– Quem está aí? – perguntei com a voz tremula, a varinha em mãos.

Após um segundo estrondo, as luzes da sala se apagaram. Podia ouvir o barulho de meu coração acelerado. “Lumos” sussurrei e a ponta da minha varinha se iluminou, alguma pessoa arfou em minhas costas, girei o corpo rapidamente e a estuporei. Com um baque surdo seu corpo caiu no chão, após encontrar a parede. Corri em sua direção. Era um garoto, não distingui o seu rosto pois estava caído de barriga para baixo, o corpo estirado no chão, capuz negro cobrindo os cabelos.

– Sua... – ele tentava se levantar, apoiando-se pelos cotovelos. Se levantou e empunhou a varinha – SANGUE-RUIM IMUNDA! Expelliarmus!

Minha varinha voou da minha mão, tentei gritar mas minha voz não saia. Sem a luz de minha varinha a sala se afundou novamente em escuridão, mas eu não precisava mais de luz para saber quem era, sua voz pronunciando “sangue-ruim” ecoava em minha cabeça, Draco Mafoy. Ouvia seus passos lentos em minha direção, junto aos meus tentando fugir. Eu estava encurralada, não via outra saída. Conseguia imaginar o sorriso irônico estampado em sua face, o ouvi pronunciar o “abaffiato”, agora gritar não faria diferença. Encostei-me na parede e em poucos segundos a ponta de sua varinha estava em meu pescoço.

– Malfoy... – supliquei, nem mesmo conseguia chorar de pavor.

"Lumos" ele disse, pude fitar seu rosto, ele estava péssimo. Suas olheiras eram fundas, sua pele muito mais pálida e com cortes espalhados pelo rosto e pescoço. Seus olhos estavam... Marejados? Ele me olhava nos olhos, podia sentir meu corpo latejando, pulsando junto com meu coração.

E de repente ele pareceu apavorado, caiu no chão com estrondo e começou a gritar de dor, as mãos na cabeça puxando os cabelos como se os arrancasse. Era a minha chance. Antes que a luz de sua varinha apagasse localizei a minha e corri para pegá-la. Quando a apontei para o lugar em que Draco estava, não o vi mais, a escuridão novamente.

– Você é um problema... – estremeci ao ouvir seu sussurro em meu ouvido, ele me empurrou, caí de joelhos – “Crucio”.

Gritei com toda a voz que me restava, o rosto banhado em lágrimas em resposta à dor de mil facas em brasa me perfurando, a pior sensação do mundo. Me contorcia no chão. A dor parecia nunca cessar, até que houve um barulho, alguém tentava abrir a porta. A dor cessou, mas meu pânico não. Apaguei.