Math For Love escrita por Valentine


Capítulo 5
Letras Prateadas


Notas iniciais do capítulo

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Cinquenta e sete convites– Repetia para si mesma enquanto esperava Jhnnifer aparecer. Onde ela se meteu dessa vez?

– Katie! - Ela vinha correndo em sua direção, pegando um bloco de envelopes vermelhos das mãos de sua amiga.

– Onde você esteve, Jhenni? Demorou, fiquei esperando até agora. - Viu que sua roupa estava manchada de terra, e logo percebeu onde sua amiga passou esse tempo. - Ah, já entendi. No jardim de novo. O que você vê naquele lugar, hein?

– Ah, muitas coisas... Têm muitas flores bonitas lá, o lugar dá uma sensação de paz, harmonia, não sei explicar.

– E junto com flores bonitas têm muitos insetos, isso também te agrada? - Katie gargalhou, como sempre fazia quando irritava sua amiga. - E o Dylan?

– O que tem o Dylan? - Jhennifer perguntou, olhando em várias direções.

– Ele estava lá? - Katie deu um pequeno sorriso, que alcançou seus olhos.

Era óbvia a queda que Katie tinha por Dylan, e sua amiga sabia disso. Na verdade, Jhennifer sempre teve uma raiva imensa por ele ser tão idiota e perturbado: adorava implicar com ela, como sempre faz independente de onde estejam. Porém, de tanto Katie falar e repetir as qualidades visíveis no garoto, sua visão horrível de Dylan estava começando a mudar. E ela tinha muito medo disso.

– Estava sim, quem você acha que fez isso em minha roupa? - Disse irritada, enquanto exibia sua blusa suja de lama. Katie deu uma risadinha.

– Ele é engraçado, não é?

– Engraçado? - Jhennifer arqueou uma sobrancelha. - Queria ver se fosse com você, quem seria o engraçado.

– Eu gostaria mesmo que ele fosse descontraído comigo algum dia. Não sei, acho que ele não se sente muito a vontade comigo, sabe? - Fez um bico, demonstrando conformidade.

Jhennifer não sabia traduzir sua opinião diante de tudo aquilo. Realmente, Dylan não se sentia à vontade para agir daquele jeito com ninguém, ou melhor, com quase ninguém. Com todas as outras pessoas ele era reservado, tímido. Mas só com ela e Daniel ele agia dessa forma, enquanto Katie ansiava por isso. Ela não sabia se gostava por ser especial, ou se sentia compaixão pelo amor não correspondido de sua amiga.

– Não sei o que você vê nele, Katie. - Dizia, a consolando - Ele é um idiota. Você se apaixonou pelo jeito tímido dele, o que você conhece. Não parou pra pensar se sentiria o mesmo se ele fosse quem realmente é, o irritante?

Katie suspirou.

– Vamos parar com isso, tá? - Ela sorriu. - Temos que entregar os convites.

Katie dividiu o bloco de convites das mãos de Jhennifer ao meio, e ficou com uma metade. Folheou um a um, conferindo os nomes, até algo chamar sua atenção.

Monroe, Mary

Leu o nome que estava escrito com tinta prateada no envelope vermelho escarlate.

– Droga, mãe... - Sussurrou enquanto suspirava, fechando os olhos com raiva.

O nome escrito era de sua prima, Mary. Poucos sabiam do seu parentesco com a menina anti-social do terceiro ano, e ela não fazia a mínima questão de mostrar. Era a festa de Katie, e sua mãe, mais uma vez, contrariou sua vontade.

No primeiro ano após entrarem no colegial, a relação entre Katie e Mary mudou completamente. As duas, que eram amigas inseparáveis, passaram todo o ginásio juntas, por mais que isso significasse ter que defender Mary nas situações em que era atacada, e até mesmo falar por ela quando seu surto de timidez começava. Essa é a visão da Mary que ela conhecia, e que acredita que ainda seja a mesma pessoa. Embora a amizade entre as primas fosse forte, não foi o bastante para suprir os sonhos de Katie.

Romântica ao extremo, Katie sempre foi a sonhadora entre as duas. Do tipo que passava horas assistindo filmes colegiais sobre romances, festas e popularidade, a visão sonhadora que construíra do ensino médio foi quebrada completamente quando viu que a escola não se baseava só no seu sonho adolescente, e que realmente, era o momento em que teria de ralar duro pra conseguir entrar numa universidade. Katie estava conformada e decidida a conviver com aquele ensino médio decepcionante, até conhecer Jhennifer. A popularidade de Jhennifer a fez pensar se pelo menos uma parte daquela construção fictícia que ela via nos romances acontecia de fato. Sim, ela era querida, ela frequentava festas, ela era disputada. Mesmo que fosse apenas por sua beleza, a vida de Jhennifer a encantara de forma assustadora. E então resolveu se aproximar, construir uma amizade. No início não queria deixar Mary para trás, mas era doloroso ver as críticas de sua prima sobre sua nova atitude, o que as afastou cada vez mais nos últimos três anos.

E agora, o nome de Mary estava na sua lista de convidados, e ela sabia quem o pusera ali.

Muitas foram as vezes em que sua mãe, vendo a presença de Jhennifer em sua casa, ligava para Mary, convidava-a para fazer parte das festas do pijama, sem nem ter o consentimento de sua filha. Sabia que sua mãe sempre foi apaixonada por sua prima, mas às vezes se perguntava se essa paixão superava a relação entre mãe e filha que tinham. E toda essa interferência a estressava.

– O que aconteceu? - Jhennifer perguntou, interrompendo seus pensamentos.

– Minha mãe... Colocou a Mary na minha festa, outra vez. - Revirou os olhos, irritada.

– Ela é sua prima… Porque não a convida?

Katie olhou-a como quem a fosse reprimir, mas não respondeu. No fundo, no fundo, esse complexo de superioridade entre grupos populares presentes em filmes que ela via quando criança só existia em sua cabeça. A verdade é que Katie era uma pessoa completamente sem auto-estima. Andar com Jhennifer e se sentir desejada e superior a fez acreditar em tudo que o cinema pregou durante sua infância. O complexo superior de Katie conseguia superar o de sua amiga, que na verdade não via o colegial dessa forma.

– Deixa isso pra lá, vamos entregar os convites. - Respondeu, entrando na sala de aula.


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Notas finais do capítulo

Um simples review pode determinar e incentivar a continuação da história. Faça um autor feliz, comente!