Pokemon Journey escrita por Espiador Multiversal


Capítulo 9
Capítulo 9 - Bittersweet Romance




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/362730/chapter/9

Não sabia bem o que pensar, mal sabia o que estava sentindo. Só sentia que queria a Kat sempre perto de mim. Não sei quando ou como isso começou, mas estava mais que feliz. Ficamos por muito mais tempo abraçados, sem dizer palavra alguma, apenas ouvindo a respiração um do outro. Era como se uma nova janela havia se aberto para nós, e tudo o que estava enterrado e que me recusava a ver veio a tona. Sim, tinha certeza, eu gostava de Kat.

Em algum ponto, Kat pegou no sono. Ainda parecia estar cansada. Observei ela dormir enquanto fazia mil perguntas a mim mesmo. Por que agora? O que eu fiz para ela me ver diferente?

Tenho talento de não conseguir responder minhas próprias perguntas. Então o que pude fazer foi acariciar os cabelos castanhos de Kat. Algum tempo depois, peguei no sono também, mas logo fui acordado por Kat. Ela me olhou com um olhar severo.

– Bom dia, Kat! - Soltei um sorriso bobo, talvez ainda mais doce que o de Lifa.

– Bom dia?

– É! Bom dia! - Não consegui resistir. - Agora entendo por que você se tornou uma Purrloin, dizem que ela é uma ladra…

– Que?

– Ladra de beijos!

Ela se aproximou… e deu uma cabeçada no meu nariz.

– Repita se tiver coragem, patinho feio!

– Aw! - Reclamei. - Você não precisa ser assim tão tsundere!

– Tsundere, você disse? - Seus olhos faiscavam.

Tentei parecer corajoso e me levantei, ficando a poucos centímetros dela. Mas a verdade é que só não me importava em ser espancado. Olhei com determinação em seus olhos e rebati:

– Miau, é isso aí!

Por um momento, vi um esboço de um sorriso, que logo se foi. Sem perder a postura, lançou-me um olhar malicioso, como se estivesse me induzindo a beijá-la. Me aproximei mais, mas do nada, recebi um tapa. Voei para a direita, e dessa direção, um joelho me atingiu no estômago. Para finalizar, ela socou minha testa, me fazendo cair para trás.

Ela se colocou por cima de mim e me encarou ainda com o olhar malicioso, digno de uma Purrloin.

– Pensei que a gente estava jogando Pokémon, não Street Fighter! - Falei, indignado com a quantidade de golpes desferidos em tão pouco tempo. Até onde eu saiba, Kat não fazia nenhuma arte marcial. E definitivamente não precisava.

Ela ignorou me comentário.

– Tsudenre, você disse?

Apenas fiz que não com a cabeça, para evitar ser espancado de novo. Ela soltou uma risada leve e seu rosto relaxou.

– Acho bom

E me beijou de novo. Kat caiu sobre mim, ainda em meio ao beijo. Como eu nunca pude perceber que gostava dela?

Talvez o jeito como Kat sempre me afastou me impedia de ver ela dessa forma. Mas agora não mais. Ela estava totalmente aberta para mim (no sentido romântico). Com os lábios colados aos meus, não tinha mais dúvidas.

Ela se levantou, meio sem jeito. Eu queria ela perto de mim de novo, mas ela se afastou. Sugeri tomar café na confeitaria novamente, e ela aceitou. No caminho, perguntei:

– Quando voltaremos para salvar Lugia?

– Não voltaremos

– Ué? Por que não? Não é sempre você que está animada até demais para ir?

– Não vamos mais. Já falei!

Sua voz estava séria. Ela não estava de brincadeira.

– Por que não?

– É perigoso, Leandro.

– Mas nós já conseguimos derrotar…

– Não - cortou. - Quando nós voltamos para cá, seu coração não batia mais. É perigoso demais.

Ela tinha razão. Meu coração quase havia parado. Felizmente havia alguém para fazer ele funcionar de novo. E foi exatamente isso o que disse a ela.

– Mas você não sabe o quanto me preocupou, sabe, Leandro?

– Se for para eu ser acordado cada vez que voltar ao nosso mundo por um beijo seu, vale a pena. - Nem eu sei de onde tirei tanta ousadia.

– Tudo bem, senhor bela adormecida, mas e se acontecer com nós dois?

Não tinha pensando nisso. A vida de Kat poderia estar em risco também!

– Tem razão… é melhor que a gente pare com essas brincadeiras…

Ela parecia ter ficado satisfeita. Quem precisa de Pokémon quando você já está vivendo um sonho na vida real? Eu que não preciso.

Aquele dia poderia ser dito como o melhor dia que tive em anos, passamos o dia inteiro em um parque. Kat sempre ficava presa dentro de casa, então foi bom ter variado. Aproveitei, mesmo tendo diversas perguntas dentro de mim. Ainda assim, Kat parecia um pouco estranha. Como se estivesse com um pé atrás.

– Bom, eu vou para casa - disse Kat.

– Ué? Não quer que eu fique com você hoje?

– Já estou bem, patinho feio

Realmente, muito estranha… Resolvi dar o espaço que ela queria. Também precisava pensar sobre o que estava acontecendo. Torneio Pokemon, beijo, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

Era pouco antes das dez da noite quando coloquei o GBA em cima da mesa do meu quarto e o observei. Pelo visto não iria mais pode entrar lá. Mesmo traíndo Lifa, eu não poderia colocar a vida de Kat em risco. Revivendo o beijo mágico entre nós, peguei no sono. Do mesmo jeito, não dormi por muito tempo. Fui acordado por um súbito Landro sendo sussurrado em meu ouvido.

Quando abri os olhos, vi Kat ao meu lado! Ela tampou minha boca com uma de suas mãos, me impedindo de gritar.

– O que você está fazendo?

Kat colocou seu dedo em frente à boca fazendo um sinal de silêncio e me puxou. Devia ser mais ou menos meia noite. Assim que saímos do meu apartamento, ela finalmente falou:

– Quero te mostrar uma coisa, cabeção

– E precisava invadir o meu apartamento?

– Melhor do que acordar seus pais, né? - Ela falou sem se virar.

Estávamos subindo as escadas em direção ao terraço. Ainda não sabia o que é que ela queria me mostrar. Entretanto, assim que chegamos, percebi o quanto valeu a pena ser acordado a essa hora da noite. O céu estava límpido e banhado de estrelas.

– É lindo! - Falei.

Kat sorriu com satisfação.

– Como você encontrou isso, Kat? Você geralmente só está com os olhos para a televisão e o vídeo game…

– Parece que tem alguma coisa me distraíndo

Entendi exatamente sobre o que ela estava falando. Ambos de nós virados para frete, eu a envolvi com os braços. Ela se virou e me abraçou com mais força que eu jamais imaginaria que ela teria.

– Eu nunca tive ninguém para abraçar assim - Kat falou em um tom baixo.

– Eu também não… - Mas então me dei conta de que ela não morava com os pais.Ela sim nunca teve ninguém. E foi então que eu resolvi perguntar. - O que aconteceu com os seus pais?

Ela interrompeu o abraço e se sentou, encarando o céu estrelado. Enquanto abraçava as próprias pernas, ela ponderou se deveria contar ou não. Eu estava curioso, mas não era por pura curiosidade que perguntei. Eu gostaria de entender de fato o que se passava com ela.

Assim que eu me sentei ao seu lado, Kat começou:

– Acho que eles nunca realmente me quiseram ter.

Eu ainda não tinha entendido direito, portanto, esperei que ela continuasse.

– Acho que fui indesejada, e ao invés de cumprir com as responsabilidades, eles fugiram para os Estados Unidos e não devem ter nenhuma vontade de me ver.

Aquele vomito de palavras frias e duras me indignaram. Ainda não conseguia entender como podem haver pessoas tão egoístas a ponto de abandonar a própria filha, ainda mais a Kat.

– Há quantos anos que você não vê seus pais?

Ela desviou o olhar do céu e olhou diretamente para mim. Mesmo com um sorriso fraco, seus olhos estavam aguados. Parecia estar desmoronando.

– Dez anos..Faz dez anos que não tenho família

Aquilo era suficiente. Encostei a cabeça dela em mim e falei:

– Isso é muito cruel. Mas você não tem com o que se preocupar mais. Você não está mais sozinha…

– Mentira. - Ela me interrompeu. - Se nem meus mais ficaram comigo, por que você acha que eu deveria acreditar que você…

E foi a minha vez de interrompê-la com um beijo. Seu rosto estava molhado com lágrimas. Talvez uma mistura de tristeza, alegria, resignação, eu não sabia ao certo.

– Eu sei porque você deveria acreditar em mim - apesar da situação difícil, eu sorri. - Porque Kat, eu te amo.

– O QUE?

Sorri novamente para assegurá-la que era verdade.

– Ninguém… ninguém disse isso pra mim… como assim?

Ela parecia estar confusa sobre o que era mais bonito: o céu estrelado ou o que estava sentindo. De um jeito ou de outro, ela parecia que ia explodir. Eu mesmo não sabia porque disse aquilo, só sabia que era verdade. Eu a abracei e ela retribuiu. Senti o cheiro familiar de pêssego vindo de sua pele, ela tomara banho não muito tempo antes.

– Pelo visto você não é um patinho tão feio assim

Pela primeira vez na vida, Kat estava feliz de verdade. Beijei-a novamente. Infelizmente, aquele era possivelmente nosso último beijo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pokemon Journey" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.