Radioactive. escrita por nsengelhardt
Notas iniciais do capítulo
Well, depois de muito tempo, finalmente um capítulo longo e novo, como vocês gostam! (:
Apavorada, olhei em volta. Os caras enormes que me cercavam usavam sobretudos e chapéus pretos. Seus olhos estavam ocultos pelos óculos de sol – mesmo sendo de noite, cada um deles usava um par.
– Hã... Oi? – falei com a voz trêmula. Meu quadril doía mais do que nunca, e eu pude sentir o veneno se espalhando quando passei o peso de uma perna para a outra. Minha respiração estava pesada. Eu estava com medo de quem poderiam ser aqueles homens.
Um deles olhou para outro que estava ao seu lado e falou algo em alguma língua que eu não reconheci. Então o outro acentiu.
O mesmo que falou veio em minha direção, com um sorriso largo estampado no rosto pálido. Seus dentes eram afiados, como os de um tubarão.
– Finalmente, Número Treze. – disse. – Pronta para morrer?
– Número Treze? – indaguei. – Meu nome é Lieni... – antes de terminar de falar, uma breve lembrança me veio à cabeça. Florestas saudáveis, rios e lagos azuis, campos verdes.
Subitamente, veio a destruição e o caos. Tudo estava morrendo. Pude ver vários outros homens como aqueles que me cercavam. Eles eram...
– Mogadorianos! – falei. Recuei alguns passos e então comecei a correr de volta para a cabana, ignorando toda a minha dor.
Mas então eu parei. Eu não podia atrair aqueles mogadorianos para a cabana. Sangue inocente seria derramado, e por minha culpa. Voltei a correr para o lugar onde havia estacionado meu carro. Quando cheguei lá, abri a porta do motorista o mais depressa possível. Olhei em volta, me certificando que não havia ninguém me vigiando.
Entrei no carro batendo a porta. Suspirei, aliviada. Estava prestes a ligar o carro quando algo agarrou meu ombro. Berrei, olhando para trás.
Era um garoto moreno, usava uma camiseta preta de alguma banda e jeans preto. Estava rindo feito um louco.
– Ai, ai. – ele parou de rir, me olhando, ainda sorrindo. – E ai, Treze?
Ele estendeu a mão para mim, esperando cumprimentá-lo.
– Ok, quantas pessoas ainda vão me chamar de Treze hoje? – falei, ignorando sua mão.
– Ué, você é a Número Treze – disse – não pode ser chamada assim?
– Não sei. – respondi, virando pra frente, encarando o garoto pelo espelho.
– Ah, é. – ele pigarreou. – Eu sou o Número Doze. O Número Onze estava tentando chegar até você antes dos mogadorianos...
– Mas ele não conseguiu! – retruquei.
– Percebi... – falou Doze. – Você se machucou?
Ele me encarava. Pelo visto, havia percebido minha expressão de dor.
– Não estou machucada... – digo.
– Ah, bom. – diz o garoto.
– Eu fui envenenada. – digo. – Mas se isso é bom, então ok.
– O QUÊ? – ele gritou – Não! Isso não é bom. Deixe-me ver isso!
Rapidamente, pulo para o banco de trás do carro, e me sento ao lado de Doze, de modo que ele posso ver meu ferimento.
– Droga... – murmura. – Eu não sei se posso fazer algo... Desculpe.
– Me levar para um hospital não é uma opção? – pergunto.
– Não. – diz. – Vamos esperar Onze voltar, então iremos até...
Antes que ele posso completar a frase, um outro garoto entra no carro. Ele devia ter pelo menos um metro e noventa de altura. Tinha cabelos ruivos e enrolados. Seu rosto estava vermelho. Presumi que aquele fosse o Número Onze.
– Quem é você? – o garoto perguntou-me.
– Eu sou a Número Treze... – digo. – Eu acho.
– FINALMENTE! – ele diz. – Eu te procurei por toda parte!
– Mas cá estou eu. – digo. – Mas, espera ai, como vocês dois entraram no meu carro, se ele estava trancado?
– Telecinesia, gata. – diz Doze.
– Ah, entendi. – digo. – Quem é você?
Olho para o garoto ruivo, ainda o analisando. Ele parecia ser forte o suficiente pra levantar um carro sem nenhum esforço.
– Ah – diz.- Desculpe. Eu sou o Onze.
Ele estende a mão para me cumprimentar, mas eu apenas acenei com a cabeça, mordendo meu lábio inferior.
O que eu estava fazendo ali? Será que era real ou era só um sonho do qual eu logo acordaria?
– Então... – Doze pigarreou. – Alguém precisa dirigir.
Ele e Onze trocam sorrisos maliciosos. Me encolho no banco, sabendo que seria impossível dirigir com a minha dor.
– Eu dirijo! – grita Onze. Então, rapidamente, ele passa para o banco do motorista e Doze para o banco do lado. Enquanto eu fico sozinha no banco de trás.
Assim que Onze liga o carro, eu me deito no banco de trás, com a mão sobre o local onde a adaga entrou. A dor agora era insuportável.
. . .
Quando eu acordei, estava deitada em uma maca. A única maca em uma sala grande, totalmente branca e vazia.
Do lado oposto ao da maca, havia uma porta cinza com uma janelinha redonda. Percebi que alguém me observava. Então a maçaneta virou e Doze entrou. Ele estava com alguns ferimentos no rosto.
– E ai? – disse, se encostando em uma parede.
– Onde eu estou? – pergunto.
– Digamos que você está em um centro de treinamento...
– Para treinar o que? – eu ainda estava confusa.
– Luta. – ele diz.
– Luta? – digo. – Por quê?
– Mogadorianos... – ele suspira. – Eles estão quase prontos para a guerra, e nós não.
– Então me deixe sair daqui agora! – digo.
– Eu não decido nada por aqui. – ele diz. – E eles querem que você fique.
– Eles quem? – pergunto.
– Não interessa. – diz. – Apenas descanse.
Então ele sai da sala, me deixando novamente sozinha. Encosto minha cabeça no travesseiro da maca. Eu daria tudo para voltar à minha antiga vida.
Não, não a antiga vida, na qual eu fugia por ai com minha Cêpan, Annie. Mas sim a minha vida antiga, na qual eu era uma excluída na escola e achava que todas as coisas estranhas que aconteciam comigo eram causadas pela minha mediunidade.
Mas essa vida nunca vai voltar. Nunca...
. . .
Acordo com duas pessoas discutindo no quarto onde estou. Abro os olhos e vejo Onze discutindo com um homem alto, louro e bronzeado. Ele devia ter uns 42 anos.
– Hanks... – diz Doze. – Por favor!
– Não! – diz Hanks. – De jeito nenhum! Ela tem que ficar aqui por mais alguns dias até recuperar totalmente a memória.
– Mas ela já está entendendo tudo. – diz Doze. – Eu conversei com ela ontem sobre isso e...
– Você veio aqui? – ruge Hanks.
– Eu vim pra ver como ela estava, mas ela acordou, não foi culpa minha. – diz Doze.
– E eu acordei de novo... – murmuro, me sentando na cama. Percebo que meu corpo está coberto apenas por uma dessas roupas de hospital.
– Ah, droga! – diz Hanks.
– Olha, não sei onde estou e nem sei o que estou fazendo aqui, mas se eu puder ajudar, vocês terão que me deixar sair desse quarto! – digo com um pouco de autoridade em minha voz.
– Escute aqui, Número Treze, - Hanks vem em minha direção – você não tem autoridade pra falar assim comigo...
– Hanks, ela quer ajudar! – diz Doze. – Deixe-a sair!
Hanks olha para Doze por cima do ombro, e depois olha no fundo dos meus olhos.
– Tudo bem. – diz. – Mas você vai passar por uma pequena transformação.
E então ele sai do quarto batendo a porta.
– Transformação? – digo. Então percebo que Doze também passou por uma transformação. Seus cabelos negros estavam cortados, quase totalmente raspados. Usava agora um jeans preto e um moletom cinza. Seu rosto ainda coberto de ferimentos.
– Sim, transformação. – diz. – Provavelmente mandarão você cortar seu cabelo, escurecê-lo ou clareá-lo. Não sei se te obrigarão a usar lentes de contato, mas não queira, é horrível.
Ele chega mais perto de mim. Seus olhos, que eram negros quando o vi pela primeira vez, agora adotavam um tom alaranjado.
– Mas por que uma transformação? – pergunto.
– Porque os mogadorianos já te encontraram, ou seja, se encontrarem de novo, vão te reconhecer. – diz. – Mas se passar por uma pequena transformação, eles não vão nem saber quem é você.
– Entendi. – digo.
– Já vou indo. – ele diz. – Se quiser sair daqui, tem que vir junto comigo. – diz. – Agora. – ele completa.
Olho para o chão. Balanço um pouco meus pés. Percebo que minhas unhas foram limpas e cortadas, assim como as das minhas mãos.
– Ok, eu vou. – me levanto.
. . .
Logo depois que saímos do quarto, Doze me levou à um grande closet, onde disse que eu deveria trocar de roupa, já que não era muito interessante andar para lá e para cá apenas com uma camisola de hospital.
– Escolha uma roupa. – diz ele. – Sem pressa. Vou estar esperando ali fora.
Concordo com a cabeça, e então vou até uma arara de roupas. Pego apenas uma calça jeans preta, uma blusa também preta, coturno e jaqueta marrons.
Olho-me em um grande espelho, preso à uma parede. Me aproximo do meu reflexo. Estou com um pequeno corte na testa. Então resolvo soltar meus cabelos para esconder o corte com a franja. Percebo o quanto meu cabelo está comprido, já está alcançando meu quadril.
Ok, hora da transformação.
. . .
Doze me dirige à uma outra sala, que parece com um salão de beleza, só que sem enfeites e cores alegres.
Sento em uma cadeira, fecho meus olhos e espero começarem a mudar minha aparência.
– O que vocês acham de castanho? – pergunta uma mulher.
– Ai, eu acho que ficaria melhor um louro. – diz um homem com uma voz afeminada.
– Acho melhor castanho. – reconheço a voz de Hanks. – Cortem os cabelos até a altura do peito e cortem uma franja reta, ninguém vai reconhecê-la.
– Seu pedido é uma ordem, Hanks. – diz o homem da voz afeminada.
– Isso é uma ordem! – responde Hanks.
Abro um pouco meus olhos e vejo Hanks saindo da sala.
Depois de algumas horas, abro totalmente meus olhos, como pediu uma moça, e me vejo no espelho.
Meus cabelos estão curtos e castanhos.Uma franja reta e lisa cobre minha testa.
– Acho que você deve usar isso. – uma outra mulher me entrega uma pequena caixa de plástico, separada em duas bolas. Abro e encontro lentes de contato.
Coloco-as e me olho novamente no espelho. Agora meus dois olhos são negros.
– Pode ir. – a mesma moça que me pediu para abrir os olhos diz.
Me levanto e saio da sala. No lado de fora, encontro com Doze.
– Uau. – diz.
– O quê? – perguntou, olhando em volta.
– Nada, é que... – ele cora. – Você está mais bonita do que antes.
– Hã, obrigada. – digo. – Eu acho.
– Acho melhor irmos até a sala de treinamento. – ele diz, estendendo a mão para mim. Seguro-a e ele me guia até a tal sala.
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Espero que tenham gostado :3