Esquerda, esquerda, reto, baixo...
Ainda não tinha caído a ficha que Leuce se fora.
Um corredor longo e estreito de paredes de corais tinha uma curva para esquerda logo além da cozinha.
Mas ela não tinha desaparecido, ela só...
O segundo corredor não era um corredor, era uma escadaria de mármore marrom-tijolo polida e brilhante, que dava voltas e voltas.
Ela estava em algum lugar. Talvez um dia poderia trazê-la de volta e...
No topo da escadaria, um corredor semelhante ao primeiro, só que mais largo e encoberto por janelas esculpidas.
Mas tinha outras coisas em mente... E sua mãe? E Estige? E seu pai?
Não tinha nada além de uma parede no fim do corredor... Nada de baixo...
–-Ah Leuce!--Marlyn gritava--Qual é? Não tem como descer!
Caminhou até a parede, talvez ali escondida houvesse uma passagem ou algo...
–-AAAAHHHHHHHHH!!!
Sentiu o chão desabar em seus pés. Caiu em alguma lugar duro e rochoso, sentou sua parte de trás se ralar, mas levantou.
Não era um negrume profundo. Olhou para o lado de fora e viu duas figuras muito bem armadas. Um líquido dourado estava jorrado no chão de areia e logo viu que não estava no palácio. Estava em um lugar bem longe... Talvez o caminho que Leuce lhe mandará seguir fosse uma passagem direta para a luta dos dois deuses.
Oceano e Poseidondizia ela. Não sabia o por que, mas sempre preferia ver Poseidon como a figura paterna de Percy, e não um homem tenebroso e guerreiro como estava sendo agora.
Água era jogada para todos os lados com a pressão de dois deuses do mar. O titã jogou a espada no seu oponente que desviou e com seu tridente, prendia Oceano.
–-Hora de fazer alguma coisa--dizia ela para si mesma enquanto descia para o meio dos dois--agora a profecia.
Se impressionou com o fato de títanon ter permanecido ao seu lado esse tempo todo... E sua simples armadura não ter sido levada pelos doces lutadores e confusões que fizeram Marlyn parecer uma mancha de sangue.
Chegou o suficiente próximo dos deuses. Eles batalhavam e gritavam um com o outro. Marlyn viu a espada de Oceano atingir Poseidon e ele desabar.
Sentiu uma raiva crescendo dentro de si. Raiva de tudo. Um ódio imensurável e sem comparação. Seu coração estava na garganta quando pensou que fosse explodir. Não sabia o por que daquilo, mas colocou as mãos nos ouvidos e deu um grito alto e agonizante. Sentiu sangue escorrer de seu nariz até que reuniu forças para olhar pra frente mesmo tonta.
Tantas memórias vieram em sua caneça que não achava ser possível. Oceano estava com ícor por todas as partes, caído e ferido, mas não morto.
–-Você...--Ele suplicou enquanto ainda se levantava
–-Eu?--disse sarcástica sentindo que ainda tinha sangue em meu nariz--Ele está falando comigo? Ah meu deus! O titã dos mares está falando comigo! Quer me dar um autógrafo papai?
Nessa última parte soou amarga e fria. Um tanto malígna. Cuspiu perto de seus pés em sinal de desgosto, mas se arrependeu ao notar a reação do titã.
Desencadeou-se um duelo... Ou trielo... Ou duelo de três se contar com Poseidon fazendo parte do time anti-titã-mau-do-mar
Por mais incrível que fosse, conseguiu se ferir ainda mais. E continuar de pé.
–-Eu tentei te ajudar--ele dizia--Eu tentei te manter viva! Assim como sua mãe! E você só pensa em estragar tudo o que fiz!
–-Você só não me matou no dia em que nasci para não ferir minha mãe! Você sempre teve medo! Medo de que eu te derrotasse--as espadas se forçaram enquanto os mesmos pares de olhos se encaravam com raiva.
–-Deixe de ser tola! Você nunca vai me derrotar! Eu sou um titã, e futuramente, Deus de todos os mares!
Ele conseguiu dar mais uma facada em Poseidon que lhe dava mais e mais ferimentos com seu tridente.
Por um momento parei...títanon... Conseguia ler o que estava escrito. Não sabia o quão estranho pensar nisso à beira da morte, mas uma coisa eu sabia: deuses não poderiam ser mortos... Mas alguma coisa me dizia que títanon poderia matar mais ainda algo até morto...se é que isso faz algum sentido.
Voltei a realidade com um golpe em meus tornozelos, que me fez cair e pensar na sorte de meus pés não terem desgrurado do resto do corpo pelo corte.
Senti uma mão me virar e uma lâmina fria se encostar em meu pescoço. Senti o punho de títanon ainda em minhas mãos suadas, era um bom sinal.
–-Finalmente--ele dizia--Vou ter minha vitória e nada mais de me esconder durante novos milhares de anos. Eles não conseguirão parar tifão sem o pai de seu amiguinho e então Cronos ressurgirá!
Sentiu novamente imagens passando com um flash em sua mente e a raiva apossando seu corpo. Seus olhos se fecharam e sentiu uma dor profunda como se fosse explodir de novo. Mas dessa vez não gritou, quando sentiu que o ataque mortal de seu pai, se virou e fez água brotar de suas mãos, mais e mais água salgada. Ele foi forçado a se esquivar, agora sentia suas orelhas em sangue.
–-Ótimo agora estou com hemorragia!--ela dizia amargamente
Se levantou e segurou Oceano com o poder tão forte quanto o de seu pai que foi realmente necessário para segurá-lo, mas sabia que Poseidon ainda estava ajudando-na.
–-Acho que sua proposta estava errada e...thauzinho papai!
Deu um sorriso de orelha a orelha enquanto perfurava o coração do titã e seu sangue dourado ia ficando aos poucos mais escuro até se tornar vermelho como o de um mero mortal.
Oceano caiu a seus pés. Seus olhos se acalmaram um pouco enquanto ela observava seu pai morto.
–-Tio Popo--ela dizia sem medo de o deus a matar ou explodir por tê-lo chamado assim, afinal, nada mais importava agora--Acho que estão precisando da sua ajuda lá em cima.
Ele sorriu e saiu. E Marlyn ficou lá. Olhando para o corpo de seu pai e pensando como seria bom se ele fosse para o pior canto do tártaro.