POV Sophie

Fui atender a campainha. Quando abri, quase tive um troço. Simon vai dar um chilique quando souber.

- Mas… Tá fazendo o que aqui? - Perguntei surpresa.

- Vim te ver. - Lucas respondeu. Me inclinei pra trás e vi o povo na sala. Simon conversava alguma coisa com o tio Charles. - Ele tá aí, não tá?

- Ele quem, Lucas? - Perguntei fechando a porta e ficando com ele do lado de fora.

- Simon. Vocês voltaram?

- A gente nunca teve nada. E… É aniversário da minha mãe. Ele estaria aqui de qualquer jeito.

- Tipo, vocês não estão sério, mas…

- Tá. Estamos juntos. - Admiti interrompendo a pergunta dele e olhando pra baixo. Apesar que eu não devo mais satisfações a ele.

- Eu pensei que a gente podia começar de novo. - Mordi o lábio.

- Desculpa, Lucas…

- Bem… A única pessoa entre a gente que realmente gostava de alguém era eu.

- Como é? - Perguntei já me estressado.

- Você já tá em outra, Sophie.

- Se não fosse pela minha mãe, eu ficaria mais de um mês trancada no quarto por sua causa! Então não me enche o saco! - Respirei fundo. - Eu nunca menti pra você.

- É… Desculpa. - Ele olhava pra mim, mas eu olhava pros meus pés. - Ahn… Podemos ser amigos.

- É… Só não sei se isso daria certo.

- Claro que daria certo. Antes de tudo, amigos. Lembra? - Sorri. Desde o primeiro dia que ficamos, falávamos isso um pro outro.

- Claro que lembro. - Ele me abraçou e eu retribuí. - Não quer entrar?

- Melhor não. Até amanhã no colégio.

- Até amanhã. - Disse sorrindo e entrei. Peguei um pedaço de bolo e me sentei novamente do lado do Simon.

- Onde você estava? - Ele me perguntou.

- Tocaram a campainha. - Disse indiferente.

- E não entraram pra cumprimentar tua mãe?

- Era pra mim. - Ele continuou me olhando. - Que é?

- Quem era o menino?

- Como tu sabe que era um menino?

- Pra te procurarem a essa hora da noite, a Amy que não é. - Revirei os olhos.

- Era o Lucas. Ele veio perguntar se a gente estava junto.

- E…

- Achou que eu ia mentir? Não sou que nem tu não. - Disse empurrando o Simon, que riu.

- Eu não minto. - Olhei séria pra aquele cara de pau.

- Tem razão. Você só esconde a verdade. - Disse irônica e rindo.

- Engraçadinha. - Ele me deu a língua.

(…)

- Simon, esse é horroroso. Pelo amor de Deus! - Disse tentando encontrar a minha paciência. Ele cismou que quer comprar uma roupinha e um brinquedinho pra minha irmã. To achando que o que ele quer é “comprar" meu pai, na verdade.

- Eu achei bonitinho.

- Seu gosto é péssimo.

- Tem razão. Eu escolhi você.

- Nossa, que engraçado. To falando das roupas pra neném. E não pega vestidinho. Ela já tem um monte.

- Macacão é meigo.

- Aw! - Nenéns em macacões são tão mordíveis.

- E olha essa bonequinha. Parece aquela que eu te dei no teu aniversário de seis anos, eu acho. - Concordei com a cabeça.

- Simon! - Uma das vendedoras da loja disse. Ele sorriu pra garota que parecia ter começado a faculdade a pouco tempo. - To surpresa por te encontrar aqui. - Ela disse sorrindo e ele a cada segundo sorria mais. Arqueei uma sobrancelha.

- Olivia! - Palito? - Não sabia que trabalhava aqui.

- Comecei faz pouco tempo. - Ela me olhou. - Então, sua namorada tá grávida? - Arregalei os olhos. Espera… Eu to gorda?!

- É pra mãe dela. Sophie vai ter uma irmã. Alias… Sophie, Olivia. Olivia, Sophie. - Ele disse apresentando a gente. Forcei um sorriso e ela retribuiu sem esforço. - E a tia, como tá?

- Bem. Faz tempo que você não aparece por lá.

- É… Minha mãe e minha tia não tão se falando direito. Sei lá o que aconteceu. Aí né…

- Ah… Mas tem seu primo lá.

- É… Qualquer dia eu vou lá. - Uma outra cliente enxerida perguntou se ela estava muito ocupada.

- Tenho que ir, Simon. Manda beijo pra tia! E tchau, Sophie!

- Tchau. - Disse. Olhei pro Simon.

- Ela é vizinha da minha tia.

- Hm… - Resmunguei.

- Ela é namorada do meu primo.

- Ah tá. Simpática. - Disse sorrindo e ele me olhou.

- Já tinha pensado que eu e ela ficamos?

- Simon, qualquer menina que se aproxime de você com essa animação, é porque vocês ficaram e ela quer repetir. - Não falei nenhuma mentira. Apesar da Olivia não fazer muito o tipo das vadias que o Simon ficava.

- Você acha que eu já peguei meio mundo né.

- Metade da população feminina da cidade, quem sabe.

- Você pensa que eu sou o pior garoto do mundo.

- Qual é, Simon. Eu sempre te falei isso. - Disse rindo.

- Dessa vez é diferente.

- Diferente em que? Que a gente tá ficando? - Ele não respondeu. - Vai ficar bravo comigo por causa disso? Eu não falei nada de mais.

- Eu não quero que você pense que vou largar você a qualquer momento pra ir atrás de uma vadia. - Franzi a testa.

- Mas eu não penso isso.

- Não?

- Não. - Respondi rindo.

- Jurava que você pensava.

- Relaxa, Simon. - Ele colocou as mãos na minha cintura, me abraçando. Ele beijou minha bochecha e eu sorri.

- Te amo. - Gelei. Ele nunca tinha falado aquilo pra mim antes. Quer dizer, já tinha dito como amigo. Não… Não desse jeito. Eu amo o Simon. Mas como amigo. Sim, eu gosto dele, eu to apaixonada, mas não a esse ponto. E com o histórico do Simon, eu não sabia se o que ele me falou era bom ou ruim.