- MAS QUE MERDA É ESSA? – gritaram.

- Um cabelo. – eu disse com um sorrisinho angelical. 

- Sabemos que é um cabelo, mas porque diabos ele ta loiro e rosa? – o Potter perguntou arregalando os olhos.

- Porque eu senti vontade de pintar, e pintei.

- Ta legal, você nunca mais vai sair de casa. Porque você sai de casa ruiva e volta loira com mexas rosas? Você ta maluca? – mamãe começou a tagarelar e colocar as mãos na cabeça.

Sacudi a cabeça, não sabendo o que responder. Talvez eu tenha exagerado, afinal as Evans são sempre ruivas. Todas eram ruivas, nenhuma puxava por parte de pai, todas sempre puxavam as Evans. A maioria das Evans, eram mulheres. Havia no máximo, um ou dois homens. 

Ela levantou em um salto do sofá, e calçou seu sapato com dificuldade por causa da barriga. Pegou as chaves do carro em cima da mesinha, e começou a me puxar para fora.

- O que você esta fazendo? – perguntei.

- Nós vamos a esse lugarzinho mixuruca, e tirar essa tinta demoníaca do seu cabelo. 

Demoníaca? É só uma tinta.

Ela me puxou para fora de casa, no instante em que pingos de chuva começaram a cair e me molhar, assim como ela. O Potter nos seguiu, e mamãe me colocou no banco de trás a força, mesmo eu me debatendo e tentando acertar sua cara com meus coturnos. O Potter sentou ao meu lado, e colocou o cinto enquanto mamãe travava as portas para que eu não me jogasse para fora.

- Eu não vou dizer onde é. ME SOLTA! – empurrei o Potter.

Mamãe pegou o telefone e procurou algum numero, depois começou a gritar:

- É BOM VOCÊ DIZER SE NÃO QUISER FICAR CARECA!

Ela havia ligado para Lene.

- Não diga nada, Lene! – eu gritei me debatendo.

Em cinco minutos estávamos no 'Tatto's'. Que tinha um nome ridículo. Ela me puxou para fora pelo braço e entramos. 

- Eu quero ver o traste que fez isso! – mamãe disse pro grandalhão.

- Não vai ver ninguem. 

Ela arregalou os olhos e meteu a mão na cara dele, deixando uma marca vermelha e ardente. O grandalhão começou a fazer beiço e depois a chorar.

A bixa saiu de trás das cortinas.

- O que esta havendo aqui? Lilica?

- É, e a Lilica trouxe a mãe dela. Eu te dou cinco segundos pra tirar essa coisa horrível da cabeça da minha filha. 

- Impossível. Isso só vai sair daqui uma semana. 

Outro tapa, mas dessa vez na cara do baixinho. E então ela me puxou de volta pra dentro do carro e acelerou para trás batendo no possível carro do cabeleireiro.

- Mãe!

- Ele mereceu.

Fiquei quieta. Ele não tinha realmente merecido, só um pouco por ter dito coisas incentivadoras, para que fizesse eu pintar meus cabelos. Mas isso não era bem um motivo para destruir a traseira do seu carro.

Fui carregada por um braço do Potter, para dentro de casa.  Ele me soltou em cima do sofá e parecia realmente indignado. Qual era o problema dele? Ele não tinha nada haver com essa historia.

- Meu casamento é depois de amanha, e você vai e faz uma coisa dessas. Como você faz isso? – mamãe andava de um lado pro outro.

- Mas-

- Ah meu deus, e agora? Eu vou ter que adiar o casamento.

- Mãe...

- Ah deus, como o Charly vai ficar? Só vou poder casar em uma semana.

- Mãe!

- Talvez demore mais tempo, aquele cabeleireiro era um fajuta-

- MÃE! – gritei e ela finalmente olhou pra mim.

- Você não vai adiar o casamento. Qual problema de eu estar loira? 

- O problema, é que você é ruiva e não loira. Eu vou ter que adiar...

- Não, você não vai adiar nada! Você vai se casar depois de amanha e ponto final. Se quiser eu uso uma peruca, ou sei lá.

- Não, vai ser a mesma coisa. – ela sentou no sofá cruzando os braços.

- Ah mãe, ok desculpe. Eu não deveria ter pintado o cabelo, foi impulso do momento. – abracei ela.

E nós duas começamos a chorar. Porque é assim, relação entre mãe e filha. A gente manda uma a outra calar a boca, e depois se abraça e chora juntas porque a filha pintou o cabelo de loiro (?).

- Han... – o Potter pigarreou.

- Vai tirar isso da garganta, capeta! – eu falei sem abrir os olhos e sem soltar minha mãe.

- É, para de atrapalhar o momento, mãe e filha divas e ruivas.

Ela voltou a chorar.

- Você não é mais ruiva.

Eu dei tapinhas nas costas dela.

- Eu sei, eu sei mas é por uma semana. É só você fechar os olhos. 

- Mas dai eu vou tropeçar e me quebrar.

- Eu coloco o Fantasma para ser seu guia.

- Me pergunto todos os dias porque meu pai foi se envolver com essas doidas. – o Potter disse irritantemente.

Joguei uma almofada na cara dele.

- Pare de estragar o momento lindo. – eu disse irritada.

A porta foi aberta e por ela entrou o senhor P. com algumas sacolas.

- O que tem nessas sacolas? – eu praticamente sai voando do sofá.

- Presentes.

- Porque? – perguntei desconfiada.

- Porque nós vamos casar em dois dias, e eu quero garantir que vocês vão se comportar como seres humanos.

- Ahh. – concordei com a cabeça.

Ele tirou de lá uma caixa meio grande e entregou pra mim, eu nem liguei para o que ele deu para os outros, fui abrir o meu presente. Era uma bota preta com salto alto. 

- Eu não ando de salto. 

- Porque? – ele perguntou.

- Porque eu pareço um elefante manco de salto. 

- Tenho certeza que você consegue aprender ate o dia do casamento e- Porque seu cabelo esta loiro com mexas rosas?

- Duuh...Porque eu pintei? 

- Mas porque?

- Porque eu estava a fim.

- Não responde assim pro seu pai. – mamãe disse, ela segurava uma caixa de bom boms e um vestido verde claro.

- Ele não é meu pai. – eu disse cruzando os braços.

- Ele não é pai dela! – o Potter se intrometeu.

Meus olhos marejaram, eu não sabia o porque. Talvez eu fosse mais retardada do que eu pensei.

- Lily você ta ok? – o Potter perguntou parecendo preocupado.

- Eu preciso de um abraço! – fiz beiço.

- Tudo bem, mas não me bata. – ele disse chegando perto de vagar.

Eu dei um abraço de urso no Potter. Eu nunca pensei que abraçaria ele, agora estou dando um abraço de urso e chorando.

- Porque você ta chorando?

- Eu não sei. – chorei mais ainda.

Parei de chorar de repente, e meti a mão na cara do Potter. 

- Ai. Porque fez isso?

- Porque você colocou a mão na minha bunda.

- Você tava pedindo pra mim fazer isso.

Outro tapa.

Empinei o nariz e peguei meu presente depois subi as escadas ainda com o nariz empinado.