Porcelana escrita por Aphrodite Laclair


Capítulo 1
onde está tua estante, boneca?


Notas iniciais do capítulo

Para aquela que coleciona todos os meus rascunhos, esboços, poemas, projetos inacabados e que é a dona de quase todas as palavras que eu escrevi do meu próprio punho. Amo você, May. ♥



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Porcelana

Ele era como uma boneca de porcelana. Tão fácil de amar quanto de quebrar.

— Hikaru... Acorde. Anda. — ele sacudiu seu irmão gêmeo, mas de uma forma fraca, como se não quisesse realmente acordá-lo.

— É madrugada, Kaoru. Pelo amor de deus, é madrugada.

— Por favor... Por favor. — a voz suplicante de Kaoru fez com que Hikaru abrisse seus olhos bem lentamente, piscando sonolento.

— Aconteceu alguma coisa? Você teve um pesadelo?                                      

— Não, eu estou bem, eu só... — Kaoru perdeu-se em pensamentos, olhando para a pele branca – pálida – do irmão que estava iluminada só pela luz da lua. Naquele ângulo, ele parecia ainda mais bonito, quase fantasmagórico, e ele se perguntou se teria o mesmo charme. Se a pele dele brilhava da mesma maneira.

— Você só...?

— Estava me sentindo sozinho.

— Eu estou deitado do seu lado, Kaoru. Na mesma cama. Não há motivos pra se sentir sozinho. — ele disse, mas abriu os braços, onde Kaoru se aconchegou, sentindo o cheiro doce de frutas cítricas que emanava do irmão. Era estranho. Ele não estava costumado a ver diferenças entre eles, mas o seu perfume era de flores de verão. Ele se perguntou até onde iriam essas pequenas diferenças. O quanto elas importavam.

— Mas eu me sinto... É como se me arrancassem um pedaço. Um braço. Não gosto de ficar sem você, Hikaru, não gosto.

— Você não está sem mim, ok? Eu estou aqui. — colocou sua mão por cima da outra, idêntica, perfeita, e sorriu, entrelaçando os dedos. — Do seu lado. Segurando sua mão. E esse é o meu lugar, e por o ser, eu vou ficar aqui pra sempre.

— Você cheira a frutas...

— E você cheira a flores, Kaoru. Essa é uma diferença entre nós, mas não se preocupe. Não se preocupe porque elas não importam. Nem mesmo um pouquinho. Nem esse tamanhinho aqui. — ele fez um sinal, aproximando o indicador do polegar. Kaoru não se surpreendeu, mesmo que Hikaru parecesse ler sua mente. Ele não se surpreendeu porque, na maior parte das vezes, palavras não eram necessárias entre eles. Porque eles eram um só. Uma só pessoa, uma só alma. Não importa quantas diferenças eles tivessem, eles ainda eram um, e suas semelhanças estariam sempre lá para lembrá-los disso.

— Você me ama?

— Amo. Agora vá dormir.

— Eu também amo você, Hikaru. Muito. Muito, muito, muito, muito. — ele sorriu, enrolando-se na coberta e passando os braços pela cintura do irmão. — Muito mesmo.

— Ande, durma logo. Eu vou estar sempre aqui.

— Sempre?

Sempre.


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