3 Meses Com Annie escrita por Tamires Nogueira


Capítulo 2
Capítulo 2: Memórias


Notas iniciais do capítulo

Tudo o que a Annie precisa agora é de um emprego certo? É, e acho que tem lugar pra mais alguém nessa história também... Espero que gostem!



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22 de Junho.

Umas caixas me distraíram durante o resto do dia. Elas estavam empilhadas em um canto do quarto, onde tinha uma porta, que suponho eu, que deveria ser um closet. Em uma das caixas, tinha fotos... E WOW! Eu admito, minha avó era bonita quando era jovem. Achei um vestido roxo, em uma das caixas. Ele chegava até meus tornozelos, e era cheio de babados. E eu tinha certeza de que era da minha avó. Mas o vestido era bonito. E ficou mais bonito em mim. Depois de revistar tudo o que tinha nas caixas, eu deixei tudo como estava, na maior bagunça, e desci pra ver TV. Ou pelo menos tentar, porque não tinha tv a cabo, e o sinal era péssimo. Desisti na segunda tentativa de mudar de canal.

Fui dar uma volta, com aquele vestido mesmo. E a cada quarteirão eu me surpreendia mais por não ter ninguém da minha idade naquela cidade. Depois eu fui pra praia. E tinha o mar... Quais eram as minhas chances de morrer afogada? Demoraria muito ou eu sofreria com a água salgada em meus pulmões? Uma vez me quase me afoguei (sem tentativas ok?) e por uma semana, sofri com minha garganta ardendo por causa do sal. Dizem que o afogamento, e a morte por congelamento são as melhores maneiras de morrer. São mais eufóricos. E eu me pergunto, como sabem disso? Mas não foi dessa vez. A única coisa que consegui, foi estragar o vestido da minha avó.

Eu andava na rua, e ouvia as pessoas sussurrando "por que ela está molhada?". Será que eles sabiam que tinha uma praia no quintal deles? Estavam precisando de garçonetes em um café, há uns dois quarteirões da casa da minha avó. O lugar era legal...

— Do modo que eu vejo, o que a experiência tem a ver com alguma coisa? Quer dizer, eu ja fui servida por varias garçonetes, e o trabalho não me pareceu difícil. E claro, deve ter detalhes como em qualquer outra coisa, mas nada que eu não possa descobrir.

— Você está ensopada.

Eu queria dizer "nossa, esse é seu argumento por não me dar o emprego?", mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa, um barman ruivo se manifestou.

— Ah vai Marcio, pode dizer que o visual camiseta molhada prevalece sobre a experiência.

Espera, oi???? Okay vou fingir que não ouvi isso. Não, espera... EU OUVI!

— Ele já tomou o remédio dele hoje? — eu disse e o ruivo riu.

— Tá, eu vou te dar um formulário e...

— O quê? Pra quê? É uma decisão simples!

— Não, não é tão simples e...

— Marcio, dá logo o emprego pra ela. Com ou sem formulário, ela foi a única que apareceu por aqui, e você teria que chamar ela de qualquer jeito.

Olha... Esse menino de olhos azuis parece ter pelo menos uns 20 anos. Que lindo... E acho que é aqui que minha história realmente começa...

— Fica quieto Vitor!

— É sempre assim que funciona. Você pede uma coisa e ele finge que não quer, porque ele não consegue falar não, então... O trabalho é seu, relaxa.

— Olha.. Vitor... Eu não preciso da sua ajuda.

— Não estou te ajudando garota, eu mal te conheço! Quero ajudar meu amigo, porque mais uma noite sem a equipe completa e ele vai ter uma úlcera! E isso ia acabar mal pra todo mundo.

Wow...

— Então, já que você é uma boa pessoa e não quer ter uma úlcera, você quer que eu chegue que horas amanhã? As quatro? Ou melhor, eu posso chegar na hora do almoço, ai eu já vou aprendendo tudo o que for necessário!

— Então é...

— Ótimo, até amanha!!!

Yay! Eu tenho um emprego!

Eu precisava ir pra casa. Meu all star molhado estava começando a me irritar. Quando eu cheguei, meus avós estavam jogando algum jogo de tabuleiro na varanda. Velhos...

— Nossa, ainda não foram dormir? Já passam das nove, sabiam?

— E você sabia que perdeu o jantar? Mas o que aconteceu com o vestido?

— Ah é, eu fui nadar... Vocês não usam o mar como banheiro né?

— Olha, eu não me importo que use meu vestido, mas me importo se nadar com ele, pode tirá-lo por favor?

— Ok. Vou dormir, boa noite pra vocês.

Primeira noite... Acho que eu iria sobreviver com os insetos no meu quarto. 


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