Nada Alem De Silent Hill escrita por Kay Colchester


Capítulo 10
Capítulo 9 -Será Que Acabou?




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Eddy acorda em sua cama assustado. Senta-se depressa e olha para os lados. “Letíshia não veio comigo?”. Olhou para a cabeceira de sua cama e viu que o livro que estava lendo antes ainda estava ali. “-Quero algo mais emocionante na minha vida. Quero viver uma aventura. Vou encontrar um jeito de escapar dessa maldita rotina, acho que encontrei mais do que eu esperava”. Ele se levanta da cama, e tudo estava de volta ao lugar. Não havia sangue em sua banheira, não havia números por seu apartamento, não havia roupas e papeis jogados por todo seu quarto, e parece que nada daquilo tinha acontecido.

-Albert... –Dizia o menino enquanto tomava banho. –Não é possível que aquilo tenha sido apenas um sonho. Albert é real, eu sei disso.

Albert parecia surreal agora. Olhava pela janela, e tudo normal. Olhava suas gavetas, guarda-roupa, e cama. Nada. Nada de estranho. Nada de diferente. Tudo normal.

-Albert... –Ainda dizia Eddy enquanto fazia qualquer coisa na cozinha. –Albert...

O telefone toca. Edward enche os olhos de alegria imaginando ser Albert o chamando de volta a Silent Hill. Mas era uma ligação normal. Por algum motivo, Eddy sentia falta de lá. Não entendia direito o porquê, mas sabia que deveria voltar.

-ALBERT! –Grita ao telefone. –Eu sei que está aí, e sei que pode me ouvir. Me leve de volta. Me leve de volta. ME LEVE DE VOLTA.

Ele ajoelha-se com o telefone ainda no ouvido, a cabeça baixa, e paralisa-se por alguns minutos, depois levanta o rosto e lembra-se do diário vermelho que havia pegado em Silent Hill. Imediatamente ele solta o telefone e revista a roupa que havia tirado para entrar no banho. Ele o abre e começa a folhear as páginas envelhecidas, úmidas, algumas grudadas umas nas outras. Algumas páginas escritas. Outras em branco. Um cheiro forte. Parecia de ervas silvestres e água. Borrões vermelhos impossibilitavam a leitura. A capa do livro feita de couro vermelho, o título dizia: “O Diário Vermelho de Albert”. Edward não parava de pensar do que poderia estar escrito ali. “Talvez eu devesse ter lido isso lá”.

Edward voltou para o quarto procurando por algo que pudesse ajudar, mas não encontrou, então acabou por desistir de procurar e foi dormir. No dia seguinte foi para a faculdade, mas ainda achava que aquilo era um sonho. Não prestava atenção na aula. Ficava desligado de tudo, e ninguém o direcionava a palavra. Por mais estranho que parecesse, Eddy tinha um sentimento por aquele lugar, ou por qualquer coisa que deixou para trás. Talvez Albert, Talvez Silent Hill em si, mas queria de qualquer forma voltar para lá. Algumas horas se passavam e o menino continuava ali, sentado em sua carteira imaginando o que deveria ter feito. Uma idéia surge em sua mente. Por algum motivo, ele se lembrou daquela palavra estranha: “Watneyke”.

-Isso pode me ajudar. Talvez... Talvez seja isso que eu precise para voltar. Mas não sei como.

Saiu para o almoço, mas não comeu nada pois estava sem fome. Refletindo sobre tudo.

-Aquilo não era um sonho. Eu tenho certeza que aquilo tudo era real.

Continuava a vagar pela faculdade sem rumo certo então decidiu sair e começou a vagar pela cidade. Passou pelo hospital, pelo matadouro, pela prisão, por vários prédios, chegou quase a passar pela floresta, mas era longe demais de sua casa. Voltou para a faculdade, mas já tinha perdido todas as aulas daquele dia.

-Será que acabou? Será realmente que acabou?

Ele volta sete da noite para casa. Desanimado. Cansado. A maldita rotina havia voltado. Ele deita-se na cama, descontente com tudo. Ninguém o dava atenção, mas também não precisava. Estava tão triste que não ligava para as outras pessoas. Então, novamente, lembrou-se da palavra. Soava muito forte em sua mente. Watneyke. Estanho. Palavra vazia, sem significado algum. Sem significado algum para ele. Então ele começa a dizer.

-Watneyke. –Baixinho.

A luz de seu quarto pisca. Ele se levanta e olha para a luz. Tudo normal. Então repete.

-Watneyke. –Um pouco mais alto.

A luz da mais uma piscada e a janela se abre, deixando um vento forte invadir seu quarto. Seus olhos se encheram de lagrimas.

-WATNEYKE. –Emite um grito forte e convicto mostrando claramente o que ele quer.

A luz agora piscava incontrolavelmente. As coisas em seu quarto tremiam como em um terremoto. O telefone tocava. O ventilador ligou-se sozinho. Os papeis de seu quarto começaram a voar desordenadamente. Ele, ainda com sua roupa de médico, correu para a sala e gritou mais uma vez:

-WATNEYKE. –Mais forte, mais alto e mais convicto que antes.

Todas as janelas do apartamento se abrem e uma ventania o invade. Ele volta para seu quarto e as coisas estavam parando. Muito cansado, suspirou bem fundo. Com a última força que lhe restava, ele deu o berro mais forte e alto que conseguiu e caiu de costas na cama.

Um chiado é ouvido. Ele se levanta, muito cansado ainda, e corre por seu apartamento procurando-o e vê que o mesmo vinha do rádio na sala. Seu relógio estava de cabeça para baixo e seus ponteiros girando desordenadamente. Mas a TV estava normal.

-Está faltando alguma coisa.

Ainda soava um chiado do banheiro. Quando chegou lá, encontrou, na parede, um buraco. Estava barrado com cimento e se ouvia alguns gemidos chorosos, barulhos ecoando estranhamente por lá. A banheira já estava sem sangue. Ele então se aproximou do mesmo. De repente, o amuleto que ele havia pegado em Silent Hill começou a brilhar. Eddy estranhou, pois nem se lembrava mais dele. Ele aproximou o amuleto do buraco. Um desenho amarelo brilhante começou a se formar, se parecia com um olho. Ele não sabia exatamente o que era, então aproximou o amuleto um pouco mais, mas nada aconteceu dessa vez.

-Está faltando alguma coisa... Já sei... WATNEYKE. –Gritou bem forte.

O amuleto brilhou e começou a flutuar a sua frente. O olho brilhou e abriu um encaixe no centro. O amuleto se fixou no mesmo e o buraco se abriu completamente. Os choramingos e os outros barulhos vinham mais fortes de lá. Um som era familiar. Sons de gotas pingando em água. Sem pensar duas vezes, ele entra no buraco. Um pouco sujo, alguns ratos e baratas, e um cheiro podre muito forte. Finalmente chegou ao outro lado. Uma sala redonda bem pequena com uma porta e uma luz vermelha. Ele entra na porta e chega a um lugar circular, onde a sala de onde saiu fica rodeada por uma espécie de muretinha de aproximadamente 1 metro com água dentro. O lugar não tinha teto, dava para ver o céu com nuvens vermelhas perfeitamente. Uma mulher caída na frente de um portão do lado oposto da porta por onde saiu abraçada com um livro.

-Letíshia. Letíshia. Você está bem? –Pergunta Eddy correndo para perto dela.


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