-Vocês não sabem? –Gina perguntou incrédula. –Draco Malfoy. Draco Malfoy me salvou.

-O QUE? –gritou Ron, que foi o primeiro a sair do choque.

-Garotinho devagar, viu.. –a ruiva comentou baixinho. –Draco me salvou, oras. Eu tava desmaiada, e ele me salvou, ponto.

-Como assim ele te salvou, Gi? –perguntou Harry, também desacreditado.

-Gente, prestenção, não é tão difícil de entender! Eu não contei que passei mal? Que parei e desci da vassoura? Então, eu suponho ter desmaiado pelo negócio da tontura e tudo mais, porque não me lembro de nada além de estar no colo de Draco em algum lugar ao ar livre, e depois de já estar aqui com ele e mais uns 10 enfermeiros em cima de mim.

-Impossível. –Ron exclamou, quase raivoso.

-Super possível, irmãozinho. Inclusive todos os enfermeiros estavam super nervosos por além de eu estar desmaiada, estar grávida e ser amiga da medibruxa chefe, e ficaram com medo de mexer em mim e etc. antes de consultar Mione, e ele gritou com todo mundo e fez eles cuidarem de mim.

-IMPOSSÍVEL. –exclamou Ron de novo, mais desacreditado ainda.

-Ai Ron! Supera essa birrinha. Malfoy me salvou e ponto!

-É meus bruxinhos. –começou Jorge com o humor característico. –Parece que todos podem mudar.

-Claro que podem. –apoiou Molly maternalmente, como sempre. –O garoto Malfoy nunca foi ruim de todo, só tinha poucas escolhas e dentre elas fez as piores, coitado.

-Não era ruim de todo? –perguntou Ron amargurado. –Não! Nem um pouco, Mãe! Ele só foi um projeto de comensal que tentou matar Dumbledore! Nada ruim!

-Você não entende meu fil.. –começou Molly, mas Mione, saindo da confusão ainda, interrompeu:

-Ele.. ele te salvou?

-Salvou sim, Mione. Salvou salvadinho! –respondeu a amiga quase animada.

-Mas.. mas como?

-Ah Merlin! Ok, voltando eu estava meio tonta, então eu resol..

-Gina! –Mione chamou a atenção. - Essa parte eu peguei! Só acho meio improvável que ele o tenha feito..

-Porque, oras?!

-Porque ele.. bem.., ele é o Malfoy!

-Ai Mione, não dá uma de Ron! –exclamou Gina.

-Ei! Eu tô bem aq.. –tentou protestar Ron, se levantando do sofá, mas a irmã caçula o ignorou, como sempre.

-As pessoas mudam! E crescem também, viu? –acrescentou a ruiva piscando o olho direito, o que não passou despercebido ao resto da sala. –Ô como crescem!

-Gina! –gritou Mione vermelha de vergonha com o comentário sugestivo da amiga.

-Ai, não grita comigo que eu tô debilitada! Na verdade, desinfetem todos, até vocês paizinhos, desculpa, mas quero ficar com meu Harryzinho! –ela disse abanando á mão em sinal de “dêem o fora” e Harry sorriu pra esposa.

-Como sempre, trocado pelo apanhador, e olha que esse ainda tem a testa rachada! –brincou Jorge. -Tou ficando traumatizado.

-Fora, fora, irmãozinho, sem reclama-ar!

-Tchau querida. –se despediu Arthur dando um beijo na testa da filha. –E da próxima vez que eu te procurar espero te achar em casa.

-Pode deixar, senhor Arthur, ela estará! –respondeu Harry brincando. –Nem que eu a amarre no pé da mesa dessa vez!

-Nem comece, Potter, nem comece! –exclamou Gina.

-Só tou brincando, amor! Só tou brincando!

-Já começaram! –brincou Jorge já do lado de fora da sala.

-Esses dois não param! –respondeu Mione no mesmo tom. –Mas eu estou super aliviada de que ela está bem, e aposto que Harry também.

-Todos estamos, querida, todos estamos! –concordou Molly.

-Só espero que essa descontrolada não suma de novo, pelo menos enquanto está grávida!  -exclamou Ron, ainda nervoso.

-Não xingue sua irmã, Ron. –Arthur chamou a atenção. –Já vimos aonde isso deu. Enfim, estamos indo Hermione. Obrigada por seu hospital cuidar de Gina. E se.. e se encontrar com o Malfoy, agradeça a ele também.

Mione ficou vermelha e, involuntariamente, olhou pra Ron, que também estava vermelho, só que não de vergonha como ela.

-Eu.. eu espero não encontrá-lo.. mas.. mas se eu encontrar, com-com certeza agradeço, senhor Arthur. –comentou envergonhada.

**

-O. Que. Foi. Aquilo?

-Aquilo o que? Ai, já expliquei porque eu sai, oras! Não se pode nem ficar estressada porque se está grávida? –respondeu Gina, nervosa, á indagação da amiga.

-Não foi isso! –Mione explicou massageando a cabeça e andando pela sala. –Aquela coisa de “as pessoas crescem blá blá”, Merlin!

-Ah Mione, não se faça de boba! Se seu único argumento pra não ficar com o Malfoy é o de que “ele é mau”, ele acabou de ser quebrado!

-Eu nã.. Quem te disse isso garota?

-Essa altura da vida e você ainda acha que eu nunca sei.. –Gina disse se levantando da maca. -Eu te conheço melhor que você mesma querida, melhor que você mesma. –completou fazendo carinho ironicamente em Mione. –E que argumento ruim, ein querida? “Ele é mau, ele é mau”. Se vai mentir pra si mesma, pelo menos faça bem, né?! Eu tô com uma dor nas costas..

-Você o qu.. Mentir pra quem? Do que você está falando Gina? –perguntou Mione seguindo a ruiva pelo quarto.

-Do que eu tô falando Mione? Não se faça de desentendida pra mim não! Você ficou com esse chove não molha com o Malfoy só porque ele “supostamente” –ela disse fazendo aspas com as mãos. –“É do mau”. O que agora sabemos, ou melhor, você sabe, porque eu já sabia disso há tempos, ele não é. Isso tudo porque a senhorita orgulho não pode admitir que tem uma queda, ou melhor, que ainda tem uma queda, pelo sonserino gatão, só porque ele é sonserino e blá blá blá.

-Eu não.. eu nunca.. Gina!

-A culpa não é minha queridinha, a culpa não é minha!

-Gina você não tá falando nada com nada! Quem disse que eu tenho.. quer dizer, tinha, uma queda pelo Malfoy? Nós nos odiávamos!

-Entre tapas e beijos é ódio é desej..

-E eu não preciso mentir pra mim mesma, o cara só me irrita! Ele me tira do sério!

-Isso nós já sabemos, né Hermione. E não é só do sério, hehe.

-Gina! Olha, para com essa história, isso não existe, aquilo foi só um deslize que não vai mais acontecer!

-Não vai? –Gina perguntou desacreditada. –Tem certeza?

-Super. Eu até já.. já tou em outra!

-Em outra? Poupe-me, Hermione! –respondeu a ruiva desacreditada.

-É sério! Inclusive vou sair hoje à noite! Com o Krum!

-Eu. Não. Acredito. Que orgulho! –começou animada. -Pera, não! E o Malfoy?

-Não tem nada de Malfoy! Tô te dizendo! –respondeu Mione.

-Agora que você não tem mais desculpa..

-Pra você ver que não existe desculpa..

-.. você arruma outra!  Merlin!

-Como eu já havia dito, é impossível conversar com você!

-E como eu já devo ter dito em algum momento dessa vida, também te amo, querida. –respondeu a ruiva.

-Tente não fugir enquanto eu trabalho. –falou Mione ironicamente.

-E você tente não beijar alguém pelo corredor, fingir que foi sem querer e começar uma novela mexicana disso, viu? –respondeu a amiga no mesmo tom.

-Te odeio! –falou Mione amarga, mas falsamente.

-Eu sei, eu sei. –respondeu a outra em tom de brincadeira enquanto Mione saia fazendo careta e conjurando papel e caneta pra marcar um encontro com Krum pra aquela noite.

**

-Mione? –chamou Luna enquanto a garota andava pelo corredor.

-Olá Lu. Tudo certo?

-Tudo sim. –respondeu a amiga sorrindo abertamente. -E ai?

-Eai..?

-É. –respondeu a outra animada. -E então?

-Luna, você tá meio estranha.

-É que depois que soubemos que foi o Malfoy quem salvou Gina..

-Depois que soubemos..? –perguntou Mione, tentando ignorar o tom sugestivo da amiga.

-Bem... fica tudo mais.. fácil, não?

-Tudo o que, Luna? –perguntou Mione já nervosa.

-Oras, você e ele. E tudo mais.

-Merlin! Você também? –respondeu Mione nervosa. –Não existe “eu e ele”. E muito menos “tudo mais”!

-Ah, Mi, não precisa ficar fingindo! Desde Hogwarts vocês tinham uma queda um pelo outro!

-Não, não e não! Nós nos odiávamos! Só brigávamos! Éramos o inverso um do outro! Quer dizer, somos o inverso um do outro, porque nada, nada mudou!

-Ah, Mi, cê sabe o que dizem né?! Os opostos se atraem. E nada mudou mesmo, inclusive a quedinha de vocês.

-Luna, isso é totalment..

-Mi? –chamou Harry saindo da sala de Gina e interrompendo a conversa.

-Você está interrompendo, Harry, ou não percebeu? –respondeu a amiga nervosa.

-Eer.. desculpa, eu só queria falar com você, não pensei que fosse incomodar.

-E não incomoda Harry! –falou Luna na calma de sempre. –Mione só esta um pouco.. de cabeça cheia.

-Ok, ok. Desculpe Harry. –ela disse de maneira quase irônica. –Fale.

-Podemos, bem, ir andando?

-Claro, claro. –ela respondeu em um tom mais calmo, mas ainda meio irônico.

-Éer.. estranho isso, não? –ele disse começando a andar pelo corredor com a amiga. -Essa coisa toda com o Malfoy e etc.

-É Harry, estranho, mega estranho. Vem cá, você vai falar do Malfoy também? Porque agora as pessoas só falam do Malfoy! Eu só acho que elas deveriam saber que a minha vida, a DROGA DESSE HOSPITAL E NEM O MUNDO GIRAM EM VOLTA DO MALFOY!!!

-Não.. não é isso, Mione. É só porque bem.. ele não costuma ser o herói, e é meio estranho.

-E o que droga eu tenho a ver com isso, Harry? Eu por acaso sou a mãe do Malfoy? Sou o pai do Malfoy? Eu não sou ao menos amiga do Malfoy!

-Claro Mi. Eu sei disso, mas as pessoas devem.. sei lá.. se confundir.

-Confundir? Confundir com o que?

-Ah Mi.. eu não.. eu não sei.

-Harry James Potter! Fale agora!

-É que todos sempre acharam que vocês tiverjanaina unhdfai landjguiwen.

-Que nós o que?

-Que vocês.. que vocês tiveram um lance. Sabe, na escola. E bem.. se eu não te conhecesse eu diria também. Vocês viviam se engalfinhando e etc. Mas eu sei que isso é tudo balela, Mi. Você nunca se relacionaria com um cara tão escroto, convencido e idiota como o Malfoy. Eu sei disso.

-Eu éer.. eu não. Nunca. Eu nunca teria nada com alguém como.. como ele.

-Engaçado você dizer isso. –disse uma voz conhecida atrás deles. –Porque eu tenho uma interpretação totalmente diferente para a palavra “nada”.

-Ma-Malfoy? –exclamou Hermione assustada.

-O que você quer Malfoy? –perguntou Harry invocado.

-Oras, um obrigado pelo menos? –ele respondeu sarcástico. –Até porque se não fosse por mim há essa hora a Weasley menor e o bebezinho imundo não estariam aqui, não é?

Harry o olhou amargo e ponderou.

-Obrigado. 

-Por nada, Potter. –o outro disse divertido. –Sei que é habito, mais acho, só acho, que você deveria começar a me tratar melhor.

-E porque eu deveria? –perguntou o outro.

Draco apenas olhou divertido pra Hermione e respondeu.

-É um conselho, aceite.

E saiu.

-Eu ainda não consigo engolir esse cara. –falou Harry nervoso. -Não consigo!

-Calma Harry. Ele.. ele já foi.

-Argh. Espero que Ron não tenha tido o desgosto de encontrar com ele.

-É.. espero. –respondeu Mione olhando pra onde o loiro fora.

-Bem Mi, eu vou voltar pra sala e ver se Gina precisa de algo.

-Vai lá, Harry. –ela respondeu ainda olhando para o corredor. -Mais tarde eu passo lá.

Assim que o amigo saiu ela correu por aonde Malfoy ia.

-Draco? Draco? –ela chamou correndo pelo corredor. Quando o viu, rodeado por várias enfermeiras, parou.

-Olha aqui, eu não salvei ninguém. –ele dizia irritado.

-Pare de ser modesto! –disse uma que tentava se esfregar nele. –Todos sabem que você foi o herói de Gina Weasley!

-Você realmente acha que eu teria salvo aquelazinha? –ele respondeu tirando com as mãos a garota de cima dele.

-Não precisa mentir! –disse outra. –Eu sempre soube que você era desse tipo! Desde Hogwarts!

-Você realmente acha que eu me importo com o que você pensa? –ele disse se esquivando. -Só deem o fora, ok?-ele respondeu saindo da rodinha, e ao virar deu de cara com Mione, que assistia a cena.

-Tentando voltar a ser o malzinho, Malfoy? –ela perguntou e ele riu.

-Não, só não preciso ser reconhecido como o herói. Não muda nada na minha vida. E você? Precisa ser reconhecida como o que? –ele perguntou, olhando profundamente pra Mione, que desviou o olhar.

-Olha Draco.. eu não quis.. –ela começou, mas ele interrompeu.

-Eu sei que não. –ele respondeu sem nenhum traço de raiva ou amargura na voz. –Todos temos nossas máscaras, não é?!

-Mas isso não muda nada. -ela disse em um tom de voz sério, como se precisasse se assegurar do mesmo.

-Eu também sei que não. –ele respondeu no mesmo tom. -E você também sabe que eu vou continuar aqui, não sabe?

-Pois não devia. –ela disse da maneira que conseguiu.

-Eu sei. –ele respondeu saindo. Hermione ficou parada olhando e, como última tentativa, gritou:

-Eu tenho um encontro com Krum! –Malfoy parou e virou para encará-la. Ela continuou. –Hoje à noite.

-Precisa fugir tanto, Hermione? –ele perguntou amargurado, mas logo mudou de tom. –Bem, se precisa fugir dessa maneira, quer dizer que eu não preciso me preocupar tanto.

-Como? –ela perguntou.

-Isso é predestinado, Hermione. –ele disse voltando pra perto da garota. -Eu sei que vai acontecer, e você também sabe. Por isso se esforça tanto em fugir.

-Eu não.. eu.. –ela tentou dizer, mas como sempre, a proximidade com o loiro fazia com que ela perdesse todos os sentidos.

-E você se esforça de tal maneira..  -ele disse chegando mais perto ainda. -.. que chega a ser triste que todo esse esforço seja perda de tempo. –ele completou acariciando o rosto da outra.

E saiu andando, deixando, como sempre, Mione estatizada.