- Você quer ir embora? – eu praticamente gritei, confusa – Pensei que você gostasse de mim.

- E eu gosto, e sei que você vai escolher o Harry, por isso estou pedindo pra ir embora.

- Que eu vou... Espera, escolher o Harry? Quem te disse isso?

- Eu ouvi, hoje de tarde, vocês conversando no Quarto do Príncipe.

- O que você ouviu Louis? – perguntei cautelosa.

- Você dizendo alguma coisa haver com “você está bem com tudo isso?” e ele respondeu que “ia se adaptar”.

Me deu um ataque de risos.

- Você entendeu tudo errado, idiota – falei entre risos.

- Não, entendi tudo certo, Isabella, você estava perguntando a ele se ele estava bem para ser o Príncipe de Illéa e... – eu o interrompi selando nossos lábios.

Quando me afastei um pouco dele o olhei nos olhos, seus olhos azuis e brilhantes estavam confusos.

- Você entendeu errado, Louis. Não era sobre isso que eu e Harry estávamos falando.

- Não? Mas... Você nunca me levou ao Quarto do Príncipe.

- Eu também não levaria o Harry, mas ele me disse que precisava conversar comigo e eu  o convidei para o meu quarto, então ele quis ver o Quarto do Principe e eu deixe – tentei explicar.

- Eu também nunca fui ao seu quarto.

- Você nunca decidiu conversar comigo do nada no meio da tarde.

- O que Harry queria?

Pensei em inventar uma desculpa qualquer, mas decidi que o melhor a fazer era contar a verdade.

Passei a língua nos lábios e me afastei mais um passo de Louis.

- Ele queria pedir pra ir embora.

- Porque? – perguntou Louis exasperado.

- Porque ele sabe quem eu vou escolher – falei fazendo careta para o chão.

- Ele sabe? Como?

Louis era tão burro que ainda não tinha se dado conta.

- Eu contei a ele, quem eu tinha escolhido – falei erguendo o olhar para Louis que ficou estático quando compreendeu tudo.

♔ O Escolhido ♕

- Mãe, mãe, acorda mãe – falei cutucando a ruiva que ainda estava deitada.

Era extremamente cedo, e eu tinha acordado o mais cedo possível para contar tudo a minha mãe já que não pude fazer isso no dia anterior.

- Pai, acorda, ô pai, levanta – falei cutucando a perna do meu pai, ele se encolheu mais e quando foi rolar pro lado caiu da cama.

Então Illéa, esse é o seu Rei Maxon, o cara que dorme enrolado num cobertor de nuvens e que cai da cama.

- Acordei – resmungou ele sonolento e se levantou.

- Manhê! – insisti a cutucando – Levanta, é sério.

- Larga de ser chata, Isabella – resmungou ela e então abriu os olhos verdes assustados - Isabella? Meu Deus, tá acabando o mundo? O que foi? Invasão Rebelde? – disse ela pulado da cama e pegando uma travesseiro para usar como arma.

- Não, não tem nenhum rebelde Vossa Alteza, poderia agora fazer o favor de baixar essa sua arma letal?

Ela olhou confusa para o travesseiro e o jogou na cama.

- Você? Acordada cedo? O que foi? – perguntou ela se sentando na cama cansada.

- A senhora precisa me ajudar com os preparativos – falei puxando-a pela mão.

- Te ajudar com os preparativos do que? Isabella Elizabeth?

- Do Grande Pronunciamento Da Princesa de Illéa – falei fazendo pose.

- E esse pronunciamento envolveria... ? – disse meu pai arrumando os cabelos castanhos claros quase loiros.

- Eu dizer quem eu escolhi – falei dando de ombros e os dois arregalaram os olhos para mim.

- O quê? Assim? Do nada? – disse meu pai confuso.

- Não é do nada, eu to avisando agora pra tudo estar pronto daqui a três horas – falei angelicalmente.

- Temos muito a fazer! – disse America se levantando e correu para a porta do banheiro.

- No que eu posso ajudar? – perguntou meu pai enérgico.

- Em nada, pode ir dormir.

- Porque me acordou então? – disse ele histérico.

Quando descobre que eu me encontrava com um soldado ele não liga, quando eu o acordo ele fica histérico. Muito bonito senhor Maxon.

- Por nada, volta a dormir – falei gesticulando e ele resmungou irritado e voltou a se jogar na cama enrolado no cobertos de nuvens – e sério pai, joga essa coberta fora.

- Eu tenho ela desde os três anos, e não vou jogá-la fora só porque você quer – disse ele e me mostrou a língua como uma criança birrenta e se enrolou na cama para tentar voltar a dormir.

- To pronta! – disse minha mãe empolgada surgindo no quarto novamente já trocada, mas ainda completamente descabelada.

- Da hora essa tocha na sua cabeça – falei pra ela enquanto me apoiava na escrivaninha do meu pai.

- Essa... – disse ela tocando os cabelos – Ah é.

Ela voltou correndo pra dentro do banheiro e quando voltou estava com os cabelos ruivos penteados, com a coroa nos cabelos e com aquele quase nada de maquiagem que ela sempre usava, ela foi até seu armário, pegou um sapato, os calçou e então acenou para meu pai e saiu correndo do quarto me puxando junto.

- Temos tanto a fazer! – dizia empolgada enquanto descíamos as escadas quase correndo.

- Eu sei – falei suspirando.

Era supercedo, e eu não sou uma pessoa acostumada a acordar cedo.

- Então, quem você vai escolher?

- A senhora só vai saber quando toda a Illéa souber – falei e ela me olhou irritada.

- Sou sua mãe, posso saber antes!

- Não pode não- falei e então alcançamos o Hall de entrada e fomos andando para o Salão das Mulheres.

- Isabella – choramingou ela.

- America - choraminguei de volta.

- Você é uma péssima filha – resmungou irritada. Mas eu sabia que era brincadeira, ela só estava brava por eu não lhe dizer quem eu iria escolher.

- Eu sei – falei sorrindo orgulhosa, ela me olhou e riu, então entramos no Salão das Mulheres e ele já estava a mil.

 O que dizer? Eu convoquei todos que pensei que seriam úteis, e só então fui chamar minha mãe.

- Princesa! – disse Blair, vindo correndo na minha direção com dois arranjos em mãos – Qual desses?

Eles eram iguais.

- São iguais, Blair – observei.

- Não são, majestade, esse – ela ergueu o da direita – tem uma florzinha turquesa ali no meio está vendo? E esse – ela ergueu o da esquerda – tem uma flor cobalto.

- O da esquerda- falei confusa.

Então minha mãe dispersou por todas as estações arranjando tudo com todos.

Parecia até que já era o casamento, e não somente o anuncio real de quem a Princesa Isabella estava namorando... Ou quase namorando, enfim.

♔ O Escolhido ♕

Tudo já estava pronto, toda Illéa devia estar em frente aos seus televisores, o dia de trabalho foi suspenso, apenas não foram canceladas as aulas, mas eu não duvidava nem um pouco que alguns alunos tivessem faltado a escola para assistir aquilo.

Desde a manhã anúncios estavam sendo feitos em todos os canais dizendo que “A princesa Isabella tinha um grande anuncio a fazer” e acho que todos deduziram que eu diria quem havia escolhido.

Não foi opção minha que aquilo fosse televisionado, mas eu já tinha dispensado demais a imprensa durante toda a Seleção, eles enlouqueceriam comigo se eu não os deixasse filmar esse momento.

Toda aquela arrumação mais cedo só serviu para eles pendurarem uns tecidos meio caídos e trançados em cima de umas janelas do Grande Salão, colocar uma mesa redonda de três pernas ao fundo com um vaso de flor em cima, e um daqueles negócios que meu pai usava pra por uns papeis e ficar atrás dele falando.

Dispensei tudo isso quando vi toda aquela arrumação.

- Quero que as coisas sejam mais reais! – falei suspirando enquanto eles tiravam aqueles negócios e os tecidos da janela – Podem deixar a mesa e o vaso.

Uma dupla que estava começando a retirar o móvel o colocou no lugar, então comecei a dar as ordenadas para que o colocassem mais no centro de visão da câmera, mas ainda ao fundo e eles fizeram isso, então se retiraram.

- Onde você vai falar ao povo então, Isabella? – perguntou minha mãe de testa franzida.

- Não vou falar ao povo, mãe – falei suspirando – não vou conseguir fazer isso se tiver um microfone enfiado no meu nariz, - então me voltei a produção de tevê- vou dizer ao meninos qual é o escolhido, normalmente, sem toda aquela parafernalha, vocês podem filmar isso sem precisar colocar em nós pontos eletronicos?

- Temos um microfone a distancia meio antiquado... – disse a produtora e eu assenti.

- Usem esse então – pedi e ela assentiu, fez uma reverencia e se retirou com um rapaz para irem atrás do que iriam precisar.

Uma câmera já estava posicionada e as pessoas corriam de um lado pro outro com cabos, tomadas e extensões.

- Meu pai já levantou? – perguntei a minha mãe.

- Hey! – chamou ela acenando para uma criada que se aproximou – Poderia fazer algo rápido para comermos?

A mulher assentiu, fez uma reverencia e saiu apressada.

- E seu pai já levantou sim – garantiu ela e eu inspirei fundo, minha mãe colocou as mãos nos meus ombros – relaxa Isabella, fica calma, vai dar tudo certo.

- Tudo bem – falei inspirando lentamente.

- Agora vai me dizer quem é?

- Claro, assim que tudo estiver pronto e eles estiverem aqui.

- Argh! – disse ela exasperada – Ok... Onde eu e seu pai vamos ficar?

- Atrás de mim – falei apontando para perto da mesinha com o vaso.

- Não entendi.

- Vão ficar vocês dois, lá, lado a lado, eu vou ficar a frente de vocês, e os meninos vão ficar na minha frente.

- Mas eles vão ficar de costas pra câmera...

- Não, todos estarão de lado.

- Entendi – disse ela sorrindo – Ai que orgulho... Minha filha vai casar!

- Mãe, isso não é nem um namoro ainda – falei suspirando exausta e ela me abraçou.

- Tecnicamente esse já é o noivado, Isabella.

Gemi e me escondi nos braços de minha mãe que riu e acariciou meus cabelos.

- Mãe... – falei apoiando a testa no ombro dela que apenas riu – E se não der certo? Quer dizer, eu sei que eu gosto dele e que ele gosta de mim, mas estávamos nos conhecendo, e se tudo mudar a partir de agora?

- Vai ficar tudo bem, querida – garantiu ela – vocês provavelmente vão discutir alguma vez na vida durante o noivado ou durante o casamento, mas é assim mesmo, até mesmo os casais reais tem brigas, mas vocês vão se acertar.

- Promete?

- Não tenho como prometer isso, filha, sinto muito.

Suspirei e me ajeitei.

A criada havia entrado, deixado uma bandeja de prata com comida na mesinha com a flor e nós nem tínhamos visto.

- Vamos comer! – disse minha mãe empolgada e me arrastou até a mesinha.

Fiz cara feia e peguei uma maçã, mas não consegui comer mais que a metade da fruta, porque comecei a ficar nervosa e meu estomago começou a revirar, quase pensei que fosse vomitar ali mesmo, e tudo só piorou quando vi Harry, Louis e meu pai entrarem no Grande Salão.

- Como vou fazer isso? – me perguntei em voz baixa.

- Vai ser mais tranqüilo do que você imagina – disse minha mãe e eu suspirei.

- Espero que sim.

- Também espero – ouvi ela resmungar sozinha, o que não me ajudou muito.

- Certo, vamos lá! – ouvi a produtora gritar empolgada.

Coloquei a metade da maçã que tinha sobrado na bandeja, minha mãe pegou um guardanapo e limpou os lábios, então colocou o guardanapo na bandeja também e um rapaz retirou a bandeja e a entregou a uma criada que passava.

Um maquiador veio correndo com um estojo e retocou a maquiagem minha e de minha mãe, passou um pó nos rapazes para que eles não ficassem brilhando e então se foi correndo.

Uma coisa pairava sobre nossas cabeças, era uma espécie de microfone acoplada a uma vareta de metal, devia ser o negócio antiquado do qual a produtora falou.

Vi a luz da câmera ligada e a produtora levantou o dedão para dizer que já estávamos no ar.

- Pois bem... – inspirei fundo e ajeitei umas mechas de cabelo – Chegou a hora meninos, um de vocês vai ter que sair... – Olhei para a câmera – Para os confusos, meu nome é Isabella, tenho dezenove anos, olhos verdes... – minha mãe me interrompeu.

- Isabella! – repreendeu ela e eu ri, os meninos seguravam o riso.

- Enfim, estou aqui hoje para escolher um desses belos rapazes, estão vendo? São ótimos rapazes, e sei os dois vão se dar bem ao irem embora, e que vão arranjar lindas esposas e que serão ótimos governantes... Mas eu não posso casar com os dois por causa de alguma lei por aí... – fiz careta e Louis soltou uma risada baixa, Harry segurava o riso, assim como meus pais – Então... Eu preciso escolher um né?

- Sim! – disseram meus pais e os menino em coro.

-Atá... Tem que ser agora?

- Isabella! – disseram meus pais ao mesmo tempo.

- Ok... Harry... Muito obrigada por ter vindo, mas eu escolho o Louis.

O sorriso de Louis era tão grande que parecia quase não caber no rosto.

- Beija! – ouvi alguém gritar lá do fundo.

Olhei para Harry por um minuto, ele tinha um sorriso no rosto, estava feliz pelo amigo pelo menos.

- Beija! – ajudou meu pai tapando a boca com a mão, minha mãe o olhou repreendedora e ele riu se encolhendo.

Louis veio me abraçar e acabou me tirando do chão, eu ri quando ele me pôs no chão de volta.

- Eles não vão se beijar – disse minha mãe se intrometendo e tomando a dianteira – eles só darão o primeiro beijo hoje a noite, no Jornal Official.

Eu e Louis nos entreolhamos segurando o riso.

Primeiro beijo?

- Obrigada pela sua atenção – disse minha mãe para a câmera.

- Isso aí! – concordei e ela me mandou um olhar assassino, então sorriu calmamente para a câmera.