O Escolhido escrita por woozifer
Notas iniciais do capítulo
Louis ♥
—
Desculpe se houver erros.
Anne colocou a mão em cima da capa que cobria meu vestido e quando ia puxá-lo ouvia voz autoritária de minha mãe a minhas costas:
– Anne, nem pense nisso – advertiu ela e Anne soltou a capa e enrubesceu.
– Desculpe Majestade – disse a criada e eu bufei.
– Mãe – choraminguei me voltando a rainha, ela nos olhava com um sorriso de “te peguei” enquanto se aproximava.
– Não Isabella, só irá vê-lo quando for vesti-lo.
– E se não couber? Acho que engordei hein – falei curiosa e minha mãe fechou a cara quando chegou perto o bastante para que apenas eu a ouvisse.
– Como engordou se fugiu do café da manhã hoje?
Segurei um suspiro e a olhei na esperança de que ela me entendesse apenas pelo olhar.
– Alguém deveria me avisar que eu ia conhecer meus pretendentes hoje – falei e me segurei para não fazer bico e cruzar os braços.
– Eu pedi para Wanda te avisar – disse minha mãe desfazendo a cara emburrada e me abraçou pelos ombros.
– Ela me avisou quando eu já estava saindo do quarto – suspirei a abracei –. Ah mãe, isso é tão complicado.
– Eu sei meu amor, mas vai ser divertido, você vai gostar de pelo menos um deles – disse ela se afastando para me olhar nos olhos, mas eu voltei a enterrar meu rosto em seus cabelos ruivos.
– Todos tem cara de mal encarados – murmurei mesmo sem nem ter olhado para a cara deles.
– É o tipo que eles precisam fazer, Isabella.
– Não quero que façam tipo quando estiverem comigo – murmurei e a soltei relutante, minha mãe tinha um sorriso orgulhoso nos lábios.
– Eu pensava que seu pai era mal encarado também quando o vi, e gritei com ele quando o conheci – disse ela, Anne que estava mais perto de nós ouviu e riu.
– Jura? Me conta? A senhora nunca me contou como foi quando o conheceu – pedi, ela assentiu e me levou para o banco redondo da sala, nos sentamos lado a lado e ela olhou para a parede por um longo tempo.
Então sorriu um pouco e começou:
– Era o meu primeiro dia no palácio, eu era uma cinco, como você sabe, então estava acostumada a ter alguma liberdade na minha casa, mas quando cheguei aqui fiquei enfurnada no palácio, durante a noite comecei a me sentir sufocada com tudo e saí correndo pelo palácio, eu queria ir no jardim, mas os guardas não podiam permitir isso, seu pai estava caminhando pelo corredor e me viu, quando ele me viu eu já estava passando mal com falta de ar e estava quase desmaiando nos braços de um dos guardas, Maxon gritou com os guardas para que me deixassem sair – sorri empolgada e ao me ver assim minha mãe riu baixo – eu saí e fui para um canto do jardim, me ajoelhei e comecei a chorar com saudades de casa, ele veio atrás de mim para ver como eu estava, eu nem o conhecia, tudo o que sabia dele na época era que ele queria uma esposa e que por algum motivo eu tinha sido selecionada para fazer parte das meninas que lutavam por ele... Ou pela coroa, como era o caso de algumas das meninas. Enfim, Maxon achou graça naquilo tudo, ele me disse que gostou da minha sinceridade enquanto falava com ele, já que ele era o príncipe herdeiro de Illéa e tudo o mais, durante nossa... Conversa eu havia feito um completo descaso com a posição dele na monarquia, e jurava que seria dispensada no dia seguinte, mas isso não aconteceu, não fui dispensada... – ela parou de falar e voltou a olhar a parede pensativa.
– A senhora acabou ganhando – concluí e ela me olhou voltando a realidade e assentiu.
– Eu e Maxon, hoje, além de casados, somos amigos, ele pode confiar em mim e eu nele. Espero que você encontre na sua Seleção alguém em quem possa confiar querida – disse ela beijando meu rosto e eu assenti pensativa.
Tudo o que eu sabia sobre amor, era o que tinha visto de demonstração de amor entre meus pais apenas, eles pareciam felizes e realmente pareciam mais que apenas um casal, eles eram amigos, havia mais que amor entre eles, havia confiança, amizade, lealdade, e eu queria algo assim para mim, só não achava que encontraria isso para mim no meio de um punhado de príncipes carrancudos na sala de jantar.
Repentinamente a porta se abriu e um homem entrou, era um dos príncipes, me lembro de tê-lo visto ontem no Jornal Official, só não me lembrava seu nome...
Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis.
– Principe Louis, aí não! – ouvi alguém dizer do lado de fora, o homem arregalou os olhos.
– Ops, perdão majestade – disse ele corando, fez uma reverencia desajeitada e saiu, assim que fechou a porta eu e minha mãe nos entreolhamos de sobrancelhas erguidas, então caímos na gargalhada.
– Esse me parece um forte concorrente – disse minha mãe sorrindo para mim e eu ria.
– Não me diga que está entre seus dez preferidos – falei irônica e minha mãe riu comigo.
– Sabe como chamávamos a seleção quando ela diminuía de trinta e cinco garotas para dez ou menos? “Elite” – disse minha mãe e eu sorri querendo saber mais sobre como foi sua Seleção e o que ela fez ao saber que havia entrado para a “Elite”, mas a pergunta que saiu dos meus lábios foi outra.
– Mãe, você namorou alguém antes do meu pai?
Ela desviou o olhar para o chão e demorou alguns minutos antes de responder em voz baixa:
– Sim, namorei um rapas da minha província – disse ela dando de ombros.
– Você o amou?
– Isabella, vamos mudar de assunto, sim? Quer cores quer para a sua festa de aniversário hoje a noite?
– Mãe, por favor...
– Eu não vou falar do assunto “meu ex-namorado” Isabella, e se você inssistir nisso vou ficar chateada com você.
Bufei e tirei uma mecha de cabelo dos olhos e coloquei atrás da orelha.
– Quero verde e dourado então, para a minha festa.
– Verde Isabella? É uma cor tão masculina e fria...
– Azul então...
– Continua sendo masculina.
– O que me sugere então, mãe? – falei desistindo de dar minha opinião.
– Rosa, o que acha? – disse ela empolgada.
– Todo ano é rosa mãe, que tal uma nova cor para marcar essa nova fase da minha vida? – falei e ela revirou os olhos.
– Vermelho então.
– Não, vermelho é muito... Sei lá, não quero vermelho.
– Porque pergunta minha sugestão se não vai aceitá-la? – disse minha mãe frustrada.
– Porque a senhora é a rainha, e não sou eu que vou organizar a festa... – e você faz o mesmo com minhas opiniões.
– Roxo então? – perguntou cansada.
– Isso! Roxo e dourado! – falei empolgada e ela riu.
– Tudo bem então... Só preciso preencher as lacunas que faltavam com as cores e tudo chega daqui a pouco para o seu aniversário – disse ela sorrindo e se levantou, foi até uma mesa no canto do salão e voltou pouco depois preenchendo algo numa prancheta- roxo e dourado não é? Não ficaria melhor prata? Combina com a sua coroa e...
– Mãe – a olhei séria e ela suspirou.
– Tá, dourado... – ela escreveu mais algumas coisas, então voltou a falar comigo com os olhos ainda cravados na prancheta – Sabe Isabella, você tem que dar chance aos meninos de te conquistarem, uma hora ou outra vai ter que ter um encontro com um deles...
Senti meu rosto começar a corar e para ajudar, minha mãe me olhou com um sorriso malicioso no rosto.
– Mãe, não – choraminguei e tapei o rosto com as mãos, eu sabia que estava corada até a raiz dos cabelos, ouvi minha mãe e todos do salão rirem – argh, mudem de assunto, se não vou pro meu quarto.
– Não, falar da Seleção é tão empolgante! – disse Cristine, minha criada que estava ali por alguma razão e eu não a notara até então.
Com esse comentário da minha criada traíra todos começaram a falar da Seleção e de seus preferidos, eu bufei irritada e me levantei então saí do Salão das Mulheres meio distraída e acabei esbarrando em alguém ao sair, eu iria cair, mas a pessoa me segurou pelos cotovelos e me firmou, ergui os olhos para o rapaz. Era o mesmo homem que havia entrado no Salão das Mulheres pouco antes.
– Ops – disse ele novamente e eu ri, então me endireitei.
Li seu broche quadrado com seu nome em prata: Louis.
– Obrigada por não me deixar cair... - príncipe? Duque? Ai meu Deus, eu devia ter prestado atenção nos nomes e títulos ontem- Louis.
Ele sorriu ao me ouvir chamá-lo daquela maneira.
Vi meu pai conduzir os outros rapazes em grupo pelo corredor, eles já tinham passado de nós e pararam para esperar o membro perdido, vulgo Louis... R. Eu não sabia o que era o R, mas suspeito que minhas criadas soubessem, então vou perguntar a elas mais tarde.
– Peço perdão, princesa Isabella, estou muito distraído hoje – disse ele sorrindo tímido e suas bochechas coraram um pouco.
Sorri.
– Principe Russeu? – ouvi meu pai chamar impaciente e o olhei, Louis se virou ao ouvir a palavra Russeu, esse é seu sobrenome então- Irá juntar-se ao grupo?
Louis me olhou com uma espécie de pergunta nos olhos, pergunta que ele proferiu em palavras tão baixas que quase não consegui ouvir:
– A princesa gostaria de ter um encontro comigo? – disse ele.
Como é que é?
– Isso pode perante as regras? –perguntei de sobrancelha franzida- O príncipe – eu me referia a ele- não deve seguir o rei?
– Não se a princesa for ter um encontro com o participante – disse ele dando de ombros de modo informal.
Fui com a sua cara, querido.
– Hum, ok, eu... Aceito ter um encontro com você.
– Agora? – perguntou com os olhos brilhando, eu ri baixo.
– Pode ser – falei e ele sorriu então me ofereceu o braço e eu aceitei.
Meu primeiro encontro, acho que vou vomitar, preciso de um saco de papel pra hiperventilar, alguém tem um aí?
Louis me virou de frente para o grupo com os príncipes, vi alguns rostos familiares que vi na tevê mas não tinha a mínima idéia de seus nomes.
– Com sua licença, Rei Maxon, eu e a princesa Isabella temos um encontro agora – disse Louis, mas não parecia querer se gabar, só parecia querer avisar meu pai de quê iria se retirar.
– Tudo bem, príncipe Russeu – disse meu pai mantendo a expressão de calmo, mas eu sabia que era só aparência, que ele estava com ciúmes daquilo.
Os outros participantes semicerraram os olhos com raiva para Louis, mas tudo o que ele fez foi me guiar pelo corredor.
– Alguma sugestão, Alteza? – perguntou o príncipe.
Ele tinha um leve sotaque, mas era bem pouco.
– Já conhece o palácio, príncipe Louis? – perguntei o olhando, ele me olhou de volta e deu um sorrisinho.
– Se não for incomodo para a senhorita, poderia me chamar de Louis? E tudo o que sei é que não devo entrar no Salão das Mulheres... O rei iria começar o tour pelo palácio agora.
– Ah sim... Acho que te tirei de duas horas andando por corredores e ouvindo a história enorme e chata desse palácio e dos reis que antecederam o meu pai.
Louis riu alto, de forma que príncipes não faziam, porque eram travados demais para fazê-lo.
– Nesse caso, sou muito grato – disse ele sorrindo e seus olhos azuis quase sumiram em meio a seu enorme sorriso.
O fiz virar num corredor e pensei em começar a realmente lhe apresentar os cômodos, mas minha curiosidade era maior:
– De onde... Você é? – perguntei com dificuldade de usar a palavra “você” para pessoas que mal conhecia.
– França, Alteza.
– A não... – reclamei fazendo cara feia – Não me chame de “Alteza” ou “Majestade”, me chame de “Princesa Isabella, a mais perfeita de Illéa”.- Louis me olhou de olhos arregalados e só viu que era brincadeira quando eu comecei a gargalhar – É brincadeira, me chame de Isabella.
– Ah, pensei que fosse do tipo de princesas que querem mesmo serem tratadas de um jeito formal todo o tempo... – disse ele passando a mão livre nos cabelos castanhos.
– E se eu fosse? – indaguei.
– Acho que eu pediria para sair – disse ele sincero e eu sorri.
– Acho que eu não me suportaria se eu fosse assim – declarei e Louis riu.
– Meu irmão mais velho é assim, e te garanto ele também mal se suporta.
Nós rimos e eu perguntei:
– Seu irmão mais velho? Você tem irmãos?
– Ah, sim, dois mais velhos, sou o caçula da família. Meu irmão mais velho já é o rei da França, meu irmão do meio é casado com a princesa herdeira da Itália.
– Você é o rejeitado que ainda não achou princesa – soltei e mordi a língua no instante seguinte, mas Louis gargalhou.
– Exatamente, estou a procura de uma ainda – disse ele piscando para mim e eu ri revirando os olhos.
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