O Escolhido escrita por woozifer


Capítulo 1
♕ 01


Notas iniciais do capítulo

As frases/parágrafos em itálico são os pensamentos da personagem

Desculpe se houver erros.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366734/chapter/1

– Senhorita, é hora de acordar! – ouvi a voz empolgada de uma das minhas criadas e me encolhi mais.

– Não quero levantar – resmunguei puxando o cobertor até a cabeça quando a luminosidade apareceu.

– Senhorita Isabella, a rainha pediu que não se atrasasse – disse minha criada e eu suspirei.

– Não quero, Rose, não quero – choraminguei virando para o outro lado e... Caí da cama.

– Senhorita! – ouvi cinco vozes gritarem em coro.

– Estou bem – resmunguei abrindo os olhos e me levantei, arrumei minha camisola e cocei a nuca, meus cabelos estavam um emaranhado só.

– Você se machucou? – perguntou Rose.

– Não, estou ótima – falei e bocejei.

Ouvi dois toques na porta e olhei naquela direção, as portas duplas e enormes se abriram e minha mãe entrou, seus cabelos ruivos estavam soltos como sempre, ela estava vestida para o dia com um vestido de rainha na cor azul, e sua coroa estava presa aos cabelos ruivos.

Eu mal consigo manter minha coroa na cabeça e ela só falta correr a maratona com a dela. Pensei.

– Parabéns! – gritou minha mãe abrindo os braços e correu na minha direção então me abraçou.

– Obrigada- falei e sorri.

– Meu Deus Isabella, vá escovar os dentes! – disse minha mãe se afastando e eu revirei os olhos.

Fui arrastada para o banheiro pelas minhas criadas que queriam até escovar meus dentes por mim, mas eu as dispensei num gesto e escovei meus próprios dentes sozinha, quando terminei me olhei no espelho.

Meus cabelos quase loiros estavam uma bagunça só, meus olhos azuis estavam completamente sonolentos, minha pele era pálida como a de minha mãe e diziam que meu sorriso era o de meu pai, porém eu nunca soube se era, nunca fui de reparar o sorriso de meu pai, e estava admirada de ele ainda não ter invadido o meu quarto como fazia todos os anos no meu aniversário. Pelo reflexo do espelho vi minha mãe me olhando pelo espelho, a minhas costas, parada no batente da porta do banheiro.

– Quer ajuda?- perguntou minha mãe naquele tom doce que adquiria ao conversar comigo.

– Claro – falei pegando a escova de cabelo e estendi para ela. Minha mãe indicou a minha cama com a cabeça e eu voltei para o quarto, me sentei na minha cama e ela começou a desembaraçar meus cabelos.

– Filha, o que vai querer para a sua festa de aniversário?

– Não quero festa de aniversário – falei dando de ombros e a ouvi suspirar e senti quando minha mãe separou um cacho dos meus cabelos pelo meu ombro e o deixou ali.

– Isabella...

– Mãe...

– Seu pai gosta tanto de te ver feliz, faça a festa, por ele.

– Não quero, prefiro que deixem o dinheiro para alguma outra coisa, o que acha de enviar o dinheiro para os soldados que se alistaram no ultimo mês? Eu sei que a maioria é de castas baixas e sei que as vitaminas não são algo muito barato.

– Bella, você tem que fazer a festa, as equipes de tevê vão vir, como sempre.

Ela me olhou por sobre meu ombro, tinha aquela expressão que as mães fazem quando querem muito que os filhos façam algo que eles não querem fazer.

– Argh, tudo bem.

– Excepcional! Vou terminar de acertar os detalhes com Anne então.

– Mãe, pare de falar coisas como “excepcional” isso não condiz com sua imagem.

– Você fala “condiz” e ainda reclama quando eu falo “excepcional” – disse minha mãe bufando e eu sorri.

– É fruto da minha educação – falei dando de ombros e ela gargalhou. Ela sempre ria quando eu dizia ou fazia algo que lhe lembrava meu pai.

– Pronto, vou chamar as criadas – disse ela quando terminou de desembaraçar meus cabelos e beijou o topo da minha cabeça – só vou te entregar seu presente depois do café.

– Tudo bem – falei me levantando e a vi ir até a porta do quarto, assim que ela saiu cinco garotas apressadas entraram após fazerem uma reverencia para minha mãe.

– Senhorita, está atrasada para o café! – disse Wanda.

Eu tinha cinco criadas, Rose – a chefa das outras quatro-, Wanda, May, Filipa e Cristine, elas só começaram a trabalhar para mim a um ano atrás, e todas tinham minha idade, até meus dezoito anos minha mãe é que me ajudava com tudo e quando alguém contestava isso de ela dispensar criadas para mim, ela dizia que era porque ela é quem queria ensinar tudo a mim, e que eu não devia aprender tudo com criadas mas sim com ela, sendo assim eu falava algumas gírias, nunca fui do tipo que abaixa a cabeça quando sabe que está certa, e herdei muito isso de falar sem pensar da minha mãe, fora é claro, seu talento para a música. Do meu pai herdei o “talento” para falar em público e para tranqüilizar a população, e sua bondade também, mas às vezes eu chegava a ser idiota –confesso- de tanto que pensava mais nos outros do que em mim.

Em todos os meus dezenove anos, nunca me apaixonei, por ninguém, nem amigos eu tinha, na verdade minhas amigas mais próximas eram as filhas da princesa Nicoletta da Itália, e minhas criadas. Amigos, homens, nunca tive, meu pai era o mais próximo de um amigo que eu tinha.

Quando eu estava pronta para o café da manhã, com um vestido verde com a cintura marcada que terminavam uns dedos acima do joelho, e minha coroa de princesa desci as escadas que levavam para o primeiro andar.

Assim que entrei na sala de jantar os guardas ali presentes me fizeram uma reverencia que eu esperei pacientemente antes de sorrir para eles e ver alguns se cutucarem e darem sorrisos enormes enquanto voltavam a seus postos, senti alguns olhares sobre mim, mas ignorei e fui me sentar a direita do meu pai.

– Filha, feliz aniversário! – disse meu pai sem nem me deixar sentar direito, ele se levantou e me obrigou a levantar também enquanto me abraçava com certa força e me levantava do chão.

– Pai... Tá... Me... Esmagando – falei com dificuldade, ele riu e me pôs no chão.

Ajeitei o vestido e me recompus enquanto ele beijava meu rosto e falava o quanto eu tinha crescido, que eu parecia à menininha que ele tinha pegado no colo quando nasceu e tudo o mais.

– Maxon, ela já sabe, você fala isso para ela todos os anos – disse minha mãe brincalhona e eu ri em concordância.

– Enfim, eu te amo – disse ele sorrindo para mim até as ruguinhas dos seus olhos aparecerem.

– Eu também te amo – falei beijando seu rosto.

– Sua mãe disse que só posso te dar o presente depois do café – disse ele fazendo careta e eu olhei para minha mãe.

O que ela estava aprontando?

– Então vamos comer logo para que ela abra os presentes – disse minha mãe impaciente, nos sentamos novamente e nos servimos em silêncio.

Quando eu estava no meio da minha torta de limão, meu pai pigarreou para conseguir atenção, então começou a falar:

– Hum, Isabella... Temos que conversar com você.

Assenti para mostrar que estava ouvindo e ele olhou para minha mãe, então inspirou fundo e voltou a falar:

– Sabe como eu e sua mãe nos conhecemos, certo?

Engoli e falei:

– Sim, pela Seleção, ela e mais um monte de garotas, inclusive a tia Marlee, se inscreveram para passar um tempo aqui pra o senhor escolher uma delas para ser a nova princesa ao seu lado, o senhor escolheu a minha mãe.

– Isso mesmo meu amor... – disse minha mãe hesitante.

O quê está acontecendo? Perguntei-me mentalmente.

– Então... A Seleção acontecia sempre com o herdeiro de Illéa, aconteceu comigo, com meu pai, meu bisavô, meu... – minha mãe interrompeu o meu pai.

– Com muitos antes de você, não é Maxon?

– É.

– E, desculpem, mas o que eu tenho haver com isso?

– Você... Vai fazer a Seleção – disse meu pai pausadamente.

– Mas eu sou a princesa, vou disputar o coração de quem? Dos plebeus? – falei confusa. Então o entendimento passou por mim, mas ainda assim eles explicaram.

– Não Isabella, príncipes vão vir pra cá disputar o seu coração, e a coroa – disse minha mãe com os olhos cravados em mim.

– Eu... Espera... Como é que é? – falei meio histérica.

– Você... Vai ter um casamento feliz como o nosso, arranjado, mas feliz – disse meu pai sorrindo amarelo para mim.

Olhei para minha mãe, ela olhava para meu pai com o olhar de “coisa errada a se dizer, Maxon”.

– Um casamento... Arranjado? – senti o ar fugir dos meus pulmões, provavelmente tinham ido passear na Nova Ásia e depois voltavam.

– Faz parte da de seleção – falou minha mãe hesitante.

– Não quero me casar com alguém que não amo! – falei erguendo o tom de voz num jeito meio histérico.

– Feliz aniversário! – disse meu pai empolgado do nada e colocou uma caixinha pequena e embrulhada na minha frente.

– Agora não, Maxon! – disse minha mãe entredentes.

– Não vou me casar – falei de olhos semicerrados.

– Faz parte de ser uma princesa, Isabella Elizabeth Singer Schreave – disse minha mãe erguendo um pouco o queixo e controlando o tom de voz.

– Nunca pedi pra ser uma! – falei irritada e me levantei, a cadeira se arrastou para trás com um ruído alto – Com licença.

Peguei a caixinha da mesa e saí sem ouvir a resposta deles, andei o mais rápido que pude com aqueles saltos ridículos, fui em direção ao jardim e assim que saí os guardas fizeram uma reverência para mim, quis pedir que eles parassem de me tratar como uma princesa porque eu não queria ser uma, mas não o fiz.

Eu não queria ser princesa, não pedi pra ser princesa, não foi escolha minha, e tudo bem até agora ser uma, tudo bem ir à reuniões chatas com minha mãe sobre quais cores idiotas escolher para festas idiotas com pessoas estrangeiras idiotas, mas não quero me casar, não com um cara que eu não conheço e que acho que será impossível que eu vá amar. Porque eles não me falaram sobre isso antes?

Passei marchando por um grupo de soldados em perfeita ordem, o general os instruía a algo.

– Bom dia, Alteza – disse o general fazendo uma reverencia para mim e os novos soldados o imitaram.

– General William – falei impaciente e sem vontade alguma de devolver a reverencia, como devia ser, então apenas assenti para ele e dei um sorriso confiante aos soldados então fui andando mais rápido em direção a floresta.

– Alteza perdão, mas onde está indo? – perguntou o general. Parei de andar e me voltei a ele.

– Para a floresta – respondi respirando fundo para não explodir com ele, afinal o general não tinha nada haver com meu humor.

– Desculpe, não pode fazer isso Majestade.

– Posso sim – falei adquirindo meu tom de voz severo e o olhei com o olhar que geralmente fazia para as pessoas quando elas queriam contestar algo que eu queria fazer.

O que dizer? Sou filha única, sou mimada e dificilmente contrariada.

– Os rebeldes podem estar por aqui Alteza, não acho eu seja seguro – disse o general vacilante ao me olhar nos olhos.

Um general com medo de uma garota de dezoi... Dezenove anos, que ótimo, são homens assim que precisamos para dirigir nossas tropas, ótimo trabalho William.

– Sei me cuidar – falei e voltei a andar em direção a floresta.

O homem não veio atrás de mim, nem mandou que alguém viesse.

Mordi o lábio quando adentrei sob o véu negro que a sombra das arvores faziam, caminhei um pouco mais rápido, agora que minha raiva havia passado eu estava voltando a raciocinar direito de novo, e sabia que por ter tanto tempo que não éramos atacados por rebeldes, eles deviam estar a espreita prontos para atacar a qualquer segundo, mas não me importei tanto com isso, e me arrependi disso no momento em que ouvi tiros ao longe e ouvi a sirene soar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?