani balançou a cabeça pesarosamente. - Paulo tem problemas com drogas, fez muitas dívidas com isso. Antes, eu tentei ajudar. De todas as formas possíveis. Mas ele me batia, me mandava ficar fora da sua vida, passava noites sumido e voltava chorando, dizendo que não sabia mais o que fazer, que queria mudar... É claro, eu sempre acreditava. Achei que o amava, que podia mudá-lo. Que idiota. Poderia ter saído daquele inferno há muito tempo. Por culpa dele fui afastada dos jogos. Eu não podia mais sair de casa sem que algum traficante viesse me ameaçar e cobrar o dinheiro que ele devia. - Dani estremeceu, lembrando-se da paranóia de ser constantemente perseguida e dos recados pouco amigáveis que sempre eram dados, inclusive o que quebrara o seu braço. - Foram tempos horríveis.

Secou os olhos com as costas da mão, e continuou.

– Juntei um pouco do meu salário escondida, fugi. Mas Paulo me achou. O Cícero sabe sobre ele, e até tentava impedi-lo de subir no começo. Mas o desgraçado batia nele também. Coitado. Agora ele não quer só meu dinheiro, mas quer me levar de volta para a casa que dividíamos na favela. Às vezes diz que precisa de mim, às vezes diz que vai me levar nem que seja morta. Nunca está puro.

Daniela soltou um suspiro profundo, sem conseguir evitar a torrente de lágrimas que vieram a seguir e tremendo com os dedos afundados nos próprios braços.

– Eu só quero que ele vá embora!

Nina correu para abraçar a vizinha e ela se deixou chorar no seu ombro. As duas ficaram dessa forma até que Dani conseguisse respirar sem tremer por inteira.

– Estou com medo, Nina – Dani confessou, baixinho. O política dos adultos envolve nunca assumir quando se está fraco ou com medo, mas ela se sentia como nunca uma criança desesperada, apavorada por qualquer batida na porta ou barulho de passos que surgissem.

– Vai ficar tudo bem. Eu vou ficar aqui com você. - Nina garantiu, tentando tranquiliza-la.

– Ele disse que vai voltar. Ele disse que se cansou disso e que agora vai me levar.

Nina apertou o abraço.

– Não pensa mais nisso. Vamos ligar pra polícia, fazer alguns curativos em você, arrastar os móveis pro canto, espalhar cobertores pelo chão e ficar rolando de um lado pro outro até que você pegue no sono. E amanhã vai ser um dia bonito e com sol e nós duas vamos abrir as cortinas e varrer a casa ouvindo música sertaneja ruim. Você vai se esquecer de tudo isso, eu prometo. Vai passar.

Dani sussurrou “obrigadas” chorosos e com um pouco de pesar soltou-se do abraço e foi ao banheiro lavar o rosto, e Nina insistiu que ela tomasse um longo banho quente já que ajudaria para ela se acalmar. Logo o som do chuveiro ligado soou pelo apartamento e Nina se viu sozinha naquela bagunça opressora. Achou melhor então começar logo a ajudar pelo mais importante, e foi varrer os caquinhos de vidro para um saco plástico. Antes, empurrou o sofá que estava no seu caminho para o lugar dele, e também a pequena estante e a mesinha de centro. Assim o lugar já parecia melhor.

Na cozinha, pôs água quente para esquentar e puxou um dos saquinhos de macarrão instantâneo de dentro do armário. Nessa parte não poderia ajudar muito, era péssima cozinheira.

Foi enquanto pegava os enfeites de plástico do chão que sua audição aguçada, ou seu instinto de sobrevivência, chame como quiser, perceberam o som de passos pesados além do barulho do chuveiro quente. Ela esperou, com os olhos fixos na porta atenta como um gato. Os passos vieram, vieram, e pararam. Ela ainda não tinha chegado a relaxar os músculos quando ouviu a maçaneta ser girada, e então forçada pra dentro.

– Dani, fique no banheiro! – Gritou, antes que a mão pesada do lado de fora começasse a esmurrar a porta, e a pessoa do outro lado ganhasse voz.

– Dani, sou eu, lembra da nossa conversa, amor? Abra a porta.

Houve silêncio. A voz tentou novamente, menos carinhosa.

– Abra a porta.

Silêncio. A maçaneta foi forçada.

– Daniela, eu sei que você está aí. Abra essa porta.

Silêncio.

E então, a fúria.

– ABRE ESSA PORRA, DANIELA!

A porta tremeu nas dobradiças, chacoalhando cada vez mais. Nina jogou-se sobre ela, mas não servia de muita coisa. O chuveiro quente foi desligado.

– Dani, fique aí dentro! – Nina gritou para dentro de casa.

A vizinha não obedeceu e irrompeu ensopada dentro da sala, usando apenas uma toalha enrolada no peito. Começou a puxar da parede a estante em direção à porta, deixando cair no chão tudo o que tinha restado sobre ela.

– Não o deixe entrar, pelor amor de Deus! Me ajude, Nina!

Nina largou a porta e ajudou a empurrar a estante. Lá fora Paulo berrava, grosso, xulo, violento. Já estavam chegando perto quando a fechadura desistiu e a porta foi chutada pra dentro, acertando com tanta força a estante que a fez cair para o lado. Em um movimento rápido Nina empurrou a vizinha para o quarto semi-bloqueado pela estante caída e puxou a porta.

– Cadê ela? – Paulo entrou bufando, com as costas arquejadas, os punhos fechados, veias saltando no pescoço e dentes rangendo. – Cadê a minha mulher?

Nina pulou para a frente dele, torcendo para que não tivesse visto o que ela acabou de fazer. Era a primeira vez que o via de verdade. Paulo parecia ser dois metros mais alto, de cabeça raspada e veias furiosas saltando em seu pescoço da grossura de uma tora, com braços do tamanho da sua cabeça que poderiam muito bem quebrar todos os seus ossos como se fossem palitos de dente. O monstro chegou a virar uma figura preta-e-branca na sua cabeça, mas ela piscou com força. “Agora não!”.

– Vá embora! – Nina gritou, com forças muito além de serem suas. - Ela não é sua mulher, DEIXA ELA EM PAZ!

O monstro deu um riso de escárnio, que mais pareceu o grunhido de um estômago revirado.

– O que é isso? Dani arranjou um poodle pra se defender? Vai cuidar da tua vida, cachorrinha, eu vim pegar o que é meu!

Do quarto a vizinha gritava para que parassem, e Nina a viu se espremer engatinhando para sair da porta bloqueada. Gritou mais alto, para que ele não a percebesse.

– Deixe a Dani em paz, ela não tem mais nada com você! Se quer foder a sua vida, faça isso sozinho! – Não era acostumada a falar palavrões, por isso sua voz fraquejou com sua censura moral, mas continuou. – Você não passa de um monte de bosta inútil! Vá embora daqui agora!

Foi o suficiente para que o monstro enfurecesse por completo. Seu punho fechado acertou a cabeça da garota, que com o impulso foi jogada contra a parede. Ela gemeu de dor, seu cérebro pareceu se esmagar e agora escorrer pelos ouvidos.

– Vou te ensinar a respeitar os mais velhos, cachorrinha.

O monstro rangeu, tomado pela fúria, e duas mãos pesadas chegaram ao seu pescoço.

Nina viu o mundo em preto-e-branco outra vez. A pressão no seu pescoço aumentou, os dedos gordos indo tão fundo que quase atravessavam a carne. Não conseguia respirar, não conseguia gritar, um zumbido por culpa da pancada enchia seus ouvidos e ainda mal conseguia ver.

Seria esse o seu fim? Uma morte sem cor, sem voz, sem som. Nada mais justo para a garota que há tanto tempo fechou os olhos para o mundo.

Quando estava perto da inconsciência, porém, ela captou algo de relance. Algo caindo sobre as costas do monstro. Repetidas vezes. E então as mãos do seu carrasco se afrouxaram. Nina sugou o ar, buscando desesperadamente pela vida que tentava fugir dos seus pulmões.

NÃO ENCOSTA NELA, SEU FILHO DA PUTA! – Foi a primeira coisa que ouviu.

Dani, a vizinha frágil, Dani, a persistente, Dani, completamente nua, que alcançou seu bastão de baseball enquanto escapava do quarto. Ela golpeava o monstro com forças muito além de serem humanas. Ele tentava se proteger com os braços, tentou acerta-la duas vezes, mas ela desviou, e finalmente acertou sua cabeça com uma pancada abafada. Atordoado, ele caiu de joelhos, e ela continuou.

– Nunca mais toque nela! – Dani berrava, o rosto banhado por lágrimas de fúria. O taco de madeira golpeava com toda sua força, afundando o crânio do monstro. - Nunca mais toque em mim! Seu desgraçado, bastardo, nojento, cretino, bastardo, bastardo, BASTARDO!

Mesmo depois que o monstro parou de se mexer, ela continuou. Mesmo depois do sangue começar a espirrar no seu corpo corrompido, ela continuou. Era a fúria ensandecida de quem já suportou demais. Nina esperou, encolhida no canto, as mãos na garganta machucada. Estava com medo, mas não podia fugir. Esperou até que a vizinha finalmente se esgotou e caiu de joelhos sobre a poça de sangue do homem mal, gritando.

Nina engatinhou até ela e a abraçou, devagar, encostando a sua cabeça no ombro para que chorasse tudo o que podia até a sua alma ser lavada.

– Eu o matei, Nina...

– Não foi culpa sua – As duas tremiam nervosamente, abraçadas. Nina sentia o sangue viscoso do monstro manchar seus pés, suas pernas.

– Ele não podia te machucar.

Nina apertou o abraço, esfregando os braços da vizinha cor-de-rosa manchada de vermelho, e começou a niná-la devagar, balançando-a consigo.

– Eu o matei, Nina...

– Você fez o que precisava...

– Eu o matei...

– Sssh...

– Eu o matei...

– Está tudo bem, vai ficar tudo bem...

Foi o primeiro passo para o fim de tudo.


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Notas finais do capítulo

A loucura persegue cada personagem daqui, tenho até pena das coisas que acontecem.
Mentira tenho não.
MWHAHAHAHAHAHAHA.


Curiosidade: Essa era imagem da Nina, na primeira versão da história http://e-shuushuu.net/images/2009-11-08-213703.jpeg
E essa era a da Dani http://danbooru.donmai.us/data/1f7663ba01a65e99a0ab81e9aaff36b5.jpg
E o Alex http://danbooru.donmai.us/data/fb4c24593e82592e5e1bd50d2b287738.png
No próximo capítulo posto como é a minha versão abrazileirada e mais realista deles.