POV Jason

– E esse tal cara é o Celeste. – Grover finalizou a história.

Annabeth estava sem o boné, sentada na beirada da cama de Piper, com as mãos enterradas no rosto.

– Eu sei que há um contra-feitiço, mas eu precisaria falar com a minha mãe – Piper sugeriu.

– Não temos tempo de ir ao templo de Afrodite. – Annabeth disse – Amanhã de noite é o aniversário dessa vaca, e tínhamos que partir depois de amanhã com o Percy para o Rio de Janeiro.

– Piper, você não pode chamar a sua mãe? – Grover disse.

– Os deuses estão desaparecidos. – eu lembrei.

– Não custa nada tentar – ela sorriu.

Piper sentou no chão de pernas cruzadas e fechou os olhos. Ela começou a sussurrar uma oração para Afrodite, e esperamos quase dez minutos em silêncio. Nada aconteceu.

– Eu avisei.

– Talvez eu possa ler o livro dela. – Piper comentou – Junto com as poções, a minha mãe tem um livro... Acho que ele pode ter algo que nos ajude.

– E como você vai fazer isso? – eu perguntei.

– Vou sonhar.

– Você tem certeza que vai conseguir ler o livro? – Annie perguntou.

– Tenho. – Piper sorriu.

– Ai Leo, como você é mão de vaca! – Thalia apareceu em uma mensagem de Íris – Não precisa mais, eu já joguei meus dracmas.

– Não sou mão de vaca, só achei o preço abusivo! – Leo apareceu também.

– Concordo contigo, cara, Íris tá querendo ficar bilionária. – Grover disse.

– Oi gente! – os dois falaram juntos.

– Oi. – respondemos em um coro desanimado.

– Puxa, a alegria de vocês está contagiante. – Leo comentou.

– Leo, cala a boca. – Thalia fez uma cara feia – Pessoal, só estamos avisando que amanhã temos que estar às 17 horas no Rio. Quíron antecipou a nossa missão, porque segundo Rachel, em sua visão há fogos de artifícios no céu, e a única ocasião que isso vai acontecer é na comemoração do aniversário da cidade, que está marcada para as 17 horas. Apenas Ártemis e Hermes deram sinal de vida, Ártemis porque está com algumas caçadoras no Canadá e Hermes está fazendo uma super entrega de materiais para as amazonas.

– E nenhum deles consegue contactar com os outros deuses. – Leo completou.

– E vão precisar de todos nós? – perguntei.

– Sim. – Thalia respondeu – O acampamento precisa ficar fora disso, e não podemos ir apenas eu e Leo, até porque é a mesma coisa de eu ir sozinha.

– Ei! – Leo se ofendeu.

– E na visão de Rachel estavámos todo nós. – Thalia disse.

– Percy também estava? – Annabeth perguntou esperançosa.

– Rachel não consegue saber. É como se tivesse duas possibilidades: em uma ele está, e na outra não. Vai depender da escolha de um de vocês.

Ficamos em silêncio.

– Uai, cadê o Percy? – Leo interrompeu – Não vai me dizer que ele foi morar para sempre no Hawai e comprou aquela super prancha de...

– Leo! – Thalia gritou.

– Ai, calma. – ele resmungou – Ninguém me conta nada e eu ainda levo bronca.

– Então a gente se fala depois – eu disse – Piper precisa dormir.

POV Piper

Depois de me desejarem sorte, todos foram para seus respectivos quartos, exceto Annabeth. Deitei no canto da cama de casal, para ela dormir também, mas ela ficou sentada numa cadeira, debruçada na mesinha com uma cara de perdida.

– Daqui a pouco eu deito. Pode dormir, Piper, boa noite. – ela disse.

– Boa noite. – eu respondi e apaguei.

Abri os olhos, e eu já estava a caminho do templo da minha mãe. Não sei como, nem porque, mas eu sabia exatamente como chegar lá sonhando. Eu apenas tinha que atravessar um campo de rosas vermelhas sem espinhos, e virar à direita de uma fonte que tinha Eros esculpido. Alguns metros depois estava lá o suntuoso templo, esculpido milimetricamente em ouro celestial.

Passei pela porta da frente, e meus passos fizeram eco. Não senti a presença de ninguém, e aquilo me arrepiou. Geralmente havia algumas criadas, e ás vezes minha própria mãe estava por lá, mas agora não havia ninguém.

Passei por várias salinhas, salões, portas e corredores até encontrar o quarto secreto, onde estavam as poções e o livro. Não sei se as minhas meio-irmãs também sabiam daquele lugar, mas era bem escondido. Fui até a estante, onde centenas de frascos coloridos com etiquetas de identificação estavam perfeitamente organizados, a não ser por um... Estava faltando um vidrinho, e era o que ficava no lugar mais alto e destacado da estante. Será que foi a poção que Percy bebeu?

Encontrei o livro no canto inferior da ultima prateleira. Ele era pesado, então coloquei-o em cima de uma mesa e comecei a folheá-lo.

Páginas, páginas e mais páginas sobre amor, paixão, ciúmes... Demorei um belo tempo até encontrar o que eu queria.

“A poção do esquecimento.

É a mais poderosa criada por Afrodite. Seus efeitos são completos e permanentes até que se faça o contra-feitiço. Age na ligação de coração e memória, e impossibilita os dois de se comunicarem, trazendo uma perda de memória de todos que a pessoa ama. Uso restrito. Efeito colateral: confusão, dor de cabeça...

Blablabla...

Seu contra-feitiço é o mais difícil de todos, por se tratar de ser a maior de todas as poções de Afrodite. Quem lançará o contra-feitiço deverá entregar em nome de Afrodite aquilo que mais lhe é amado.”

Só.

Reli aquelas frases mais de trinta vezes para fixar exatamente em minha memória. Fechei o livro desanimada, respirei fundo e me concentrei para acordar.