Roger Pov On

– Por que está pensativo capitão? - perguntou Misell, um de meus subordinados.

– Aquela garota do navio comerciante...se parece demais com a princesa de Magnólia.- falei pensativo.

– Não deve ser não. Se a princesa tivesse sumido já teriam dado o alerta há muito tempo! - ele falou rindo enquanto ajeitava as velas da embarcação.

– Você deve ter razão. - concordei sorrindo.

Fui para minha cabine, pois o sol estava muito quente. Sento em minha mesa para analisar novamente as fotos dos piratas procurados e vejo que tem um jornal de hoje em cima da escrivaninha. O que será? Não costumo receber correspondências no mar, apenas quando o assunto é de suma importância. Peguei-o e fitei a primeira página incrédulo.

– É ela!

Jogo o jornal de lado e começo a dar ordens para todos, com a finalidade de tentar interceptar o navio, mesmo sabendo que havia poucas chances de eu conseguir fazer isso.

~Jornal ~

Princesa Lucy Heartfilia está desaparecida.

Roger Pov Off

~#~

Narrador Pov On

Roger, o capitão do navio da Marinha, saiu de sua cabine atordoado e alarmado. Ele encontrava dificuldades em assimilar a ideia de que a princesa desaparecida estava navegando por ai, somente acompanhada de duas amigas, enquanto todos os soldados do país estavam desesperados atrás dela. Quando se recompôs, olhou para Misell, seu leal subordinado e grande amigo, enquanto ele ainda ajeitava as velas da grande embarcação.

– Misell, qual era o nome pintado no casco daquele navio que interceptamos há pouco. O que só tinha tres garotas como tripulantes?

– Fairy Tail, senhor. Por quê? - perguntou o marinheiro franzindo o cenho pensativo.

– Temos que voltar...temos que voltar agora! - exclamou o capitão fixando seu olhar assustado para algum ponto no mar.

O marujo colocou as duas mãos sobre o ombro do comandante sacudindo-o logo em seguida, para que ele saísse do estado de choque em que se encontrava no momento. Após alguns segundos ele se recuperou, gritando ordens assim que voltou a si.

– Içem as velas! Virem a bombordo! Toda velocidade à frente! - vociferava Roger enquanto andava inquieto de um lado para o outro no navio.

Os marujos rapidamente acataram à todas as ordens proferidas e, em poucos minutos, já faziam o caminho de volta ao reino de Magnólia. De repente, o vento parou de soprar e a vela do mastro principal ficou estendida inutilmente.

– Remadores! Ritmo um, dois lento na diagonal. Aproveitem a corrente que está à 20° bombordo. - berrou o navegador quando percebeu o que havia ocorrido com o vento.

Imediatamente, 12 homens se sentaram em 3 fileiras de 4 lugares em cada lado do navio, pegaram os grandes e pesados remos, encaixando-os no apoio e começaram a remar em um ritmo ditado por um jovem marinheiro alto e de cabelos platinados. Com o passar do dia, a corrente perdeu força e eles tiveram que remar quase o restante do caminho todo, havendo troca dos que remaram a cada uma hora.

Um dia e meio se passou quando, finalmente, o navio atracou no porto principal de Magnólia. Imediatamente, os soldados desceram em terra. O capitão e seu conselheiro pegaram dois cavalos de um cidadão que estava cuidando distraidamente dos animais e partiram em direção ao castelo real à toda velocidade.

Quando chegaram aos portões, os guardas tentaram impedi-los, porém ao verem a capa de capitão da Marinha que Roger usava, logo afastaram-se deixando a passagem livre. Assim que entraram nos terrenos reais, desmontaram e correram para dentro do castelo. Entraram na sala real sem a menor cerimônia, surpreendendo ao rei, seus conselheiros e a alguns nobres de outro reino que estavam discutindo algo.

– Que interrupção é essa? Ponham-se em seus devidos lugares! Não podem entrar assim na sala do rei! - falou,indignado, um conselheiro real.

– Desculpem-nos pela interrupção. - falou Roger ofegante - Nós vimos Lucy Heartfilia, rei. - continuou ajoelhando-se.

Jude Heartfilia levantou-se abruptamente e todos ficaram em silêncio fitando os marinheiros, fazendo com que o barulho da cadeira se chocando contra o chão ecoasse pela sala. Assim que o som se dissipou, o rei correu até o capitão da marinha sem importar-se com o protocolo que ele deveria seguir.

– Onde? Onde aquela garota está? - falou ele sacudindo os ombros de Roger.

– A princesa estava no navio Fairy Tail junto a duas amigas. Segundo ela, estavam comercializando produtos. - gaguejou o capitão surpreso pela atitude do rei.

– Ainda bem que ela está viva! - falou a majestade dando um suspiro de alívio - Quero todos os guardas, soldados e marinheiros atrás dela! Qualquer pessoa que saiba manejar uma espada, de qualquer classe que seja, deverá procurar por minha filha! Quero que contratem todos os mercenários para procurá-la tanto em terra quanto em mar!

– Você está mesmo querendo encontrá-la. - comentou o subordinado.

– Claro! Ela tem que casar-se com o príncipe do reino Wether para eu conseguir comercializar nesse local os produtos do meu reino! - vociferou Jude - O que ainda fazem parados aqui? Deem logo as ordens e encontrem Lucy Heartfilia!

Narrador Pov Off

~Navio pirata Fairy Tail

Lucy Pov On

Ai que ressaca. Minha cabeça está me matando e meu corpo está tão dolorido que parece que fui atropelada por uma carruagem. Resumindo: eu estou com um péssimo humor e pelo visto, todos do navio que já despertaram estão na mesma situação que eu. Obriguei-me a levantar, porém assim que o fiz, meus músculos doloridos por eu ter dormido apoiada no mastro, protestaram.

– Parece que a maioria das pessoas ainda estão dormindo. - murmurei para mim mesma.

Caminhei lentamente até a cozinha em busca de água, mas antes de entrar no local, ajeitei um pouco a peruca que eu usava.

– Eu vou morrer. - sussurrei enquanto enchia o copo com a água e apoiava minha cabeça no balcão.

– Também vou. - murmurou alguém perto de mim.

Levei um susto e virei-me rapidamente, procurando quem disse aquilo. Devido ao movimento brusco, minha cabeça latejou ainda mais. Meus olhos pousaram em Natsu sentado na mesa com a cabeça entre as mãos, gemendo de dor. Ele olhou para mim e deu-me um leve sorriso, como se quisesse dizer: ''Compreendo sua dor''.

– Dê-me um pouco de água? Quando tomo algo não alcoólico, a ressaca passa mais rápido. Até a tarde já devemos estar melhores. - falou baixinho.

Entreguei o copo para ele concordando com a cabeça e sentei-me ao seu lado na mesa. Assim que tomamos o líquido, ficamos em silêncio por alguns minutos, só sentindo o balanço do mar. Fechei os olhos e respirei profundamente, já notando que minha cabeça estava parando de doer um pouco.

– Você não vai pedir desculpas? - questionei-o.

– Pelo quê garoto? - respondeu ele.

– Por nos deixar sozinhos à mercê da Marinha. E também por ser tão irritante a ponto de eu querer matá-lo toda vez que o vejo. - falei segurando a cabeça e fazendo uma leve careta de dor.

De repente, ele começou a rir, dando um gemido de sofrimento de vez em quando. Olhei para ele confusa. O que eu falei de engraçado? Argh, não consigo pensar direito com minha cabeça explodindo do jeito que está! Isso não tem graça desgraçado, se eu fosse reconhecida seria o meu fim! Queria poder falar isso para ele, porém tinha que manter meu disfarce firme.

– Por que está rindo? - perguntei ríspida.

– Você é um garoto pequeno, magro, frágil e fraco, como espera me matar? Isso é muito engraçado! - falou ele rindo exageradamente.

Ali estavam aquelas palavras: frágil e fraco, como eu as detestava. No castelo sempre me diziam coisas do tipo: ''Você é muito fraca para fazer isso'' ou ''Você é uma garota muito frágil para fazer isso, deixe que os homens realizem essa tarefa''. Entretanto, é bom que ele me subestime, pois se eu decidir acabar com ele, poderia ter a vantagem da surpresa ao meu favor.

–Se eu quisesse poderia mata-lo agora só com um golpe de espada. - falei desafiando-o.

– Quero ver isso! Assim que nossa ressaca acabar, vamos duelar no convés principal. - falou ele rindo, já cantando vitória.

– Não poderia propor um desafio melhor. - disse levantando-me para acordar a todos.

Saí da cozinha e percebi que a maioria das pessoas já estavam acordadas gemendo de dor. Somente o Gray continuava dormindo. Ele estava sem camisa, com o pé preso em uma corda que o pendurava de cabeça para baixo no mastro enquanto roncava, alheio a posição em que encontrava-se. Como alguém consegue dormir assim? Percebi que Erza pegou sua espada e cortou, sem dó nem piedade, a corda que prendia o moreno, fazendo-o cair de cabeça no chão de madeira.

– Ponha umas roupas! - ela falou quando ele procurou quem tinha feito aquilo.

Como em um passe de mágica alguns segundos depois ele já estava totalmente vestido e com um galo enorme na cabeça. A ressaca era visível na expressão de todas as pessoas, por isso elas quase acabaram com o estoque de água potável do navio. À tarde, todos já estavam sabendo do meu desafio com o capitão. Já era possível ver objetos de valor sendo passados de mão em mão quando os marinheiros faziam suas apostas.

Suspirei testando o peso de minha espada. O sol não estava atingindo nossos olhos, o que era bom considerando que estávamos no meio do convés principal. Natsu estava de frente para mim, vestido somente com uma calça bufante preta e um colete vermelho-vinho, o que deixava seus músculos fortes e bem definidos muito à mostra. Concentração Lucy! Você está aqui para reduzir o orgulho dele a migalhas e não para sentir-se acanhada! Bufei irritada. Estava morrendo de calor por causa da peruca e das roupas a mais que eu usava para disfarçar o fato de eu ser mulher e isso estava me deixando cada vez mais impaciente e furiosa.

– Vamos começar logo! - gritei alguns milésimos de segundo antes de investir contra ele.

O som de nossas espadas se cruzando ecoou pelo mar.