Broken Wings escrita por Angie x3


Capítulo 13
Capítulo Nono




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- Vocês dormiram juntos na clareira?

A frase parecia ecoar dentro da minha cabeça seguidas vezes e, a cada vez, pronunciada mais lentamente e distante. Meu coração tentava freneticamente varar os limites do meu peito, minha cabeça girava e, por um momento, senti meus joelhos falharem. Apoiada na soleira da porta queria que o mundo acabasse ali mesmo, naquela hora. Não tinha mais o que eu poderia falar, tudo já estava dito. Busquei dentro de mim a força de vontade para tentar apaziguar – inutilmente – aquilo tudo.

- Edward, não é bem isso que você está pensando... – o clichê imediatamente tomou conta das minhas palavras no momento que percebi que ainda não conseguia pensar com clareza.

Ele direcionou-me uma expressão enojada e me tirou do caminho, cruzando a porta e indo em direção ao Jacob, que ainda permanecia no mesmo lugar e em silêncio. O corpo dele começou a se retesar quando viu Edward se aproximando, tomando uma posição defensiva, retrocedeu meia dúzia de passos em direção a varanda.

- O QUE... VOCÊS... FIZERAM? - Edward olhava fixamente dentro dos olhos de Jacob, parecendo tentar ler seus pensamentos e memória. Sua voz tinha um som urgente e exaltado, mas no fundo percebi um sentimento que atingiu meu íntimo: Mágoa.

- Nada, Edward! Não aconteceu nada! - segurei seu braço para que não avancasse mais. As lágrimas desciam desesperadamente pelas minhas bochechas sem que eu percebesse. Eu não ia conseguir suportar assistir aquilo. Eu tinha que evitar que o pior, seja lá qual fosse, acontecesse.

Com um tranco, Edward desvencilhou seu braço de mim, me olhando nos olhos por uma fração de segundo, fitando-os profundamente. Sua expressão estava tomada por pura dor e desgosto. Nunca tinha visto seus olhos tão escuros, com tanto pezar, como se o mundo tivesse acabado diante deles.

Durante todo o tempo, Jacob apenas limitou-se a ficar calado. Parecia que mudo ele falava mais do que mil palavras. Parecia que apenas pensava e, desta maneira, Edward pôde compreender tudo que havia acontecido ali. Por um momento pensei que ele sabia mais do que eu... Por outro momento pareceu que aquela noite na clareira não fora apenas uma noite inofensiva e despretenciosa.

Edward estava tenso, como se seus pés estivessem sido cimentados ao chão, olhando fixamente para Jacob, que esboçava uma expressão de remorso e desculpas. Uma conversa silenciosa acontecia enquanto eu me desesperava, loucamente querendo entender tudo que estava acontecendo bem diante dos meus olhos. Por fim, uma voz rouca e fraca quebrou o silêncio.

- Eu não tenho forças para lidar com isso agora... - Edward disse enquanto passava rapidamente por Jacob em direção ao seu carro. Nenhum olhar, ao menos uma palavra foi direcionada a mim antes dele partir.

Tomado pelo mesmo impulso Jacob também ameaçou partir. Apenas acenou com a cabeça, como se estivesse se desculpando, e saiu. Subiu em sua moto e foi pelo mesmo caminho que Edward fora e, instintivamemte eu começei a seguí-los a pé. Corri o mais rápido que meus pés deixavam atrás deles, sem um objetivo em mente, apenas segui meu coração e fui na direçao que eles tomaram, tentando de alguma maneira impedir tudo aquilo.

Eu não sabia quem exatamente eu estava seguindo. Não sabia, qual dos dois ali tinha violado meu peito e levado meu coração. Um coração cheio de úlceras e fraturas. Poucos minutos passaram até eu perdê-los de vista no horizonte e começar a caminhar lentamente, apenas retrocedendo em minha mente tudo aquilo que tinha acabado de acontecer.

A chuva torrencial aumentava gradativamente. À medida que caminhava, eu sentia as gotas d’água gelada escorrerem por toda extensão do meu rosto, me cegando e se confundindo com minhas lágrimas. Desciam virtuosas pelas mechas do meu cabelo embaraçado. Formavam poças, fundas e transparentes, nos vincos e desníveis do passeio, nas quais eu fazia questão de afundar meus pés. Eu queria, na realidade, era ME afundar. Minha roupa encharcada e pesada me incentivava menos, por incrível que pareça, a voltar para casa. Eu não queria, mesmo, entrar de novo naquele antro de lembranças e memórias. Eu simplesmente não queria. 

Recostei-me, sem forças no tronco de uma árvore frondosa - a fim de fugir da tempestade - e deixei o peso do meu corpo, e a gravidade, fazerem seu trabalho. Em um movimento único, sentei-me no chão de terra encharcada e, instintivamente, as lágrimas jorraram com mais força. Um choro silencioso e transbordado de dor.  

Abracei minhas pernas na altura dos joelhos e tratei de esconder meus olhos vermelhos e face manchada. Apoiei a testa em um dos meus antebraços e cantei. Sim, cantei. Cantei para tentar afastar todo e qualquer pensamento, lembrança e memória que poderiam inundar minha mente naquele momento. 

Mas, infelizmente e inevitavelmente, tudo me lembrava ele. Era impossível, e eu sabia, tirá-lo da minha vida daquela maneira. Arrancar uma parte de mim. Perder um coração. Eu me sentia vazia, oca. Sem chão e sem sentido.  

Comecei a cantar mais alto, tentando afugentar tudo que estava na minha cabeça. Não queria pensar em mais nada, em mais ninguém. Cantei a música que embalou meus sonhos durante muito tempo. Chorei mais, cantei mais alto, e por fim, dormi. 

O fato era simples: ele tinha partido. Partido da minha vida e partido meu coração.


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Notas finais do capítulo

Não tenho nem cara de pau de pedir desculpas pela demora ._.
Acho que esse final de ano foi o mais corrido da VIDA!
Mil perdões.
Mas, agora, estou de FÉ-RI-AS! :D
Beijocas!
Espero que gostem, acompanhem e COMENTEEM!



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