Já tinha se passado quatro dias desde o momento que Robert conheceu Merlin em um museu em Londres. A aparência e as histórias do velho mago encantaram Robert que é um apaixonado pelas lendas Arthurianas.

Na cabana no meio da floresta Robert parecia não se incomodar com a falta das modernidades com as quais estava acostumado. Ao invés disso, Robert parecia se divertir com cada momento como se fosse à coisa mais inusitada que aconteceu em sua vida.

Merlin também parecia gostar da presença do jovem rapaz. Ele não recebia ninguém em sua cabana há muito tempo, talvez desde as épocas das grandes magias e dragões. O velho mago vivia muito tempo sozinho por não ter se adaptado muito bem com a vida moderna que se desenvolveu em sua volta por várias décadas.

Os dois trabalhavam juntos na cabana. Robert aprendeu a corta lenha, arrumar calhas, passou a admirar as estrelas do céu já que no local não tinha luz e ele então passava grande parte da noite admirando o céu. Robert aprendeu a acordar cedo já que o velho mago gostava de acordar juntamente com o sol.

Merlin por sua vez aprendeu um pouco mais sobre as coisas modernas da vida como o celular, o gravador e percebeu que andar de carro não era tão ruim como ele achava. Em um determinado dia Robert resolveu ir até a cidade mais próxima para buscar alguns mantimentos e resolveu ensinar Merlin a dirigir o que quase estragou seu carro.

Os dois homens, de épocas totalmente diferentes, conviviam muito bem em meio à natureza e as histórias sobre Camelot.

Robert – Estou super animado para saber a onde vai dar essa história. Eu nunca poderia imaginar que o senhor era apaixonado pela Morgana.

Merlin – Eu? Quem disse isso?

Robert – Por favor, senhor estamos aqui há dias e já deu para perceber que estamos falando sobre a sua história.

Merlin – Não estamos não meu rapaz. Você deve estar com problemas nessa sua cabecinha. Deve ser esse aparelho estranho que você chama de telefone.

Robert – Eu já te disse que esse aparelho se chama celular. E é bem legal. Agora a única coisa estranha é o senhor estar vivo durante tanto tempo. Mas isso é irrelevante no meio de tanta história com dragões, fantasmas e bruxas.

Merlin – Bruxas não. Morgana era uma sacerdotisa. Tudo bem que tentou matar todos, destruir ir Camelot, mesmo assim ela era uma sacerdotisa da antiga religião que se perdeu ao longo de seu caminho e sinto que parte disso seja culpa minha.

Robert – Então você admite que essa história seja sua?

Merlin – Robert porque você não termina de cortar a lenha por que está ficando escuro e estamos sem lenha.

Merlin saiu andando pelo meio da floresta e foi parar em um pequeno riacho que corria ali perto e lá ficou sentado por algum tempo. Ele queria muito contar sua historia para o mundo, mas ele não esperava como essas lembranças de sua vida poderiam ter afetado tanto ele.

O inicio da noite correu bem. Robert percebeu o quanto Merlin parecia distante depois da conversa que teve com ele e resolveu ficar quieto e não mais falar a respeito.

E no meio do jantar Merlin resolveu puxar assunto.

Merlin – Então. Está boa a comida?

Robert – Sim senhor.

Merlin – Após o jantar podemos continuar nossa conversa.

Robert – Se o senhor quiser. Mas se quiser podemos deixar para amanhã. Não tenho pressa nenhuma.

Merlin – Eu gostaria de terminar. Apesar da saudade que isso tem me feito eu gostaria de terminar de contar minha história.

Robert levantou a cabeça e viu os olhos de Merlin. A cor verde tinha ficado com um tom mais melancólico e então Robert percebeu o quanto estava sendo difícil para o velho mago reviver todas aquelas emoções de seu passado.

Robert – Senhor Merlin, não precisamos fazer isso hoje.

Merlin – Não precisa se preocupar comigo rapaz. Eu já passei por muitas coisas e sei como controlar minhas emoções.

Robert – tudo bem. Então o que aconteceu com o triangulo Morgana – Merlin – Sefa?

Merlin – Rapaz não seja tão indelicado e mais ainda.. não pense maldade. Em minha época o respeito a uma dama era algo sagrado principalmente quando uma dela poderia matar com um piscar de olhos.

Após esses comentários os dois homens riram e a paz voltou a reinar naquela cabana no meio da floresta no interior de Londres. E com isso Merlin começou a contar novamente sua história.

---

Em algum lugar das montanhas do Norte, Morgana estava de pé andando de um lado para o outro dentro de um velho castelo no qual Beroun a levou assim que ela acordou.

Beroun – Minha senhora. Fico feliz em vê-la de pé. Aqui estão algumas frutas.

Morgana – eu não entendo. Eu sei que você já me explicou tudo, mas mesmo assim como eu sobrevivi?

Beroun – A Dochraid deu a vida dela pela senhora. Acho que isso é mais importante. E aqui nesse castelo será o inicio do seu reinado.  

Morgana – Você tem razão. Temos que pensar no que vamos fazer. Arthur está morto então Camelot deve estar fraca agora. Não é?

Beroun – Não senhora. Camelot está sobre o comando da rainha e dos seus cavaleiros. Ela está mais forte do que nunca. Todos os cincos reinos estão do seu lado. Com a vitória de Camelot todos os outros reis se sentiram na obrigação de jurar lealdade para a rainha Gwenevere.

Morgana – Ainda não consigo acreditar que a minha serva agora senta no meu trono. Gwen ela era tão amável e boa... agora é a rainha de Camelot. E Merlin? Algum sinal dele?

Beroun – De acordo com informações, o Merlin desapareceu após a luta, mas recentemente foi visto ao lado da rainha. Ainda mais agora que ela teve um filho.

Morgana – O que? Um filho?

Beroun – Sim, minha senhora. Camelot tem um herdeiro que nasceu exatamente no mesmo dia que a senhora acordou.

Morgana – Não acredito. Tudo que eu fiz foi em vão.

Beroun – Não se preocupe, vamos pensar em algo grande e impactante dessa vez. Vamos atacá-los de forma que seja a única.

Morgana – Com Merlin em Camelot tudo fica mais complicado.

Beroun – Nós sabemos quem ele é. Agora será mais fácil.

Morgana – Nada é mais fácil. Merlin é astuto ele sempre consegue se safar de tudo que eu faço.

Beroun – Eu ainda não entendo por que a senhora não o matou quando teve chance. Ele estava sem poder dentro daquela caverna, ele era alvo fácil. Por que a senhora apenas o prendeu?

Morgana – Achei que aquilo fosse o suficiente para paralisá-lo. Mas vejo agora que não.

Beroun – Enquanto a senhora foi condescendente com ele, Emmrys não pensou duas vezes em enfiar a espada em você.

Morgana respirou fundo.

Morgana – Beroun, eu sei o erro que eu cometi e isso não vai mais acontecer. Agora me diga Aithusa, onde ela está.

Beroun – O dragão branco? Nós não o vemos desde a batalha minha senhora.

Morgana – Será que ela está morta?

Beroun – Vou descobrir. E enquanto isso temo que pensar como iremos conquistar Camelot de uma vez por toda.

Morgana – Sim Beroun, vamos pensar bem o que iremos fazer, pois dessa vez será a última. Se Camelot não for minha ela não será de ninguém. Agora vou para o meu quarto preciso descansar e recuperar todas as minhas forças. Enquanto isso junte a quantidade de homens necessários. Precisamos de um bom exército.

Morgana subiu para parte superior do velho castelo que Beroun encontrou e transformou em um lar para a sacerdotisa.

Em seu quarto, Morgana se aproximou de sua cômoda no qual tinha uma jarra com flores colocada por um servo de Beroun. Morgana sorriu ao tocar na flor. E ela se lembrou de como Gwen sempre levava flores para ela todas as vezes que ela se sentia triste ou doente. Morgana se lembrou de um dia especifico quando Gwen chegou a seu quarto com algumas flores azuis e ao agradecer por elas, Gwen contou que tinha sido recolhido por Merlin.

Na época Morgana sorriu e sentiu seu coração acelerar ao saber que um rapaz tinha lhe mandado flores. Aquela atitude de Merlin fez com que Morgana passasse a olhar o servo do irmão de outro jeito e ela se viu encantada com cada sorriso do jovem.

Morgana ficou irritada com a lembrança e com apenas um olhar ela queimou as flores que estavam na cômoda. Após isso ela se deitou na cama. Tentou afastar de si a saudade que sentia dos dois. Ela não sentia tanta falta do Arthur e nunca pensava em Uther, mas Merlin e Gwen sempre estiveram em seus pensamentos. Talvez tenha sido por isso que ela não tentou matar Merlin quando ele estava indefeso dentro da caverna.

Mas ao mesmo tempo em que se lembrava dos bons momentos. Morgana se lembrava das duas vezes que Merlin não pensou duas vezes em tentar matá-la para salvar Arthur ou Camelot. Ela se lembrou das vezes que Gwen a traiu por causa do seu amor a Arthur. Todos amaram Arthur mais do que a amaram.

Nesse pensamento uma raiva incontrolável cresceu dentro da sacerdotisa da antiga religião. Uma raiva que fez em um piscar de olhos Morgana destruir um vaso grande que estava em seu quarto.

Morgana – Merlin e Gwen eu amei vocês e vocês me traíram. Eu juro que acabarei com todos vocês de uma vez por toda.

---

Enquanto isso em Camelot. O herdeiro, o pequeno Arthur tomava todo o tempo de Gwen. Mesmo com a ajuda de Sefa a rainha não ficava um minuto longe do bebê. Enquanto isso, Merlin se divida entre os afazeres como conselheiro real e, junto com Arthur e Gaius tentavam estabelecer uma forma de ir até as montanhas do norte sem levantar suspeita da rainha.

Em uma manhã bem cedo Gwen já estava de pé com o filho quando Sefa chegou....

Gwen – Bom dia Sefa como vai?

Sefa – Vou muito bem senhora. E como vai esse bebê lindo?

Gwen – Acordando muito cedo como sempre.... ele chorou e mamou a noite toda. Ele é tão dengoso quanto o pai dele foi.

Sefa – A senhora conhecia bem o rei... certo?

Gwen – Sim. Minha família veio para Camelot quando eu era bem pequena. Arthur brincava muito com os meninos da vila as escondidas de Uther. E eu sempre o via choramingando quando perdi na brincadeira. Ele era muito manhoso e com isso todos deixavam o ganhar em tudo.

Sefa – Esperamos que esse jovenzinho não seja assim né?!

Enquanto Sefa pegava o jovem príncipe para dar-lhe banho, Gwen resolveu tocar em um assunto que Sefa parecia evitar.

Gwen – Então Sefa, você estava aqui quando Merlin me ajudou?

Sefa – Sim senhora. Eu não deixaria à senhora sozinha.

Gwen – então você viu o que Merlin fez. E deve ter perguntas.

Sefa – Eu tenho perguntas sim, mas não sobre o que eu vi. Merlin é um rapaz especial e eu sempre soube disso. Ele não precisa me explicar nada sobre o que ele fez.

Gwen – Então qual seria sua pergunta?

Sefa – O que toda menina quer saber. Se o rapaz que ela ama a ama também. Sei que parece meio supérfluo, mas essa resposta é a única que eu queria ter.

Gwen – Merlin é realmente um rapaz especial com um dom especial. Só que meio desajeitado quando se trata de garotas.

Sefa – Eu não sei se é só isso. Parece que toda vez que chego perto dele, sinto que ele se afasta. Não que ele seja grosseiro ou algo assim. Ele só parece ficar distante quando estou perto. É como se ele estivesse ligado a alguém que não consegue esquecer.

Gwen – Eu entendo o que você está dizendo. Durante um tempo eu também fiquei com essa duvida sobre Arthur. Ele teve algumas boas candidatas a rainha e eu realmente fiquei com medo que ele não me amasse tanto quando dizia.

Sefa – Ai é que está o problema, Merlin nunca disse que me ama. Ele sempre diz que gosta de mim, que se sente bem ao meu lado. Mas nunca disse “eu te amo”.

Sefa se sentou em uma cadeira após deixar o pequeno príncipe no berço. Seus olhos estavam em lagrimas. Ela realmente amava Merlin e estava disposta a tudo para ficar ao lado dele. Gwen tentava de alguma forma confortar a jovem.

Gwen – Merlin é uma caixinha de surpresa. Eu o conheço há bastante tempo e sei o quanto ele pode parecer um pouco confuso, mas ele é um homem honesto com tudo e com todos. Se ele está com você é por que de alguma forma ele gosta de você. Ele jamais ficaria ao lado de alguém que não gostasse.

Sefa – Eu sei. Ele parece sincero ao dizer que gosta de mim. Eu queria muito saber quem pode ser essa mulher que o faz se afastar.

Gwen – Não pense nisso. Pense apenas que você está ao lado de alguém especial que tenho certeza que gosta muito de você. Tudo bem?

Sefa limpou algumas lagrimas de seu rosto e acenou positivamente com a cabeça.

Sefa – Preciso ir. Mas não se preocupe eu não vou desistir do meu lindo mago de mãos iluminadas.

Sefa saiu do quarto e seguiu para os seus afazeres.

No quarto, Gwen brincava com o pequeno príncipe quando sentiu a presença de Arthur.

Gwen – Sei que você está aqui. Espero que esteja gostando de ver nosso meninão. Eu sinto que ele pode te ver da mesma forma que Merlin, menos eu. Ainda não falei com ele sobre isso, não me sinto bem perguntar isso a ele depois do que fez por mim e nosso bebê. Mas eu gostaria muito de poder te ver sentir seus abraços de novo.

Arthur estava parado ao lado do berço do filho. Ele também queria esta com Gwen. Ele também queria abraça - lá, beijá-la, mas Arthur sabia que isso nunca mais seria possível. Doía muito, mas ele precisa se afastar dela. Ele precisava aceitar de alguma forma que o seu amor não mais poderia ser real.

--

No quarto de Merlin... o jovem mago leva um pequeno susto com a presença do velho amigo que estava sentado ao lado de sua cama.

Merlin – O que você está fazendo aqui?

Arthur – Sabia que você fala quando dorme. E parece que você sonhou com Morgana... de novo.

Merlin  - Do que você está falando e como assim de novo? Você anda me espionando quando eu durmo.

Arthur – Relaxa Merlin. Sou um fantasma e com isso não durmo o que me faz ficar sem o que fazer. Mas se eu fosse você tomava cuidado. Se a linda Sefa ouvisse o que eu ouvi, você estará com grandes problemas.

Merlin – Certo Arthur, minha relação com Sefa não é da sua conta. O que você está fazendo aqui a essa hora da manhã?

Arthur – Você tem razão seu romance não é da minha conta, mas Sefa está sofrendo, ela acredita que você não a ama e que, de alguma forma existe outra pessoa na sua vida. O que o seu sonho de hoje comprova isso. Segundo precisamos resolver o assunto Morgana.

Merlin – Eu sei. Eu tenho pensado muito nisso. Mas se sairmos Gwen saberá que algo está errado.

Arthur – Eu sei, mas precisamos resolver isso logo.

Merlin – Por que a pressa?

Arthur – Assim que tudo isso tiver resolvido e que eu tiver certeza que Gwenevere e o bebê estejam bem eu irei voltar para onde não deveria ter saído.

Merlin – Você quer deixar Gwen?

Arthur – Aqui não é o meu lugar Merlin. Você tinha razão. Gwenevere precisa de alguém mais real para cuidar dela e do bebê.

Merlin – Primeiro Gwen não precisa de ninguém para cuidar dela. Mas por que essa decisão agora?

Arthur – Eu a desejo mais que tudo Merlin. Estar aqui e não poder abraça-la, beijá-la é difícil demais e tem sido difícil para ela também. Eu sei que ela está sofrendo tanto quando eu. E eu não posso mais vê-la dessa forma.

Merlin – Realmente mesmo morto você continua sendo o mesmo. Seu amor por Gwen é algo incrível. Eu vou fazer de tudo para resolver a questão com Morgana o mais rápido possível. Sei que Gwen não irá gostar de sua decisão, nem mesmo eu. Mas é melhor assim.

Arthur – Antes de se dedicar a luta final com a minha irmãzinha. Resolva a questão com Sefa. Ela realmente te ama... Sei que você ama minha irmã, mas Morgana não é mais a menina que você conheceu. Sefa deve ser sua escolha agora. Eu quero muito que meu irmãozinho seja feliz.

Merlin – Sou seu irmãozinho agora?

Arthur – Sim, mas não se acostume com isso.