Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 8
Mendigo


Notas iniciais do capítulo

Xô preguicinha... Voltamos a ser meninas trabalhadeiras!



Aqui está mais um capítulo de Wake,também atualizamos Rehab e acabamos de postar uma Oneshot SasuXSaku para o dia dos namorados "Valentine's Day" ... Espero que leiam e gostem!

Capítulo dedicado à Uzumaki Rose, que recomendou Vigaristas; Obrigada querida, nós amamos!


Boa Leitura!



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Que isso, Sasuke, deu para ter sonhos eróticos agora é?

Que se dane!

Ninguém mandou essa fulana vir dormir de conchinha comigo em meus sonhos.

De olhos fechados, apenas apreciando o perfume dela, fui subindo minha mão por sua perna e me pus a beijar seu pescoço. Ela se remexeu então pude me deitar sobre ela, capturando seus lábios...

E que lábios!

Estava ficando empolgado, e quando encontrei a barra do pano que a vestia, tirei de uma vez, aprofundando ainda mais os beijos enquanto sentia aquele corpo delicioso se movendo embaixo do meu...

Eu disse se movendo?

Bem, talvez espancando fosse à palavra mais adequada.

— Pare já com isso, Sasu... — meti minha língua dentro da boca dela, deslizando minhas mãos pelos contornos apetitosos da pele macia. — Saia de cima de mim! — reclamou a mulher mais chata de todos os sonhos que já tive!

 Qual parte do "todas me querem" ela tem dificuldade em compreender?

— Shiiii... Quietinha aí. Não vou acordar agora, preciso terminar este sonho! — resmunguei voltando a beijar o pescocinho cheiroso dela.

— Acontece que você não está dormindo, isso não é um sonho! Sou eu doutor, sua... Sua paciente, Sakura Haruno! — disse fazendo-me abrir os olhos imediatamente.

Então me afastei, sentando-me na cama, podendo ver que eu realmente estava agarrando a professora, que estava apenas de lingerie preta à minha frente.

 Ela se apressou em puxar um lençol se cobrindo, e então sem saber onde enfiar a obra de arte da minha cara, arrisquei as primeiras palavras.

— Eu... Eu... Bem, eu não tinha a intenção de fazer isso. Me desculpe.

— O que está fazendo na minha cama, doutor? — perguntou levantando o rosto avermelhado. Se por raiva ou vergonha não sei, mas que havia um tom acusatório ali, isso tinha.

— O que acha? Uma professora me chamou para ficar vinte e quatro horas sem dormir e qualquer ser humano nestas condições apagaria na primeira que visse, não achas? — retruquei sarcástico.

— Você é um sonâmbulo pervertido e miserável. E só vou te perdoar porque está me tratando de graça. — disse emburrada. — O banheiro é ali. — apontou a sua esquerda.

 Então me levantei indo até lá. Quando terminei de usá-lo e abri a porta, dei de cara com ela batendo o pé, como se eu tivesse demorado demais.

Ela estava irritada?!

Cara feia para mim é fome.

Enquanto a marrentinha entrava batendo a porta, fui até sua cozinha, sentindo um orgulho pessoal por ver o quão bem abastecida estava. Então peguei alguns ingredientes a fim de preparar algo para comermos.

— Que cheiro é este? — perguntou a professora escorada na entrada da cozinha. Ela usava uma blusa verde escura e o short jeans que eu havia segurado em minhas mãos no dia em que invadi sua casa.

Parecia-me melhor nela.

— Panquecas. — respondi vendo-a franzir o nariz numa careta que particularmente me alfinetou. — O que é? Está duvidando de meus dotes culinários? — perguntei ofendido.

— Não gosto de panquecas.

— Panquecas de queijo?

— Eca! — resmungou colocando um dedo na língua, simulando ânsia de vômito.

Então peguei uma panqueca pronta indo até ela, que ao perceber minha intenção se pôs a correr pela casa. Consegui encurralá-la no corredor prensando-a na parede e fazendo cócegas para que abrisse a boca, e enfiei um pedaço goela abaixo, vendo sua expressão suavizar-se ao mastigar.

— Isso é incrivelmente... Delicioso! — disse ao olhar o restante em minha mão. Mas é claro que eu dei as costas me livrando dela e indo até a cozinha. — Vamos doutor, me deixe comer... — implorou e como sou um poço de bondade, deixei que tomasse o café da manhã com minha iguaria.

Fiquei sentado ao seu lado vendo-a pôr uma mexa de cabelo atrás da orelha e folhear o jornal com uma ruguinha entre as sobrancelhas.

— O que está vendo professora?

— O colunista da semana... — contou sem desviar os olhos do jornal.

— O que diz ai? — perguntei interessado.

— “Se você tem comida em sua casa, roupas para vestir, um teto sobre sua cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que 75% do restante das pessoas do planeta. Se você tem dinheiro no banco e na sua carteira alguns trocados, você está entre os 8% mais ricos do mundo. Se você acordou esta manhã sentindo-se mais saudável do que doente, você tem mais sorte do que um milhão de pessoas que não sobreviverão a esta semana. Se você nunca passou pelos perigos de uma guerra, a agonia da prisão ou da tortura ou a horrível sensação da fome, você tem mais sorte que 500 milhões em todo o mundo que estão sobrevivendo e sofrendo. Se você pode ler esta mensagem, você é mais afortunado do que três bilhões de pessoas no mundo que não sabem ler.” — Terminou de ler encontrando meu olhar. De fato, aquilo havia lhe sensibilizado, quando iria abrir a boca para lhe dizer algo à campainha tocou.

Deixou o jornal de lado e levantou-se para atender, e eu a segui. Era o meu camarada, o síndico, que assim que me viu aparecer atrás de Sakura, deu um sorriso fazendo um jóinha com a mão em aprovação, como se eu estivesse feito outra coisa além de apenas dormir na mesma cama que ela — Ok, houve uns amassos também, mas foram inconscientes! —, imediatamente devolvi-lhe o cumprimento... Vai entender o povo deste prédio!

— Síndico? O que faz aqui? — a professora perguntou encabulada.

— Esqueceu mais uma vez? Hoje é a reunião de condomínio! E nem adianta inventar uma desculpa porque eu vim pessoalmente te buscar. — Sai disse numa bronca e puxou a professora pelo braço, que no embalo me puxou também me levando consigo, exterminando minhas chances de fugir da reuniãozinha chata.

Fomos ao saguão onde estavam todos os moradores sentados, cumprimentei a vizinha ruiva que se sentava na primeira fileira com um bloquinho de papel e caneta em mãos, ela fez jóinha pra mim quando percebeu que a professora agarrava meu braço.

 Sakura recebia olhares surpresos dos moradores que cochichavam entre si pelo fato dela finalmente ter saído do apartamento, estar com uma aparência bem mais agradável, e é claro, o homem bonito que a acompanhara óbvio.

Sentamo-nos nas cadeiras mais ao fundo; assim que o síndico danou-se a falar e eu na condição de um intruso ali, foquei-me numa coisa bem mais interessante no momento — as pernas desnudas e torneadas da minha paciente sentada ao meu lado.

Epa, mas o que significa isso, Sasuke? Agora deu para ficar olhando para pernas do seu trabalho?

Pisquei algumas vezes voltando a olhar para o síndico feioso e pálido.

—... Então é isso, pessoal! Alguém tem alguma reclamação a fazer? — perguntou e imediatamente Karin levantou o braço insistente, querendo falar.

Devo acrescentar que essa não foi a primeira vez que ela levantou a mão tentando se pronunciar, sendo completamente ignorada pelo síndico. Além de olhar as pernas da professora, eu contei, foram exatamente cinquenta e cinco vezes!

Sai novamente a cortou, voltando a falar.

 — Ninguém? Tudo bem então... Agora vamos fazer a votação para saber quem vai anotar e me informar sobre o que precisar ser melhorado no prédio e novo monitor. Alguém se habilita? — perguntou e todos os outros moradores se entreolharam negando com a cabeça. O fato é que aquilo tudo era muito chato, por isso que ninguém queria...

Bom... Ninguém, ninguém também não.

 Obviamente a vizinha ruiva tinha que se oferecer só para ser ignorada novamente.

E olha que é dificílimo ignorar alguém com tantos dotes de comissão de frente e traseira, se é que me entendem.

Certamente a vitória seria da ruiva insistente, pois não havia outros competidores, mas a ex miss preguiça ao meu lado surpreendeu a todos esticando suas belas pernas e se candidatando também, e eu não preciso dizer que ela ganhou de lavada, né?

Lógico que não!

 Ela fez questão de atazanar minha vida começando imediatamente o novo cargo de x-9 do prédio, e anotando o que ela queria que fosse melhorado.

— Não gostei dessa planta, ela me faz espirrar e por causa do espirro eu tomo Polarin, e por causa do Polarin, eu desabo de sono, e se eu desabar de sono não vou aproveitar a vida... Vou fazer uma notificação para o dono retirá-la do corredor. Isto é um absurdo! Onde já se viu atrapalhar a vida dos moradores desta maneira?! Tsc! — Sakura disse analisando a pobre planta. O que não foi de total inutilidade, pois aquilo havia me dado uma grande ideia.

— O que acha de aproveitarmos esse seu espírito de mudança e realizá-lo dentro do seu apartamento? — sugeri, lembrando-me do tanto de coisas inúteis que ela armazena ali, e que poderiam muito bem ser jogados no lixo.

— Até que não é uma má ideia... Estava querendo mesmo me desfazer de algumas roupas, doar...

— Aqueles trapos de velha que você usava? Fará um favor a humanidade se você queimá-los! — disse incentivando-a; e é claro que a raça masculina vai aplaudir de pé por não serem privados de uma mulher como está escondida naqueles trapos de cortina.

— Tudo bem... Mas só se você fizer mais panquecas. — condicionou e eu ri internamente, pois sabia que ela se renderia aos meus encantos.

Tá, tá... Aos meus dotes culinários, enfim...

Quando já não conseguíamos mais abrir os olhos de tanta poeira que havia subido daquele lugar, Sakura e eu decidimos descer para jogar fora o que não havia sido encaixotado para a doação.

Havíamos separados três boas remessas de coisas completamente inúteis que a maluca guardava ali, e quando eu determinava que estava na hora de se desfazer de algo, ela dizia: " Não jogue fora essa tampa de caixa de pizza, posso precisar dela doutor!". Só não respirei fundo para buscar paciência porque se não minhas narinas ficariam entupidas por tanto pó.

Abri as janelas e segurei os sacos de lixo enquanto ela me dava uma boa ajuda ao apertar o botão para que o elevador subisse e checava seus e-mails pelo celular. Tsc!

Grande ajuda, hein professora!

Pelo caminho escutei alguns moradores se perguntando se a ela estava de mudança, e de uma maneira diferente conclui que sim — A professora estava mudando, interiormente.

Ainda meio zangado por estar sendo escravizado e servindo de mucamo para ela, joguei os sacos na calçada para que o lixeiro os apanhasse, uma vez que o cesto já estava transbordando; quando ouvimos um grito de protesto saindo em meio aos sacos.

Cheguei à conclusão de que havíamos jogado um defunto fora quando vi a professora vasculhando desesperadamente os lixos em busca do cadáver. E depois de espalhá-los para todos os lados, eis que me surge à figura maltrapilha e fétida em meio aos amontoados de coisas inúteis...

 Um mendigo.

— Oh, desculpe, desculpe, desculpe, desculpe, desculpe... — dizia a professora como se a quantidade de pedidos de desculpas pudesse alterar o fato de que o atolamos com lixo.

— Por que está me pedindo desculpa, moça bonita? Eu... Eu sou um lixo! — disse o andarilho livrando-se de uma casca de banana grudada em seu ombro. — Quem se importa com a minha existência? Talvez devesse morrer de uma vez! Malditos anticorpos que não me deixam morrer! — resmungou, enquanto os olhos da professora enchiam-se de água ao fitar aquele ser a sua frente.

— Não diga isso, seu...

— Mendigo!

— Seu mendigo, não diga isso, isso não é verdade! Este homem aqui se importa. — disse ela ao apontar para mim. É, para mim.

PARA MIM???????

— Ele tem cara de riquinho.

— Nem tanto, só dirige um BMW, mora numa cobertura e não cobra pra me tratar. Ele se importa com a vida, me fez acreditar que ela é valiosa e quer saber? Eu sou a miserável aqui... Tenho menos de três meses de vida! E você está aí... Não tem absolutamente nada, mas é rico porque que tem vida em abundância. Você é bem melhor que eu, seu mendigo. — Sakura declarou fazendo com que minha boca se abrisse e a do mendigo se estendesse numa coleção de dentes podres. Ele se sentiu importante. — Venha... Tenho algo para você. — disse Sakura ao seguir para a entrada do prédio, eu e o mendigo a olhamos incertos.

Ela estava mesmo convidando um morador de rua para entrar em seu apartamento recém faxinado?

Sim.

— Andem logo os dois. Não me façam chamar novamente! — disse sendo seguida por nós dois.

Pelo caminho todos escondiam suas bolsas e narizes. O síndico deu um jóinha para nós, enquanto eu lhe lançava um olhar de "chame a polícia", mas ele apenas não pareceu ver que a visita de Sakura era um morador de rua!

Não precisava ser nenhum gênio para saber que eu, Sakura e alguns moradores, estávamos numa competição forçada de quem ficaria mais tempo sem respirar dentro do elevador fechado. O primeiro participante a desistir foi o do terceiro andar. No quarto já tinham uns dois desmaiados, e no andar da professora, estávamos ambos na cor roxa, morrendo por insuficiência de oxigênio puro.

Quando entramos no apartamento, Sakura seguiu rapidamente até seu quarto, enquanto eu e o seu mendigo aguardávamos na sala.

 Esperta, correu para respirar no cômodo cujas partículas de ar ainda não foram infectadas pelo vodu do nosso amigão aqui. Tsc!

Ela voltou com um lençol em mãos, estendendo-lhe no chão da sala.

— Sente-se aí, seu mendigo. — pediu e esticou-se para pegar um spray na estante, borrifando em volta do andarilho que danou a tossir e espirrar.

Lancei um olhar interrogativo a ela.

— "Spray bom ar". É só para garantir que o mau cheiro do meu apartamento não vá te incomodar seu mendigo. — explicou. Uhum!

— Casa bacana, hein moça bonita. — comentou o mendigo apreciando a casinha da professora. Também pudera ele achar isso mesmo, estava acostumado com os acabamentos de papelão. Tsc!

— Você acha? Prefiro a do doutor Sasuke. — ela disse e eu rezei pra ela não marcar uma visita com ele na minha casinha cheirosa. — Quem sabe não vamos até lá um dia?! — sugeriu a maldita.

— O que são aquelas coisas ali? — perguntou o mendigo vendo as caixas que eu e a professora mandaríamos para a doação.

— Bem, são algumas coisas que estou me desfazendo... São todas tuas, seu mendigo.

— Jura? — perguntou abismado e ela acenou com a cabeça. E ele começou a franzir o nariz, detectando algum cheiro como um cão farejador.

— Que cheiro é este? — perguntou.

Qual? O do seu cheiro de chulé? O de bunda? Ou de gambá morto?

Melhor eu ficar quieto.

— Oh são as panquecas do Sasuke! Vou buscá-las para você. São divinas, seu mendigo!

— Oh não, não, não... Não gosto de panquecas!

O que temos aqui? Um mendigo que não deve comer a meses com um gosto bem requintado, afinal não comeria qualquer coisa não é mesmo? Humf!

— Espera aí que eu vou buscar. — disse Sakura indo à cozinha e voltando com o prato. — Dessas aqui você vai gostar! — entregou ao mendigo que comeu de mal grado, mas ao ir mastigando suavizou a expressão e não sei quando foi ou como aconteceu, mas de repente não havia mais nada naquele prato.

Ele se ajeitou, deu uma boa coçada na cabeça, e pude ver sete espécies de piolho diferentes ali, com certeza era um seguidor do Bob Marley. Ao levantar-se eu e a professora olhamos para aquele lençol, teríamos de botar fogo naquilo.

— Poxa, vocês foram muito legais, sabiam? Valeu mesmo. Não é qualquer um que faz o que vocês fizeram, gente boa!

É mesmo? Tsc!

— Acho que vou indo. Tenho uma caminhada marcada pra daqui a pouco, melhor não me atrasar. É preciso cuidar da saúde e este apartamento aqui não me deixa respirar muito bem, mal posso me esticar! As panquecas estavam ótimas, só tentem fazer mais da próxima vez, não consegui me satisfazer totalmente. E sem querer abusar, será que podem me dar uma mãozinha para levar estas coisas que você me deu, não hein? É que tô com uma dorzinha chata aqui na junta, o concreto da sua calçada não é dos melhores para tirar um cochilo, enfim... Vou procurar outro lugarzinho.

E assim nos despedimos do Seu Mendigo, que lançou um sorrisinho podre para nós e seguiu seu rumo.

Ambos ficamos em silêncio olhando o mendigo ir embora, vendo-o derrubar o boné encardido no chão e abaixar para pegar nos dando a bela visão do seu rabo peludo. Com um pouco de desconforto, mudei a direção do olhar para Sakura que estava reflexiva e linda, com os cabelos levemente esvoaçando-se ao vento.

Ela havia quebrado mais uma barreira, havia se compadecido se preocupado com alguém além dela própria e começava a entender o valor da vida.


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Notas finais do capítulo

Responderemos à todos os maravilhosos comentários!


Não deixem de conferir nossa Oneshot...

Aqui está o link: http://fanfiction.com.br/historia/376559/Valentines_Day/


E ai??? O que acharam???

Comentem!