Domingo, 16h15min

POV Jason

Piper ainda estava em meus ombros se debatendo e gritando vários palavrões, acho que descobri uns três novos. Depois que Thalia recebeu um telefonema, pegou suas coisas e saiu correndo, a única coisa que disse foi “Preciso ir”. Nico ficou um pouco preocupado, acho que ele está começando a gostar dela.

Meus pensamentos foram interrompidos com um chute na barriga, havia esquecido totalmente de Piper nas minhas costas, ela não é muito pesada. Eram umas 16hrs então decidi que iria levá-la pra um parque de diversões. Com ela ainda nas minhas costas, me despedi dos outros e a levei para o carro. Dei partida em direção ao parque.

– Pra onde você está me levando? Vai me sequestrar? – Perguntou ela.

– Pra um lugar que provavelmente vai te acalmar. – Disse com um sorriso de lado.

Não demorou nem 10 minutos, e havíamos chegado ao tal parque. Saímos do carro e fomos até onde vendia os ingressos. Quando entramos, Piper olhava maravilhada para os brinquedos, havia uma roda gigante que conseguia ver daqui, à minha direita tinham alguns jogos que se ganham prêmios, segurei na mão de Piper e a puxei pra lá.

– Qual você quer? – Perguntei olhando para os ursos de pelúcia.

– Aquele. – Disse ela apontando para um panda enorme.

Acertei algumas garrafas e um pouco depois ganhamos o urso. Continuamos caminhando, fomos a quase todos os brinquedos, e por fim na roda gigante. Entregamos o bilhete e sentamos em uma das cadeiras de mãos dadas. Começou a rodar e Piper chegou mais perto de mim, e eu a abracei.

Ficamos assim em silêncio e paramos no topo.

– Dá pra ver minha casa daqui. – Disse ela apontando.

Virei meu rosto para ela e fiquei olhando em seus olhos.

– Que foi? – Perguntou envergonhada.

Não falei nada, apenas encostei meus lábios nos dela, e demos um selinho demorado. Quando ela se afastou, percebi que estava corada. Vi que seria o momento perfeito pra dizer o que sentia por ela. Não, eu ainda não havia dito que a amava, queria ter certeza do que sinto.

– Piper, eu... – Fui infelizmente interrompido pelo meu celular que começou a tocar. E era minha mãe.

– Alô? – Falei ao atender o aparelho.

– Jason, venha pra casa, hoje. Pegue um avião imediatamente. Eu tenho uma surpresa pra você! – Abri a boca para responder que estava ocupado, mas ela desligou.

Olhei pra Piper que me olhava curiosa, dei um suspiro de tristeza e disse:

– Piper, preciso ir pra casa, tudo bem? – Disse tentando desviar o olhar de seus olhos hipnotizantes.

– Claro. – Disse ela abrindo um meio sorriso. Pera ai, porque que ela ta dando um meio sorriso? Era pra ela estar triste por não poder ficar comigo. Quando entramos no carro ela não tirava os olhos do celular, e de vez em quando segurava o riso.

– Hunp! – Dei um suspiro frustrado. Ela deu uma breve olhada pra mim e sem tirar os olhos do celular perguntou:

– O que foi? – Me perguntou ela.

– O que você tanto vê nesse celular? – Ela olhou pra mim pensativa.

– N-não é nada. – Disse ela guardando o celular. Estou completamente indignado, e meio triste na verdade, Piper está mentindo pra mim. Está acontecendo algo pra ela estar mentindo pra mim e eu vou descobrir. Mas não agora, preciso chegar em casa, a voz da minha mãe parecia preocupada.

Deixei Piper em sua casa e me despedi meio aborrecido. Cheguei em casa e ajeitei o que precisava pra viajar; peguei algumas roupas, passaporte, enfim. Tomei um banho, e enquanto me vestia, escutei barulhos na cozinha. Peguei minha mochila e desci até lá, e já era óbvio que era Percy.

– Aonde você vai? – Ele perguntou enquanto abria um pacote de salgadinhos. Nós dividimos a casa faz um ano, quando estávamos no primeiro ano do ensino médio.

– Minha mãe me ligou, dizendo pra ir pra casa. “Imediatamente”. – Falei imitando o tom de voz dela na última parte.

– Hum, boa sorte. – Falou subindo as escadas.

Olhei no relógio, e já eram 17h45, saí de casa e fui direto para o aeroporto. Entrei, procurando pelo balcão de embarque para fazer o check-in. Depois de alguns minutos, fui até o local de embarque, meu vôo era dali a 10 minutos. Fiquei na fila e passei pelo detector de metais, e depois de algumas informações, enfim, embarquei.

Estava apreensivo. O que será que aconteceu? Fiquei pensando diversos motivos para que minha mãe tenha me ligado, até que o cansaço foi mais forte e acabei adormecendo.

***

Acordei com uma aeromoça me chamando, estávamos no meio de uma turbulência. Ela deu algumas instruções e fiz o que ela pediu, depois de alguns minutos tudo se acalmou. Olhei no relógio, havia dormido por três horas, sendo assim, faltava mais três para chegar em Los Angeles.

POV Thalia

Domingo ainda, 22h30

Depois de todo aquele processo no aeroporto, e às seis horas de vôo, cheguei em casa. Ou melhor, na casa do meu pai. Quando entrei em casa me deparei com Zeus sentado no sofá impaciente, vestindo um terno, a sua roupa casual, mas o estranho é que Hera não estava ao seu lado.

Será que ele descobriu que fui eu quem quebrou aqueles vasos valiosos? Se for eu to ferrada. Como já tava encrencada, resolvi me desculpar logo.

–Pai, foi sem querer! Eu tava andando quando... Er... me assustei e bati na prateleira e... – Desabei a falar, mas ele não parecia muito interessado no assunto e me interrompeu.

– Ta bom. Ta bom. Não era isso que eu iria falar. Primeiro, vá descansar, você deve estar cansada. Amanhã vamos em um lugar. – Disse ele se levantando do sofá e indo em direção a uma porta, que parecia ser seu escritório. “Bom jeito de receber sua filha”- pensei com ironia.

– Ok. – Falei e subi as escadas indo para meu antigo quarto. Estava meio nervosa, o que será que aconteceu, pra ele ter me chamado aqui? Será que ele quer que eu volte a morar aqui?? Nem morta. Ignorei tudo, e tomei um banho rápido, vesti um pijama qualquer que trouxe e me deitei. Peguei meu celular para olhar a hora e havia três mensagens. Abri a primeira;

“O que aconteceu? Me liga quando der. Bj! - Annie” Decidi responder de manhã.

Abri a segunda. Decepção, mensagem da operadora. Abri a terceira, fiquei meio surpresa, quando vi o nome Nico na telinha do celular.

“Tá tudo bem? Você saiu tão depressa que não deu tempo a gente conversar sobre... você sabe... sobre hoje... quando puder me liga. –N.“

Iria responder, mas estava tão cansada que fechei os olhos por um segundo, e dormi imediatamente.

***

Segunda-feira, 08h30min

De manhã a governanta me acordou e disse que meu pai me esperava para o café da manhã. Pelo menos não terei que ir pra escola. Fui até o banheiro e fiz minha higiene matinal depois de um banho. Vesti uma roupa simples, short jeans e uma blusa preta escrito em vermelho as palavras “morte à Barbie”.

Desci as escadas, e fui até a sala de jantar daquela mansão enorme.

– Bom dia. – Zeus falou.

– E ai. – Respondi e ele suspirou, não sei por quê.

Tomamos o café em silencio, e quando terminamos, ele disse por fim:

– Vamos? – Assenti com a cabeça e fomos até o carro.

***

Fomos o caminho em silencio, até chegarmos em uma mansão não muito maior que a minha, de um tamanho razoável. Havia dois andares, a fachada era de um amarelo claro e algumas (muitas) janelas brancas. Tinha alguns vasos de flores, e um pequeno jardim na grama verde.

Meu pai parecia um pouco nervoso. Descemos do carro, e quando íamos tocar a campainha, uma mulher logo abriu a porta, ela era alta, tinha os cabelos loiros num tom mais escuro, e lindos olhos azuis. Ela me lançou um enorme sorriso, e eu apenas dei um sorriso sem graça.

Passamos pelo hall de entrada, e fomos para uma sala com ambiente confortante. Havia uma lareira, que chamou a atenção dos meus olhos. Sempre gostei de lareiras.

Olhei em volta um pouco apreensiva. Zeus e a mulher que eu não conhecia se sentaram no sofá branco com dois lugares e eu sentei em uma poltrona também branca. Zeus virou-se pra a misteriosa mulher.

–Onde ele está? – Perguntou ele calmamente, diferente de alguns minutos atrás. Eu, obviamente, fiquei muito confusa. Ele quem?

–Ele já esta descendo, espere um pouco. – Disse ela pacientemente.

Por um minuto, um silencio desconfortável reinou entre nós. Alguém pigarreou no topo da escada, e fiquei boquiaberta quando vi quem era.

–Jason?! – Falei arregalando os olhos surpresa.

–Thalia?! O que você está fazendo aqui? – Perguntou ele tão surpreso quanto eu.

–O que você esta fazendo aqui? – Perguntei dando ênfase no ‘’você”.

–Bom, essa é minha casa. – Disse ele. – Agora é sua vez de responder minha pergunta.

–Na verdade, eu não sei! – Disse quase gritando me virando para o meu pai sentado no sofá.

– Sentem-se, precisamos conversar – Disse a mulher que logo deduzi ser a mãe de Jason. Nós nos sentamos nas duas poltronas brancas em frente ao sofá onde se encontrava meu pai e a mãe de Jason.

–Nós queremos contar uma coisa muito importante pra vocês. – Disse a mãe do Jason com a voz mansa.

– Pera ai! Vocês estão juntos? – Jason perguntou, fazendo-me arregalar meus olhos em um tamanho que eu nem sabia ser possível.

– O que?! – Gritei, levantando-me da poltrona.

– Acalme-se Thalia, por favor. – Disse Zeus.

Voltei ao meu lugar, e cruzei os braços. Essa conversa ta muito estranha.

– O motivo dos dois estarem aqui é que... – Suspirou. – Vocês são irmãos.