Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 12
Definitivamente o fim.


Notas iniciais do capítulo

Definitivamente esse foi o capítulo mais difícil que já escrevi. Foi muito dolorido pra mim, porque foi como se fosse o próprio Daniel e estivesse sentindo tudo que ele sente. E sei o quanto é ruim ter um coração despedaçado. Creio que ninguém goste. Assim, não foi nada fácil pra mim escrever. Da mesma forma, que para quem gosta do nosso casal, não será nada fácil vê o que acontece a seguir. Mesmo assim, espero que gostem. É triste, mas ainda há muito o que acontecer.
Essa capítulo é o ultimo antes da Parte II, antes de sabermos o que se passa com Maria Luiza, a quem muitos devem estar odiado, por ela ter destruído o frágil coração do nosso querido Daniel.
E queria aproveita esse espaço também para agradecer todos que estão lendo até agora, sendo pacientes e fieis comigo. Kethy Duarte, obrigada por todos os comentários que você tem feito e a recomendação. Eu simplesmente fiquei maravilhada. Estou muito feliz!



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Dia após dias eu esperei ansiosamente por um pedido de desculpas, por um esclarecimento, alguma atitude da parte dela. Fazia mais de uma semana que não tinha notícias de Maria Luíza. Perguntava-me o que se passava em sua cabeça e o porquê da demora em me procurar. Será que ela continuava a esperar pela minha iniciativa?

Estava farto. Queria que ela pudesse agir sozinha ou pelo menos deduzir o mal que suas atitudes estavam me causando. Mas nada aconteceu. Eu fiquei a sua espera e ela vivendo sua vida normalmente, sem se importar com os meus sentimentos.

Eu tentei esperar por ela. Dia e noite. Olhando sempre para o celular a procura de uma mensagem ou uma ligação perdida. Quem sabe uma visita surpresa? Estava tão cansativo. Deus! O que eu havia cometido de tão errado para não merecer um esforço de sua parte? Ou só o mínimo de compaixão?

— Vim para conversamos – disse entrando em seu quarto, após ter sido recebido educadamente por Amanda.

— Oh, Daniel, finalmente – ela suspirou fundo correndo para meus braços. Eu quis corresponder, mas tinha de ser firme. Estava ali para um diálogo sério e não fingir que estava tudo tão bem.

— Então, o que me diz? – perguntei afastando-me de seus braços após alguns segundos.

— Querido, foi só um mal entendido. Você acabou vendo o que não deveria ter acontecido. Não foi intencional. Foi coisa de momento, estávamos empolgados. Não tive tempo de me explicar, mas queria pedir que você deixasse de bobagem. Eu senti tanto a sua falta – ela disse naturalmente. — Vamos, deixe de ciúme bobo. Somos primos.

— Ah, Maria, você não entende – bufei. — Qualquer um seria capaz de se apaixonar por você como eu me apaixonei. Uma garota tão especial, inteligente, meiga, delicada e bonita. Até um primo pode ter uma recaída por você. Não é bobagem minha, são evidências. Está mais que claro que Fernando nunca deixou de gostar de você desde a primeira vez que namoraram.

— Como sabe disso? – ela perguntou surpresa. — Não me lembro de ter lhe contado isso. Faz tanto tempo. Meu primo jamais se apaixonaria por mim. Ninguém me ama como você. Ninguém é capaz de viver em mim como você vive aqui no meu coração.

— Mesmo assim – disse permitindo finalmente que nossos corpos voltassem a se unir com toda a saudade. — Tenho tanto medo de te perder. Você não sabe como me sinto quanto isso.

— Bobo – ela beijou meus lábios entre sorrisos. — Não temas! Só confie em mim, por favor – ela implorou sussurrando no meu ouvido.

Mais uma vez deixei me levar por suas carícias e nos beijamos. Tão intenso, tão doce. Mas não foi o suficiente, me aborreci com Maria milhares de vezes. Fiquei furioso, louco da vida e, ao mesmo tempo, cansado de tanto desperdício do nosso precioso tempo com brigas. Todas pelo mesmo motivo de sempre. Ainda era Fernando e o tormento que ele fazia em minha cabeça. Sua presença me deixava inseguro. Não conseguia parar de pensar em sua cena com minha namorada.

Às vezes, ele mostrava indiferença em relação ao meu relacionamento com sua prima. Até conversávamos, trocávamos ideia. Eu cheguei a acreditar que tinha começado a gostar dele. Ele dava uma de espertão quando eu estava por perto diante da galera. Se gabando de si, contando vantagem, trocando olhares de cumplicidade com a minha namorada, tocando-a como se fossem mais que primos.

Malu não dava importância quando eu dizia temer perde-la para ele ou para qualquer outro que chegasse perto dela. Muitas vezes eu ligava para ela, como eu havia prometido, e ela não me atendia, nem retornava a ligação.

— Eu avisei, lembra? – provocava Beatriz sempre que nos encontrávamos sozinhos. — Eu disse que uma hora ou outra ela iria se cansar de você, um vagabundo qualquer, miserável que se mata tendo que trabalhar para pagar as próprias contas. Falei que ela iria preferir um cara rico que pudesse a levar para o mundo a fora sem se preocupar com os gastos e despesas.

— Cale essa boca – eu retrucava em um tom mais alto.

Fingia não dar muita importância ao que ela dizia, mas só eu sabia que ao me deitar ficava repassando em minha mente tudo que ouvia.

Ainda me perguntava como ela ainda não havia tirado a aliança do dedo, já que se importava mais com as festinhas nos finais de semanas e com as novas amizades do que comigo.

— Deixe de bobagem. Eu fico com você o tempo todo. Será que não posso ter um final de semana de folga? – ela perguntava irritada.


— Você tem é que se divertir, ela não se diverte com as amiguinhas ricas? – perguntou Guilherme, já sabendo a gravidade da situação. — Se eu fosse você faria o mesmo.

Para meu azar, eu não tinha tanto ânimo com esse tipo de coisa. Maria já não atendia telefonema nenhum meu e quando eu resolvia ir até sua casa para tirar toda essa história a limpo, ela não estava. Talvez me evitando, deixando a nossa história para segundo plano.

Aquilo estava me deixando irado. Em algumas noites eu não conseguia dormir pensando o porquê dela ter se transformado em tão pouco tempo em alguém que eu não reconhecia. Sentia muita falta daquela Malu da viagem.


— Daniel, sua nota caiu bastante esse semestre na minha matéria. O que houve? Você costumava ser um dos melhores na turma – disse Sérgio, o professor de cálculos. — Se for problemas com a namorada, se resolvam, por favor. Não quero perder aquele meu antigo aluno.

Por mais que tentasse voltar a ser o mesmo Daniel prestativo nas aulas, as mudanças do comportamento de Malu fizeram que o meu rendimento só piorassem.

— Ei, vamos dar uma volta com Ben? – perguntou Pedro em um dos nossos finais de semana juntos. Ele me olhava com um sorriso lindo e me sentia mal em ter que falar não.

— Não vai dar, mano – disse tentando sorrir. — Estou com uma dor de cabeça horrível. Que tal você e Ben cuidarem de mim?

— Você vai ficar bom rapidinho – ele disse tentando me cobrir com os lençóis. — Vou pedir para mamãe fazer aquele chá que você adora, espero que funcione.

Ele ainda conseguia me fazer sorrir com aquele jeitinho prestativo, meigo e cuidadoso. Aquela tarde, confesso, ele cuidou de mim melhor que ninguém. Tentava me distrair como se soubesse exatamente o que acontecia comigo.

— Daniel, você está bem? – ela perguntou ao telefone depois de dias sem nos falar. Como se nada tivesse acontecido.

— Estou – menti. Havia dias que também eu não aparecia na faculdade por conta de uma febre alta. — Só um pouco febril, mas já melhora.

— Eu até pensei em ir ai ficar com você, mas papai chamou-me para ir com ele a Curitiba para visitarmos uma tia minha – ela dizia naturalmente — Eu também não ia poder fazer nada para te ajudar. Então, descanse, meu amor, apenas descanse.

Como eu ainda conseguia ser tão estúpido? Ainda tinha esperanças que tudo voltasse a ser como antes, que o desinteresse dela por nós sumisse ou que aquele seu primo tivesse que viajar pra Flórida para nunca mais voltar.

Eu tinha a esperança que aquilo não passasse de uma fase de rebeldia de Malu. Mas também me sentia farto daquilo. Farto de ser abandonado por minha própria namorada, farto de bancar o chato que fica no pé o tempo todo, farto de deixar meu rendimento na faculdade cair só porque não estávamos tão bem um com o outro.

Eu não tinha mais o que fazer. Tantas vezes eu corri atrás, tantas vezes eu tentei conversar, salvar o nosso relacionamento. Tantas vezes tentei ligar, tentei ir atrás para ver de perto o que acontecia, mas não tinha mais jeito. Eu havia de tomar uma decisão.

Não importa se eu amava com todo o meu coração, afinal ela deixou de me amar. Malu deixou de cumprir suas promessas, deixou de ser aquela garota meiga e preocupada com o nosso relacionamento.

Talvez não tenha sido uma boa ideia tentar ser o melhor pra ela prestando vestibular, me mudando para longe dela por causa dos estudos. Ah seu tolo! Não coloque a culpa em si! Só estava tentando fazer o que era melhor para mim, pensando o tempo todo no futuro dos dois.

— Precisamos conversar – disse um dia. Estavam todos no duplex delas.

— Estou ocupada, Daniel. Você pode esperar um pouco? – ela de ombros, tão pouco se importava se eu estava ali ou não.

— Não dá para esperar, Maria – puxei-a pelo braço bruscamente levando-a diretamente para seu quarto.

— Quem você pensa que é? – perguntou ela me fuzilando com os olhos em chamas. — Porque está me tratando assim?

— Eu só queria que você voltasse a prestar atenção em mim – disse em alto e bom som para que ela entendesse a gravidade da situação.

— Não precisa gritar assim comigo – ela berrou ainda mais alto, alguns passos distante de mim. — Qual seu problema? Eu nunca vi você agir dessa forma comigo.

— Meu problema? Você! – berrei tentando mostrar autoridade. Era a primeira vez que gritávamos um com o outro. — Quem é você, Maria Luíza?

— Ora! Que diabos de pergunta é essa, Daniel? – ela aproximou-se, colocando uma das mãos na cintura. Bufando.

— É o seguinte Maria – comecei certo do que ia dizer. — Ou você volta a ser aquela minha namorada prestativa, carinhosa, meiga e atenciosa. Ou...

— Ou o que Daniel? – ela interrompeu-me, aproximando seu rosto.

Por um momento ficamos calados. As respirações ofegantes. Cada um com seus pensamentos. Os olhos penetrados um no outro. De repente, me senti aquele garoto que trombou com uma jovem loura no corredor do hotel. Apaixonado, atraído.

— Estou farta de você – ela disparou. — Cansei de você! Quero um tempo. T-e-m-p-o. Não aguento mais suas crises de ciúmes, essa sua bobagem de medo de me perder, suas ligações o tempo todo, suas visitas inesperadas, essa sua arrogância comigo. Daniel, eu quero viver sem ter que me sentir presa em alguém. Sou jovem, há tanto o que conhecer desse mundo. Preciso de espaço, tempo para respirar. Eu te amo muito, mas assim não dá para continuar. Gostaria de me sentir livre – ela respirou fundo, diminuiu o tom e voltou a me olhar com os olhos tão marejados quanto os meus. Era como já saber o que ela iria dizer. — Acabou.

Acabou. A-c-a-b-o-u. Com todas as letras. Acabou. Palavras que me atormentaram por um longo tempo.

Lágrimas tomaram conta de mim naquele instante, mas eu sabia que já não tinha mais o que fazer. Eu poderia bater o pé e dizer que ela estava ficando louca, que as coisas poderiam se resolver de outra forma. Poderíamos entrar em um acordo, deixar as cabeças esfriarem e resolver as coisas com mais calma. Mas não havia escolhas, nem outros caminhos. O jeito era terminar.

Por muitas vezes, eu acreditei que nunca teríamos um fim, que o nosso amor era verdadeiro e forte o bastante para vivermos para sempre juntos. Mas ela acabara de me provar que estava farta do quanto eu a amava. Sim, foi isso que eu entendi: cansada do meu amor.

Quantas vezes Maria Luíza jurou seu amor eterno para mim desde que nos conhecemos? Inúmeras vezes. E agora? Onde estaria àquela jovem romântica e apaixonada que dizia ser só minha, não importasse o que acontecesse, seria sempre minha?

E todas aquelas vezes que fui sincero com minhas palavras amorosas? Será que ela se esqueceu ou fez questão de não se importar? Quantas vezes eu chorei depois de uma briga nossa? Correndo, clamando para que tudo voltasse a ser como antes e ela sorria e dizia que queria o mesmo. Em questão de segundos, com alguns beijos e um longo abraço tudo ficava bem de novo.

Dessa vez foi diferente.

Nos meus olhos não havia mais brilho, eu sentia. No meu coração aquela chama estava apagada, eu já não tinha compaixão. Meu peito não pedia por uma segunda, uma terceira e quem sabe até quarta chance para o nosso amor. Meus sonhos, todos despedaçados.

Será mesmo que eu iria saber viver sem o meu grande amor?

Olhava para ela em minha frente e via as lágrimas de seus olhos escorrerem rapidamente. Ela as limpava com as costas das mãos bruscamente como quem queria se livrar delas para não demonstrar fraqueza ou arrependimento.

Ela evitava me olhar enquanto eu a analisava em busca de uma pontinha de arrependimento, me certificando se ela estava mesmo certa do que dizia. Eu estava disposto a tudo, menos perdê-la tão facilmente.

— Agora saia daqui! – ela enxugou as últimas lágrimas. Eu não a reconhecia mais. — Suma da minha vida!

— Por favor, perceba o quanto eu te amo, o quanto te quero, o quanto desejo o nosso bem. Por favor. Não diga essas coisas. Eu jamais quis ser descartado da sua vida como quem não fez diferença alguma. Você é a primeira mulher por quem me apaixonei.

— Acabou! Será que você pode entender? – ela disse saindo do quarto correndo. Deixando-me ali desesperado por não saber qual próximo passo a dar.

O pior de tudo foi ter que enfrentar todas aquelas pessoas na sala de estar me encarando enquanto eu ia até a porta.

Fechei a porta sem dizer uma palavra, ainda sentindo meus olhos úmidos e minha face molhada. Olhei para trás uma única vez. Respirando fundo. Passando a mão pelos cabelos. Memorizando em minha mente aquele lugar onde muitas vezes fui feliz, mas também o lugar onde fui mais infeliz, onde eu fui destruído. O lugar onde mora a pessoa que eu mais amo e já não me ama.

Não conversei com ninguém. Apenas me afastei. Sei que ninguém me entenderia. Queria um tempo para pensar e refletir. Quem sabe até aquilo não passasse de um pesadelo? E quando eu acordasse estaria tudo normal e bem.

Assim que deitei minha cabeça no travesseiro, as coisas começaram a fazer sentido. Ela ordenou que eu sumisse da sua vida e declarou que tudo estava acabado entre nós. Passei a madrugada inteira acordado.

Chorei até sentir o peito reclamar de dor. Solucei. Afoguei-me em um mar de lágrimas. Sentia-me sufocado. Quase sem ar para poder respirar. A minha frente eu só via uma onda de escuridão.

Claro que eu pensei em ligar, em sair dali e ir correndo atrás dela feito um cachorrinho abandonado para dizer que ela estava enganada e que não poderia terminar o nosso relacionamento tão facilmente.

Mas seria em vão o meu esforço.

Nunca havia visto tanto ódio nos olhos da minha adorável Maria Luiza. Nunca a havia visto tão certa do que dizia. Nunca pensei que ela seria capaz de colocar um fim a nossa relação. Ela nunca havia sido tão fria.

Aquela Maria Luíza certamente não era mais a minha Malu. Muitas coisas haviam mudado dentro dela. O coração tinha endurecido. O amor que ela sentia por mim desaparecerá em fração de segundos.

E tudo que eu podia fazer a partir de então, era lutar por mim mesmo e por minha felicidade. Merecia ser feliz. Merecia encontrar alguém que me amasse a altura.

Queria esquecer a nossa história por mais difícil que isso parecia ser. Levaria o tempo que fosse preciso. Maria não me merecia. Aquela Maria, não.


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Notas finais do capítulo

Quero muito que você comentem! Não deixem de dizer o que você estão achando até agora! Vamos lá! Sejam participativos!



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