Alexya não conseguia parar de pensar na merda que ela tinha feito.

Tudo bem que ela estava meio ansiosa com a coisa do sangue e tudo mais, mas aceitar dar seu sangue sem estipular uma quantidade?

Deus, eu sou uma maldita tonta! Ela pensou.

– Um beijo pelos teus pensamentos? – Lucian murmurou ao lado de Alexya.

Ao ouvir a voz de Lucian próxima ao seu ouvido direito, ela se deu conta que estivera olhando pela parede de vidro do quarto dele por muito tempo.

Ela havia subido até o quarto de Lucian depois de chegar à casa dele e descobrir que ele estava em mais uma daquelas reuniões chatas. Ao que parecia, governar um clã te enchia de burocracia.

– Eu pensei que você pudesse ler eles. – Alexya murmurou desconfortável.

Ela se odiava por ter de esconder certas coisas de Lucian, mas não sabia qual seria a reação dele ao saber que, apesar dele ter dito que era contra as regras, ela ter ido atrás de sangue vampírico sem vinculo. Provavelmente ele a mataria com as próprias presas por trazer mais aborrecimentos para ele.

– Eu poderia, se eu quisesse. – Ele concordou. – Mas eu tenho a impressão de que você não gostaria se eu fizesse.

Alexya se virou para encarar o vampiro.

Ele era uma visão a ser considerada, com seus olhos azuis piscina e seus cabelos negros como a noite. E seus lábios sensuais e vermelhos... Deus, Alexya só poderia imaginar como seria ter aqueles lábios percorrendo seu corpo lentamente enquanto suas mãos acariciavam seus seios e...

– Lucian! – Ela gritou com ele assim que percebeu o que ele estava fazendo. – Para de colocar sugestões sexuais na minha cabeça!

Lucian olhou para ela extremamente confuso.

– Eu não... – Ele começou a se explicar, mas então uma risada masculina soou na entrada do quarto fazendo os dois se virarem para encarar o visitante.

Um Johan sorridente estava encostado à porta do quarto, as mãos nos bolsos dos jeans negros. Usava uma camisa azul marinho com os dois botões de cima estrategicamente abertos. Era um mau caminho inteiro.

– Você, seu maldito! – Alexya vociferou. – Fique longe da minha cabeça, ou então eu vou arrancar as tuas prezas enquanto você dorme!

Lucian congelou ao lado dela, como se esperasse que Johan avançasse direto para o pescoço de Alexya pela ofensa, mas ele apenas gargalhou.

Bastardo convencido.

– Calma gatinha... Eu estava apenas tentando ajudar. – Ele mantinha um sorriso sexy pra caramba no rosto e aquilo só fazia inflamar mais a raiva de Alexya.

Por que os caras maus tem que ser sempre tão gatos?

– Oh, pegue as suas boas intenções e enfie lá onde o sol não bate. – Alexya se virou para olhar para a parede de vidro novamente, dando as costas para Johan. – Eu não preciso da sua maldita ajuda.

– Não é o que parece. A tensão sexual entre vocês é tanta que daria para produzir um filme pornô. – Johan gargalhou com a sua própria piada.

Ao lado de Alexya, Lucian grunhiu.

– Se eu fosse você, começaria a cuidar da sua própria vida. – Lucian ameaçou.

– Tudo bem, tudo bem. – Alexya pode ver Johan erguendo as mãos em sinal de rendição. – Não está mais aqui quem tentou ajudar. Mas que povo mais sem graça, vocês dois.

– O que você quer aqui? – Lucian perguntou.

– Vim pra avisar que irei estender minha estadia na cidade. – Ele adotou um semblante sério. – Vai demorar mais tempo do que eu previ para conseguir certas coisas.

– Você quis dizer, para achar Louise. – Lucian corrigiu.

– Isso também. – Johan desconsiderou com um gesto blasé. – Mas eu tenho mais coisas a fazer do que correr atrás de uma vampira teimosa.

– Não consigo imaginar o que, mas isso também não me importa em nada. – Lucian deu de ombros.

– Não, é claro que não importa. – Johan disse com ar dissimulado. - A única coisa que tem que saber, é que eu vou ficar hospedado nessa casa até então...

– Mas não vai mesmo! – Lucian protestou.

Johan apenas ergueu uma sobrancelha para isso.

– Eu não to querendo acreditar que você está se recusando a me estender sua hospitalidade. – Johan parecia aborrecido.

– Então deixa essa recusa de lado e começa a aceitar, porque é exatamente isso que eu estou fazendo. – Lucian disse firmemente. – Você não é bem vindo aqui, Johan.

Por um momento Alexya pensou que Johan deixaria claro quem era o criador de quem ali, como um pai que coloca seu filho insolente em seu lugar, mas ele apenas assentiu como se já esperasse aquela resposta.

– Bem, então creio que serei um convidado indesejado. – Johan se virou para sair do quarto. – Mas mesmo assim eu vou ficar.

Ele deixou o quarto sem dizer outra palavra e Lucian parecia que poderia começar a soltar fumaça pelas orelhas a qualquer momento.

Alexya se aproximou do seu mestre e levou sua mão direita até o rosto dele em um gesto carinhoso. Lucian tombou a cabeça na mão de Alexya.

– Se eu fosse você, começaria a escolher as minhas batalhas. – Alexya sorriu tristemente. – Algumas coisas estão além do nosso controle.

– Se eu pensasse dessa forma, não teria você aqui comigo. – Ele murmurou. – Você foi minha melhor conquista.

– Mas você ainda não me conquistou. – Alexya provocou o vampiro.

Ele sorriu para ela lascivamente. E então, tomou os lábios dela em um beijo cálido.

– Posso até não ter conquistado você por completo. – Ele murmurou um pouco sem ar. – Mas poder ter você nos meus braços dessa forma é uma vitória pessoal. E eu vou aproveitar cada minuto disso.

E dessa vez, quando Lucian fixou seus olhos azuis nos dela...

Bom, os pensamentos sexuais que ela teve não foram colocados ali por nenhum vampiro.