WALT/ANÚBIS

Beleza, eu não sabia o que fazer exatamente. Não tinha a mínima ideia do que faria. Mas eu tinha certeza de uma coisa: eu precisava vê-la. Sem estar escondido nas sombras e ela também teria que me ver. Essa era a única verdade que eu conhecia.

Vesti novamente meu casaco e corri até sua casa. Pareceu levar horas. Era como se eu estivesse correndo desde New York até aqui. Mas na realidade foram apenas 3 minutos exatos. Era o fim da tarde. Tinha apenas uma hora para se aproveitar o dia antes que escurece.

Assim que cheguei à frente de sua casa reparei que todas as luzes estavam apagadas. E isso não era normal. Dissolvi meu corpo em sombras e entrei na casa. Subi as escadas correndo até o quarto da Sadie. Ele estava trancado. Novamente me dissolvi em sombras e atravessei a porta.

Minhas ultimas esperanças sumiram. Ela não estava La. O quarto estava vazio. Sadie não estava em lugar algum. Nem ela nem seus avós. Onde eles estavam?

Eu me sentia inquieto, preocupado. Eu tinha que vê-la e saber que ela estava bem. Era uma necessidade. Meu coração ansiava por isso. Mas como eu iria encontra-la? Como?

O desespero fez com que se formasse um nó na minha garganta. Eu senti as lagrimas se formando em meus olhos.

Te juro que não esperava por isso. Não mesmo. Meu colar voltou a esquentar a um ponto em que se tornava aconchegante. Foi como se ele me puxa-se e me guiasse pelo quarto. Eu parei em frente a um painel repleto de fotos da minha loira com sua família e amigos.

Fui passando os dedos por cima de cada foto e meu colar ficou tão frio feito gelo. Ainda confuso continuei passando os meus dedos sobre as fotos e a cada foto o colar esfriava ainda mais.

Até que cheguei a uma foto linda: Minha Sadie tinha provavelmente cinco aninhos. Ela estava deitada na grama e olhava fixamente para a câmera. Sua expressão ou era indiferente ou simplesmente indecifrável. Seus lábios vermelhos me chamavam a atenção assim como a linda franja que lhe caia na testa.

Fiquei observando a foto, admirado até que encostei meus dedos na foto. Meu colar esquentou de tal maneira que eu me assustei e a foto que eu admirava caiu no chão. Abaixei-me para pegá-la e me deparei com uma linda caligrafia no verso da foto. A escrita me lembrava muito a de Sadie, mas de alguma forma eu sabia que fora Ruby quem escrevera.

   Sadie com cinco aninhos no sítio dos avós no interior de Londres.

Será possível que ela estaria La? Naquele sítio como há tantos anos atrás?

Eu precisava descobrir... E iria.

Comecei a revirar o quarto da menina em busca de outras fotos do sitio dos avós. Tentei ao maximo não me distrair com outras fotos como as que Sadie estava linda e distraída, e não prestava atenção nas fotos ou até mesmo nas fotos de passeios escolares em que ela e seus amigo aprontavam todas.

Fiquei imensamente feliz em ver aquela menina, mesmo que apenas em fotos. Isso trouxe alguma calma para o meu coração inquieto.

Voltei-me para sua cama e reparei no pequeno notebook ligado. Assim que peguei reparei que ele estava aberto na pagina do Facebook da menina. Reparei que ela estava falando com Liz. Meu coração deu um salto. Minha menina havia dado a resposta para minha pergunta. Ela havia dito a Liz onde iria estar. Deu o endereço caso as amigas fossem visita-la. E de acordo com a Sadie seus avós achavam que ela precisava de um pouco de ar fresco.

Eu já sabia aonde deveria ir. Meu peito ficou muito mais leve e aquele incomodo nó na garganta havia sumido. Abri um portal e sai em um sitio enorme. Eu não conseguia ver o fim.

A vista era linda... Até meus olhos encontrarem Sadie. Anúbis me escondeu nas sombras para que eu pudesse me aproximar. Ela estava linda! Usava um short jeans surrado e uma blusa branca, nos pés ela tinha simples tênis.

Sadie estava trabalhando no jardim. Ela regava as diversas flores que haviam por ali sem se preocupar com o que estava a sua volta. A cor havia voltado a sua pele e o brilho havia voltado ao seu olhar. Vê-la feliz trouxe um sorriso imensamente bobo ao meu rosto. Ainda bem que ninguém podia me ver.

- Sadie, olha só quem veio te visitar. – o avô da menina a chama e ela se vira surpresa.

Um lindo cavalo branco estava selado. Sadie deu um sorriso tão radiante que eu achei que estava olhando fixamente para o sol.

- Ai, eu não acredito! – ela exclamou toda feliz – Posso dar uma volta com ele vovô? Por favor!

- Só não vai longe. Quando escurecer quero você de volta em casa.

- Pode deixar vô!

 Sadie montou no cavalo e saiu cavalgando.