Capítulo 2 - Desabafo

 

Hermione não chegava e eu esperava que viesse logo. Cada minuto parecia uma eternidade e ao mesmo tempo eu agradecia por ela estar demorando. Afinal, o que eu ia dizer pra ela? O que eu ia dizer que sentia? Nem eu mesma sabia.

 

Ouvi um barulho de passos e olhei na direção deles, para encontrar uma Hermione completamente imóvel e com lágrimas nos olhos.

 

- Ah Fleur! Eu tive tanto medo! – ela disse vindo em minha direção.

 

- Pardon Hermione, pardon – eu disse abraçando-a. – Eu fuí tolá e o que fizé foi imperrdoável.

 

- Fiquei com saudade – ela disse se separando de mim e secando as lágrimas.

 

- Tambá, Herrmion – eu disse secando a única lágrima que caia, impressionada ao encarar a gota cristalina em meu dedo. – Como você faz isse?

 

- Fazer o que? – Ela estava confusa.

 

- Ai Herrmion,  - comecei. – Você me faz chorarr. Você me faz querrerr serr legal perrto de vocé! Sou outrra pessoa, como você mesme disse. – Nesse momento seus olhos ficaram tristes com a lembrança. – Pode perrguntar parra qualquerr um que me conheçá, eu nunca pedi perrdão, nunca nem senti saudade de alguém forra da famílie. Você desperrtou uma Fleur que non se via desde que eu erra crriançi, e tenho medo disso – Estava feliz, mais leve. Não contei tudo, mas por hora bastava.

 

- Medo do que, mon cherri? – nós duas rimos de seu Frances. – Você não quer ser uma pessoa melhor?

 

Como explicar o que sentia? Olhei para o lado enquanto Hermione esperava uma resposta. Pensei em dois pontos:

 

1º E se ser uma pessoa melhor significasse ser gentil com todos? Eu não queria isso. Eu era feliz como estava e Hermione deveria aceitar isso. Mas, como falar isso para a única pessoa que eu quero agradar?

 

2º Essa Fleur que ela despertou trouxe um novo sentimento junto. Eu tinha medo de que se aceitasse essa Fleur, não pudesse mais conter isso que crescia dentro de mim.

 

Olhei para aqueles olhos de chocolate que esperavam minha resposta e decidi mentir. Não era hora para todas as verdades. Uma parte torcia para que nunca chegasse esse momento, enquanto outra queria que fosse agora.

 

- Você tam razon Herrmion – eu disse pegando sua mão e sentando-me no chão com ela. – Mas antes vocé prrecise me contarr exataménte a histórria dessa brruxa da Rrita Skeeterr e o que fez durrante esse tempo.

 

Seu sorriso era estonteante quando respondeu:

 

- Só se você me contar o feitiço que usou no dragão!

 

Nós duas rimos e eu contei sobre o feitiço de veela, ao que ela ficou decepcionada por não poder usar. A vida de Hermione não havia mudado tanto, mas com toda a história sobre o jornal, pude entender melhor e me apiedar dela pelas piadinhas que sofrera durante esse tempo.

 

Admito que fiquei feliz ao constatar o quanto lhe fiz falta e o quanto ela se preocupou comigo, mesmo sendo orgulhosa demais para ir me encontrar ou demonstrar sentimento. Nunca pensei que fosse encontrar alguém mais orgulhoso que eu.

 

Fomos dormir tarde e Hermione estava preocupada com as aulas do dia seguinte, mas falou que valia a pena. Admito que me deitei mais leve, extremamente feliz.

 

 

***

 

 

Ela a observava indo em direção ao castelo. Correu para alcançá-la, mas ela sempre escapava. De repente já estavam na floresta e finalmente o alvo da correria parou e se virou. Profundos olhos chocolate a encaram. Quando Fleur se postou a sua frente, Hermione sorriu de um jeito diferente, meio malicioso. Ela encostou a mão na coxa de Fleur de um jeito que explorava cada pedaço mais escondido, fazendo com que todo seu corpo tivesse arrepios. Com essa sensação diferente, porém muito boa, Fleur acordou assustada em sua cama.

 

 

***

 

 

O Sol amanhecia claro e límpido, refletindo no lago e entrando pela minha janela. Depois do sonho, todas minhas suposições foram confirmadas: Eu me apaixonara por Hermione Granger.

 

- Fleur, é hora de acordar! – Madame Maxime chamou em Frances.

 

- Já vou! – respondi no mesmo idioma.

 

Suspirei e comecei a me vestir. Me olhei no espelho e constatei o quanto era bonita. Seria fácil conquistar Hermione? Logo repreendi esse pensamento, pois minha mente se encheu de imagens da continuação do sonho que eu havia imaginado.

 

Me encaminhei para o jardim onde ia encontrar Hermione e me sentei para esperar. Alguns alunos de Hogwarts já estavam por lá aproveitando o sol inesperado enquanto eu tentava não pensar.

 

- Adivinha quem é? – eu ouvi enquanto uma mão tapava meus olhos e um cheiro de flores invadia o espaço.

 

- Uma cerrta estudante de Hogwarrts que está muite atrrevidinhe? – perguntei pegando sua mão e fazendo-a sentar-se entre minhas pernas, de frente para o lago. Seu eu fosse um garoto, pareceria que éramos namorados. Mas Hermione parecia não se importar com a proximidade e eu muito menos.

 

Enquanto estávamos abraçadas, encostei meu queixo em seu ombro, com minha boca quase beijando seu pescoço. Senti arrepios percorrerem seu corpo enquanto o coração de ambas disparava. Minha principal reação não era perceptível, já que a pulsação que eu sentia estava coberta.

 

Percebi que alguns alunos nos observavam e me separei dela pegando sua mochila. Por um bom tempo Hermione ficou calada, e percebi que meditava bastante, e por isso não a interrompi. Eu mesma não sabia se era capaz de emitir algum som que não fosse parecido com um gemido.

 

- Fleur? – Hermione perguntou depois de um tempo “lendo” um livro de ponta cabeça.

 

- Hum – respondi um pouco rouca.

 

- Queria que você soubesse que também sou diferente com você. Sempre dizem que eu sou mandona, e eu não sinto que faço isso com você. Sinto que preciso te ver e eu sinto... Eu sinto coisas...

 

- Coisas? – eu perguntei, o que saiu num sussurro com meu nervosismo.

 

- Eu... – Hermione começou com as bochechas vermelhas. – Preciso ver o Harry. – ela disse e se levantou recolhendo as coisas.

 

- Herrmion, rresponde – Eu disse fazendo com que me olhasse.

 

- Bom, eu nunca tive uma amiga mais velha e... É legal que você me ensine as coisas, porque eu sempre ensino para meus amigos, e...– Ela começou a tagarelar, mas eu sabia que não era o que estava em sua mente.

 

- Herrmion. – eu disse para que ela se calasse. – Non prrecise falarr nade, acrredite, eu entende bem. Vou parra o barrco, até mais tarrde. – Eu disse, deixando uma Hermione atônita para trás enquanto meu coração disparava de felicidade e medo.

 

Quando cheguei ao quarto não aguentava mais. Tranquei a porta agradecendo mentalmente por ser uma campeã Tribruxo e ter meu próprio quarto. Tirei minhas roupas e fui para o chuveiro. Deixei a água morna descer por mim e molhar meus cabelos, mas meu corpo continuava pedindo, até que desisti e fui me enxugar.

 

Deitei na cama e comecei a me tocar, satisfazendo o desejo puro que emanava do meu corpo. Minha tentativa de não pensar em nada especifico, somente em imagens aleatórias era vã. Mas a cada movimento, cada gemido que eu continha, me fazia lembrar ela. Quando meu corpo se contorceu e relaxou em puro êxtase, a imagem do corpo de Hermione colado ao meu preencheu minha mente por completo.

E não me deixou até que adormeci nua sobre a cama.