No Rules escrita por drê


Capítulo 8
Não me abandona, não.


Notas iniciais do capítulo

Meloso.



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Alguém cutucou meu ombro e eu acordei do meu sono profundou. Levei um pouco de tempo até me acostumar com o fato de meu corpo estar todo dolorido, porque acabei dormindo na cadeira daquela sala.

Quem cutucara meu ombro era uma enfermeira. Diferente daquela que me recebeu na madrugada. Esfreguei os olhos com as mãos e me levantei rapidamente. Percebi que já havia amanhecido. Pacman estava dormindo em uma cadeira próxima.

– Você é parente daquele rapaz que foi baleado? - ela perguntou, olhando uma ficha que estava em suas mãos.

– Sim. Como ele está? - perguntei, olhando-a.

– Bem, nós tivemos que fazer uma cirurgia nele e retirarmos a bala que estava alojada próxima ao coração. Ele está bem, está se recuperando. Mas ele correu um risco muito grande. Se a bala tivesse sido acertada alguns centímetros acima, acho que talvez ele não teria resistido. - suspirei assim que ela terminou de falar. Meus olhos arderam. - Mas ele vai ficar bem. - ela sorriu.

– Posso vê-lo? - perguntei.

– Na verdade, não. - ela olhou ao redor. Pegou minha mão e fez com que eu a seguisse. Segui por aquele corredor, onde nessa madrugada meu irmão foi levado numa cadeira de rodas. Paramos em frente à um quarto, onde eu pude vê-lo, entupido com canos que o levavam o oxigênio necessário. - É o máximo que consigo fazer.

– Tudo bem. Obrigado. - olhei pra ela, e agradeci com toda a gratidão que eu podia. Fiquei alguns minutos olhando meu irmão deitado naquela cama. Era doloroso demais.

Senti mais uma vez meus olhos arderem. Eu não contive e deixei que as lágrimas caíssem sobre meu rosto. Foi por pouco. Por pouco que perco meu irmão, meu companheiro, aquele que está comigo em qualquer parada..

– Precisamos ir. - a enfermeira falou. Não respondi nada, apenas me virei e segui de volta para o corredor. Sequei minhas lágrimas com a manga do meu casaco. - Você é o que dele?

– Irmão. - respondi. Dei um suspiro bem fundo e depois segui para um balcão onde pediram que eu assinasse uma ficha e colocasse os meus dados e os dados de Arthur.

Voltei até onde eu havia estado sentado, e acordei Pacman. Expliquei que tudo iria ficar bem, e disse que ele poderia ir pra casa e que sou grato a tudo o que ele fez.. Sem ele, o Arthur poderia estar longe nessas horas.

Eu também fui pra casa. Eu não sabia exatamente onde eu estava. Peguei o primeiro ônibus que vi passar e por uma ajuda de Deus, consegui parar próximo de casa. Mas tive que andar uns quinze minutos ainda.

Quando cheguei em casa, ironicamente, eu me senti perdido. Estava um silêncio amedrontador. Sentei no sofá e fiquei olhando para a nossa sacada. Eu estive muito perto de perder meu irmão, não iria me perdoar nunca se algo acontecesse com ele. Estava me sentindo sozinho. Precisava conversar com alguém. A primeira pessoa que passou pela minha cabeça foi Katherine. Mas eu não queria incomodá-la. Então chamei por Tyler.. Meu segundo irmão, mesmo que não era de sangue.

Ele não demorou muito pra chegar e quando chegou eu apenas o abracei. Eu estava arrasado. Tinha perdido meu rumo naquela madrugada. Fiquei conversando com Tyler a manhã inteira. Eu não tinha vontade de fazer nada, nem de comer. Mas ele insistiu, até que fomos comer em algum lugar próximo.

– Não fica assim irmão, vai dar tudo certo. Daqui a pouco ele tá aí com nós, e isso vai ser passado. - me conformou.

– Eu sei.. Ou melhor, eu espero. Quero dormir até a hora de ele acordar, vir correndo me abraçar e a gente viver como se nada disso tivesse acontecido. - comi uma batata frita.

– É isso aí!! E tu sabe que tô contigo no que der e vier, não é? - falou.

– Sabe que vai ser nós contra o mundo até o final, né? - falei, soltando um riso em seguida.

Tyler me ajudava pra caralho. Era meu segundo irmão, outro que estava comigo no que viesse. Mas eu ainda pensava em Kate.

Depois que almoçamos, disse que iria pra casa. Ele disse que iria deixar eu descansar e seguiu para a sua. Agradeci pelo apoio e disse que também estava com ele pra qualquer coisa. Quando cheguei em casa novamente, fui relaxar um pouco. Tomei um banho e deitei na minha cama. Acabei adormecendo. Adormecendo mais do que devia, pois quando acordei novamente, era dez da noite. Porra..

Olhei meu celular e algumas mensagens e ligações haviam sido perdidas. Tinha da minha mãe, do Tyler, da Megan e por fim da Kate. Eu sorri logo que vi que ela havia me ligado. Olhei a hora e sem pensar duas vezes liguei de volta.

Alô?– ela falou, com aquela voz suave.

– Kate.. Eu vi que você me ligou. Queria falar comigo?

Tyler me contou o que aconteceu. Fiquei preocupada. Queria saber como você estava.– falou. Eu sorri na hora. Ver aquela morena preocupada comigo fez meu coração palpitar.

– Eu estou bem. Quer dizer, não bem, mas estou levando como posso. - suspirei. Ficou um silêncio, porque eu não queria chamá-la pra sair, pois estava muito tarde. Mas ela me surpreendeu.

Nate.. Quero te ver.

– Agora? - indaguei.

Sim! – falou com certeza. - Me encontra na frente do Burnin.

Ela desligou rapidamente. Eu fiquei parado com o telefone soando aquele “tu, tu, tu” Estava em transe, sim. Aquela garota era fenomenal! Nenhuma outra iria me ver as dez horas da noite de uma segunda-feira. Depois de sair do transe, coloquei a primeira roupa que achei e corri até o Burnin.

Não demorou muito até eu avistar aquela deusa vindo em minha direção. Eu sorri só de olhá-la encolhendo os ombros por causa do vento gelado. Ela estava linda! Não estava bem arrumada como naquele dia da conferência, mas o jeito bagunçado dela a deixava encantadora.

Quando ela se aproximou ainda mais de mim, já abriu os braços e me deu um abraço apertado. Demorou alguns minutos. Com suspiros, carinhos nas costas e tudo! Nos desabraçamos, e a envolvi com meu braço, tentando protegê-la do frio. Não sei se funcionou, mas ela se encaixou perfeitamente no meu abraço.

Nós seguimos quietinhos até em casa. Quando eu finalmente abri a porta, ela me deu outro abraço. Igualzinho aquele lá na rua. Um abraço quente e franco. Um dos melhores que eu já havia recebido. Tudo nela era feito com perfeição. Tudo saía da melhor maneira possível.

– Fiquei preocupada com você. - ela falou, ainda me abraçando. - Não que eu não tenha ficado com o Arthur. Mas você.. Bem, é você. - ela soltou um riso.

Como ela era mais pequena que eu e estava envolvendo seus braços em meu pescoço, eu a abracei pela cintura e fui guiando-a até o sofá. Quando finalmente me sentei, ela ficou em meu colo, de frente pra mim.

– Não precisa se preocupar, estou bem. - eu sorria, alisando seus cabelos.

– Mesmo assim, Nate.. - ela acariciava meu rosto com as duas mãos. - Mas me conte, o que vocês estavam aprontando pra isso acontecer? - ela caiu pro lado, sentando no sofá, mas ficando com as pernas ainda por cima de mim.

– A gente tava afim de fumar e o Arthur queria a parada de lá do San Jordano. E como eu não gosto que questionem o que eu faço, eu sei que ele é assim também, então eu não questionei e apenas fui. E nisso tinha uma gente lá que devia pra um cara que parece ser o chefão. E deu no que deu.

– Ou seja, vocês estavam no lugar errado, na hora errada. - falou, meio que dando uma bronca.

– Pode ser. - ri. Eu admirava-a. Ela me fazia um bem enorme, e eu não sabia como e por quê. Mas eu gostava.

- Promete não fazer mais isso? Digo, correr um risco desse? - ela encostou a cabeça no sofá e ficou olhando pra mim. Eu acariciava suas pernas.

– Sim.. - falei, acenando com a cabeça. - Mas não entendo por que se preocupa tanto comigo, Kate. - ri.

– Porque você me faz bem. E eu gosto de você. E porra, te quero vivo, mané. - falou num tom mais revoltado. Gargalhei. Gargalhei muito. - Qual a graça? - ela tentava ficar séria.

– Nada.. - continuava.. - Você não tem noção do quanto é engraçado te ver com essa carinha de braba, de mandona. - e continuava.

– Nate! - ela resmungou, me dando leves empurrões. - Eu aqui, toda preocupada contigo e tu rindo da minha cara. - ficou mais revoltada ainda. - Eu devia ir embora. - Ela se levantou rapidamente, mas eu a peguei pelo braço e a puxei, deixando nossos rostos bem próximos.

– Vai não.. Fica aqui comigo. - sussurrei, enquanto olhava cada milímetro daquele rosto angelical.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. ♥



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