Amor ou Amizade? escrita por Aki Nara


Capítulo 10
Capítulo 10 - O Perigo




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O Festival de Primavera acabava de terminar, as flores de cerejeira caíam das copas anunciando que logo o clima mudaria novamente e logo as chuvas torrenciais viriam como num “Scherzo vivace” tornando os dias úmidos e propícios para um resfriado.

***

Erika estava atrasada novamente, o tempo parecia pouco para a infinidade de deveres e exercícios que precisava entregar, já que não participara das atividades extracurriculares.

Ela correu tirando todo o ar de seus pulmões para alcançar a sala antes da campa tocar, mas estava perdendo terreno para o cansaço, precisava de um empurrão quando sentiu seu corpo sendo puxado por uma mão que entrelaçava em seus dedos.

Richard imprimia uma velocidade pelos dois arrastando-a junto e praticamente a carregou em algum momento. Eles arfavam em suas carteiras enquanto tentavam recuperar o fôlego perdido. Ele se recuperou primeiro e sorriu para ela.

_ Bom dia, Ery.

_ Bom dia, Richard – ela estranhou a intimidade de chamá-la pelo diminutivo de seu nome, mas como havia notado que ele chamava Bianca por “Bia” calou-se a respeito.

_ Agora ficou ruim. Bia me chama de Rick.

_ Eu não sou Bia.

A campainha tocou e eles aguardaram o professor chegar.

_ De fato – ele a olhava descaradamente. – Menos peito, mas talvez com um pouco mais de quadr... – ele recebia uma cadernada na cabeça.

_ Seja cafajeste e terá o que merece.

_ Eu sou o que sou. Melhor ser verdadeiro. Pelo menos não serei culpado por iludir ninguém. No entanto, eu posso ser legal quando quero. “Oh, Rick! Obrigada por ter me salvado. Meu herói.”

_ Tirando o “Meu herói”. Obrigada – Erika riu tentando não rir. Richard conseguia ser espirituoso quando queria e intragável a maior parte do tempo.

_ Paz! Está bem? – ele levantou os braços como se estivesse sendo assaltado.

_ É mais fácil me dizer o que você está pretendendo com essa gentileza toda.

_ Quem sabe amizade?

_ A troco de quê?

_ Você não tem uma opinião boa sobre mim.

_ De fato. Não tenho.

_ Touchê! – fingiu ser atingido pelas palavras dela.

O professor de harmonia havia chegado com cara de poucos amigos.

_ Kamioka! Gênio ou não... Preste a atenção na aula ou saia. O mesmo para você Amane, que deverá trazer o material que precisa me entregar, pois esta aula vale ponto pra você.

Os musicistas eram temperamentais e o humor variava entre os professores, mas o difícil era adivinhar quando estariam de bom humor, já que todos queriam fazer o tipo incompreendido. Ela simplesmente entregou tudo que tinha para entregar e se sentou novamente.

_ Foi você mesma quem fez isso, Amane? – o professor olhava com certa admiração.

Ela sentiu os olhares se voltarem para si, inclusive os de Richard que brilhavam cheios de interesse.

_ S-sim. – Gaguejou incerta, pois não sabia o que deveria esperar.

_ Muito bem. Continue assim e talvez me conquiste – o professor piscou para ela antes de se voltar para o quadro.

Richard jogou um papel embolorado em sua mesa. Ela retirou a borracha que servia de peso para ler o que estava escrito. “Continuamos nossa conversa no recreio”. Ela enfiou o papel no livro, sem se importar em dar uma resposta e indiferente prestou a maior atenção que podia na aula que lhe interessava.

O tempo passou depressa sem que percebesse o adiantado da hora. O professor ranzinza sabia ser interessante quando queria e ela adorava aquela aula. Harmonia era a matéria que fluía sem fazer esforço, a música tinha um compasso certo que surgia como por encanto.

Ela nem teve tempo de arrumar suas coisas, pois Richard havia confiscado sua bolsa. Sem tempo para reagir apenas apressou o passo para acompanhá-lo até o refeitório. Bianca já os esperava acenando. Os olhos brilhantes, o sorriso fácil, as bochechas rosadas, tudo era visivelmente transparente. Era evidente que sua amiga estava apaixonada.

Richard arredou a cadeira para que ela se sentasse e como perfeito cavalheiro esperou que ambas se sentassem para somente se acomodar.

Erika olhou ao redor e ficou ruminando o que os outros pensariam dos três, com certeza de que eram no mínimo bons amigos, não pôde evitar o ricto irônico que surgiu em seus lábios.

_ Vejo que já pediu por nós – quebrou o silêncio para evitar maus pensamentos.

_ Ah! Fiz mal? – Bianca perguntava incerta sempre tentando agradar.

_ Pra mim está ótimo. Era isso mesmo que eu queria comer e você? – Richard olhou para Erika de modo cínico.

Ela odiava a mania irritante dele de se fazer bonzinho deixando-a sempre como a vilã, pois só desta vez faria o mesmo jogo.

_ Dessa vez você acertou, Bia – mas logo se arrependeu, a amiga não merecia sua falsidade. – Na próxima vez espere por nós. Não acho justo você carregar todas essas bandejas.

_ Eu não me importo. – Bianca balançou os ombros com descaso.

_ Mas eu me importo – abraçou a amiga querendo compensar de alguma forma.

_ Erika tem razão, mas por hoje obrigado.

Richard gostava de ter a palavra final e Erika se deu por vencida, não tinha paciência para essas infantilidades e atacou o sanduíche com furor.

_ Calma! – o garoto riu pegando um guardanapo para limpar o molho que escorria pela boca de Erika. – Acho que não vai dar jeito. Espera.

Richard foi rápido em lamber o canto da boca de Erika.

_ Assim foi mais rápido. Não precisa ficar com ciúme, Bia.

Ele foi rápido fazendo o mesmo com Bianca e riu-se de nós, por estarmos as duas estáticas. Definitivamente ele era um patife que gostava de brincar com os sentimentos dos outros. Eu me achava imune ao charme pretensioso dele, mas ao olhar para Bia senti que ela estava totalmente perdida.


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