Heart Attack escrita por ariiuu


Capítulo 8
A última lágrima


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez eu não demorei... Recebi tantos reviews inesperados que resolvi dar essa recompensa pra vocês. Eu espero que gostem desse capítulo, pois posso dizer que até agora, ele é o mais intenso de todos.
Aah, e eu não disse antes, até por que não pensei que necessitaria, mas sempre que puder, pretendo usar um fanart de capa, ou para representar alguma cena, mas no final do capítulo. Isso ajuda os leitores a entrarem no clima dos capítulos. Estes fanarts são tirados do pixiv e os créditos são dos autores que eu não lembro o nome :D
Divirtam-se ^/



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Heart Attack


A última lágrima




...




“Semanas naufragam no mar... E eu continuo presa... Embora pareçam semanas, faz vários dias que não olho para o céu. As janelas e a porta trancadas daquele quarto abafavam o ambiente e também a minha mente... E por mais que tente entender, eu não consigo... Por que ele agiu estranhamente dessa vez...? Por que ele insiste em me torturar dessa forma tão cruel e impiedosa...?”





...




O silêncio pairava ao redor do aposento do capitão. Tudo o que podia ser visto era o princípio de uma penumbra. A luz fraca do entardecer invadia o local por entre as persianas.

Kid se encontrava sentado em uma grande e cômoda poltrona em frente a uma mesa de cartografia repleta de mapas e moedas de ouro que cintilavam densamente. Do seu lado, baús abarrotados de dinheiro, peças de ouro e joias preciosas.

Ele fixava o olhar em tudo aquilo e era notável quanto ele tinha conquistado em apenas dois anos no Novo Mundo. Riqueza, fama e poder que sequer podia cogitar. Ele era o novato mais temido de todos os mares e consequentemente a posição que havia alcançado lhe satisfazia, embora almejasse muito mais. Mas... Sentia que algo lhe faltava. Ele pensou que havia esquecido, mas cada vez se lembrava de mais... E mais...

Uma lembrança de poucos dias que havia lhe tirado tanto o sossego.


*Kid Flashback*

Como de costume, Kid mais uma vez aparecia repentinamente e sem ser convidado ao quarto onde Nami repousava. Havia se passado oito dias que a ruiva não via o sol raiar. No entanto, o capitão do navio estava satisfeito em ver como seus planos seguiam como havia arquitetado.

Ao adentrar no quarto, percebeu que Nami estava sentada na cadeira da mesa onde mantinha muitos papeis amassados. No chão havia uma porção deles.

Quando a navegadora resolveu virar o rosto para encará-lo, Kid percebeu uma feição diferente dos outros dias. E não era a fadiga ou desgaste mental que a mesma mostrava através de sua pele ainda mais pálida juntamente com olheiras. Era algo completamente mórbido...

– Você não está se alimentando direito...? – Ele questionava ao fixar os olhos precisamente no semblante abatido da mesma.

Nami estava sempre vestida com roupas de dormir: Uma camisola branca abaixo dos joelhos. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo frouxo, deixando algumas madeixas ruivas soltas. Os olhos dela mostravam o quanto toda aquela situação havia lhe tirado suas forças vitais.

Ela sorriu de canto, mas aquele sorriso mostrava toda a ruína que Kid parecia ter lhe causado.

– Se eu estou comendo...? Por que está se preocupando em manter viva uma pessoa que praticamente já está morta...?

O ruivo arqueou uma sobrancelha.

– Isso não teria acontecido se não tivesse tentando fugir... – Ele redarguia seriamente enquanto sentia uma gota escorrer por sua testa.

– Sabe de uma coisa...? – Ela se levantou da cadeira lentamente e no mesmo ritmo se aproximou do pirata. Kid se manteve imóvel.

– Você conseguiu... Conseguiu acabar com todas as esperanças que havia dentro de mim... Então por que você simplesmente não facilita as coisas e... – Ela parou de falar e abaixou a cabeça. Kid franziu o cenho e por um momento... Pensou em estender a mão no ímpeto de tocá-la.

– Por que não me mata de uma vez...? – Ela exprimiu aquela frase através de uma feição de colapso. A estreiteza do olhar que soava efêmera justamente por ser assombrosamente mortífera pareceu durar uma eternidade. A eternidade crucial para lhe golpear da forma mais incrível e inesperada que existia. Algo que lhe causou um dano no local mais importante de sua alma. A sua essência. O cerne humano que ele não costumava usar, a não ser para seus próprios intentos malignos.

Uma, duas, três fortes batidas puderam ser sentidas juntamente com uma série contínua de pulsações cardíacas.


Mas o que era aquela sensação que não podia ser controlada?


Nami continuou o defrontando através de seu olhar estreito e letal que queimava impetuosamente a fim de perfura-lo de forma opressora. Uma mulher tão bela e frágil como ela, podia facilmente ferir o mais intimidante e violento homem daquela geração apenas com seu olhar? Kid continuou sem reação. Por mais confuso que estivesse naquele momento, algo tinha de ser feito, antes que...


– Você não faz mais questão de morrer...?


– Não. Eu prefiro morrer a continuar refém de um pirata sem escrúpulos como você... – Ela não recuou um milímetro, mostrando que não ligava mais se fosse retalhada em segundos.

Kid sorriu. Aquela mulher conseguiu de fato surpreendê-lo a ponto de se sentir coagido apenas com seu olhar e também... Algo além, que ele não compreendia, porém... Ele ainda tinha um trunfo contra ela.

– Certo... Eu não posso controlar sua vontade de morrer, porém... – Ele se virou, ficando de costas para ela, antes de continuar.

– Se não consegue mais ter vontade de viver por si mesma, então force por alguém que você realmente ame...

A ruiva arqueou uma sobrancelha.

– O que quer dizer com isso...?

– Não é muito difícil encontrar uma pequena vila no East Blue chamada Cocoyashi...

Nami sentiu uma forte constrição no estômago. Seu coração começou a acelerar rapidamente. Seus olhos arregalaram mais que o normal.

– O quê...?

– Me diga princesa... Quem é Nojiko...? Essa pessoa é alguém importante para você...? – Ele rebatia com ar de audácia e impiedade. Ele se virou novamente, ficando de frente para ela. Os dois se defrontaram intimamente mais uma vez.

– Você...

– Se você tentar dar cabo de sua própria vida, eu faço questão de acabar com a sua vila e então...

Nami apresentou um aspecto de terror. Seu corpo inteiro estremeceu causado por um choque interno. Por um momento ela se recordou do ameno sorriso de sua irmã mais velha. Ela apertou os punhos com força, se perguntando por que aquilo estava acontecendo. Estava vivendo um pesadelo e o princípio de tudo isso havia começado em Punk Hazard. O que seria dela agora...? Como reagir na frente de um inimigo que facilmente lhe prendia em suas mãos para que não escapasse? Qual era o plano real dele? Ela se recusava a colocar a vida de sua vila e sua irmã em risco.

– Você não ousaria... – Ela disse num tom de voz mais grave e ameaçador. Aquilo ecoava como uma doce melodia aos ouvidos dele.

– Se você insistir... Eu posso facilmente fazer com que isso se torne realidade... – Ele se aproximou ainda mais e ela aos poucos foi recuando para trás. Quando deu por si, se encontrou presa entre ele e a parede. A expressão dela era de suplício.

Kid a invadiu com seu denso olhar assassino, foi quando percebeu um brilho nos olhos da navegadora, como se fossem pérolas que fascinantemente se mesclavam com o castanho de sua íris. Aquele castanho que mais parecia duas pedras âmbar chamejante...

Porém o brilho de pérolas era na verdade...


Lágrimas...


Estas caíram de forma extraordinária... Tão confina como o orvalho da manhã e potente como uma cascata. Um contraste perfeito.

Uma das especialidades do ruivo era a chantagem. Era um dos traços de personalidade de um pirata que almejava alcançar seus objetivos acima de tudo e todos. Não havia espaço para mais nada... Mesmo que no fundo, ele sentisse uma estranha consternação por torturar a ruiva daquela forma. E ele se perguntava por que com ela estava sendo diferente... Por que ele se sentia estranhamente martirizado...?

Relutantemente ela moveu os lábios, estes que se encontravam um pouco trêmulos. Seus olhos lentamente se fecharam em agonia e ela definiu...


– Você... É desprezível...


A ruiva permitiu articular o que estava pulsando dentro de seu coração. Por que ele estava lhe torturando daquela forma? Ela pensava enquanto fechava os olhos no desígnio de que novas lágrimas não caíssem.

O capitão se sentiu fortemente atraído por aquele gesto de fragilidade. Uma delicadeza tão primorosa... Uma pureza tão cristalina que cintilava com magnificência. Ela era a exceção daquela regra que havia estancado como lei dentro de seu coração em relação às mulheres... Por que de todas...


Ela era a mais linda...?


Se sentindo profundamente hipnotizado, encantado, magnetizado por ela... Seus sentidos corresponderam de um jeito que seu raciocínio não compreendia. Tudo o que ele queria era secar aquela última lágrima, antes que desabasse de seus olhos...


E foi o que ele institivamente fez.


Aquela pequena lágrima que reluzia como uma pérola, pôde ser contida, ao mesmo tempo em que o mesmo pôde tocar a pele de porcelana... Tão úmida e candente...

Nami abriu os olhos em surpresa. Seu atual aspecto mostrava a incógnita que sua mente desenvolvia ao perceber que ele aparentemente lhe tocava de uma forma afetuosa.


O que era aquilo?


De repente, ele mostrou um caráter inverso? Ou será que era mais uma forma de tortura-la? No entanto... Por que ele se mostrava tão incomodado? Por que aquela inquietação se transformou numa expressão melancólica? Quando tentou definir a questão, sentiu que havia montado um enorme quebra-cabeça apenas para bagunçar todas as peças de novo...

– Chega... É o bastante... – A ruiva havia abaixado a cabeça e fechado os olhos mais uma vez. Com certeza ele não teria misericórdia dela... O que faria com que ele tivesse...? Essa possibilidade com certeza não existia.

Sem entender absolutamente nada, e completamente confuso com todos aqueles efeitos nunca sentidos, ele rapidamente se dirigiu a porta e virou a maçaneta, parando naquela posição por um tempo. Segundos depois ele abriu a porta e se ausentou do local.

Pela primeira vez ele fugiu... E para onde sua mente iria depois de evidenciar uma das coisas mais preciosas que vira em sua vida..?

Nami continuou parada, se sentido aflita e desolada, mas acima de tudo... Seus sentidos estavam completamente embaralhados...

*Fim do Flashback*




Kid foi tirado facilmente de seus devaneios com o barulho da porta se abrindo.

– Mandou me chamar...? – Killer adentrava repentinamente no aposento do capitão. Este, apenas lhe lançou um olhar firme, porém distante e um tanto... Melancólico...

– Traga-a aqui... Preciso de um entretenimento pra espairecer...




...




– Buru buru buru buru buru... Buru buru buru buru buru...

*CATCHA*

– Alô!

– Só agora você atende!? O que está acontecendo!? Por que está ligando para cá desesperada!?

– Eu preciso de ajuda...

– Ajuda...? Por que precisa de ajuda...? Onde você está...?

Ela suspirou fundo antes de continuar. Sabia que levaria o maior sermão dele.

– Estou no navio do novato Eustass Kid. Venha me buscar. Vou dar a localização exata da próxima ilha onde irão ancorar. Está para acontecer a maior encrenca e não quero me envolv-

– Quanta irresponsabilidade... O que você está fazendo no navio desse pivete esquentado!? O que eu te disse sobre nunca agir sozinha...?

– Me desculpe... Aconteceu um imprevisto...

– Todos os meus companheiros estão em missão agora e não retornarão tão cedo, mas me diga a localização dessa ilha. Vou enviar uma pessoa para te tirar daí...

– Me desculpe... Shanks... – Bonney suspirava aliviada. Agora ela tinha a plena certeza que sairia ilesa daquela bagunça que estava prestes a acontecer entre piratas e marinheiros...




...




– Mandou me chamar, Eustass-Sama...? – Uma linda mulher sorria ao entrar no aposento do pirata. Ela tinha uma aparência delgada e extremamente sensual. Os cabelos eram longos e ondulados no tom ruivo. Seus olhos eram azuis. Trajava roupas insinuantes. Um corpete que despontava audaciosamente o decote. O tecido fino da calça colada também mostrava descaradamente as coxas volumosas, mas acima de tudo... Ela apresentava uma postura completamente voluptuosa.

E coincidentemente aquela mulher que sempre lhe fazia companhia naquelas horas se parecia com aquela navegadora do Chapéu de Palha...

– Venha... – Ele ordenava. A mulher sorriu de canto maliciosamente.

Já havia anoitecido e o ambiente era levemente clareado por um abajur em cima da mesa. O único barulho que podia ser ouvido naquele momento era da maré oscilante.

A tal mulher se aproximou e logo depois sentou no colo do capitão, ficando de frente para o mesmo, com uma perna de cada lado. Ela também enlaçou o pescoço dele e lentamente se achegou ao seu rosto.

– Você parece preocupado... O que aconteceu...? – A voz sensual era dita quase num sussurro em seu ouvido.

– Nada que você precise saber... – Ele desviou o olhar para longe dela, focalizando num ponto exato no canto do quarto.

– Oh... Você é tão cruel... Mas não importa... Eu estava com saudades... – Ao término daquele sussurro tão devasso, ela depositou um beijo cálido no pescoço dele.

A carícia podia ser sentida e correspondida através de seus instintos masculinos, aos quais passaram a arrancar novos sussurros um pouco mais ousados dela.

Já estava acostumado com aquilo. Diversas vezes ele foi atendido em todos os seus desejos libidinosos, pois tinha todas as mulheres que quisesse aos seus pés. E a maioria delas por livre e espontânea vontade, pois por mais que quisessem e pudessem resistir, no final, todas se rendiam totalmente a ele.

Porém...

Havia uma que não parecia disposta a ceder... E o pior...


“- Você... É Desprezível...”


Quando se recordava, ele sentia um intenso incômodo que parecia lhe tirar a razão... E ironicamente...

Saber que ela lhe odiava chegava a doer... Uma dor suave que lhe excitava, lhe causando sensações surpreendentes nunca sentidas.

A mulher ao qual estava diante de si naquele momento lhe incensava cada vez mais através de beijos por toda a extensão de seu ombro. Ela deslizou as mãos para o peito musculoso, afastando a camisa que cobria sua pele, explorando o local de suas cicatrizes. Tentou incendiá-lo com movimentos cada vez mais ousados no intuito de despertá-lo por completo.

E era o que ele mais queria, no entanto...

Quanto mais fechava seus olhos, querendo esquecê-la... Mais ela estava presente em sua mente...

Quando abria os olhos novamente, mais sentia que precisava dela...

Ele olhou consternado ao redor do quarto, tentando tirá-la de dentro de si, mas tudo o que ele tinha de volta... Era a imagem dela em sua frente... Aquela mulher tão graciosa e fragilmente deslumbrante...

Pensamentos que lhe levavam até ela. Um tormento constante que ele julgara como um delicioso sofrimento, onde era curado através daquela ferida recém-aberta.

Ele sorriu de canto enquanto a mulher que lhe acariciava, se esforçando ao máximo para lhe dar o prazer esperado, porém, a mesma foi surpreendida.

– Saia...

Ela lhe encarou perplexa, não entendendo a razão daquilo.

– O quê...?

– Saia de cima de mim... Eu não preciso mais de você...

A mulher alargou o olhar, lhe afrontando indignada.

– Por que está dizendo que não precisa de mim!!? Será que se esqueceu de que sou a sua favorita!!? De todas as mulheres desse navio, sou eu quem te dou o que mais gosta!

Mais uma vez ele sorriu, mas para ela, era um sorriso enigmático.

– Eu descobri algo... Que me agrada muito mais do que o seu corpo...

– Hã...? O quê...? – Ela arqueou uma sobrancelha.

– Você nunca entenderia... – Dessa vez ele a afastou, fazendo com que a mesma recuasse para trás. Ele andou rumo à porta e logo depois a fechou, saindo do quarto e deixando-a sozinha.

Kid passou a caminhar em direção ao convés, quando deu de cara com Jewelry Bonney.

– Nossa... Mas eu pensei que agora mesmo eu começaria a ouvir a baixaria aí do lado... Vocês fizeram uma rapidinha...? – A glutã ironizava.

Kid apenas a olhou de canto, ignorando totalmente a frase recente.

– Vá até o quarto da Gata Ladra e fale que daqui a seis dias vamos ancorar. - Ele retirava a chave do quarto da ruiva de um chaveiro, levando na direção da devoradora.

– Como é que é...? – Bonney estreitou o olhar.


– Solte-a. Não vou mais mantê-la presa.


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Notas finais do capítulo

Vocês sentiram que esses capítulos estão mais dramáticos? Pra quem odeia drama, até que tô indo bem xD (acho).
E já era. Kid está apaixonado. Poucos dias com a ruiva foram suficientes para que a mesma o enfeitiçasse completamente.
Bonney pediu arrego, ohhoho, e o Shanks pareceu atender... Como ela é espertinha e sortuda... Esse cara tá dando muita colher de chá... =DD
No próximo teremos: O encontro marcado entre os Chapéus de Palha e o bando do Kid. Marinha e Doflamingo estarão mesmo presentes?? Bonney vai mesmo distrair o Law?? No que vai dar essa bagunça? Só Enel sabe =P
Reviews: Apareçam! Quanto mais tiver, mais cedo o capítulo pinta por aqui :)