Vivo Por Ela escrita por MayLiam


Capítulo 1
Meu Erro


Notas iniciais do capítulo

Olá! Nova fic aqui. Deem uma olhada e encarem o primeiro capítulo como um piloto. ^^
Beijos!



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-Senhor Duque está ficando a cada dia mais desagradável.

-São apenas seus ouvidos de velho sem humor, meu caro Conde.

-Alaric, pare de provocar o Damon. Você sabe que ele não tem muita paciência com gracejos.

-De veras nunca o tive, mas seu marido cara Condessa se esforça em testar.

-Ouso dizer que estou em apuros?

-Certamente o deve.

-Vocês homens, tão autossuficientes em teoria.

-O quer dizer, minha cara Condessa?

-Nada em específico, mas estou certa de que me entendeu, meu marido.

Eu nunca precisei de muito para ser feliz. Desde a morte de meus pais naquele acidente, minha via tem se limitado a conversas como esta, de voltas de bailes e reuniões enfadonhas com o rei e sua corte. Eu sempre limito-me a um círculo fechado de amigos, o Conde de Casa Forte Alaric Saltzman, sua esposa a Condessa Meredith, meu irmão, o Duque de ValeFord, como eu, e claro, nossos fieis empregados, como nossa ama e fiel governanta Sage, nosso mordomo Finn, seu filho Kolerman e sua sobrinha, Rebekah. São poucas pessoas, eu devo reconhecer, mas como eu falei, nunca precisei de muito pra ser feliz.

Estamos voltando do baile anual de máscaras, pelo aniversário do príncipe William, em breve ele será nosso rei. Meu irmão tem muito apreço por ele. Stefan não nutre uma grande admiração pela coroa inglesa, mas é fiel como nosso pai foi ao rei Ricardo. Eu prefiro as mulheres, libertinosas ou não. Alaric sempre me fala que sou um Don Juan em potencial. Eu gosto. Amo as mulheres e elas me amam. Então ficou com meu irmão, a tarefa de servir ao rei, eu apenas ostento um título, e muito bem.

- O que houve com Rosalie Delano?

-Minha cara esposa, ainda pergunta?

-Ela não fazia muito meu tipo.

-Ora Damon, não troce com tanto prazer assim das mulheres.

-O que posso fazer se elas não resistem a este rosto?

-Não seja esnobe. É apenas um rosto. E ouso dizer que sem ele você sofreria para despertar paixões.

-Bem feito.

-Minha cara dama, não fale bobagem. Você mesmo já sucumbiu a meus encantos.

-Mas ela foi mais inteligente e escolheu melhor.

-Devo admitir que sim. Você é o único de nós que foi feito pra casar e ela queria um romance.

-Sua vaidade é impressionante Damon.

-Não vivo sem ela.

-Deveria.

-Estarei bem assim.

Em meio a risadas, sou obrigado a olhar mais atentamente pra estrada escura, próxima a minha propriedade, o que é ...?

-Alaric! – eu grito, mas é infernalmente rápido demais e o carro é arremessado para fora da estrada, num voo brusco após um impacto com algo que não conseguimos ver: cavalo? Gado talvez?

Tudo está girando, é uma queda enorme, minha casa fica na subida de uma colina, ouvimos o barulho dos vidros quebrando, a lataria amassando, minha cabeça, meu corpo inteiro e de repente tudo para, tudo escurece...

-Damon! – eu me sobressalto com sua voz. – Damon, responde! – estou todo machucado, minha boca tem gosto de sangue, quase não sinto minhas pernas. Tudo doi. – Droga, Damon, acorda!

-Estou ouvindo.

-Graças a Deus. Presta atenção, eu estou preso, mas você aparentemente não. Preciso que saia do carro e tire a Meredith, você ouviu? – toco minha testa, quanto sangue... – Damon!

-Estou saindo. Ora bolas.

Desço do carro, ou o que sobrou dele. Como posso estar sentindo tanta dor e ainda me mover? Chego perto de Alaric na frente e começo a perceber o que está havendo. Por mil demônios.

-Dê a volta e tire ela. – Alaric, está preso, a lataria amassada torna difícil sua saída do carro. Meredith está desacordada e muito machucada ao seu lado. O pior é o carro, instável, na beirada de um precipício.

-Eu solto você e pego ela.

-Não Damon. O carro pode explodir a qualquer momento, você precisa tirar a Meredith daqui agora.

-Mas você está preso, como vai sair? – ele me olha sugestivamente e meu corpo treme. Não! –Posso tirar você também.

-Sabe que não pode. Vamos lá Damon, você é arquiteto, está perdendo tempo, sabe que a estrutura está comprometida, se tentar me tirar o carro desequilibra e se hesitar em tirá-la, tudo pode explodir e você não salva nenhum. Eu não estou pedindo pra você escolher, eu estou te poupando disto. Quero que tire minha mulher e meu filho do carro. – filho? – Por favor...

-Posso tirar os dois.

-Damon! Você é meu amigo droga. Tire ela do carro. – seus olhos passam de fúria e desespero para medo e súplica, logo que ele termina. – Por favor.

Dou a volta e solto Meredith do cinto e devagar, com medo que tudo desabe a puxo do carro, Após várias capotadas ele acabou virado pra cima, o que facilitou um pouco as coisas. Termino minha tarefa com cuidado a deitando no chão e volto satisfeito para Alaric, vendo que o carro mantém uma certa estabilidade. Posso o tirar de lá.

-Ric. – eu chamo voltando pro seu lado.

-Conseguiu? – ele pergunta ofegante, está tão machucado, ou mais que eu.

-Consegui. Ela está fora do carro.

-Ela está bem?

-Desacordada, mas respirando, ela machucou a perna. Agora me deixe tirar você daí.

-Tenha cuidado. – eu assinto e devagar começo a tentar abrir a porta totalmente destruída do seu lado.

-Droga. Está muito amassado. – forço com toda força que ainda consigo empenhar.

-Damon sai daqui. – ele fala do nada, uma voz amedrontada.

-Claro que não, vou tirar você daí.

-Damon... – ele quase perde a voz. Que merda. O motor... –Tem que sair daqui, sai logo daqui.

-Não vou deixar você.

-Que droga Salvatore. Sai daqui.

-Não sem você.

-Merda de garoto teimoso. – ele fala e pisa no acelerador fazendo os pneus responderem.

-Ric não. – eu grito quando sinto o carro descer.

-Corre garoto. 

E tudo fica turvo com meu rosto molhado, e depois fica numa cor dourada ofuscante e quente demais, queima de dentro pra fora e invade minha face, me joga longe. Não vejo mais o carro, não vejo mais Alaric. Sou apenas eu, a escuridão, a dor... Queima...

Dois meses depois.

-Olá irmão. Como se sente esta manhã?

-Do mesmo jeito que ontem pela manhã. Você não tinha qualquer coisa para fazer com o rei Ricardo hoje?

-De fato, mas eu quis vir aqui e levar você pra casa.

-Posso fazer isto sozinho. Afinal temos motorista.

-Vejo que recebeu mais flores. As mulheres do reino não querem desistir de você. Desde antes de você sair do coma.

-É uma pena, por que eu desisti delas.

-Damon não fale assim.

-Quero que saia da droga deste quarto, me deixe em paz e volte pro seu mundinho burguês irmão. Tenho certeza que é mais agradável do que ficar olhando pra minha cara feia. E ironicamente, isto é literal.

-Sempre me sentirei melhor perto de você Damon, te vendo bem, não fale bobagens.

-Vá embora.

-Mandarei Finn vir pegar suas malas. Rebekah está pronta para servir você, como pediu.

-Certo,  agora saia.

-Até breve Damon. Antes que eu esqueça. Meredith me perguntou quando estaria deixando o hospital.

-Você não disse nada a ela disse?

-Não. Nós temos um acordo.

-Pelo menos. Não quero vê-la.

-Sabe que ela não te culpa.

-Mas que droga Stefan, deixe logo este quarto e me deixe em paz!

E ele se vai. Stefan pode ser muito desagradável na sua nova missão: trazer o Damon de volta. A verdade é que eu não quero saber de nada disso. Tudo é diferente agora, as festas, a música, as mulheres. Não é como se eu ligasse pra isto como antes. Na verdade, nunca me senti tão sujo e pequeno. E tudo por conta do que era antes. Tudo o que aconteceu só serviu para eu ver como meu estilo de vida era errado. A diversão e toda aquela alegria desmedida. É tudo mentira. Não se pode ser feliz, é uma ilusão. A realidade é dolorosa, ela tira as coisas de você, o mundo vira do nada e você se vê perdido do nada e toda a farra e alegria se vão pra longe de você, os poucos amigos somem, as mulheres somem, os risos, as danças e só o que sobra é um bando de falsários, apiedando-se de você. Uma piedade desonesta, cheia de segundas intenções e não quero isso. Eu não quero nada, eu não preciso deles, de ninguém, mais ninguém.

-Está pronto senhor Duque? – Finn está a porta, finalmente.

-Trouxe o que lhe pedi?

-Sim, meu senhor, aqui está. – ele me entrega a capa, ela tem um capuz o que é perfeito, por que não posso estar exposto ao sol.

Agora, mais do que tudo, só o que quero é estar em minha casa, meu quarto, um novo lugar, um novo ambiente. Onde eu sempre deveria ter estado. Longe de toda essa mentira do mundo. Longe de todo mundo.

Dez anos depois.

-William, rei?

-Ele era o príncipe herdeiro. E bem, agora serei seu conselheiro.

-William rei, você tendo que ir de volta pra a Inglaterra.

-Nós dois.

-Sim, nós dois. Teremos que ficar na casa daquele antipático recluso que não se limita nem a responder seus milhares de recados?

-Elena, já lhe falei antes, Damon apenas...

-É um grosso, insensível, e...

-Você não o conhece.

-Sei como te trata. E não tem como não achar tudo isso de um irmão mais velho que trata um irmão mais novo tão dedicado e paciente como você é como ele trata.

-Não o julgue, ele tem seus motivos.

-Por que você nunca me fala que motivos são esses? Por que obviamente eu só consigo enxergar um homem, mimado, cheio de orgulho e totalmente estúpido.

-Isso vai ser difícil. Por sorte você não terá problemas com o Damon. Não é como se ele andasse pela casa. Meu único conforto é que vocês não podem se cruzar pelos corredores e começar a segunda guerra mundial.

-Acredite, eu compartilho deste mesmo conforto.

-Bom, você tem certeza de que não teremos problemas com seu pai? Você sabe que nossa situação é meio... Estranha comparado aos meus padrões de relacionamento.

-Fique tranquilo, meu caro Duque, meu pai está mais interessado em ter uma filha como futura Duquesa, do que em saber como ela se tornará uma.

-Uma das vantagens da América: não ter uma monarquia estabelecida.

-Pode ser.

-Eu vou agilizar nossa viagem. Devemos partir dentro de um mês. A coroação será um pouco mais tarde que isto, e como novo conselheiro, devo ajudá-lo a formar o novo parlamento.

-Só tenho uma reclamação.

-Qual seria, cara dama?

-Primeiro, nunca me acostumarei com este seu jeito burguês de falar.

-Sou um Duque.

-E isso também. E terceiro: você vai me deixar sozinha o tempo todo, não vai?

-Não pense nisso agora. Você é uma exploradora, adora fazer isto. Vou soltar você em uma enorme mansão no todo de uma colina. Cheia de passagens secretas e belos jardins, e também cavalos esplendidos. E um ogro preso em sua torre. É quase um livro de aventuras.

-Muito engraçado.

-Ficaremos bem. Estou feliz que tenha aceitado vir comigo, depois de rejeitar minha proposta de casamento.

-Tenho que ter certeza de que poderei me encaixar em seu mundo, caro Duque. Não foi uma resposta definitiva. Dei-me algum tempo.

-Claro, minha dama. O tempo que for necessário. Desde que esteja comigo, acredito que nem o perceberei passar.

E aqui vou eu. Quando conheci Stefan não poderia imaginar a bagagem que ele carregava consigo: um título nobre, um irmão traumatizado e extremamente arrogante, uma bela mansão, uma riqueza inestimável e um homem incondicional. Como não me apaixonar em seguida?

Sinto-me capaz de enfrentar qualquer coisa para ver até onde poderemos ir. Eu já o quero demais. Faria de tudo por ele. Até tentar suportar o Quazímodo na casa da colina. Será que devo levar alguns sinos?


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal. Este é o começo de tudo, estou me arriscando aqui, mas vamos ver no que dá. Mil beijos, Maiara.