— Dominique, acorda! - Tudo bem que sussurrando eu nunca vou acordar ela, mas era de se esperar que quando você mexe na pessoa e a chacoalha que ela deveria pelo menos abrir um olho, qual é o problema com ela? Alguém deu sonífero para ela? 

Levantei da cama e apontei a varinha para a cama de Domi, eu não tinha tempo de ficar esperando a boa vontade de Dominique para acordar, eu fez uma besteira e tinha que colocar para fora, eu precisava colocar para fora a minha bagunça mental, e a Dominique era a melhor pessoa para falar sobre isso.  

— Aguamenti - sussurrei e voalá! Minha sorte? Dominique nunca gritaria com isso, para ela isso é coisa de princesa, por isso, não preciso me preocupar com isso, mas sim com ela me matando então apenas esperei ela sentir o impacto para poder lançar um feitiço de escudo. Domi ficou tão brava que não notou o escudo e bateu com a cabeça no manto transparente.   

— E qual o objetivo disso? - Ela perguntou massageando a testa e se sentando novamente em sua cama.  

— Acho que está claro que eu gostaria de te acordar. – falei enquanto me sentava a sua frente. 

— Por que você quer me acordar á meia noite e meia? 

— Porque eu beijei o Malfoy — respondi em um tão baixo que nem eu fui capaz de ouvir, como se as palavras não tivessem saído da minha boca. Era como se meu próprio corpo não tivesse coragem de admitir o que tinha feito.  

— Perdão?  

— Porque eu beijei o Malfoy - falei um pouco mais alto 

— Perdão? – Ela perguntou novamente, e eu me limitei a rolar os olhos 

— Você ouviu muito bem. 

— Não ouvi não - Ela falou cantando e não escondendo o entusiasmo.  

— Eu beijei o Malfoy - falei alto o suficiente para as meninas acordarem, graças a Merlin ninguém acordou. 

Vamos esclarecer as coisas, a próxima vez que acontecer alguma coisa eu vou contar para Lily ou para a Molly. A Domi pulou da cama, e começou a dançar falando que estava certa, e que tudo girava ao seu favor, tive certeza que ela falou alguma coisa sobre James e 15 galeões, mas eu sempre achei que ela que estava contra eu acabar com o Malfoy?  

A noite não correu muito bem, toda vez que eu fechava os olhos eu sentia os lábios de Malfoy pressionados contra os meus, assim como eu podia sentir as mãos dele nas minhas costas, o jeito como ele brincava com o meu cabelo e o jeito com que ele tomou partido em aprofundar o beijo. 

Quando nos separamos não houve muito que fazer, ele estava processando a informação e eu sai correndo. EU não conseguia entender o porquê de beija-lo, tudo isso por causa de um sonho estupido. Mas por que o meu coração batia tão forte?  

Eu senti aquelas estúpidas borboletas novamente e mudei de posição na cama, mas achei melhor manter meus olhos abertos, estava certa de que isso funcionaria, só que a vida não funciona do jeito que queremos as vezes, não adiantava pegar no sono e ficar sonhando com ele, não adiantava eu acordar como se eu estivesse tendo um pesadelo para fugir da verdade.  

Por alguma razão, eu estava desenvolvendo sentimentos pelo estúpido de Scorpius Malfoy.   

Eu estava no Salão Principal, com a cabeça apoiada no ombro de James quando eu o vi entrando, e não sei porque ele olhou para mim e eu desviei assim que notei aqueles olhos cinzas parados em mim e passei a achar meus ovos muito interessantes, tudo bem que eu não conseguia comer muito, e todos as minha volta repararam.  

— Rose, posso falar com você? - Lily perguntou pegando na minha mão, acenei com a cabeça e saímos no salão comunal. - Não consegue tirar o Malfoy da cabeça?  

Durante as minhas reviradas na cama, resolvi que deveria contar para Lily o que havia acontecido e depois de muitas tentativas consegui mandar um patrono para ela explicando o que havia acontecido. Ela não havia dito uma palavra sobre isso, apenas me observou o café da manhã todo.  

— Não, e eu odeio isso! - Falei sentando na grama macia do pátio.  

— Você odeia estar gostando do Malfoy? - Ela perguntou sentando ao meu lado. 

— Eu não gosto do Fuinha Jr. - falei baixinho, porque eu saiba que isso não passava de uma mentira.  

— É claro que gosta! Só não vai admitir tão cedo em voz alta. - Eu ia argumentar, mas ela continuou falando - Você tem mais essa noite de detenção com ele, e vai agir como se nada tivesse acontecido, assim como eu sei que ele vai fazer.  

Lily estava certa, era o que ele ia fazer hoje à noite, então nada mais justo que eu agisse do mesmo jeito. Malfoy vai ser misterioso e fingir que ontem não passou de um sonho, ou uma invenção da minha imaginação. Eu não vou me jogar aos pés dele, muito menos vou tentar convencê-lo que o que aconteceu ontem não passou de um impulso imaturo. 

— Hoje à noite, eu coloco a minha máscara.  

*** 

Para quem passou a vida inteira sem uma, coloca-la é um verdadeiro desafio, ainda mais se você é capaz de ver através dela. Diferente das outras máscaras, a minha é muito mais complicada de ficar no seu rosto. Fingir algo é uma fase que nunca queremos passar, mas ela às vezes é necessária. Muitos se escondem para parecerem fortes, outros para que não vejam suas fraquezas, poucos por pura diversão, uns para se esconderem, alguns para não terem que mostrar que tem um coração, mas no meu caso é para brincar de gato e rato. E desta vez o rato seria o Malfoy. 

Assim que cheguei na biblioteca me dirigi para a última estante, não é nada fácil passar pelos seus amigos sem falar com eles. Mas não consegui fazer isso muito bem então Alvo correu atrás de mim tentando ser discreto, mas ele acabou derrubando uma pilha de livros que estavam separados em um canto qualquer.  

— O que está acontecendo com você? - Ele perguntou baixinho enquanto colocávamos os livros em ordem novamente 

— Nada. - falei tentando parece o mais natural possível, mas minha voz me denunciou, saindo falhada, Alvo apenas levantou a sobrancelha e me olhou com aqueles olhos verdes, me fazendo revirar os olhos e me arrepender de contar o que aconteceu antes mesmo de abrir a boca - Ontem, por impulso, eu beijei o Malfoy.  

— Quem diria, Rose Weasley beijando Scorpius Malfoy - ele falou enquanto se colocava de pé e exibia aquele famoso sorriso que mostrava toda a malicia dentro do corpo dele. 

— Não brinca com isso, Alvo Severo Potter. - Falei ficando frente a frente com ele - Ninguém, repito, ninguém deve saber disso, entendido?  

— Weasley, precisamos trabalhar. Eu tenho sair daqui as dez. - A voz do Malfoy de algum ponto atrás de mim, seguida pelo som de seus passos até as estantes. Eu dei uma última olhada em Alvo antes de correr até as estantes. Acabei sentando na mesa, e começando a limpar os livros assim que cheguei porque Malfoy já havia descido boa parte dos livros. 

— Você acha que eu sou o The Flash? - Perguntei ironicamente 

— Não sei do que você está falando, mas comece a limpar que eu já desço para ajudar. - ele respondeu sem olhar para mim 

Dito e feito. Acabamos às nove e meia, sem nós olharmos, sem dirigirmos palavras, sem qualquer tipo de comunicação. Passamos mais ou menos duas horas sem olhar nos olhos um do outro e quando o fizermos foi um choque, não posso dizer o que eu senti exatamente, mas foi algo diferente, agora estava comprovado que eu não poderia arriscar fazer contato visual com Malfoy. Aquelas malditas borboletas, o coração batendo mais forte e as mãos ficando suadas, tudo isso aparecerá toda vez que eu te olhar.