Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 30
Aceita um cigarro?


Notas iniciais do capítulo

I walk this empty street
On the Boulevard of broken dreams
Where the city sleeps
And I'm the only one and I walk alone.
— Green Day.



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Essa noite Alexya não pretendia ir ao Metamorphose a fim de dançar e esquecer os problemas, então ela se vestiu com jeans negros incrivelmente justos e uma camisa vermelha de um tecido deliciosamente leve que ficava solta no corpo dela e mostrava o suficiente do seu sutiã vermelho rendado para que ela pudesse atrair tanto um vampiro quanto um humano qualquer dentro do clube. Botas pretas estilo coturno deixavam ela com o visual de garota bonita e durona.

Graças a Deus Kyle tinha algum compromisso inadiável essa noite que fazia com que ele não pudesse ficar por perto. Alexya teve que lutar pra controlar a expressão de alegria que ameaçava dominar seu rosto enquanto ele se afastava.

Agora, enquanto ela deixava o carro no estacionamento privativo do clube, Alexya se perguntava se estar ali era a melhor coisa a ser feita.

Não vai dar pra trás agora, garota! Sua consciência ralhou com ela. Tem uma equipe inteira dependendo de você hoje à noite.

Alexya estava passando pela entrada de um beco quando um grito abafado chamou sua atenção. O sangue de Lucian que corria em suas veias havia melhorado seus sentidos e ela conseguia ouvir mesmo os murmúrios que estavam sendo abafados pela mão de alguém.

A parte mais covarde e inteligente do seu cérebro mandou ela se afastar dali às pressas e deixar quem quer que fosse que estivesse sendo, sei lá, assaltado talvez, se virar com a situação e contar com a ajuda de outro bom samaritano. Não seria ela a louca a arriscar, seria?

Infelizmente, seus olhos obtiveram um flash de longos cabelos encaracolados que se balançavam com selvageria enquanto uma garotinha realmente pequena tentava se livrar do agarre de um cara pouco mais alto que Alexya e antes que ela realmente parasse pra pensar sobre isso, ela tinha sua faca de prata – que até então estava escondida em sua bota de combate – no pescoço do assaltante.

– Acho que hoje não é seu dia de sorte, amigo. – Alexya disse próximo a orelha do individuo. – Agora solta a garota de vagar.

Alexya podia sentir o coração do assaltante disparando, notou sua respiração ficando mais rápida e frenética, e enquanto ele afastava suas mãos da pequena garota, ele tentava articular uma desculpa gaguejada explicando que não era aquilo que ela estava pensando...

Oh, certo. Nunca é.

– Poupe saliva, eu não estou interessada nas tuas desculpas. – Alexya resmungou enquanto virava o assaltante de frente para ela e rezava mentalmente pra que ele não fosse um...

Não, ele era humano.

E um humano com as calças completamente abertas e que não usava cueca!

Alexya sentiu uma nova onda de raiva quando ela entendeu que aquilo na verdade não era um simples assalto, e sim uma tentativa de estupro. Sua mão esquerda agarrou a camiseta de algodão do estuprador e trouxe seu corpo mais pra perto enquanto a sua mão direita apertou mais forte o cabo da sua faca de prata e pressionou mais duramente contra o pescoço dele, arrancando um filete de sangue.

– Eu devia arrancar suas bolas com um só corte, seu filho de uma puta! Mas isso iria traumatizar mais essa pobre criança. – Alexya desdenhou. – Some daqui, e a próxima vez que você cruzar meu caminho eu não vou pensar duas vezes em te matar. – Alexya o empurrou em direção à única saída do beco, que também era por onde ela havia entrado.

Alexya olhou para a pequena garota que vestia uma saia preta de paetês e uma blusa de seda branca de alcinha que tinha o que pareciam ser alguns pássaros estampados. Devia ter menos de um metro e sessenta de altura, e provavelmente não havia saído do ensino médio. Seus cabelos loiros escuros estavam pousados nos seus ombros e abaixo em uma confusão de cachos que se recusavam a ser domados. Seu rosto parecia o de uma boneca, com sua pele branca e cremosa, nariz pequeno e arrebitado na ponta, lábios bem desenhados e rosados, maças do rosto bem definidas e olhos castanhos amendoados.

Mas... Hein?

Alexya fitou novamente os olhos da garota enquanto o estuprador corria para longe dali o mais rápido que suas pernas conseguiam levá-lo, e se viu fitando um olhar irritado. Não só irritado, um olhar de uma vampira muito, muito, furiosa.

– Você é uma vampira! – Alexya acusou a garota.

A pequena garota apenas virou os olhos enquanto passava por Alexya em direção à entrada do beco, andando despreocupada. Cavou em sua bolsa de balada, que havia sido resgatada do chão enquanto Alexya ameaçava o estuprador, uma carteira de cigarros e acendeu um com um movimento hábil de quem fumava há séculos.

– Mas... Eu não entendo! – Alexya murmurou.

– É parecido com os filmes. – A voz da garota soava tão infantil quanto seu rosto, mas de alguma forma era o tipo de voz que você gostaria que cantasse para você dormir. – Eu sugo sangue pra sobreviver, tenho presas, sou forte e todas essas coisas. Desculpe, mas eu não estou com paciência pra te dar uma aula de biologia vampírica.

Alexya não sabia se ria da garota ou se fazia cara feia. Para uma vampira que parecia ter uns 15 anos, ela era bem espertinha. A vampira andava com uma graça que não era desse século e parecia incrivelmente descontente com as roupas que usava, como se não conseguisse se adaptar a elas.

– Eu sei o que é um vampiro, ok? – Alexya disse enquanto seguia a garota para entrada do beco. – Só não entendo o porquê de você ter deixado um simples humano te subjugar. Você poderia ter matado ele com seu mindinho se você quisesse!

– Eu queria ver até onde ele pretendia ir com aquilo, e depois eu ia me alimentar. – A garota deu de ombros. – Não é como se eu estivesse correndo perigo realmente. – A vampira olhou para Alexya com interesse. – Você sempre anda por ai com uma faca de prata dando uma de protetora das garotas indefesas?

Alexya sentiu suas bochechas corarem enquanto ela pensava em quão estúpida ela havia sido ao correr para dentro do beco sem saber o que a aguardava ali.

– Não. Mas eu não poderia deixar uma garotinha de quinze anos ser estuprada, poderia?

– Dezoito.

– O que? – Alexya perguntou confusa.

– Me transformaram em vampira aos dezoito, não aos quinze. – A vampira soava insatisfeita por Alexya ter errado sua idade. – E eu sou de uma época em que as damas eram pequenas e delicadas, não altas e robustas como os homens!

Alexya ergueu as mãos em rendição.

– Erro meu, desculpe. Enfim, me chamo Alexya. Você é?

– Terri. Cigarro? – A vampira, Terri, ofereceu a carteira de cigarros a Alexya.

– Claro. – Alexya pegou um dos cigarros e em seguida o acendeu com o isqueiro que Terri alcançou a ela. Deu uma longa tragueada e soltou a fumaça em uma baforada.

– Você tem o laço de sangue, eu posso cheirar isso em você. – Terri fixou os olhos nos de Alexya e enquanto a luz do poste de iluminação publica iluminava o rosto da jovem vampira, Alexya percebeu que os olhos que antes ela pensou serem castanhos eram na verdade de um tom de verde muito escuro com alguns salpicos de chocolate. Eram olhos lindos e diferentes.

– Isso faz com que eu meio que cheire mal ou algo assim? – Alexya se preocupou, mas Terri só soltou uma gargalhada melodiosa que fez Alexya sentir vontade de rir junto.

– Não, nada como isso. Apenas seu sangue cheira mais apimentado. Mas eu não diria que é um mau cheiro. – Terri a tranqüilizou.

O quão estranho isso era? Uma vampira tranqüilizando Alexya sobre seu odor corporal.

– Mas mesmo sendo escrava de sangue você não deveria andar por ai assim... E se ao invés de humano, o homem no beco fosse um vampiro ou lobisomem? Você teria se metido em sérios apuros. – Terri parecia uma criança que queria brincar de ser gente grande. Alexya teve que segurar o riso.

– Sim, eu não tinha pensado muito sobre isso. Sorte a minha então, que era você. – Alexya disse a fim de tranqüilizar a vampira e sair desse assunto mórbido.

Terri resmungou algo que soou como “sorte de ser a minha parte boa.”, mas Alexya decidiu não perguntar sobre o que a vampira estava falando.

– Você estava indo a algum lugar antes de estragar meu jantar, não estava? – Terri perguntou, graças a Deus mudando de assunto.

– Huh, sim. Ao clube Metamorphose.

– Ótimo, Eu estava indo ao mesmo lugar. – Terri sorriu para Alexya. – Acho que ter me salvado de um jantar calórico faz eu te dever uma bebida. Mas esconde essa faca, ou você não vai passar nem pela porta.

– Oh, claro. – Alexya escondeu a faca de prata na sua bota e acelerou o passo enquanto seguia Terri para o Metamorphose. – Então, - Ela perguntou enquanto nivelava o passo com a pequena vampira. – Terri é diminutivo de que?


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Notas finais do capítulo

Essa Alexya... Tem mais sorte que juízo!