"Ninguém pensa tão mal de você... Quanto você mesma. Pare de se culpar por tudo que acontece, senão, acabará ficando louca.". (Renji Abarai, Bleach, Episódio 55)

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Extra - Scarlet e Fernandes

Jellal e Erza caminhavam de mão dadas pelas ruas da cidade. Logo eles avistaram o castelo dos Scarlet. Era vermelho e branco, cercado por poucos guardas. Erza apertou a mão dele com mais força, por conta do nervosismo. Ao reparar isso, ele disse:

-Tem certeza que quer fazer isso? - ele perguntou, num tom preocupado.

-Tenho. Você foi expulso do reino de modo injusto, e meu dever é consertar esse erro dos meus pais. - disse ela, decidida. Ele adorava isso nela. O fato de ela sempre saber o que queria, o que era certo e o que deveria fazer sempre o confortaram e fez com que ele a admirasse desde a 1ª vez que viu.

-Certo. Então... Vamos?

-Vamos.

Mesmo falando daquele jeito, Erza estava realmente hesitante. Seus pais sempre foram rígidos, por isso nunca os desobedecia, e agora ela estava de mãos dadas com o maior fugitivo do reino Scarlet e com uma enorme vontade de beijá-lo. E pior, ela havia fugido com o grupo de piratas mais perigosos da região, sendo que a líder deles devia estar morta. As coisas haviam mudado muito de repente e de forma drástica. Com que cara ela encararia seus pais?

Ela se lembrava como se fosse ontem do dia em que Natsu iria se casar. Ela usava um vestido vermelho de camadas com as mangas caídas, tinha seu colar favorito no pescoço, usava luvas brancas, sentia seus pés formigando dentro do salto e sua pele estava branca como papel - afinal, ela não imaginava Natsu se casando com alguém que não fosse Lucy. Ela nem imaginava o que aconteceria naquele dia. Tudo aconteceu tão rápido...! Ela se encontrou com Lucy, e junto com Gray ela fugiu com Lucy, além do mais, no navio se encontrou com Jellal, o homem que ela amava há tanto tempo! As coisas fugiram do seu controle tão facilmente!

Antes que percebesse, ela e Jellal já estavam em frente dos enormes portões de metal do castelo. Jellal a cutucou e disse:

-Ah... Hã, Erza? Como vamos entrar?

-Oh sim, entrar. Siga-me. - disse Erza. Ela o guiou até a floresta que havia ao lado do castelo. Ele ficou confuso com isso. O que ela iria fazer numa floresta?

Ela seguiu até um enorme arbusto que parecia não ser aparado há anos. Retirou uma adaga do cinto e começou a cortar o arbusto. Jellal achava isso sem sentido até o momento que Erza revelou no chão um enorme alçapão.

-O-O que é isso? - ele perguntou, surpreso.

-Uma passagem. Passa pela reserva especial de vinhos do meu pai e nos leva até meu quarto. É uma das várias passagens que há no castelo para fácil escape. Eu usava esta pra fugir e sair a noite. - disse Erza, fazendo Jellal pensar o que ela fazia a noite quando fugia. Antes mesmo que ele pensasse besteira, ela entrou pelo alçapão. Jellal entrou logo depois.

Ele viu-se em um enorme galpão subterrâneo. Por metros a fio se estendiam prateleiras preenchidas inteiramente por vinhos, de todos os tipos, de todas as datas. Erza ignorou os vinhos e seguiu em frente, seguida por Jellal. Ao chegarem no fim do local, Jellal viu uma enorme porta central. Olhou pra cima e viu um buraco no teto. Será que...?

Erza abriu a tampa de um túnel de ventilação na parede e de lá tirou uma ecada de madeira. Ela posicionou a escada debaixo do buraco e subiu. Ao subir atrás dela, Jellal viu que o buraco no teto continuava indo pra cima, mas haviam barras de metal enferrujadas que serviam como uma escada nas paredes do túnel.

Logo o túnel ficou um pouquinho mais claro. Erza abriu outro alçapão, e saíram no quarto dela. O alçapão ficava escondido debaixo da cama, então ambos se arrastaram para fora do pequeno espaço em que haviam saído. Erza se levantou, assim como Jellal, e disse:

-Vamos. É hora de você ver meus pais. - ela parecia nervosa. Jellal notou isso facilmente, afinal, ele a conhecia como a palma da mão.

-Erza... Tá tudo bem. Vai ficar tudo bem. - ele disse, a abraçando. Quando se separaram ele a deu um beijo calmo e cheio de amor. Como esperado, ela se acalmou. Eles deram as mãos e saíram do quarto.

O castelo estava assustadoramente silencioso. Erza andou até a sala do trono sem hesitar. Ela andava de forma que quem a visse ficaria com medo. Ela exalava atitude e determinação, o que poderia ser meio assustador.

Ao chegar lá, ela viu quem esperava ver. Seu pai estava andando de um lado pro outro na sala do trono e sua mãe estava sentada no seu trono, pensando. Assim que a viram, eles disseram, em unissono:

-Filha!

-Onde você se meteu? - perguntou a mãe. O pai parara de andar e caminhava até ela.

-Sua...! - o pai, agora em frente a Erza, dissera. Ele levantou a mão pra lhe dar um tapa na cara, quando Jellal segurou-o pelo pulso, dizendo:

-Você não vai tocá-la.

-Ora seu...! Você foi expulso do reino! Há anos, aliás! O que faz aqui, seu fugitivo desgraçado? - perguntou o rei Scarlet.

-Ele veio me acompanhar, papai. - disse Erza. A última palavra ela disse com um tom impregnado de nojo e ódio.

-Mas ele é Jellal Fernandes! - se pronunciou a mãe.

-Sim ele é. E também é o homem que eu amo. - disse Erza, pegando a mão de Jellal.

-Não, Erza. Você se casará com o duque de Preminhan, e isso foi acertado logo depois de você sumir. - disse o rei.

-Não. Quer você queira ou não, eu me casarei com Jellal, porque eu o amo mais do que jamais amei vocês. - disse Erza. Jellal corou ao ouvir aquilo. Mesmo depois de tanto tempo, ela nunca admitira seus sentimentos daquele jeito. Tão direto.

-Não, você não vai. Guardas! Guardas! Segurem a minha filha e matem o desgraçado que está com ela! - gritou o rei. Guardas surgiram de todos os lugares. Erza pegou o braço de Jellal e o puxou, gritando pra seu pai:

-Ah, papai, mais uma coisa: LUCY HEARTPHILIA ESTÁ VIVA!

O rosto do homem ficou branco. Ele caiu de joelhos no chão, murmurando "O quê? Como? Onde ela...?". Erza conseguiu fugir dos guardas e chegar ao seu quarto com Jellal. Eles saíram do mesmo jeito que entraram e correrram sorrateiramente pela floresta, sem serem vistos pelos guardas que corriam atrás deles. Mas quando a floresta acabou, e os guardas os viram, Erza disse:

-Se acabar aqui, saiba que eu te amo, Jellal.

-Eu também te amo, Erza.