Ainda imóvel, ela olha o sangue de Castle escorrer pelo chão, se negava a acreditar que ele estivesse morto. A raiva era a única coisa que sentia naquele momento. Pegou sua arma da mão de Castle e disparou conta o senador.

Não demorou muito e Keylan apareceu na porta com mais três caras, todos apontaram suas armas para Kate. O senador mandou que abaixassem.

_Sabe Kate, eu posso até morrer agora, mas essa vai ser a melhor parte de toda a história, você não pode fazer nada para salvar a vida dele. Vá em frente, mate todos eles, eu não me importo, na verdade nunca me importei, mas isso não muda o fato de que Castle está morto.

Ela não conseguia se mover, estava parada ao lado de Castle e em choque, parecia um grande pesadelo do qual ela acordaria em breve, mas os outros disparos que vieram a seguir fizeram com ela percebesse que era real.

_NYPD, ARMAS NO CHÃO. –Esposito invadiu o local, seguido por Ryan, Gates e os outros policiais. Iniciou-se então uma quase guerra, NYPD contra os capangas do senador, Kate pode ver um dos capangas caindo, Keylan conseguiu escapar. Ela olhava para Castle ainda sem reação, só foi tomada para a realidade quando sentiu alguém lhe puxando para longe do cadáver. Ela tentava lutar, só que mais pessoas chegaram e a tiraram do lado do corpo dele.

Alguém falava com ela, chamava seu nome e pedia por atenção, ela simplesmente não conseguia se concentrar no que a pessoa dizia, nem mesmo em quem era. Fechou então os olhos e assim permaneceu até se sentir segura e abri-los novamente, pouco a pouco a figura de Esposito e Ryan foram surgindo diante de seus olhos. Eram eles quem chamavam por ela.

_KATE, DROGA KATE ME RESPONDA. –Espo gritava desesperado.

_O que? –Ela disse baixinho.

_Graças a Deus, você está ferida? –Ela olhou para o lugar que antes estava o corpo do escritor. –KATE, você está ferida?

_Acho que não.

_Como acha que não?

_Cadê ele Espo?

_Eles o levaram Kate.

_Levaram para onde Ryan?

_Para o hospital, ele está ferido. –Nessa hora ela se desesperou e começou a gritar, afinal como eles poderiam fazer essa brincadeira de mau gosto, ela sabia a verdade.

_Ele não está ferido droga, ele está morto. Eu vi, ele morreu, Castle morreu.

_Ei Kate, acalme-se.

_Como acha que eu posso ter calma Espo? Ele morreu por minha causa.

_A Laine o levou daqui, mas ele ainda não está morto Kate. –Beckett então olhou para o amigo e percebeu que ele falava a verdade. Ela então levantou-se do chão e correu para fora, já haviam levado ele, e ela estava ali no meio da rua sozinha.

Voltou para dentro para encontrar com os meninos, o senador ainda estava ali. Kate então se aproximou dele e chutou sua barriga, ele gemeu de dor.

_Se algo acontecer à ele, eu juro que eu te mato.

_Não faça juras que não pode cumprir, já disse isso tantas vezes minha querida. –Ele sorria sarcástico. Ela voltou a chutar a barriga dele repetidas vezes, Esposito teve que intervir, antes de sair daquela sala, ela voltou e deu mais um chute nele, dessa vez na cara.

Sorriu então satisfeita vendo o sangue escorrer na lateral de sua boca. Saiu daquele galpão nojento e foi correndo para o seu carro, sem se importar com Senador nenhum, os meninos cuidariam dele.

Encostou sua cabeça no volante e esperou até que todo o seu corpo se acalmasse, não seria nada bom Kate dirigir naquelas condições. Um pouco melhor e recuperada, ela ligou para a melhor amiga. Laine atendeu no quinto toque.

_Para onde você levou ele?

_Estamos a caminho do DOWNTOWN Hospital. Sabe onde é, certo?

_Sei sim, como ele está?

_Acho melhor eu falar com você aqui.

_Muito grave?

_Vem logo Kate. –Laine desligou sem dar mais explicações, a detetive sabia que as coisas não estavam boas, seguiu então para o hospital, pelo menos ele estava com Laine, ela faria de tudo para salva-lo.

O percurso era longo, mas ela não se importava em passar alguns sinais vermelhos, só queria chegar até ele logo, abraça-lo e dizer que tudo ia ficar bem, que ele não precisaria ter medo. Ela foi durante todo o trajeto repetindo para si que ele ia sair dessa, era quase um mantra.

Uma hora e meia depois, ela estaciona frente ao hospital deixando o carro um pouco sob a calçada, isso pouco importava. Correu hospital adentro e perguntou na recepção por Richard Castle.

_A senhora é o que dele? –A recepcionista nada simpática perguntou, a garota era nova, deveria ter no máximo vinte e três anos.

_Sou a esposa dele. –Kate tentou ser convincente, mas a garota estava desconfiada.

_Posso ver algum documento da senhora? Entenda, muitas fãs malucas fazem de tudo para ver seu ídolo, só quero me certificar de que a senhora não é uma delas. –Kate se irritou e pegou seu distintivo.

_Está vendo isso querida? Esse é o meu documento, eu sou da policia de Nova York e se você não me deixar entrar eu juro que eu... –Ela foi interrompida por Laine que apareceu milagrosamente na recepção.

_Ei Carol, deixe-a subir.

_Sim doutora Laine. –A recepcionista entregou uma espécie de etiqueta de identificação para Kate, mas estava com o nome de Laine, Beckett não deu importância e logo seguiu Laine.

_Como ele está?

_Sendo operado.

_Porque você não está acompanhando a cirurgia?

_Por que eu não consigo, ele é meu amigo também Kate, não consigo vê-lo nessa situação. –Kate desacelerou um pouco e abraçou a amiga, ambas estavam sofrendo com a situação, Laine estava perdendo um amigo, e Beckett, o amor de sua vida.

_O quão grave foi?

_Ele perdeu muito sangue e está com uma pneumonia forte. –Beckett amaldiçoou Keylan até a sua décima geração. –Ele vai precisar de uma transfusão sanguínea.

_Certo. –Ela disse acalmando-se. Ainda teria que avisar Martha e Alexis, tarefa que não seria nada fácil, ambas ficariam muito abaladas, ela mesma já estava no seu limite, tentando manter-se firme por ela, e pelos outros.

_Quem está lá dentro operando-o?

_Josh.

_Josh? –Kate perguntou surpresa, até onde sabia ele estava no sul da Espanha, estudando.

_Sim, imagine a surpresa dele quando entramos com Castle no centro cirúrgico. Logo ele procurou por você, esperando vê-la ferida também.

_Por quê?

_Ainda pergunta Kate? Vai ver que é porque onde você está Castle está atrás. Josh então esperava te ver por aqui também.

_Entendo. –Ela disse sorrindo sem nenhuma vontade, ela desejava que fosse diferente, sentiu de novo culpa por ele estar nessa situação. Ela e Laine ficaram encarando o teto, sentadas em um banco no meio do corredor esperando alguma noticia.

Kate estava de olhos fechados, mas sentiu a presença de alguém e percebeu que a pessoa tampou toda a luminosidade. Abriu os olhos e viu a ultima pessoa que esperava ver em meio tudo aquilo.

_Demming! –Ela disse levantando-se e o abraçando. Não dava mais, todas as lágrimas que ela segurou durante todo o percurso até o hospital foram libertas. Ela chorou inconsolavelmente no ombro dele.

_Ei Kate, vai ficar tudo bem, ele vai sair dessa. Eu vou estar aqui do seu lado para o que precisar. –Demming passou a mão pelo rosto dela. –Por favor, não chora.

_Não consigo, simplesmente não dá.

_Vamos tomar uma agua lá em baixo?

_Vamos.

_Laine, quer se juntar a nós?

_Não Demming, obrigada. Eu prefiro ficar aqui e aguardar noticias dele.

_Certo. –O detetive disse e logo puxou Kate para o elevador, ele precisava tira-la de lá, sabia que ela não suportaria perder o amigo.

Quando já estavam na lanchonete do hospital, Demming pediu um suco para ela e um pra si. Sentaram em uma mesinha no canto do lugar, ele percebia o olhar distante dela, como se apenas o seu corpo estivesse ali presente, pois sua mente estava em Castle.

_Era ele que estava por trás de tudo isso não era, Kate?

_Ele quem?

_Bracken. –Ele disse simplesmente.

_Sim. –Kate respondeu com a mesma empolgação, Demming desistiu de puxar assunto, ficaram quase dez minutos sentados sem trocar palavra alguma e ela só tocou em seu suco duas vezes.

_Ei Demming vamos subir, por favor, eu quero noticias dele.

_Certo. –Então eles caminharam lado a lado de volta para o elevador, quando chegou ao corredor que estava antes, Kate assustou-se com a cara que Laine fazia.

_O que aconteceu Laine? –Antes que a amiga respondesse, Kate avistou Espo e Kevin vindo do corredor. Eles chegaram ofegantes por conta da pequena corrida pelo corredor.

_O estão fazendo aqui? E que caras são essas.

_Ele morreu, a enfermeira disse que ele morreu Laine, e não querem nos deixar entra.

_Imaginei. –Laine falou sem emoção alguma. Todo o corpo de Beckett estava em estado de choque. –Acabou Kate, acabou. Ele está morto.

_Do que estão falando?

_Do senador Beckett, trouxemos ele agora a pouco e ele não resistiu aos ferimentos, a enfermeira disse que ele morreu.

_Espo, não brinque com uma coisa dessas!

_Não estou brincando com nada disso Kate. –Ela então sorriu se permitiu sorrir pela primeira vez desde que soube que Castle estava nas mãos dele. Abraçou Esposito e depois Ryan.

_Eu tenho que vê-lo. –Ela anunciou correndo pelo corredor, só parou quando Esposito chamou por ela. –O que?

_Ela não vai deixar você vê-lo.

_Ela quem?

_A enfermeira que estava cuidando dele Kate. –Ryan disse.

_E porque não? –Beckett voltou a perguntar.

_Não sei, ela apenas não permite. –Kate ignorou os meninos e foi até onde eles disseram ser o quarto do senador.

_Eu quero vê-lo. –Kate disse para a garota que estava na porta, devia ser a tal enfermeira que os meninos falaram.

_Desculpe-me senhorita, não é permitida a entrada de ninguém. –Ela responde autoritária.

_Você sabe quem eu sou garota? –Kate responde no mesmo tom de voz. Ela queria muito vê-lo, queria poder dizer a Castle quando ele acordasse que viu aquele desgraçado morto, totalmente sem vida.

_E você sabe quem ele é? Não me importa se você é da NYPD, FBI ou CIA. Não vai entrar, e se insistir eu chamo o segurança. –Kate surpreendeu-se com a ousadia da garota.

_Qual o seu nome?

_Beatriz. –Ela respondeu e deu de costas para Kate, deixando-a sozinha no meio do corredor. Kate decidiu relevar e voltou para onde estavam os outros, afinal para que se importar com a enfermeira?

O que Kate não sabia, e não esperava é que seu caminho iria se cruzar com o de Beatriz muitas outras vezes, e que a mesma seria um grande empecilho em sua vida.

Voltou para o local onde estavam todos agora, mas todos mesmo.

_Ei Martha, desculpe-me não ter ligado antes.

_Tudo bem querida, entendo o quanto deve estar preocupada com o Rick.

_De fato estou ele já está algumas horas no centro cirúrgico e ninguém veio nos dar noticias. –Como que por um milagre, uma mulher saiu de dentro do centro cirúrgico, muito suja de sangue, Kate ainda estava decidindo se isso era bom ou ruim.

_Família de Richard Castle? –Martha levantou-se na mesma hora e puxou Alexis para junto de si.

_Somos nós. –Anunciou.

_Bom, a cirurgia foi um sucesso, extraímos as três balas com muita precisão.

_Que maravilhosa noticia. –Martha comemorou juntamente com a neta.

_Mas essas são só as boas noticias. – A enfermeira disse.

_E quais são as ruins?

_Ele vai teve contusões muito serias, pegou uma pneumonia gravíssima, e... O senhor Castle vai ficar em coma.