Just A Dream escrita por WaalPomps


Capítulo 38
Capítulo 37




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Bip. Bip. Bip.

Aquele era o barulho irritante que escutava em seus ouvidos, enquanto dormia. Alto, incansável, imutável, ritmado. O som da batida de seu coração.

Bip. Bip. Bip.

Sentia todas as extremidades do corpo doendo, latejando, como se estivesse deitada numa cama de brasa que queimasse seu corpo todo. Sentia-se envolta por um torpor desconhecido e estranho, como se estivesse em outro mundo. Sua mente estava nublada e seus olhos não viam nada, além do escuro.

Bip. Bip. Bip.

Sua garganta a incomodava, mais precisamente, o que estava em sua garganta. Aquilo era um tubo? Porque havia um tubo em sua garganta? O tubo também fazia um som, diferente do da batida de seu coração. Era o som de uma lufada de ar, várias lufadas de ar. Seguia o ritmo da batida do seu coração.

Bip. Bip. Bip.

Ouvia vozes, murmúrios, sons indecifráveis. Onde estava? Havia mais alguém ali? Seria aquilo, o que chamam de céu? Não deveria ser tudo branco e cheio de paz e silêncio?

Céu... Porque estaria no céu? Havia morrido? Porque morrera... James. Onde estava James? Lembrava de que tivera o filho nos braços, Harry o trouxera para fora dela. Ela havia conseguido, havia aguentado. Havia sido forte o bastante para proteger James até que ele pudesse vir para o mundo e ser protegido por Harry.

Mas onde estariam James e Harry? Estariam bem? Estariam a salvo? Eram tantas perguntas que não sabia a resposta e a única coisa que tinha, era a escuridão que a cercava.

Bip. Bip. Bip.

Sentiu o tubo machucá-la, machucá-la muito. Seus pulmões gritavam em protesto, querendo respirar, mas não conseguiam, o tudo não deixava. Ela queria tirá-lo, mas seus braços não mexiam.

Queria abrir os olhos, queria se mexer. Porque não conseguia? Se estava morta, porque havia um tubo e um bip irritante?

Bip. Bip. Bip.

Conseguia respirar. Seus pulmões se enchiam e esvaziavam com um prazer imensurável, e sua garganta estava livre. Só precisava encontrar sua voz para poder falar, perguntar onde estava.

Mas haveria alguém ali para ouvir? De onde vinham os murmúrios? Porque Harry não vinha logo tirá-la de lá?

Bip. Bip. Bip.

Começava a sentir seus braços, eles ainda estavam ali. Sentia as pontas dos dedos formigando, sentia a palma da mão coçando, sentia o antebraço pinicando da agulha enfiada nele. Pelo menos, a sensação era a que se lembrava de uma agulha.

Ouviu murmúrios e sentiu uma coisa completamente nova no braço. Era um peso, uma pressão, como se algo estivesse sendo colocado ali. Era grande e quente, e se mexia levemente. Sentiu dedos carinhosos acariciando seu braço e quis chamar o nome de Harry, segurar sua mão. Mas não tinha controle de nada.

Bip. Bip. Bip.

Sentia as costas ardendo. Sentia o tronco apertado por faixas, deviam ser ataduras. Começava a sentir os órgãos e a dor que vinha deles. Queria gritar, clamar de dor, mas sua boca não a obedecia.

Sentiu uma mão fria, porém cuidadosa, abrir sua camisola. Sentiu uma esponja úmida passando por seu corpo, causando uma sensação de alivio e bem estar. Se conseguisse suspirar, suspiraria.

Sentiu algo no seio, algo que não conhecia, e logo sentiu uma fisgada. Havia sentido aquilo um pouco antes de adormecer, quando James havia sugado aquele lugar para obter leite. Será que era James? Porque não sentia o calor de seu corpinho contra o seu?

Rápido como veio, o puxão se foi e o tecido da camisola voltou a encontrar sua pele.

Bip. Bip. Bip.

Sentia os dedos dos pés, eles estavam quentinhos. A sola do pé coçava, mas não havia o que fazer quanto a isso. Sentiu as panturrilhas duras e travadas, queriam ser exercitadas. As coxas também estavam rígidas, porém ali, havia outra dor.

Sua pélvis ardia mais do que nunca, e ela não sabia por quê. Conforme sentiu o abdômen, sentiu uma nova ardência e dor desconhecida. Sentiu um esparadrapo sendo puxado de sua pele, na altura do baixo-ventre, conhecia bem a sensação do esparadrapo. Passaram algo gosmento, antes de colocar outro curativo.

Bip. Bip. Bip.

Seu pescoço estava travado, duro, precisando ser alongado, assim como o resto de seu corpo. Pela primeira vez, sentia sua boca seca. Conseguiu engolir. Sentiu os olhos arderem e quis abri-los, mas estavam pesados. Apurou os ouvidos para os murmúrios ao redor e pode distinguir a voz de Harry.

_ Gina?

Forçou os olhos a se abrirem, mas logo os fechou com força, ferida pela claridade. Abriu de novo, mais lentamente, e piscou algumas vezes, focalizando o homem ao seu lado. Ele sorria e chorava, beijando sua mão.

_ Você acordou.

_ Cadê o James?

Não queria que ele pensasse que não estava feliz por vê-lo, porém, precisava ver o filho, ter certeza de que ele estava bem, estava vivo. Que ela realmente havia conseguido ser forte para protegê-lo e trazê-lo ao mundo.

Harry sorriu, concordando com a cabeça e se levantando. Ele caminhou até o canto do quarto, onde havia um carinho de bebê. Ela o seguiu com o olhar, ansiosa, e o viu tirar o bebê do interior. Arfou surpresa.

_ Ele está enorme. – ela sussurrou e Harry concordou, caminhando até ela com James.

_ Já se passaram dois meses Gina, desde que ele nasceu e você entrou em coma. – Harry explicou e ela arfou novamente.

_ Coma? – perguntou chorosa – E-e-eu estava em...

_ Calma, já passou. – pediu ele, acariciando o rosto dela – Fique quietinha para eu poder te entregar o James.

Ela concordou, observando ele arrumar o braço dela. Queria protestar, dizendo que sabia como pegar seu filho, porém ainda estava muito fraca para isso. Ele arrumou o braço dela e acomodou o menininho ali.

Ela sentiu seus olhos transbordarem ao observar o espelho nos de James. O garotinho estava acordando de sua soneca, abrindo sua boquinha em um perfeito O. Ela acariciou o rostinho dele, que fechou os olhos se deleitando, apanhando o dedo da mãe com sua mãozinha minúscula.

_ Ele é tão lindo. – sussurrou ela, com a voz embargada. Harry concordou vagamente, ainda acariciando o cabelo dela – Ele está bem, não está?

_ Melhor impossível. – garantiu Harry – Ganhou um bom peso nesses dois meses, além de ter crescido bastante. Ele come que nem uma draga, mas puxou ao Rony nisso. – ele sorriu, enquanto ela ria – Obrigado Gina. Por não ter desistido de lutar por ele.

_ Eu nunca desistiria do meu anjinho. – garantiu ela, encarando o marido – Obrigada por não ter desistido de mim.

_ Eu não posso desistir da minha vida. – garantiu ele, beijando os lábios dela com carinho – Eu nunca vou desistir de vocês dois.

_ Eu posso amamentá-lo? – perguntou Gina, vendo o menino morder as mãozinhas.

_ Não sei. Acho que é melhor chamar o médico. – Harry começou a se levantar, mas Gina o impediu.

_ Por favor, Harry. Deixe-me amamentá-lo e então você chama o médico. – pediu ela,com os olhos marejados, e ele concordou – Me ajuda a sentar, por favor.

Ele apanhou James, enquanto ajudava Gina a se sentar. Quando ela estava bem apoiada, ele lhe passou James. Ela abriu a camisola, expondo o peito, que o menino abocanhou instantaneamente.

O casal sorriu, observando o filho. Harry beijou a cabeçinha dele, antes de beijar a testa de Gina, que tinha os olhos fechados, imersa num prazer próprio. Finalmente, estava de volta em casa.


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Notas finais do capítulo

Tá, eu sumi, to ligada.
Mas o Nyah deu pau, cheguei no fim do semestre e etc.
Bom, é isso, tchau