Distante Da Primavera escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

Essa é mais uma fic que está na série "A Primavera" e também faz parte da série de fics da Nymeria. Essa seria uma ligação entre as duas séries.
Espero que lhes interesse ler as outras fics tbm!
espero q gostem e comentem
boa leitura
Sereny Kyle



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            Eu fui designado para voltar ao Solar das Bolotas, de Lady Smallwood por Lorde Beric, porque lá havia uma forja em que eu poderia trabalhar sossegado, sem correr riscos. Não cansavam de me lembrar de que eu era um moleque verde de dezesseis anos, apesar de já poder ser considerado um homem feito... Nada daquilo parecia mais ter propósito algum desde que o Cão de Caça sequestrara Arya, por isso, fui sem reclamar.

            A guerra conseguia mudar os lugares em pouco tempo e o Solar das Bolotas também não era o mesmo que eu tinha guardado na memória, mesmo que fizesse pouco mais de um mês que eu estivera ali com a Irmandade e Arya, vestindo seu vestido de carvalho... Aquele lugar talvez fosse onde eu queria ficar pelas lembranças que me trazia... Principalmente as lembranças na forja em que eu trabalharia.

            Eu fui recepcionado por uma mulher chamada Jeyne, que disse ser a responsável por ali desde que Lady Smallwood foi embora e eu percebi que agora tinha muitas crianças correndo de um lado para o outro, provavelmente órfãos. Era um preço que eles pagavam pelos erros de adultos que nunca conheceriam seus nomes...

            Apesar de já ser tarde quando cheguei ao Solar, eu fui até a forja para pelo menos olhar o que eu teria de fazer a partir do dia seguinte e principalmente para fugir da algazarra que acontecia dentro da casa com toda aquela aglomeração de pessoas.

            Acendi uma vela e quase não foi o suficiente para iluminar o lugar. Anoitecia rápido e as noites ficavam cada vez mais escuras conforme o frio aumentava... O Inverno estava mesmo chegando por toda parte e todos temiam não sobreviver a ele...

            Apesar disso, nada pra mim parecia tão penoso quanto ter perdido Arya... Quanto não ter conseguido protegê-la e mantê-la a salvo ao meu lado... Ela poderia estar ali comigo agora, como da última vez...

            Quando passamos pelo Solar da primeira vez, nós dois estávamos sozinhos na forja, numa noite como esta e eu tentara pela primeira vez falar a ela como me sentia, mas Arya não era uma garota para quem era fácil falar sobre amor e ser romântico (não que eu fosse alguém que soubesse fazer qualquer uma dessas duas coisas sem dificuldade também)...

            Ela não era parecida com ninguém que eu já tivesse visto em minha vida! Cresci como um simples aprendiz de ferreiro em Porto Real e meu mestre sempre me ensinara que, se alguma vez algumas moças de alto nascimento fosse acompanhar seu pai até nossa forja, era meu dever dobrar os joelhos diante delas, olhar pra baixo e nunca ficar encarando-as e falar com elas apenas se me dirigissem a palavra, sem nunca falar mais do que o necessário.

            Mas quando conheci Arya eu não fazia ideia de quem ela era, não sabia que era uma garota, muito menos que era nobre... E a amizade, o afeto e o carinho que nasceram por ela logo tinham ganhado uma proporção tão grande que eu não consegui me lembrar de nenhum dos ensinamentos de meu mestre naquele momento e fui ainda mais incapaz de me impedir de me apaixonar completamente por ela...

            Eu sempre me esquecia do alto nascimento dela quando estávamos juntos, porque Arya também não parecia gostar de ser lembrada disso tanto quanto eu... Ela ficava brava cada vez que eu a chamava de milady e aquela palavra me dava arrepios cada vez que saía de minha boca, mesmo quando era só por brincadeira ou para provocá-la.

            Sempre me esquecia quando seus olhos buscava os meus, quando discutíamos, quando eu a deixava brava... Mas eu sempre era forçado a lembrar que o que ela mais queria era poder voltar para sua casa e, quando esse dia chegasse, ela voltaria a ser uma lady enquanto eu seria para sempre eu...

            Naquela noite, quando chegamos ao Solar das Bolotas pela primeira vez, eu tive quase certeza de que conseguiria dizer a ela como me sentia a seu respeito... Bastava fechar os olhos e eu nos via rolando naquele chão, a via sobre mim e me via sobre ela logo em seguida e logo estava debaixo dela novamente, tentando se soltar de minhas mãos, enquanto eu a tinha presa em meus braços... Fechava os olhos e podia sentir seu cheiro e sua pele... Podia ouvir sua voz... Podia ouvi-la brigando comigo, me dando bronca por ser sempre cabeça dura demais, sendo tão teimosa quanto eu mesmo... Podia ouvi-la fazendo planos para nós dois... Mas meus olhos não podiam ficar pra sempre fechados e ela tornava a sumir... Como acontecera por culpa do Cão durante a tempestade...

             Eu sonhava todas as noites com aquele momento em que vi os vultos de Arya e Cão de Caça desaparecendo na escuridão e eu nunca conseguia alcançá-los, como não tinha conseguido acordado... Eu dizia seu nome, chamava por ela desesperadamente, mas ela não me ouvia. Lorde Beric ordenara uma comitiva para buscar pelos dois, mas eu era apenas um ferreiro e não tive permissão de ir com eles...

            E era o que tinha me trazido até aqui...

            - Ah! Boa noite! – uma garota entrou na forja e pareceu surpresa de me ver ali. – Eu tinha visto a luz da vela... Mas não sabia quem poderia estar aqui à uma hora dessas...

            - Desculpe pelo susto... – disse, sem encontrar emoção em minha voz. – Sou Gendry. Lorde Beric me enviou para trabalhar aqui na forja para ele.

            - Ah! Sim! Ouvi falar que viria! Sou Willow, irmã mais nova de Jeyne!

            - Muito prazer – eu não estava nenhum pouco encantado por conhecê-la apesar de vê-la sorrindo amavelmente para mim.

            - Quantos anos tem?

            - Dezesseis...

            - Eu tenho quinze! Vai ser bom ter alguém com a idade próxima por aqui, de preferência! Minha irmã é bem mais velha e os órfãos são bem mais novos!

            - Então eles são mesmo órfãos... – eu disse, mais para mim mesmo, mas a garota entendera como uma tentativa de continuar a conversa e se aproximou.

            - O que fazia com a comitiva de Lorde Beric? – ela perguntou interessada.

            - Sou ferreiro – respondi, meio impaciente, porque já tinha lhe dito isso antes.

            - Sim... Mas... Eles são foras da lei... – ela argumentou, parecendo animada com aquilo.

            - Eles são meus irmãos. E eu não sou como eles. Sou um ferreiro!

            - Entendi, entendi – ela pareceu achar graça do que eu dissera. – Precisamos arrumar onde você vai dormir – Willow disse, pensativa e tinha um sorriso divertido em seu rosto que eu não gostei de ver.

            - Eu posso me arranjar muito bem por aqui mesmo – lhe disse, mas ela não me deu ouvidos.

            Ela agarrou minha mão e me puxou para fora da forja e depois para dentro da casa, escada a cima, desviando com habilidade dos órfãos que corriam por nós, nos encarando com olhos esbugalhados. Chegamos a um cômodo, apertado de colchonetes e ela jogou mais um no chão, com um travesseiro e algumas mantas, parecidos com os outros.

            - Eu durmo bem ali – ela apontou para um colchonete próximo, parecendo dizer alguma coisa completamente diferente do que estava em sua mente e eu a encarei desconfiado.

            - Olha, Willow, muito obrigado, mas... Eu não estou aqui pra isso, entendeu?- ela deu risada.

            - Ah, não se preocupe! Eu sei! – eu franzi o cenho. – Eu só quero que saiba que se precisar de alguma coisa, eu estou aqui!

            - Desculpe, mas eu já tenho alguém! – disse sério para que ela acreditasse. Seu olhar divertido não se apagou mesmo assim.

            - E onde ela está? – ela me perguntou, desafiadora.

            - Ela... Ela foi seqüestrada.

            - Você quer dizer que ela fugiu? – sua voz falhou em ocultar seu divertimento.

            - Não! Ela foi seqüestrada! – eu respondi, bravo.

            - Então, já deve estar morta! Quando mais cedo você aceitar isso...

            - Ela na está morta!

            - Ninguém pode fugir disso, com essa guerra...

            - Ela não está morta! – eu gritei, ferozmente. – Você não a conhece!

            - Não, eu não a conheço! Mas se ela foi capturada e você não, isso devia lhe dizer alguma coisa! – seu tom de voz divertido desapareceu lentamente. – É melhor deixar as pessoas seguirem seus caminhos, mesmo quando gostamos delas.

            - Isso não lhe diz respeito.

            - Não. Mas se vamos conviver todos os dias, é melhor começar sendo honestos uns com os outros e com nós mesmos, de preferência!

            - Eu vou fazer o trabalho que vim fazer e proteger vocês o melhor que eu puder! Não me espere exultante por fazer mais do que isso!

            - Pelo menos está sendo honesto – ela bufou, descontente, mas nem de longe conseguia ser tão irresistível daquela forma como Arya era. – Eu esperava que tivéssemos uma boa convivência...

            - Eu sei bem o que você esperava – eu respondi, irônico, vendo-a ficar vermelha como um pimentão.

            - É difícil acreditar que uma pessoa grossa como você realmente tenha alguém!

            - Não espero que acredite – dei de ombros. – Não preciso que acredite! Eu sei o que eu sei!

            - Eu sei que ela te deixou e você é burro o suficiente pra acreditar que alguém a sequestrou!  Os dois provavelmente fugiram juntos porque você era insuportável! Quem iria querer se casar com alguém assim? – ela estava furiosa e eu não a culpava, mas também já não estava mais sendo capaz de me conter.

            - Você não tem o direito de falar assim dela! Você não seria ninguém se estivesse ao lado dela!

            - E você seria o que então? Se ela é assim tão especial, então não foi feita pra alguém como você!

            - Eu sei disso – respondi, amargurado e ela me encarou sem saber o que dizer.

            - Eu peço perdão por ter tentado ser agradável – ela jogou os lençóis que segurava contra o meu rosto e passou por mim furiosa, descendo novamente as escadas e me deixando sozinho.

            Encostei à parede, mordendo a raiva inflamada em meu peito e respirando profundamente pra tentar me acalmar. Eu tinha acabado de cari do lado esquerdo do cavalo ali e isso não ia tornar minha estadia mais fácil.

            Willow não olhou pra mim nenhuma vez mais e eu não conseguia me convencer de que lhe devia desculpas... Deitado, antes de conseguir adormecer, eu só conseguia sentir a falta de Arya...


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?



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