Encantada escrita por Ana Wayne


Capítulo 5
Capítulo 04




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A relva verde dominava aquele espaço, mas era possível se encontrar flores do campo como alecrim e margaridas. Havia verde até onde se podia enxergar e no fim do campo era fácil se ver enormes montanhas que estavam distantes, o céu estava azul límpido e com nuvens brancas que caminhavam pelo céu, a brisa suave me atingia e refrescava. Eu caminhei pelo campo, algo me dizia que eu deveria encontrar alguém ali, em algum lugar naquele campo.

E foi então que a vi. Ela usava um vestidocurto e solto na cor branca que lhe dava um ar virginal, as sapatilhas também eram brancas. Ela usava um pouco de sombra branca e azul nos olhos, de forma que destacava o castanho avelã. Havia duas pequenas tranças frouxas que se encontravam atrás da cabeça e se prendiam com uma fita branca, e adornando o cabelo castanho estava um pente decorativo que tinha duas flores brancas de cetim e outras flores menores de pedrinhas brilhantes. 

Ela estava sentada em uma pedra, parecia triste, pois cantava algo triste, mas sua voz ainda era gentil e de alguma forma doce. Ela me viu e sorriu para mim, foi quase impossível não sorrir de volta. Ela parecia triste e eu me aproximei dela.

– O tempo tá acabando Blaise! – Eu toquei seu rosto e o levantei, para que pudesse enxergar seu rosto melhor. Seus olhos castanhos estavam borrados e eu a vi lutando contra as lágrimas enquanto dizia novamente, em soluços. – O tempo tá acabando!

_._._._

Eu levantei, exausto. Meu corpo estava dolorido e suado. Caminhei até o banheiro, praguejando. Era a quinta vez que sonhava com Granger desde que retornamos a Hogwarts, o que foi há duas semanas. Eu sonhava apenas com ela, e se não sonhava com ela, não sonhava com nada. Liguei o chuveiro na água fria, tentando aliviar a dor. Após o banho coloquei meu uniforme e percebi que fui o primeiro a acordar. Nott ainda dormia, assim como Breaker, nosso outro colega de quarto.

Para não acordá-los fui até o salão comunal e fiquei pensando nela. Não por vontade própria, mas porque sua imagem simplesmente invadia meus pensamentos sem pedir licença. Fechei os olhos com força, mas mesmo assim sua imagem continuava lá. Não daria para ficar lá, então me levantei e fui para fora do salão e me encaminhei até o refeitório e no meio do caminho eu senti.

Senti aquela energia que me enlouquecia, me fortalecia e fazia com que meu corpo implorasse por ela. Quase não tinha mais controle do meu corpo, pois este se movimentava quase que por conta própria em direção àquela energia. E então eu a vi novamente, ela estava sozinha, sem Potter ou Weasley em seu encalço, apenas ela, com o estranho sorriso que ela sustentava desde a noite anterior, eu daria um galeão para vê-la sorrindo assim para mim. Balancei minha cabeça, tentado esquecer aqueles pensamentos e sem perceber acabei passando muito rápido, esbarrando nela, que caiu.

– Me desculpe! – Disse a ela. Enquanto estendi minha mão para ajudá-la a se levantar, ela pareceu desconfiada, mas aceitou a ajuda. E eu pude senti a energia mais forte, e mais viciante vindo dela. Meu corpo enlouquecia.

– Não tem problema! – Ela pareceu notar que eu não estava bem, e me olhou me questionando com o olhar. – Está tudo bem? Você está um pouco vermelho! – Ela colou sua mão em minha testa, parecia medir a temperatura. – Parece estar com um pouco de febre! Deveria procurar M. Pomfrey se quiser posso acompanhá-lo! – Se dispôs ela.

Eu queria dizer não. Queria agarrá-la pelos ombros e perguntá-la como ela conseguia ser tão boa comigo depois de todos os anos, se ela havia esquecido que eu ria quando Draco a chamava de sangue ruim, que eu ri quando ele fez com que os dentes dela ficassem grandes. Queria pedir seu perdão por todos aqueles anos. Mas antes que eu pudesse fazer isso meu lado irracional disse:

– Claro! – Ela sorriu, não parecia desconfiada. Não parecia se lembrar de todos esses anos.

O caminho até a enfermaria não foi longo, mas o silêncio constrangedor entre nós fazia parecer que o caminho era distante. Na enfermaria ela me esperou enquanto M. Pomfrey me examinava e disse que eu estava bom, era apenas um mal estar passageiro, que iria melhorar logo. Retornamos juntos pelos corredores e ela parecia incomodada com o silêncio, já que foi a primeira a quebrá-lo.

– Ainda bem que não era nada grave!

– Eu pensei que você fosse gostar se fosse algo grave! Afinal, você e seus amigos me odeiam! – Disse em um sussurro, ela arregalou os olhos e olhou para mim.

– Eu não o odeio! – Disse ela parando bruscamente. E eu olhei para ela. – Vocês são quem começam com a provocação, eu apenas respondo! E mesmo que eu o odiasse, eu jamais desejaria que algo ruim acontecesse a você ou com qualquer outra pessoa! – Respondeu ela olhando para mim, seus olhos demonstravam perseverança.

– Nem mesmo a Voldemort? – Perguntei, ela não abaixou os olhos e disse, com a voz baixa, mas firme.

– Nem a ele!

Um sorriso escapou dos meus lábios. Todo o tempo que passei a seu lado, recebendo aquela energia poderosa que emanava dela, fez com que minha dor passasse. Eu me virei novamente para o caminho e disse baixo, para que ela pudesse ouvir.

– Vamos acabar perdendo o café se ficarmos aqui! 

Ela me seguiu e chegamos ao Salão, Granger se juntou a seus amigos na mesa da Grifinória e eu a meus amigos. Draco olhou para Granger e sorriu, um sorriso afetado, com segundas intenções, como se ele fosse um caçador e estivesse olhando para sua caça. O sorriso dele me deu raiva, por alguma razão eu queria que Granger não se ferisse com as brincadeiras de Draco, mas sabia que seria muito difícil.

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Depois de me afastar de Zabini eu me juntei a Harry e Rony. Ron me perguntou onde estava e para não ter que dar muitas explicações eu logo disse que estava na biblioteca, o que não era difícil de acreditar. Nossas aulas foram normais, mas às vezes eu podia sentir o olhar de Zabini queimando em minha nuca, junto ao olhar de Malfoy. Falando em Malfoy: hoje eu teria minha primeira ronda, o que significava que eu e Malfoy teríamos que trabalhar juntos esse ano. 

– Você tá muito sorridente, desde ontem, sabia Mione? – Perguntou-me Gina, na hora do almoço. Gina estava sentada de frente para Harry que estava ao meu lado, enquanto Rony estava a minha frente e ao lado de Gina.

– Tô? Nem percebi!

– Isso é verdade, sabia que ontem à noite a Mione tava até cantarolando! – Disse Lilá, que se sentou ao lado de Rony.

– Qual o motivo de toda essa alegria, hein Mione? – Perguntou Rony com a boca cheia.

– Eca, Ron, não fale com a boca cheia, é nojento! – Disse, Lilá riu e Rony engoliu o que tinha na boca para falar.

– Você ainda não respondeu minha pergunta!

– Que só para lembrar é totalmente válida. – Concordou Harry.

– Eu nem sabia que estava assim tão feliz, mas talvez tenha a ver com um segredo meu! – Respondi e antes que eles começassem a protestar eu fui logo respondendo. – E nem adianta tentar, talvez um dia eu fale o que me deixou assim tão feliz. E a propósito Harry, temos que ir para a biblioteca, resolvermos um trabalho de Esportes!

Harry, que já havia terminado de comer, resmungou, um vago – Até mais – e fomos para a biblioteca. Sentamos-nos em uma mesa e eu pedi para que ele ficasse ali, e eu saí a procura de livros sobre esgrima na biblioteca, o que não foi muito difícil de achar na parte trouxa. Eu li um livro, enquanto esperava Malfoy e seu colega. Olhei para meu relógio de pulso e vi que ele ainda tinha um minuto para chegar. Foi quando ele e Zabini apareceram.

– Acabou de bater um recorde, Malfoy! Um minuto antes da hora! – Disse com um sorriso presunçoso, ele também sorriu.

– Contando os minutos para me ver, Granger? – Ergui uma sobrancelha, ele acha mesmo que eu queria ver ele? Putz.

– Bem que você queria, hein? – Respondi com um pequeno sorriso. Peguei os livros que achara e dividira em dois para cada um e quatro para mim. – Por favor, leiam esses livros, tem três semanas para lerem os livros, e mapearem pontos importantes e relevantes da história da esgrima, escrevam em letra legível, me passem e deixem que eu monte o texto.

– E quem vai pegar a maquina de escrever com Burdage? – Perguntou Malfoy, parecendo realmente interessado.

– Não vai ser preciso, mandei uma carta para minha mãe, pedindo para ela me enviar meu notebook...

– O que? – Disseram Zabini e Malfoy ao mesmo tempo, eu e Harry nos seguramos para não rir.

– É um computador portátil, mas enfim... Deve chegar rápido, então não vamos precisar da maquina, que a propósito é muito mais trabalhosa que o computador! – Eu terminei. – Bom é isso, boa leitura rapazes! – Me levantei e peguei meus quatro livros e fui junto a Harry para a Torre da Grifinória.

Deixei os livros no dormitório e me aprecei para a aula de Feitiços. Com tamanha a pressa mal olhei para onde andava, pois acabei atropelando alguém. Não era alguém de quem eu me lembrava provavelmente um aluno transferido, pois seria difícil esquecer aquele garoto. Alto, loiro, olhos azuis e, ainda por cima, bonito, com certeza seria alguém para se lembrar. Pelas vestes o rapaz (Brett Davern) era da Corvinal, ou seja, muito provavelmente era inteligente.

– Me desculpa! – Disse ajudando a pegar as coisas dele que caíram no chão quando trombamos.

– Está tudo bem, eu já imaginava que isso fosse acontecer! – Olhei para ele, procurando uma resposta. – Digamos que sempre me perco um pouco nos primeiros dias de aula. 

– Primeiro dia de aula? Você é transferido?

– Sim, vim Delfos School, na Grécia. 

– Meio longe de casa, não? – Perguntei a ele. Ele abriu um sorriso que derreteria o coração de muitas garotas, e bem admito ter esquentado o meu. 

– Resolvi mudar um pouco! – Sorri para ele. – Sinceramente eu nem sei que aula eu tenho agora.

– Que ano você é? – Perguntei a ele.

– Sexto.

– Sexto ano, Corvinal. Tem Feitiços agora, junto com a Grifinória. – Eu disse. – Vem comigo, eu te mostro a sala. Ah, a propósito, sou Hermione Granger, sexto ano, monitora da Grifinória.

– Claro. Sou Dante Dranias, sexto ano, novato e da Corvinal! – Sorri para ele.

Eu o guiei até a sala de feitiços, o professor o introduziu a turma enquanto eu me sentava junto a Harry. Durante a aula eu pude perceber que Dante olhava para mim de tempos em tempos, tudo bem, eu também olhava para ele de tempos em tempos. No fim da aula eu apresentei Dante a Harry e Rony. Harry pareceu um pouco incomodado com a presença do loiro, mas eu não sabia o porquê disso, afinal Dante era muito legal. Ele me pedira para mostrar a escola para ele, mas no momento eu teria poções então pedi para que Luna o levasse até a próxima aula.

Snape nunca gostara de nenhum aluno que não fosse da Sonserina, mas hoje ele mostrou odiar a Grifinória quando formou duplas que deveriam ficar durante o primeiro TERM, ou seja, até Dezembro. A dupla de Harry era Malfoy, a dupla de Rony era Nott e a minha Zabini. Tudo bem, Zabini poderia ser uma companhia agradável longe da influência de Malfoy, mas céus, já basta a porcaria do trabalho de Esportes. O motivo da dupla é que durante todo TERM cada dupla deveria pesquisar sobre uma poção e colocar sua história e um blá-blá-blá sobre ela, escrevendo assim 5 metros de pergaminho. No caso da minha dupla: Amaenti, uma poção capaz de causar insanidade.

Eu e Zabini nos sentamos juntos, em uma espécie de silêncio constrangedor. Depois da conversa de hoje de manhã qualquer silêncio entre nós era constrangedor. Zabini começou a preparar uma poção para dor de cabeça que Snape nos passara e eu claramente o ajudei.

– Vai com calma, Granger, ou vai acabar se cortando! – Disse ele, apontando para a faca que eu usava para cortar um dos ingredientes.

– Ah, obrigada! Eu to meio distraída! – Ele suspirou e pegou a faca da minha mão. Apontando para o caldeirão.

– Melhor trocar! 

Estranhei, era impressão minha ou ele estava realmente preocupado comigo. Eu dei um meio sorriso e comecei a mexer o caldeirão enquanto o ajudava com os ingredientes. No fim fomos os primeiros a acabar e nossa poção, modéstia parte, foi a melhor. Após o preparo da poção Zabini pareceu perdido em pensamentos, e eu aproveitei para ler o livro de poções. Conhecendo Snape da forma como conheço ele tiraria os 10 pontos que dera para a Grifinória se me visse com um livro de outra matéria. 

Após o jantar eu voltei para meu quarto, quase que correndo. Quando cheguei lá encontrei a mesma coruja negra da noite anterior, ela também segurava uma carta que tal como a anterior havia um sinete lacrando a carta. Eu a peguei e a coruja voou. Sem esperar por respostas. Novamente a caligrafia elegante me encantou.

"De seus amigos tenho inveja, pois podem conversar com você a toda hora. De seus inimigos tenho ódio, por lhe desejarem qualquer mal. Dos desconhecidos raiva, por a verem por ai e não se encantarem por tamanha beleza. De mim, tenho desprezo, pois nem mesmo posso tocá-la. A assisto de longe, vendo teus passos leves e graciosos. A assisto de longe, pois tenho medo que de perto, você me venha a desprezar!"

Sorri. Novamente perguntas me invadiram a cabeça, perguntado por quem era este tal "D". Logo uma segunda coruja adentrou a janela, me confundindo um pouco, mas reparei que era outra coruja, pois esta pertencia a Hogwarts. A coruja carregava apenas uma rosa vermelha com um papel que estava escrito "M", me perguntei quem poderia ser "M", mas ignorei logo, voltando meus pensamentos para o bilhete. Logo Lilá e Parvati voltaram ao quarto, e isso me fez guardar o bilhete de "D" em meu criado mudo, enquanto a rosa deixei em cima da cama. 

A chegada das meninas me fez lembrar de um compromisso inadiável. A ronda. A ronda onde eu e Malfoy teríamos que fazer no castelo juntos e todas as quartas e sextas, a partir de, bem, hoje! Haja paciência!


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