A delicadeza do amor escrita por dannie


Capítulo 8
Capítulo 7




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CAPITULO 07

Meus pés latejavam enquanto a gente se arrastava até a mais uma loja de animais. Sim, mais uma. Eu não sabia como aquele pinguinho de gente tinha feito para me convencer a deixar que adotássemos um bichinho. Um cãozinho ou um gatinho.

Talvez tenha sido a combinação de seus olhinhos brilhantes e o bico que ela fazia com a boca. Julie pulou em meu colo quando finalmente aceitei. Seu bracinho gordinho rodeava meu pescoço e afastei para o fundo da minha mente que em algumas horas me encontraria com o pai dela. E a Julie nunca ficaria sabendo.

O quão triste isso podia ser?

“MAMÃE” – Julie gritou pulando, apontando algo bem minúsculo no cantinho quase escondido de um canil. “Vamos mamãe! Eu quero ele.”

Ela me arrastou pelo corredor até que vemos o pequeno cachorrinho ganindo e quase escondido num buraco. O que vimos do lado de fora foi só sua cabecinha.

“Ele parece meio bravo...” , Murmurei como para mim mesma, vendo a cabeça da Julie girar em negação.

“Não...Ele não é...Ma...mãe...eu quelo ELE”

“Mas amor...” Me ajoelhei, alisando seu rostinho vermelho “Porque não escolhe um cachorrinho mais...”

“NÃO...Eu quelo ele! Ninguém quer ele...eu quelo mamãe...”

Seus lábios tremiam, num prenúncio de choro.

“Tudo bem...tudo bem...Se você quer...Vamos ficar com o senhor bravinho ai ok?”

“Tá.” Ela se aproximou do cachorro, alisando sua cabeça minúscula. “Vem Bing”

“Bing”

“É, Bing...Vem!”

O cãozinho – Bing – graniu baixo e ficou do lado da Julie. Rolei os olhos, sem entender. O dia estava quase escurecendo quando saímos de lá.

–-

“Você entendeu?”

“Tá mamãe...Vou ficar aqui no qualtinho...blicando com o Bing e o Senhô Ulso...”

“A vovó tá no quarto do vovô e já vem brincar com você também ok? Mamãe não demora”

Julie balançou a cabeça e eu me levantei alisando a poeira inexistente em minha calça jeans. Usava uma blusa que chegava até aos meus quadris e o cabelo solto. Coloquei um sapato simples e baixo. Fiz uma maquiagem simples e quase voltei para o chuveiro.

“Já vai?”

Minha mãe entrava no quarto com um bandeja com o jantar da Julie. Ela deu um gritinho animado, indo até a mesa comer. O cãozinho continuava seguindo ela e ficava a seus pés, quietinho.

“Hun...Sim...”

“Boa sorte no encontro...”

“Não é um encontro!”

“Desculpe...”

“Só vou resolver umas coisas...”

“Kristen...Sobre a casa...Decidiu...?”

“Estou pensando”

Voltei dando um beijo na Julie. Ela sorriu e indicou o Bing. Rolei os olhos mas alisei sua cabecinha. Ele continuou parado.

“Até mais” , falei tranquila enquanto me sentia gelar por dentro. Eu tremia por dentro e foi inacreditável que quase vinte minutos depois eu cheguei na praia.

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(Leiam a próxima cena escutando a música - Last Day On Earth by Kate Miller-Heidke)

O Último Dia Na Terra

Ontem foi há um milhão de anos atrás

Em todas minhas vidas passadas eu fui um babaca

Agora eu encontrei você, é quase tarde demais

E esta terra parece estar caindo em esquecimento

Nós estamos tremendo em nossas muletas

Alta e morta, nossa pele é vidro

Eu estou tão vazio aqui sem você

Eu parto minhas mãos de xérox

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós estaremos juntos enquanto o planeta morre

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós nunca diremos adeus

E os cães se abatem suavemente

O amor queima suas casualidades

Nós somos módulos de provedor danificados

Derrame as sementes nos pés de nossas crianças

Eu estou tão vazio aqui sem você

Eu sei que eles me querem morto

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós estaremos juntos enquanto o planeta morre

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós nunca diremos adeus

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós estaremos juntos enquanto o planeta morre

Eu sei que este é o último dia na terra

Nós nunca diremos adeus

Meus pés eram algo como chumbo. Pesado. Sustentando todo o meu peso, eu dei um passo atrás do outro até sentir a areia macia afundando em meus pés. Prendi meus cabelos mais firmemente. Mordi os lábios em antecipação e resolvi tirar os sapatos. Eu gostava de sentir a umidade fria em meus pés. Mordi meus lábios percebendo a sombra alta acenando em minha direção. Fui resignada, trincando minhas mãos ao redor do meu corpo.

Chegamos perto demais e ensaiei a fala pelo menos umas duas vezes mas nenhum som saia de minha boca.

Ele estava mais bonito do que eu me lembrava.

Que pensamento estúpido era àquele? Ele era apenas um idiota.

– Você tá atrasada.

Inacreditável. Balancei a cabeça, tentando me conter antes de gargalhar na sua frente. Depois de alguns segundos recuperei o fôlego, mantendo uma distância educada entre nós.

– E você está anos atrasado, Robert. Muitos anos.

– Eu sei – ele suspirou, pondo as mãos no bolso – Mas até assassinos tem direto a um julgamento. Você vai me ouvir?

– Eu estou aqui não estou? – Espremi meus olhos, lembrando de algo – Isso...o que você faz aqui? Como...? Você não mora em Londres?

– Estou aqui a dois meses.

– Está morando aqui agora?

– Sim. – Ele deu um breve sorriso – Moro aqui.

– E... – Minha garganta ardia ao perguntar – Seus filhos também?

– Tá falando do Lucca e da Jenni? São meus sobrinhos...

– Eles te chamavam de pai...Você disse que eram seus FILHOS! Não pense que eu sou algum tipo de idiota ok? EU NÃO SOU!

– Nunca te chamei de idiota...Nunca...São filhos da minha irmã...Só que o...namorado dela sumiu...evaporou...então...eu sou a sua única presença masculina. A Melissa acha importante isso...Naquele dia que você nos encontrou a babá tinha faltado e a Mel implorou que eu ficasse com eles porque ela tinha uma entrevista de emprego...

Era informação demais de uma só vez... Eu me sentia gelada, com o coração palpitando...querendo pular para fora do peito. Meu humor variava entre a raiva e o alivio.

Alivio por saber que ele não tinha tido filhos com outra pessoa e raiva de mim mesma por ter esse pensamento. Levei um choque quando seus dedos frios agarraram minha mão livre. Por puro instinto eu tentei me soltar mas Rob ainda me segurava forte.

– Me solta...- Pisquei meus olhos, que ardiam a essa altura – Isso não muda nada. Você não nos quis...Você não quis a Julie.

– Eu sempre quis você...Desde a primeira vez. Desde quando você tinha sardas...e usava aquele óculos estupido.

– O que você está falando seu doido?

– Eu te vi uma vez...antes daquela noite...uns dois anos antes. Acho que você tinha uns 15 anos. Eu tinha acabado de entrar na faculdade e fui passar alguns dias com meus pais. Resolvi andar por ai...Então te vi...

Quinze anos...

Uns anos atrás...

Oh

Meu

Deus...

– SEU TARADO! – Gritei, lembrando da memória. – ERA VOCÊ!

Rob riu, ainda segurando minhas mãos. Tentei me acalmar, respirando que nem um cachorrinho, como se de novo eu estivesse numa sala de parto. Então depois de alguns segundos de silêncio eu suspirei.

– ...Você...você...me viu nua?

Ele apenas riu. De novo.

– Isso é sério!

– Talvez um pedaço de pele aqui...ou ali...ou...HEY! Não bate em mim! Isso dói, Kristen. – Ele resmungou.

– Você...

– OK! OK! E só vi seus seios ok? Eu transpirava que nem um adolescente louco e quando vi você meio que olhando na minha direção eu fiquei transtornado e sai dali tá bom?

– Menos mal...

– Foi inacreditável ter tido você dois anos depois...Tão quente, macia e...

– Fácil. Oh meu deus – murmurei – Eu fui muito fácil.

Ele gargalhou, dessa vez agarrando meus ombros, me abraçando pela frente. Grudei meu rosto em sua blusa e agarrei a barra, não querendo soltar nunca. Rob me estreitou mais em seus braços. Nós estávamos bem grudados agora.

E em alguns momentos nenhuma palavra foi necessária. Minha respiração era mais calma e eu só conseguia ouvir o mar atrás de nós.

– Me desculpe. – Ele murmurou, me fazendo quebrar em mil pedaços. – Eu quero que você saiba que eu te queria. Muito. Muito mesmo e todo o pacote completo... Só era o momento errado...Me desculpe ... me desculpe...

Estava impossível responder qualquer coisa enquanto meu corpo convulsionava num choro aflito, angustiado... Em um choro que ficou contido por mais de quatro anos...

Claro que desculpas nem sempre consertam as coisas. Talvez porque usamos demais e de diferentes formas, como uma amar, como fuga. Mas quando realmente estamos arrependidos, quando tentamos consertar, quando realmente queremos e quando consertamos, desculpar é perfeito. Quando fazemos certo, se desculpar é se redimir.


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Notas finais do capítulo

espero que estejam gostando :D
Eu adoro o Bing e vcs?

Sorry a demora..nyah me trolando sempre ^^
Amanhã posto outro capítulo!
Comentem se gostarem.



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