Amar é...

... estar em casa quando o "seu marinheiro" volta de uma longa viagem.

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Law suspirou aliviado. Finalmente, ele e sua tripulação haviam chegado à vila de Cocoyashi. Trafalgar mal podia conter o sorriso transbordando alegria que era muito atípico em seu rosto. Pelo menos, quando ela não estava por perto para vê-lo. Ela... Havia quanto tempo desde que se casaram mesmo? Um ano? Um ano e meio? O que importava? Finalmente estava de volta. E finalmente, após cinco meses de péssimo humor e saudades, estaria junto dela.

- Capitão? – Bepo chamou por ele com um sorriso no rosto peludo e ajeitando a nodachi no ombro – Pode ir. Nós cuidamos do resto. Ela deve estar com saudades.

- Sim, sim! A Mi-chan deve estar tão mal humorada quanto você! – Shachi brincou, sabendo que o Cirurgião da Morte nada faria. Afinal, saber que se encontraria com a sua ruivinha dissipava qualquer aborrecimento, tristeza ou fosse o que fosse. E também o impedia de torturar os outros.

Sem dizer uma palavra, Law deu as costas para eles e começou a caminhada até sua casa. Passava pelas ruas da cidade, silencioso como sempre, mesmo que aquela vila fosse um tanto movimentada. Muitos o cumprimentavam. Não porque gostassem dele, afinal, um pirata frio e sádico não era alguém que poderiam gostar demasiado. Eles apenas o respeitavam. Em parte, por ser um pirata renomado, mas principalmente por ser marido da garota que quase dera a vida para poder salva-los, e ainda sozinha, por não querer que mais alguém se ferisse. E também, os cumprimentos não passavam de acenos com as mãos, "Yo" ou "Okaeri". Tudo respondido com um aceno de cabeça por parte dele que, por mais ansioso que estivesse, não deixava de ser educado para com as pessoas que sua esposa considerava família. Por falar em família...

Avistou uma mulher de cabelos azulados andando em direção oposta. Nojiko. Ela o viu e sorriu. Sorriso sereno, mas nem de longe tão bonito quanto o da navegadora ruiva. Céus, ele realmente ficava um idiota apaixonado com a simples menção dela! Em pensar que uma simples mulher faria isso com ele... Simples? Com toda a certeza, sua esposa não era simples. Em todos os sentidos. Nojiko passou reto por ele, não perdendo a chance de murmurar baixinho quando estava próxima ao capitão:

- Ela está te esperando em casa.

- Obrigado. – Ele respondeu baixinho para o vento, apesar de saber que a sua cunhada ouviria de qualquer forma. Nojiko era uma daquelas pessoas que não deixa nada passar. Ele sempre agradecia. A azulada cuidava de sua esposa em sua ausência. Era sempre assim.

Continuou andando por um tempo, sempre respondendo polidamente aos cumprimentos dos moradores da vila. Até que finalmente avistou as laranjeiras. Queria correr até lá, porém manteve a postura indiferente de sempre, apesar do sorriso irritantemente insistente que ficava em seus lábios, e continuou andando, agora num ritmo tanto mais acelerado. Quando o cheiro de laranjas invadiu suas narinas, deixou a maldita pose de pirata frio de lado e pôs-se a correr feito louco. Ali, podia se portar como um garotinho de cinco ou seis anos. Ela não o julgaria. Até acharia fofo. De repente, Law teve uma vontade insana de gargalhar em meio à corrida. A senhora Trafalgar era a única que conseguia achar o Cirurgião da Morte fofo. Geralmente, as pessoas o achariam atraente, ou exibido, no caso dos homens, mas nunca fofo. Bem... Geralmente, não é mesmo? Enfim conseguiu chegar à tão esperada porta. Pegou a chave e a abriu. O aroma de dentro da casa também era de laranjas, no entanto, era mil vezes melhor que o das frutas.

Entrou calmamente, fechando a porta atrás de si. Onde ela estaria? No jardim? Talvez. Na sala? Quem sabe? Na cozinha? Achava que não. No quarto? Provavelmente. É, arriscaria olhar primeiro o quarto. Andou pela casa, a vontade de vê-la crescendo a cada foto deles pendurada na parede, a cada "toque feminino", como ela chamava, ou uma ou outra casca de laranja que se perdia de vez em quando. Chegou ao seu destino, o quarto deles, e abriu a porta. Por que raios aquela casa tinha tantas portas?! Entrou e se deparou com um anjo sentado sobre os lençóis imaculadamente brancos. Um anjo que usava um vestido azul claro até os joelhos, que preferia usar em casa ao invés dos tops e calças. Ela se sentava na beira da cama, e parecia perdida em pensamentos, já que nem notara a presença dele. Trafalgar se aproximou dela e fez algo que não fazia já um tempo. Ajoelhou-se e pôs a cabeça sobre as pernas dela. Isso a tirou do transe.

- Okaeri, anata. – Nami sorriu carinhosa, passando a mão delicada pelos cabelos negros dele.

- Tadaima, Nami. – Law ergueu o rosto para fitar os olhos castanhos da ruiva – Você é mesmo incrível, sabia?

- Por quê? – Ela questionou pendendo suavemente a cabeça para um lado. Um gesto puro e gracioso. O que só o fazia ter mais vontade de tomar os lábios tão convidativos num beijo voraz. Mas não agora. Queria terminar sua sentença.

- Porque você sempre está em casa quando volto de uma viagem.

- E sempre vou estar. Você sempre vai me encontrar aqui, te esperando, meu marinheiro. Ou melhor, meu marujo.

Traffy fez o que ansiara em fazer desde que pusera os pés na ilha. Tomou os lábios da mulher com os seus num beijo desesperado. E quem disse que não estava? Amava-a demais, e ficar longe dela era um martírio. Às vezes, se questionava se valia mesmo a pena continuar viajando. Porém sabia que Nami quereria ir junto mais cedo e mais tarde, porém naquelas condições, era impossível. Primeiro, porque seu submarino não era algo muito... Como dizer?... Ajeitado. Segundo, porque estar grávida de três meses deixava qualquer mulher fraca e suscetível a alguma doença. Mas, bem, pelo menos tinha a certeza que ela sempre o esperaria em casa. Todavia, não importava muito onde e como fosse o lugar, pois para Law, Nami seria sempre o seu lar.