Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 4
Insistência


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Obrigada pelos comentários anteriores *--*
Boa- leitura!



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E de todas as reações que imaginei, o abraço desesperado que Sakura me deu não era bem o que eu aguardava.

Podia sentir não só o seu soluçar dentro do peito em meio ao choro silencioso, como também as lágrimas molhando meu ombro. Sentindo-me um intruso e completo impotente, consegui lhe abraçar, tentando de alguma forma lhe dizer com o gesto de que tudo ficaria realmente bem.

 Aos poucos a professora foi se acalmando e retrocedendo na proximidade, enxugando as lágrimas de forma exacerbada, como se tivesse sido um grande erro ter se mostrado abalada diante da notícia.

— Exijo que o resultado destes exames morra aqui, entre nós três. — disse com a voz embargada, apesar de ter a certeza de que ela gostaria que pudesse soar firme. — Nada de família, ou amigos... Ninguém precisa saber que existe um tumor comendo meu cérebro. E se já não me resta nem mesmo a possibilidade de uma quimioterapia, somente alguns míseros contados dias, já pode me dar alta, Naruto.

E eu não podia discordar da decisão da professora, muito pelo contrário, torcia mentalmente para que ela não enrolasse quando soubesse do diagnóstico querendo fazer exames em outro hospital, querendo a quimioterapia, uma cirurgia, ou que colocasse parentes no meio que a fizesse procurar outros médicos, ouvir segundas opiniões...

 Enfim, rezava para que ela não tivesse nenhuma atitude ousada para me ferrar e acabar com essa farsa.

E para o seu próprio bem, não poderia esquecer de que tudo era em benefício dela mesma, ela acreditou.

Sem mais delongas, Naruto lhe deu alta e prontamente me ofereci para dar uma carona. Já sabia de sua recusa, mas desta vez não havia outra escolha, já que era madrugada e os ônibus provavelmente não estavam mais em circulação.

Coloquei a agenda dela dentro do porta-luvas antes que ela entrasse no carro. Não estava mais nos meus planos devolvê-la imediatamente. Antes disso, precisava analisá-la a fundo para tomar qualquer decisão... Aquilo me era útil demais para devolver tão depressa.

Assim que a professora entrou, pedi seu endereço para colocar no GPS, depois segui com o carro para o destino. Liguei o ar condicionado para deixar o ambiente mais agradável, e pensei até em ligar o som também, mas como não sabia o estilo musical dela, preferi perguntar até mesmo para quebrar o silêncio, descontrair o clima, sabe?

Queria conversar e poder conhecê-la mais, já que no momento eu sou tudo o que ela precisa...

Mas mudei de ideia assim que abri a boca e olhei para o lado. Tsc!

Como havia me esquecido disso?

Estavam ali presentes os fatores mais importantes na vida daquela professora, creio eu. Um lugar aconchegante e fofo (o banco do meu carro), mais a temperatura ambiente agradável, a pouca luz e o silêncio...

 Juntando tudo isso, vemos a professora dormindo com a cabeça tombada no vidro do carro. Ótimo!

 Desconfiava até que Naruto lhe dera algum calmante, mas seria inocência de minha parte achar alguma desculpa para o sono da professora, que certamente era uma doença crônica.

Em pensar que no mundo todo há pessoas com problemas de insônia... Certamente aqui em minha frente está a solução!

Se há quem acredita que viemos dos macacos, acredito que Sakura é a evolução das preguiças.

A preguiçosa só veio a despertar, quando dei uns dez cutucões dos bons em seu ombro. Se não soubesse que sua doença era mentira, diria que ela já tinha partido dessa para melhor.

 Quando aos poucos foi despertando, ela simplesmente pegou sua bolsa, abriu a porta e desceu do carro, fechando-a a seguir. Simples assim.

 E quando é mesmo que eu ouvi seus agradecimentos pelo apoio no hospital e a carona?

Se não me falha a memória foi... Nunca!

Pois é, trataremos da questão da gratidão e da educação também, mas agora me veio à cabeça de que precisamos nos despedir.

Talvez ela não tenha agradecido por estar esperando eu acompanhá-la até seu apartamento. A rua pode ser perigosa, e há vários casos de arrastões em prédios (apesar de que se eu fosse um bandido não roubaria este), e eu sou um cavalheiro.

Talvez ela esteja com vergonha de me alugar por mais tempo... Talvez, apenas talvez, eu seja cara de pau.

 A professora não me convidou a segui-la, mas também não desconvidou, oras!

Desci do carro alcançando a professora que me encarou como se estivesse tentando se lembrar de quando foi que me convidou para acompanhá-la. Sorri, fingindo não fazer noção de seus pensamentos.

— Estou apenas me certificando de que não cairá no sono dentro do elevador... — disse e ela revirou os olhos. Bom, não preciso ser um vidente para saber que ela pega elevador mesmo que more no primeiro andar, não é?

Sakura acabou não me respondendo, apenas continuou andando. Dava para notar que ainda estava digerindo sobre a doença.

 Sua expressão era bastante abalada, imersa em pensamentos, e eu queria muito puxar conversa pra entretê-la, mas se tem uma coisa que funciona quando você está na dúvida é o silêncio.

Passamos pelo porteiro que roncava igual a um porco com a boca aberta e braços cruzados, fomos direto para o velho elevador. A professora ainda me deu mais uma olhada, que estava mais para um "você ainda tá aqui?", e eu fingindo não perceber entrei no elevador postando-me ao seu lado.

Subimos até o sétimo andar onde as portas se abriram, e eu a segui para direita até o seu apartamento, quando ela parou para verificar a bolsa e os bolsos a procura de sua chave.

— Droga! Deve ter ficado no meu fusca! Mas eu jurava que tinha colocado na minha bolsa... — resmungou, e eu não podia contestá-la, já que realmente suas chaves estavam dentro da bolsa.

Passei a mão no bolso da minha calça percebendo que suas chaves haviam sido teletransportadas para ele, e quando pensei em devolvê-las, a professora continuou.

 — Ainda bem que eu me preparei para uma situação como esta... Sempre deixo uma cópia escondida embaixo do tapete. — ela disse abaixando-se. Levantou o pequeno tapete e tirou uma chave dali, depois se virou para mim.

— Obrigada pela carona, Doutor. Creio que ficaria horas esperando um ônibus aparecer se não fosse por você... Odeio ônibus! Mesmo acertando minha bolsa na cabeça de uma pessoa que está sentada, ela não se oferece para segurá-la ou me dar seu acento... — ela disse ao abrir a porta e eu sorri.

Ia lhe dizer alguma coisa, mas quando dei um passo à frente, senti uma dor no nariz, pois ela havia batido a porta na minha cara, sem nem ao menos me convidar para um café, nem por educação.

Tem pessoas que agem naturalmente e se tornam insuportáveis!

Sou merecedor de um grande prêmio por aturá-la e ainda querer ajudar...

E por que não a viagem para o exterior assim que provar a minha tese com essa professora?

Ah, isso revigorava meus ânimos, eu precisava dela!

Dei três toques na porta e a mal criada não atendeu. Fui obrigado a tocar a campainha e...

Nada!

Qual é?

Ela não vai me atender?

Apertei a campainha insistentemente, sem dar sossego até que ela abriu a porta bruscamente, olhando-me como uma assassina.

— Mas que inferno! O que quer, doutor? — perguntou furiosa.

— Temos assuntos pendentes...

— Não. Se. Atreva! Esqueceu-se do nosso combinado? Aquele assunto já está morto e enterrado, se é que pode me compreender...

— Teu segredo está mais bem guardado do que você imagina, mas vai contra meus preceitos ser negligente e te deixar sem nenhum tratamento, por isso começaremos amanhã! — anunciei.

— Quê? — perguntou indignada e logo riu com sarcasmo. — Não mesmo! Se me permite ter algum direito de escolha nessa vida, é que simplesmente me deixe passar meus últimos momentos da maneira que eu quero, ok?!

— A maneira que você quer, não é a melhor!

— Quem pensa que é para me dizer isso?

— Doutor Sasuke Uchiha, seu psicólogo.

— Não mesmo. Dê o fora, tenho muito que fazer e está me atrapalhando... — Sei!

— Mude de ideia ou eu não saio daqui... Estou disposto a não te deixar dormir. — ameacei e seus olhos desta vez ficaram verdadeiramente malignos.

— SAIA JÁ DAQUI! — esperneou quando a porta ao lado se abriu, surgindo dali uma mulher esbelta de cabelos vermelhos e bagunçados que esfregava os olhos ao nos encarar.

— Acordada a essa hora? — perguntou a ruiva encarando o pulso sem relógio, e em seguida a professora com sono e surpresa. — E não é que milagres existem mesmo? — disse sorrindo, dessa vez me notando ali também.

— Desculpe, senhorita...

— Karin.

— Minhas desculpas, senhorita Karin. Percebo que acabamos te acordando, só estou tentando convencê-la de que não sou tão mal psicólogo assim...

— Mentira que você está namorando um psicólogo? Eu nem vejo essa mulher acordada, e olha que somos vizinhas de longa data! Sabe, doutor... Eu bem que estou precisando de uma consultinha. Desde que meu cachorrinho Spike morreu, eu não consigo ter nenhum outro bicho, não superei ainda...

— Posso te indicar algum amigo meu. Infelizmente não atendo mais em meu consultório. — respondi e ela fez um semblante compreensivo.

— Olha, está havendo um engano, este doutor não é meu..

— E se quiser, seu... — Karin disse interrompendo Sakura.

— Sasuke. — respondi.

— E se quiser, senhor Sasuke, pode entrar para comer uma bolacha, enquanto a Sakura decide se vai ou não aceitar o seu pedido de namoro. — a vizinha maluca disse, fazendo-me olhar para Sakura que estava prestes a engolir uma mosca com a boca aberta.

— E por que não? — murmurei interessado ao me virar, inclinando-me ao ouvido da professora antes de entrar no apartamento da vizinha. — Este é só o começo... Aceite logo antes que isso fique pior, e acredite... Pode ficar pior! — sussurrei e dei as costas entrando no apartamento de Karin.

— Já sei, já sei... Você precisa de ajuda com a Sakura! — disse a ruiva andando até a cozinha enquanto coçava os cabelos emaranhados.

— De certa forma... Sim. — disse ponderando. Toda e qualquer informação no momento me seria útil. — Por que não me diz o que sabe dela?

— Bom... — refletiu jogando-me um pacote de bolachas enquanto colocava café numa xícara. — Ela sempre chega atrasada nas reuniões do prédio que o síndico marca entre os moradores. Ela não costuma dar festas, e só a vejo quando está indo trabalhar, quando está colocando o lixo para fora, ou quando sou obrigada a pedir para tirar aquela lata velha do fusca dela da frente do meu carro. — parei com a xícara no caminho dos lábios refletindo sobre o que acabara de ouvir.

Quando finalmente daria o gole fui interrompido.

— NÃO! Não é para tomar o café... É para molhar a bolacha nele! — repreendeu-me como se eu fosse o esquisito.

Fiz o que ela praticamente ordenou, analisando sua expressão satisfeita.

— Bom, preciso de ajuda... Será que pode me avisar quando a ver entrando ou saindo do apartamento? É importante. — pedi vendo a expressão da vizinha ficando extasiada.

— Tipo... Uma detetive? Espiã? Agente secreto? Ai... Vou amar ajudar! — ela disse puxando-me para um abraço empolgado, mas assim que consegui desviar meus olhos que se alternavam no seu decote e pernas a mostra... Foquei-me na hora, percebendo que já estava muito tarde.

E por mais que eu quisesse saber sobre a professora, não queria incomodar sua vizinha tão tarde da noite, além do mais seria perda de tempo, pois não conseguiria me concentrar na professora e sim na ausência de panos da vizinha a minha frente.

Então tratei de agradecer o café com bolacha, lhe entreguei meu cartão e dei o fora do apartamento.

Assim que botei meus pés em casa, tomei um banho rápido e fiz um café. Depois, me permiti dar mais uma olhada na agenda da professora, considerando um bom avanço no meu conceito sobre a vida dela, ou a falta de "vida" na existência dela.

Digo isso pelo fato de apenas um dia poder dizer que ela não se dá ao trabalho de fazer absolutamente nada, mas ao olhar sua agenda vejo que estava um pouco errado...

 Sakura se dá o trabalho de fazer uma coisa sim, além de ser rabugenta!

Pasmem!

 Ela escreve tudo o que não vai fazer em sua agenda...

 Só não me pergunte de onde vem sua disposição para escrever. Talvez ela gaste o tiquinho que tem para escrever aqui, e olha que não é pouca coisa... Uma pequena parte de sua agenda é usada para escrever os lembretes de e-mails que a maluca pretende enviar, se já não o fez. Aqui estão alguns:

. Não me esquecer de mandar um e-mail para safra de café, reclamando que o extra-forte está fraco demais;

. Não me esquecer de mandar um e-mail para o supermercado reclamando que o garoto da entrega nunca trás meu troco de cinco centavos;

. Não me esquecer de mandar um e-mail reclamando do sistema de e-mails da escola, que raramente me são respondidos;

. Não me esquecer de mandar um e-mail para diretoria, pois o dono de um carrão roubou a MINHA vaga exclusiva no estacionamento;

Aqui é só uma amostra dos inúmeros lembretes idiotas de mandar e-mails da professora.

 Vem cá... Quem é que roubaria a vaga sabendo que é dessa professora insuportável? Em outra ocasião evitaria contato com esta professora.

 Quem é que manda e-mails para reclamar de um e-mail não respondido?

 Quem é que perde tempo com isso? Ah, sim, justo a professora que não perde tempo com nada!

 Isso porque eu nem me dei ao trabalho de ler o restante dos lembretes. Pulei para os telefones que me chamou atenção justamente por estar destacado por serem os números que ela não vive sem... Disk pizza, disk yaksoba, disk Help, disk de tudo o que você imaginar que possa existir e ser entregue em casa neste mundo.

 Sem falar no telefone da lavanderia, marcenaria, padaria, do mecânico, encanador, e mais um bilhão de números que eu cheguei a pensar que estava lendo uma lista telefônica com o número de todos os comércios da cidade!

Senti-me na obrigação de arrancar aquelas páginas, sabendo de todas as arvores sacrificadas para no fim virar aquele bando de inutilidade. Arranquei todas e me permiti escrever algumas coisas mais úteis e que fariam jus às pobres árvores.

Peguei uma caneta, anotando na parte em que ela havia detalhado o que iria fazer no momento e na hora certa, que na maioria das vezes eram linhas em branco, ou inventar alguma desculpa para um cochilo...

 E nos domingos? Ah, nos domingos...

 Estava escrito a seguinte frase "Nos domingos, deixo toda a ação aos encargos dos filmes".

Isso foi o que bastou para acrescentar uma hora com o seu mais novo psicólogo (eu) todos os dias.

Determinei horários alternados ao longo das semanas, e totalmente sem custos. E durante alguns dias, coloquei também uma caminhada matinal às 06h00min.

Depois disso fui dormir, a ideia era pôr o plano em prática o quanto antes...

Passei a tarde inteira do sábado estudando o caso da professora, obviamente ela tinha uma doença crônica causada pela fadiga. A fadiga não é medicável, são quatro os caminhos para se desenvolver, um deles foi o que mais se encaixou com a professora preguiçosa: a síndrome de Burnout. Uma síndrome de esgotamento profissional.

O sintoma típico da Síndrome de Burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, sono, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, depressão, pessimismo, baixa autoestima.

Eu não poderia afirmar isso com toda a certeza conhecendo há tão pouco tempo, mas poderia ajudá-la com atividade física regular e exercícios de relaxamentos, que são úteis e ajudam a controlar os sintomas. E quando confirmasse, trataria com perspicácia.

Tomei um banho, troquei de roupas, peguei a chave do meu carro e parti para casa dela. Cheguei ao seu prédio vendo os portões fechados, como sabia o número de seu apartamento e o andar, interfonei para ela, que demorou a atender, e quando o fez, teve a cara de pau de imitar uma gravação.

— No momento não estou em casa, e não retornarei tão cedo. Mande-me um e-mail caso sua visita seja uma urgência... — ela disse fazendo uma péssima imitação de gravação.

— Aqui é da pizzaria, você ganhou uma pizza grátis mais o frete que foi totalmente grátis por ser a nossa maior cliente, Sr. Sakura... Será que pode abrir o portão para retirar o prêmio? — perguntei inventando uma desculpa. Ela não abriria se soubesse que era eu.

— Eu sei que é você, doutor... Consigo ver seu carro da janela da minha casa, e não abrirei para você! — ela disse desmascarando-me, e depois não me respondeu mais, por mais insistente que fui.

 Então me vi sozinho ali, plantado, sem fazer noção de como entrar no prédio.

Estava desistindo quando apareceu uma renca de crianças mostrando que podem sim me ensinar algo.

 Ao invés de interfonarem para um apartamento, elas desceram a mão pelo interfone apertando todos os botões e automaticamente o portão foi liberado.

Fiquei olhando aquilo abismado... Mas rapidamente me misturei no meio delas entrando no prédio também.

— Ei! Não pode invadir o prédio, vem cá que vou lhe ensinar boas lições! — ameaçou-me um cara bastante zangado.

É briga que ele quer?

Pois bem...

Me virei, preparando-me para encará-lo quando ele suavizou a expressão, mostrando-me seus dentes. Ele estava...

 Sorrindo?

— Doutor Uchiha! É você... Lembra-se de mim? Sou Sai... Tive aqueles problemas amorosos, você me ajudou a superar com as terapias! — Sai disse vindo me abraçar.

— E como poderia me esquecer! — comentei sem fazer a menor ideia de quem fosse aquele cara a minha frente. — Como vai?

— Oh bem, muito bem... E você o que faz aqui? Precisa de ajuda? — perguntou-me nitidamente grato.

— Bom, na verdade sim... Preciso falar com a senhorita Sakura Haruno, estou tratando dela... Está em fase de negação, sabe?

— Oh, claro. Pode subir, doutor! E lhe desejo um bom trabalho com a Sakura. Ela é uma amiga e sem dúvidas necessita de seu tratamento... Precisando de qualquer coisa, saiba que sou o síndico do prédio! — disse e eu sorri, aprovando mais aquele trunfo que teria daqui para a frente.

Subi para o andar da professora, e quando pensei em bater na porta da professora, fui interrompido.

— PSIU... Vem cá... — A vizinha dos cabelos ruivos chamou aos sussurros olhando para os lados e puxando-me pela mão.

 Entramos em sua casa indo para a cozinha. Passando pela mesa, ela pegou um copo vazio em seguida me arrastou pela sala.

Grudou o copo na parede e colocou o ouvido unindo as sobrancelhas.

— O que está fazendo?

— Xiiiiiiuu. Ela está acompanhada! — disse a ruiva concentrando-se em ouvir. Ansioso, peguei o copo de sua mão e me pus a ouvir também, mas não havia som nenhum, apenas ruídos... Isso não funciona nada! — Viu? Está uma falação só! — concluiu ela cheia da razão.

 Revirei os olhos dando meia volta, indo até a porta da professora.

Dei três toques na porta e nada da mal criada atender. Fui obrigado a tocar a campainha e...

Nada!

 Qual é?

Ela não vai me atender para variar?

Apertei a campainha insistentemente, sem dar sossego até que a porta se abriu bruscamente. Mas dessa vez não era ela, e sim uma loira bastante exótica furiosa.

— MAS QUE MERDA É ESSA! VAI INFERNIZAR A VOVOZI... — gritava até me olhar amansando a voz. — Oi... Meu nome é Ino, sou amiga da Sakura. Eu posso te ajudar? — disse colocando uma mão do outro lado da porta com se quisesse se mostrar melhor.

— Amiga é? Pode sim... Sou Sasuke Uchiha! — me apresentei estendendo a mão que ela recusou, inclinando-se até mim para me beijar o rosto.

— Sou Ino... Você... Eu te conheço de algum lugar... — comentou me encarando pensativa, quando atrás de si surgiu à professora apoiando-se na porta.

Ela estava com um pijama bem largo, seu coque habitual estava mais frouxo, fazendo-me imaginar como seriam seus cabelos quando livres. No rosto um óculos do qual ela ajustava com o indicador ao bocejar, nas mãos carregava um livro.

 Abri um sorriso de satisfação, quem eu queria apareceu!

— Pare de insistência, doutor. Já disse que não quero tratamento psicológico nenhum! — disse irritada.

— Isso! Você é o doutor gos... O doutor que fará a psicologia educacional com a turma do quinto ano! — Ino disse ao me olhar com um nítido interesse. — Mas... Que papo é esse de tratamento psicológico, Sakura? — perguntou, virando-se para a professora.

— Ele quer fazer um acompanhamento destes comigo, mas já disse que agradeço e recuso, assim como seu convite para a balada. Já disse que estou morrendo de dor de cabeça! E parem de insistência vocês dois! — a professora disse injuriada.

A maluca seguia mesmo o cronograma de desculpas da agenda!

— Tem razão, amiga. Você está mesmo cansada! Por que não dorme um pouco? Eu só não queria ir sozinha, sabe... — a loira disse manhosa arrastando um olhar para... Mim?

— Você desistiu? Estava me ameaçando agora mesmo! — resmungou a professora.

— Olha, vai descansar e pronto! E eu concordo plenamente que o doutor Sasuke passe a te tratar... Não há do que ter medo, Sah... Eu prometo que estarei sempre por perto se precisarem! — ela disse sem despregar os olhos de mim.

Bom, acho que encontrei mais uma aliada!

 Sorri com um pouco mais de interesse para ela.

— Gostaria de uma carona, senhorita Ino? — perguntei galante.

— Tchau, Sakura! — se despediu correndo para o elevador sem nem responder à pergunta.

— Já vão tarde! — resmungou a professora batendo a porta. Quando me virei para me juntar a Ino, escutei novamente um sussurro.

— Ei... — chamou.

Olhei para os lados vendo apenas a cabeça da vizinha para o lado de fora.

— Pode deixar que eu fico de olho nela! — completou sorrindo ao fazer um sinal de joia com a mão, lhe lancei um sorriso agradecido.

 Eu realmente estava formando um exército poderoso para convencer a professora.

Não demora muito e ela vai se render, ou não me chamo Sasuke Uchiha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam???
Comentem!!!
BeijoOs *------*