Castle estava à espera de Keylan, estava realmente insuportável nesses últimos dias, seu corpo estava cheio de marcas de bitucas de cigarro, algumas agulhas e alfinetes espetados em sua pele, sem contar que sua boca sangrava muito e ele não sabia o que era mais água.

Keylan chegou, com um soco inglês entre os dedos, Castle não aguentaria por muito tempo, já havia desmaiado três vezes só naquele dia, precisava de algo para distrair o garoto.

_Keylan, certo? –O escritor perguntou com certa dificuldade.

_Calado. –Ele responde simplesmente.

_Me diz garoto, qual membro da sua família está doente? O que ele te promete? Seja o que for, é mentira, ele não se importa com você nem com ninguém além dele mesmo.

_Eu já disse, calado.

_Não seja estupido Keylan, assim que ele me matar, ele fará o mesmo com você. Para ele você é totalmente descartável, assim como David e Steven foram, você não é parte importante do jogo.

_Será que eu vou ter que arrebentar a sua boca para você finalmente se calar?

_É sua filha não é?

_O que? –Keylan pergunta um pouco confuso, ele nunca havia mencionado a filha, como o escritor sabia da existência da mesma?

_É sua filha que está doente, não é mesmo?

_Não. –O rapaz mentiu. –Agora cale essa sua boca de uma vez por todas. –Ele então deu um soco na face do escritor, com aquele soco inglês doeu muito mais.

_Você não vê? –Castle continuou mesmo ferido. –Assim que ele acabar comigo e com a detetive, ele vai te matar Keylan, e sua filha? Nunca receberá o tratamento que ele prometeu. E mesmo que ele o faça, como será quando sua filha estiver bem e você olhar para ela e se lembrar de que o preço da saúde dela, custou a vida de pessoas inocentes?

Keylan vacilou, não podia tirar a imagem de sua filha de apenas três anos em cima de uma cama de hospital, quando a criança foi diagnosticada com leucemia ele chorou. O dia mais triste de toda a sua vida, e desde o mesmo prometeu que faria de tudo para salvar a vida de sua pequena, não importava o preço.

_Você não entende, eu tenho que fazer isso, é a vida dela que está em jogo.

_É claro que eu entendo Keylan, eu também tenho uma filha, e ela é o meu mundo, eu faria tudo por ela.

_Então pronto.

_Mas não quando isso custaria a vida de outras pessoas.

_Você só fala isso por que é um escritor riquinho, vocês sempre com essas conversas de boas condutas, sempre arrumando uma outra alternativa, o que as pessoas como você não enxergam, é que para pessoas como eu, não há outra saída.

_Keylan, não importa em que classe social você está, sempre terá uma outra saída. Quando não se encontram alternativas, alguma luz enfim aparece.

_E apareceu... O senador Willian foi a minha luz.

_Como um dinheiro sujo pode ser a luz para alguém?

_Eu quero que você se dane Richard Castle. –Keylan encerrou a conversa, ele saiu daquele quarto escuro e frio. Castle teve a impressão de que ele não voltaria tão cedo, como ele desejava estar certo.

_Sabe, cansei de você e toda a sua conversa idiota.

_Keylan o que você vai fazer? –Castle perguntou um pouco assustado, ele estava com um galão de água na mão.

_Sabe escritorzinho, eu esqueci de que você não bebe nada há algum tempo. –Keylan então pega o galão que deveria conter uns cinco litros de agua e o despeja todo em cima de Castle, a agua gelada entrou em contato com a pele quente e ferida de Castle, ele começou a tremer.

_Também percebi que você não vê a luz do dia a algum tempo, não é mesmo? –Então ele abra a janela daquele pequeno quarto, e mesmo sendo pequena, o vento gelado lá de fora começou a invadir o ambiente. Castle tremia ainda mais.

_Aproveite a brisa dessa noite refrescante. –Keylan ia sair, mas lembrou-se do que Castle havia dito antes, então voltou e o derrubou da cadeira o qual ele se encontrava amarrado, chutou a boca do escritor e deu vários pontapés em seu abdômen, Rick não tinha mais forças, estava aguentando de mais, o máximo que podia.

Ele se entregou a dor, imagens dele e de Kate juntos encheram a sua mente e ele se arrependeu de tudo o que não disse para ela, de todos os “Eu te amo”, “Estou com saudades” de todos os momentos que poderiam ter vivido, e então ele foi entregue a escuridão e a inconsciência.