Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :*



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Olho com carinho para Peg e então suspiro. Nunca pensei que pudesse amar alguém, não assim.

Claro que já tive várias namoradas antes do fim do mundo, mas eu sempre soube que eram passageiras. Eu "invejava" (não exatamente isso, mas quase) Kyle. Ele e Jodi se amavam tanto e eu, ao contrário dele, nunca conseguia encontrar alguém que sequer fizesse minhas mãos suarem e meu coração disparar.

Agora eu entendo o propósito disso tudo (é clichê mas direi mesmo assim), na verdade, ainda não tinha chegado a hora. E a hora chegou em um momento muito estranho e com a pessoa mais estranha ainda. Não era sequer uma pessoa, era uma alienígena, era meu inimigo que fazia minhas mãos suarem, meu coração disparar e meus olhos azuis brilharem intensamente.

É claro que eu demorei um pouco para perceber isso.

Primeiramente era só curiosidade, mas aquilo mudou discretamente. Depois de um tempo eu comecei a ver que Peg era mais que uma alienígena posta na cabeça de Melanie, comecei a ver que ela se preocupava com o que ela estava fazendo e via arrependimento em seus olhos. Não por ela, mas pelos outros, pelas coisas que ela havia causado ao sair de seu mundo das almas e se infiltrar em um mundo humano.

Eu gostava de ouvir sua voz quando ela contava aquelas histórias. Eu gostava de ver o sorriso em sua boca cada vez que via Jamie e achava engraçado quando ela usava o sarcasmo - ela, uma alma, aprendeu a usar o sarcasmo.

O instinto de protegê-la cresceu com o tempo. A primeira vez foi quando Jared voltou de sua incursão. Kyle odiou me ver protegendo a inimiga e me evitou depois disso.

Foi quando falei para ela que gostava dela que percebi que eu não gostava da humana, da Melanie, eu gostava da Peg, da parasita. Fiquei tão surpreso quanto ela ao perceber que eu gostava de suas palavras e de seu tom e não de sua voz, que eu gostava da cara que ela fazia quando via Jamie e não de seu rosto especificamente, que eu gostava da maneira como ela usava seu corpo somente para o bem.

Mas foi só quando descobri que ela iria embora que percebi que a amava. Quando vi como ela estava angustiada e triste com a decisão. Eu não queria vê-la triste, eu queria vê-la sorrindo, nem que não fosse por minha causa. E ela também me amava. Eu confiei nela e ainda confio, olhando para seu rosto agora, sob a luzinha azul da lanterna.

– No que está pensando? - sussurra ela, meio insegura.

Acho engraçado vê-la tímida assim. É o corpo dela que faz isso, mas no fundo ela sempre foi assim. Sorrio.

– No quanto eu te amo - respondo e ela enrubesce e deixa seus olhos caírem em nossas mãos que estão sobre a cama.

– É estranho... ouvir isso - revela.

Tenho vontade de entrar em sua cabeça para entender seus pensamentos e assim poder ajudá-la.

– Estranho? Por quê?

– Eu ouvi isso bastante nesse um ano. Melanie, Jared, Jamie, você... Mas ainda assim é estranho, não parece real - ela não levanta seus olhos cinzas de nossas mãos.

A induzo a olhar para mim, pegando seu rosto diminuto entre minhas mãos. Insegurança. É isso que vejo em seus olhos.

– Não parece real?

– Parece um sonho, que eu posso acordar a qualquer momento.

– Você não vai acordar.

– Espero que não - ela suspira e então olha para o lado e franze os lábios.

– O que foi?

– Você é bom em ler expressões.

– Eu convivi um ano com você, acha que não lhe conheço?

– Meu corpo era diferente - ela dá de ombros e eu reviro meus olhos, ignorando-a.

– E então, em que está pensando?

– É muito clichê dizer que estou pensando em como uma pessoa pode encontrar a felicidade no amor?

– Não acho nada clichê.

– Então estou pensando em como alguém pode encontrar a felicidade no amor - ela sorri largo. Percebo que a insegurança passou e a vergonha também.

– Hmmm, a resposta não deve ser fácil.

– Não tem resposta. É uma pergunta retórica. Mas se houvesse resposta seria: "viva no amor e encontre a felicidade".

– Eu responderia que se você ama você é feliz.

– Essa também serve.

– Isso é bom - digo e me aproximo dela, juntando nossos lábios.

Pergunto-me como é para ela quando nos beijamos. Ela se sente como eu? Infinita? Ela sente como se nada mais existisse no mundo, só eu e ela, vivendo em nossa própria felicidade? Ela sente o amor se expandindo e escapando do peito, alcançando o céu e as estrelas? Ela se sente forte e vulnerável ao mesmo tempo; como se pudesse fazer tudo, mas para tudo dependesse de alguém? Ela me ama na mesma proporção que eu, ou com a mesma intensidade? Sim, seus olhos me respondem; sim, seu beijo me responde; sim, sua voz me responde.

Separo nossas bocas, um pouco ofegante, e a abraço apertado, lembrando que a tenho para o resto da vida.

– Eu te amo - ela sussurra em meu ouvido.

– Eu também te amo. Você é tudo para mim, você sabe - dou mais um selinho demorado nela e então percebo o quanto ela está exausta.

– Vamos dormir - digo me deitando e puxando sua cabeça para meu peito.

Não consigo ver seu rosto, mas sei quando ela dorme. Sua respiração se acalma e ela resmunga coisas incoerentes. Amo senti-la segura presa em meus braços. Ela é a minha Terra. Eu sou um corpo com massa muito pequena que é puxado pela força da gravidade que vem dela. Ela que me prende aqui, assim como ela diz que eu a prendo. Não consigo me imaginar vivendo sem ela. Ela é minha âncora e eu sou a dela. E assim adormeço, com a felicidade em minha cabeça e amor em meu coração.


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Notas finais do capítulo

Não curti, acho que posso melhorar :( Isso é novo pra mim, essa coisa de escrever pela perspectiva masculina, mas eu queria tentar então fiz isso :D Não sei qual é o rumo da história ainda, só não podia deixar minha ideia me escapar. Me desculpem se tem algum erro de concordância que eu não tenha percebido, não gosto muito de revisar o que escrevo :c Bom, por hoje é só, até qualquer dia, eu acho.