Capítulo 4 – Sentimentos Escondidos

Sempre escondo meu sorriso

Quando passo por você

Nossos olhos se encontram

Você finge não me ver

A neve caia pela janela, e eu observava as pessoas brincando enquanto comia algumas torradas. Um grupo especificamente atraia minha atenção, no qual obviamente Hermione fazia parte, mesmo que só observando as brincadeiras. Seu sorriso era o mais lindo, e mesmo que a janela atrapalhasse, parecia que eu podia ouvir seu riso, fazendo com que em meus lábios se formasse um sorriso.

- Posso entrar? – Ouvi Isabelle dizer em Frances. Confirmei com a cabeça e voltei a observar a janela.

- Ah Fleur, pare com isso. – Ouvi sua exclamação, mas não mudei meu foco. Isabelle se sentou ao meu lado e pegou meu rosto me obrigando a olhar seu rosto. Seus cabelos castanhos normalmente lisos já estavam com cachos, fazendo com que ficasse ainda mais bonita.

- Não agüento mais esse estado dos últimos dias!

- O que eu poson fazerr Bel? Non consigo parrarr de pensarr nela! – Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e Isabelle a limpou.

- Não agüento te ver assim. – Ela desabafou encarando meus olhos. – Dói sabe. – Ela apontou para o coração.

Eu a abracei e ficamos assim por alguns minutos. A confusão em minha cabeça era inevitável, eu estava com medo e confusa, tudo isso era muito novo pra mim. Como isso aconteceu? Como se lesse meus pensamentos, Isabelle comentou.

- O amor é irracional. Quanto mais você ama alguém, menos tudo faz sentido.

Eu sorri, já tinha lido isso em algum livro, mas deixei passar, porque fazia muito sentido que nada fizesse sentido. Ta, até meus pensamentos estavam confusos.

- Obrrigada porr tudo. – Eu disse me endireitando.

- Olha só o que você fez? Até eu estou sentimental!

Nós duas rimos enquanto eu me levantava. Fui até a escrivaninha e peguei o embrulho prateado na cômoda.

- Feliz Natal! – Isabelle exclamou antes que eu me virasse e colocou uma caixa de um roxo berrante em frente aos meus olhos.

- Feliz Natal! – Falei rindo e entregando o meu presente. Abri o seu e me deparei com uma pulseira linda. Ela era de prata com pequenos diamantes ao seu redor. Olhei admirada para seu rosto enquanto ela ainda tentava abrir o meu sem rasgar o embrulho. Suspirei e fui ajudá-la.

- Porr que você non rrasga?

- Eu gosto de guardar, você sabe.

Peguei o presente da sua mão e antes de abri-lo dei um abraço apertado nela.

- A pulseirra é magnifiqué! Você rrealmente me conhecé! – Me separei e desamarrei com cuidado a fita lilás que o prendia.

- Nossa Fleur! – Ela disse admirando a pequena escultura em sua mão. Eu havia comprado na vila perto de Hogwarts, surpresa que tivesse alguma coisa boa por lá. Era uma bailarina de gelo, com pedrinhas de diamante por sua roupa e sapatilhas de cristal. Sorri com sua expressão.

- Mas são iguais as

- De Beauxbatons. – Completei sorrindo.

- É linda, obrigada! – Isabelle deu um beijo estalado em minha bochecha e ficou contemplando a bailarina. Com sua distração, aproveitei para olhar pela janela, e admirar a garota que para minha surpresa me encarava, mesmo que não pudesse realmente me ver.

Ponto de vista: Isabelle

- Vou tomarr banhó. – Ouvi Fleur exclamar, e quando levantei a cabeça ela já estava tirando suas roupas.

Desviei o olhar sentindo o rosto esquentar. Pensei que poderia agüentar isso, mas talvez fosse impossível.

- Você non vem comigue? – A ouvi perguntar e olhei mesmo sem querer. Ela estava de costas e pude observar seu corpo por inteiro. Sua pele branca era tão linda que parecia ter luz própria. Senti uma pulsação em mim, e desviei o olhar tentando manter o controle.

- Isabelle? – Ouvi sua voz de novo e não consegui responder, só me encaminhei para o banheiro logo atrás dela.

Já havia muito tempo que eu gostava da Fleur, do jeito gostar mesmo. Eu tentava ignorar isso, mas ficava cada vez mais difícil, ainda mais por eu só ter contado parte da verdade para ela.

Eu a olhei: seus lindos cabelos, seus olhos penetrantes, seu bom coração que era escondido por sua personalidade. Desejei: seu corpo, que cada vez que o olhava era como ser atingida por correntes elétricas, e ficava pior quando ela estava nua ou até mesmo quando eu a tocava sem querer. Ignorei: na verdade tentei ignorar, já sabendo que era impossível.

Sentei em um canto do banheiro e observei ela entrar na banheira. Ela ligou o chuveiro e primeiramente molhou o cabelo, fechando assim os olhos. Eu sabia que era errado, mas nessas horas eu aproveitava para olhá-la por completo, aliviando um pouco o desejo que eu sentia por ela. Não era o suficiente, por que eu sabia que não poderia tocá-la, seu coração não me pertencia.

Ouvi enquanto ela comentava em como seria o baile, sem realmente prestar atenção. Ela não fechou as cortinas, e isso me deu livre espaço para admirá-la. Mas era óbvio, ela não tinha a malicia que eu estava tendo. Não era sua calcinha que ficava úmida sem sua permissão, não era seu coração que despedaçava ao ouvir Hermione.

Eu tentava! Juro! Mas não conseguia parar de imaginar situações em que estivéssemos juntas. Depois que ela percebeu que poderia gostar de garotas minhas esperanças aumentaram, diminuindo logo depois de ver que ela não parava de pensar naquela Hermione. Ô vidinha essa a minha viu!

A olhei e ela parecia se lavar em câmera lenta. Só mesmo a Fleur para tornar o banho uma coisa tão sensual sem ter noção disso. Ou talvez eu fosse a pervertida, quem sabe? Isso não importava tanto, mas eu já não agüentava ficar ali.

- Estou indo. – Eu disse me levantando.

- Esperra, já vou sairr. – Eu não gostava quando ela falava inglês, exatamente por que eu sabia qual era o seu interesse em saber bem essa língua.

Ela se enxugou enquanto eu encarava o chão. Quando ela colocou as roupas, acabando com meu tormento, fomos para o quarto e começamos a nos maquiar para o baile. Tagarelávamos sobre várias coisas, inclusive sobre Rogério Davies, que incrivelmente não despertava o ciúme que Hermione fazia com que eu sentisse. Observei a janela e percebi que aquela garota não estava mais lá. Sorrindo, comecei a passar a sombra em Fleur, que parecia mais feliz do que antes, o que me deixava alegre também.

- Louis já está sé arrumando? – Ela perguntou permanecendo de olhos fechados.

- Acho que sim. – Aquilo era estranho, eu falando francês e ela o maldito inglês.

- Você deverria terr convidadon um garroto de Hagwarrts, eles podem serr diverrtidos.

- Prefiro os franceses mesmo. – Eu disse sorrindo, enquanto a imagem de Fleur e eu em um dos meus sonhos preenchia minha mente.

Sentimentos escondidos

Viram angustia com o tempo