Traição. escrita por JessyErin


Capítulo 12
Interfectorem.




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Andrew correu até mim e se sentou ao meu lado. Eu não conseguia respirar direito.

– Por que você não atirou? – ele sussurou – era alguém que você conhecia?

Ele não tinha visto.

Eu me levantei, enxuguei minhas lágrimas e fui andando rumo a saída. Ele me acompanhou sem dizer nada, até eu chegar no ponto de táxi.

– Pra onde você vai? – ele perguntou.

– Eu preciso pensar – eu disse, e entrei em um dos carros – para a floricultura, por favor.

Só havia uma pessoa que poderia me acalmar naquele momento. E ela não podia falar comigo. Mas eu poderia falar com ela. Ou melhor, elas. O cemitério nunca fora um dos meus locais favoritos, mas eu continuava a ir regularmente pois era o único lugar realmente silencioso de DC. E eu precisava de silêncio. Eu depositei as rosas nos túmulos de Caitlin e Jenny. Olhei para as fotos nas lápides, ambas sorrindo.

– Vocês não vão acreditar. Ou melhor, vocês já sabem o que houve, não é mesmo? O que eu faço? Investigo? Deixo como está? Pode ser coisa da minha cabeça, não pode? Dinozzo é o meu melhor amigo, eu amo ele. A Ziva ama ele. Ela está grávida, e ele é o pai. Como eu vou contar isso pra ela?

Silêncio.

Eu costumava imaginar o que elas diriam, mas nesse caso, nem com toda a minha imaginação eu poderia imaginar uma resposta. Acho que nem mesmo elas saberiam como lidar com tudo isso. E ainda havia a questão de Andrew, eu estava sentindo muito a falta dele, mas não queria coloca-lo no meio de tudo isso.

Mais silêncio.

Tem horas que o silêncio faz bem, mas naquele momento, me fez sentir sozinha. Eu me levantei, e fui caminhando até chegar em casa. Não andei muito, mas o tempo passou devagar. Eu não sabia o que fazer no dia seguinte, como encará-lo no trabalho. E não fazia idéia de como explicar pra todos o porque de eu ter saído do nada naquele dia. Tudo o que eu queria era poder simplesmente acordar e descobrir que tudo isso foi um sonho ruim, e que eu poderia voltar a confiar em todos que amo sem medo. Mas não é assim que funciona.

Dormi mal, e acordei péssima. Fui até o banheiro, lavei o rosto e respirei fundo. Eu tinha que fazer alguma coisa.

– Andrew?

– Jess? Você tá bem? – ele perguntou.

– Estou. Preciso que você mantenha Dinozzo ocupado – eu disse e coloquei o celular no viva voz.

– Dinozzo? Ah, não.

– Sim. Por favor, faz isso por mim.

– Jessica, tem certeza...

– Absoluta. Escuta, to saindo, por favor não deixa ele sair do prédio, dá um jeito.

– Vou tentar. O que vai fazer?

– Tenho que ir, desculpa – eu desliguei o celular.

Ele não podia se meter no que eu ia fazer. Nem eu tinha certeza do que iria fazer. Peguei um ônibus e parei na frente da casa dele. Peguei um dos grampos que prendia meu cabelo, e abri a porta com cuidado. Gibbs havia me ensinado isso, e eu agradeceria pra sempre. A casa estava muito organizada, como sempre. Dei passos com cuidado, com medo de mais alguém estar ali. Depois de checar, comecei a vasculhar. O computador estava com senha.

“Droga”, pensei. A última senha ali era o aniversário da Ziva. Não custava tentar. E o computador ligou. Achei estranho ele não ter mudado a senha, mas continuei. Haviam pastas de muitas coisas ali. Menos de filmes. Os filmes ele gostava de comprar mesmo. Ao tentar abrir a primeira pasta, cujo título era “interfectorem” eu ouvi o barulho de um motor. Corri até a cozinha e me escondi perto da geladeira. Com a arma em punho, travada. Se fosse Tony, ou Victoria, eu não conseguiria atirar. Uma coronhada estaria de bom tamanho. A menos que um dos dois revidasse. Ouvi a porta se abrindo, e passos. Passos de apenas uma pessoa. Prendi a respiração e dei dois passos, então entrei em um vão entre a parede e o armário, ninguém. Dei mais dois passos, e senti alguém atrás de mim. Virei minha arma e parei a centímetros da testa de Andrew.

– VOCÊ TÁ QUERENDO MORRER, É? – eu gritei,meu cabelo se soltou do rabo de cavalo que eu fiz, mas eu não o prendi de novo. Guardei minha arma, e cruzei os braços – o que você está fazendo aqui, Andy?

– Eu vim te ajudar! – ele levantou os braços, em um deles havia um celular – a bateria do seu celular acabou, se o Tony saísse de lá, não teria como te avisar!

– Ah sim – eu inclinei minha cabeça para baixo e murmurei um obrigada.

– Precisa de algo?

– Bom, já que está aqui, pode checar o computador? Esta pasta aqui – eu apontei para a pasta que eu estava prestes a abrir – me parece suspeita.

– Lógico que é suspeita! – ele disse – a pasta se chama “Assassino” em latim!

– Você sabe latim agora? – eu perguntei.

– Eu aprendi um pouco na faculdade. Sim, olha, tem arquivos do caso, ele descobriu mais algumas coisas.

– Transfere tudo pra cá – eu lhe entreguei um pen drive – eu vejo isso mais tarde. Não podemos ficar enrolando.

Então, ouvimos um BIP bem alto. Os dois se encararam por um segundo, e depois olhamos para o computador. Uma pequena caixa de mensagens estava aberta, com a mensagem “Pronto. O que aconteceu?” Não havia nome de quem tinha mandado, mas a gente sabia muito bem quem poderia ser.

– O que a gente faz? – Andrew perguntou, se levantando e pegando o celular do Dinozzo.

Outro BIP.

“Temos que conversar”, e desta vez, o nome Anthony Dinardo aparecia na tela. O mesmo pseudônimo que ele usou em uma missão há anos atrás.

– O e-mail dele está vinculado com esse computador. Podemos ver a conversa, e até interferir, se você quiser.

– Quero ver – eu disse, me sentando.

“Eu tentei evitar, mas eles mandarão alguém pra te buscar aí na sua casa. Uma testemunha te identificou”

“Impossível”

“Eu também disse, mas eles não compraram minha palavra. Estou te avisando pra você se preparar com advogados, essas coisas”

“E o nosso trato?”

“Eu tentei cara, mas não deu. E outra, eu acho que um agente descobriu que eu alterei os resultados”

– Um agente? – eu disse – ele deve imaginar que fui eu. Afinal, eu ando desconfiando disso faz tempo. E ele não disse quem descreveu Oscar.

Andrew não respondeu, estava olhando o celular.

“Vamos nos encontrar, a gente pode resolver isso”

“Eu te avisei o que aconteceria”

“Oscar, você não pode simplesmente...”

“Usuário se desconectou”

– Jess! – Andrew disse, me puxando pelo braço – Oscar está a caminho de algum lugar, olha, eu consegui rastrea-lo pelas mensagens que ele está trocando com o Dinozzo – ele me mostrou o celular e eu pude ver seu carro se movimentando – E Tony também saiu do prédio. Temos que sair daqui.

Eu peguei o pen drive, abalada. Dinozzo era, sem dúvidas, um traidor. Eu não saberia lidar com isso.

Andrew pegou meu braço e começou a me puxar pra fora da casa.

– O que foi, criatura? – eu disse, e ele me mostrou o celular novamente.

O carro de Oscar estava entrando em uma rua. Uma rua que eu conhecia. Rua Telegraph. A rua que eu passava todos os dias. A rua onde o prédio do NCIS se encontrava. Ele não ia se entregar, disso eu tinha certeza.

Ele avisou o que aconteceria.


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