E Se Eu Não Voltasse, Você Sobreviveria Sem Mim? escrita por GiGihh


Capítulo 30
Crianças malvadas...


Notas iniciais do capítulo

Gente! Nove dias sem postar! Mas espero que este cap compense...
gostei de escreve-lo e a parte do parque foi inspirada em uma situação real vivida por mim e minhas amigas, então... Espero que curtam e me desculpem o atraso.



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WALT/ANÚBIS

Sentia-me sem fôlego, mas indiscutivelmente calmo. Estávamos, agora, no carro voltando a Londres no limite da velocidade. O avô dirigia e a avó ia ao banco do passageiro. Eu e Sadie nos encontrávamos no banco de trás; a menina dormia tranquilamente em meu colo e eu não conseguia evitar afagar seu rosto. Sua pele suave pedia um toque delicado e terno... Por instantes me perdi observando suas feições e me esqueci de todos os problemas que enfrentaríamos e fiquei lembrando essa noite estranha...

Sadie saiu do estábulo e eu deixei um sorriso escapar. Ainda podia sentir o sabor de seus lábios nos meus e o calor de seu corpo. O tiro que havia levado no braço não havia sido sério, mas não nego que doía... Mas me esqueci do ferimento quando senti seu toque.

Voltamos o mais rápido que Lua nos permitia. Sadie segurava em mim e, mesmo sem olhar, tinha certeza de que ela olhava a cada instante para trás. Chegamos muito mais rápido do que eu gostaria. Sendo assim, ajudei Sadie a descer e discutimos para ver o que faríamos...

Sadie saiu quase correndo do estábulo, mas eu a segui de longe. Ela pareceu para e escutar algum ruído ao longe, mas voltou a andar... Dessa vez, mais rápido. Ela abriu a porta e subiu as escadas correndo e sumiu dentro do seu quarto.

-Mas o que foi isso? – o avô perguntou meio assustado, meio confuso.

Fui logo tentando contar o que aconteceu.

-Senhor, precisamos ir embora...

-O que? Não, não. Você não precisa ir a lugar nenhum, jovenzinho.

-Não. Nós precisamos ir embora porque tem...

- Oras! Você não gosta daqui?

-O que? – eu acreditava que ele não queria ouvir.

-Vamos rapaz. Não seja tímido. Não gosta do local? Talvez seja um menino da cidade grande...

-Não! Não é nada disso. É só que...

-O que esta havendo? – a avó chegou com um sorriso sereno no rosto. – Não estão discutindo, estão?

-Não! É que... – comecei, mas...

-O rapaz esta querendo ir embora.

-Mas por quê? Fique mais um pouco. Eu fiz biscoitos agora mesmo...

-Viu, moleque? Fique. Temos biscoitos.

-Não. Precisamos ir embora! Sadie...

-Sadie? O que tem ela, querido? – a avó fez uma expressão claramente confusa.

-Ela... Bom...

-Walt! Conseguiu explicar a eles? – Sadie desceu as escadas tão rápido quanto subiu; no instante seguinte ela estava ao meu lado.

-Não.

-Explicar o que?- o senhor perguntou.

-Vocês ainda não tomaram um banho quente? A cachoeirinha estava gelada.

-Vó, nós temos que... – Sadie tentou...

-Tem que tomar um banho e comer os biscoitos fresquinhos.

Arqueei uma sobrancelha e olhei para a loira. Ela suspirou e revirou os olhos.

-Vem, Walt.  Faça o que eles disserem. - Ela subiu para seu quarto e eu subi logo atrás. Quando os avôs da menina sumiram, Sadie segurou meu braço.

-Tome um banho rápido e arrume suas coisas.

-Já arrumou as suas?

-Já. Nós os convencemos depois.

-Eles são tão teimosos quanto você. – comentei e ela sorriu.

-Que foi? Achou que eu era a única teimosa da família? Se me lembro bem, os Kane são muito, muito teimosos!

-É? – perguntei me aproximando um pouco.

-É sim. – tinha apenas um pouco de espaço entre nós... Sadie empurrou meus ombros de leve.

-Vamos logo!

Ela sumiu dentro do seu quarto e eu voltei para o meu. Entrei na suíte e deixei a água percorrer meu corpo. Ignorei as instruções dos idosos e tomei um banho frio. Sim, a água da cachoeirinha estava gelada, mas meu corpo, agora, estava quente.

 Alem disso, havíamos ficado muito mais tempo do que pensávamos dentro dos túneis. Eram por volta das 10 quando chegamos ao sobrado. Um banho quente me deixaria sonolento e eu não queria isso.

Sai da suíte já vestido e joguei minhas poucas coisas em uma mochila. Segui para o quarto da loira e a encontrei guardando o celular no bolso. Ela se virou e me viu.

-Pronta? – perguntei

-Vamos.

Descemos as escadas correndo e passamos pela porta da frente. No escuro, corremos para o carro e jogamos nossas coisas lá dentro e voltamos para a casa.

-Vó! – Sadie chamou.

-O que foi, querida?

-Nós precisamos ir embora.

-Pensei que gostasse daqui... Vejo que ainda é uma menina da cidade grande... – a senhora continuou falando e o avô da menina chegou e também começou a falar.

-Sadie, como vamos convencer eles? – perguntei e ela pareceu pensar por alguns instantes...

-Walt, vem cá. – me aproximei dela e ela de mim. Sadie levantou a manga da minha camiseta e na minha pele era visível uma cicatriz rosada que desaparecia lentamente. – Vó!

A senhora e o senhor se aproximaram e viram o machucado...

-Querido! O que aconteceu?

Eu ia responder, mas Sadie respondeu por mim.

-Ele levou um tiro lá na cachoeirinha. No meu lugar! Vieram atrás de mim. Precisamos ir embora! – Sadie disse em um tom desesperado. Os idosos se entreolharam e a única coisa que disseram foi:

-Entrem no carro.

E aqui estávamos.  Já estávamos dentro de Londres e Sadie ainda dormia. Era por volta das quatro da manhã e ainda estava escuro. O carro havia parado e eu soube que estava na frente da casa da loira. O avô abriu a porta do carro e eu saí com Sadie nos braços. Subi as escadas e cheguei ao quarto da menina. Coloquei-a delicadamente na cama, como já estava habituado e não me contive: selei meus lábios em sua testa e, só então, saí do quarto.

-Precisa de uma carona? – o idoso perguntou.

-Não. Não é necessário. Minha casa não é longe. – apertei a mão do idoso e me preparava para sair.

-Não tinha obrigação de levar o tiro por ela. – a voz do idoso continha um tom desconhecido para mim; talvez grato se encaixasse bem.

-Tinha sim. Prometi, mais de uma vez, que a protegeria.

-Prometeu protegê-la. Isso eu reconheço. Mas nunca prometeu dar a vida por ela. Não tinha que ter feito o que fez.

Não consegui pensar em uma resposta concreta para aquilo. Fiquei apenas observando o idoso de feições gentis sem saber o que fazer e aonde ele queria chegar.

-Você a ama. – não era uma pergunta, mas assenti mesmo assim. - Acho que Sadie sente o mesmo, embora eu não possa afirmar.

Ficamos algum tempo em silencio apenas olhando para o outro. Não sabia ao certo como reagir, mas esperava que o senhor estivesse certo; esperava que Sadie me amasse.

-Não a machuque. – ele disse por fim.

-Não poderia nem se quisesse.

Assim eu passei pela porta da frente e segui para meu pequeno apartamento... Pensamentos sempre voltados para a loira... A minha loira!

SADIE

Quando acordei o sol já estava alto no céu. Levei algum tempo até reconhecer meu quarto; o quarto de Londres. Voltei a fechar os olhos e flashes do dia anterior me vieram como em filmes:

–Então eu vou morrer tentando. Daria tudo por você e quantas vezes isso fosse necessário. Onde, quando, como não me importa. Você é tudo pra mim. Tudo!- ele não disse as três palavras chaves, mas isso em si já era perfeito demais... Nossos lábios se roçaram de leve; não era um selinho, mas o simples e muito leve toque fez meu corpo se arrepiar...

Seus lábios chegaram aos meus úmidos e doces, sedentos de verdade. Era como se nós dois fossemos feitos de cristal ou um material ainda mais frágil e eu empurrei Walt para o fundo do rio... O som do tiro foi audível até embaixo da água... E a bala passou a centímetros de Walt...

O som de passos interrompeu meus pensamentos e então voltei a abrir os olhos. Minha avó vinha com uma bandeja com chá e biscoitos. Não consegui evitar um sorriso.

-Bom dia. – disse com a voz sonolenta.

-Bom dia, querida. Como esta se sentindo?

Tomei um gole do chá quentinho antes de responder.

-Bem. Por que a pergunta?

-O rapaz levou um tiro no seu lugar, mas vocês não contaram mais nada do que aconteceu lá na cachoeirinha. Você se feriu?

-Não. – graças a Walt, minha consciência berrou. – E o Walt?

-O seu amigo foi embora há bastante tempo. Deixou você no quarto e foi para casa.

Fiquei algum tempo em silencio, bebericando chá e deixando os biscoitos intocados.

-Aconteceu algo que você não quer nos contar?

Nossas línguas travavam uma batalha disputando pelo controle, deixando o beijo infinitamente mais quente e profundo. Eu estava em seu colo e o beijo não parava. Walt puxou minha cintura de encontro ao corpo dele, nos colando ainda mais...

 Senti meu rosto esquentar, mas esperava que não estivesse vermelho.

-Não aconteceu nada... – mexi no cabelo desconfortavelmente, mas lógico que minha avó percebeu que tinha acontecido alguma coisa... Muitas coisas...

*---*---*---*---*---*---*---*

Combinei de me encontrar com o pessoal no parque por volta das 4 da tarde. Tomei um banho quente e coloquei um short jeans, um regata de alças finas preta, uma camisa xadrez por cima e um all star preto. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, sendo que alguns fios, mas curtos me caiam ao lado do rosto, e saí de casa.

Meus passos eram lentos e eu parecia segura, mas não sei bem como me sentia por dentro. Minhas emoções eram mistérios até para mim. No caminho comecei a ouvir assovios e gritinhos imbecis do tipo “oh lá em casa!” e “ ai se eu te pego!” , mas me forcei a ignorar e seguir em frente.

Encontrei as meninas na entrada e juntas fomos andando até acharmos um lugar na sombra. Passamos por vários montes de terra e balanços e fomos parar na grama cercada por varias arvores. Sentamos no chão e enquanto os meninos não chegavam ficamos conversando.

-E aí? O que aconteceu no sábado? – perguntei.

-O pessoal foi todo para a minha casa – Milena contou. – Nós ficamos de boa, já que meus pais não se importam com o que eu faço. Na tarde de hoje, as meninas ficaram comigo e os meninos foram embora.

-E seus pais, Emma? – perguntei lembrando os meus segundos ou terceiros pais.

-Enrolei os policiais e eles não sabem de nada.

-Meu pai já reparou que tem alguma coisa errada com a gente e ta ficando difícil mentir e ocultar tudo o tempo todo. – Gabi se manifestou.

-Os meus também, mas acho que eles querem ouvir meus problemas de mim e não de um policial qualquer. – Liz comentou.

Respirei fundo.

-Meus avôs sabem.

Todas viraram ao mesmo tempo para mim com expressões de choque.

-Eles... Eles... – Gabi não conseguiu completar o pensamento.

-Dela? Eles sabem dela? – Milena reagiu.

-Não. Mas sabem que existe alguém que me quer morta. Não vai demorar muito até associarem os acidentes que aconteceram com vocês.

-É, mas nós não devíamos levar tão a sério as ameaças dela, não? – Liz começou.

-Tipo, nós somos varias e podemos falar com a polícia ou coisa do tipo... – Emma continuou.

-NÃO! – de novo, todos os olhos estavam postos em mim. – É tudo muito mais sério do que vocês pensam.

-Tem alguma coisa que nós devíamos saber? – Milena perguntou depois de uns minutos em silencio.

- Não. Não que eu saiba, alem de que tudo isso é muito mais sério e perigoso do que eu pensava. – o sonho com Apófis ainda me incomodava e eu sabia que Andrea sozinha já era muito problemática... Ela mais a maior representação do Caos então...

-Vamos só escutar musica boa e esquecer isso um pouco. – Gabi propôs e nós gostamos da idéia. Ao som de Patience do Guns N’ Roses, nós relaxamos começamos a cantar junto até...

-Hey, vocês sabem onde fica a saída? – um grupo de cinco meninos se aproximou. Não me dignei a olhar para eles; eu olhava para frente e eles se aproximaram pelo lado. A pergunta era ridícula! Todos sabem que meninos ou homens, bom... Todos do sexo masculino detestam pedir informações. Alem disso, a saída ou entrada ficava na nossa frente! Nós não havíamos ido longe e eu ainda podia ver os portões verdes...

-Por onde você entr... – Gabriela tapou minha boca interrompendo minha resposta grossa, mas a altura daquela mentira.

-Fica pra lá. – a menina mais meiga de nós cinco apontou a direção da saída e, só quando eu a olhei com raiva, ela me soltou.

-Valeu. – outro deles falou e tenho certeza de que ouvi um tom de riso... Eles se afastaram, mas não deu nem dois minutos e voltaram. Um deles agachou ao meu lado e anunciou:

-Olha... Bom... – ele estava desconfortável e eu me recusava a olhar qualquer um dos meninos; continuava olhando para frente. Patience acabou e November Rain começou na sequência. – Meu amigo quer ficar com você.

Ele pareceu mais leve depois de falar o que realmente queria. Um curto risinho saiu dos meus lábios enquanto eu balançava minha cabeça, lentamente, de forma negativa. O menino saiu... Mas foi se sentar ao lado de Milena. Os meninos foram se dividindo; cada um escolhendo uma menina.

-E então, gata? Não vai apresentar suas amigas, não? – o menino falou ao meu lado e eu troquei olhares significativos com minhas amigas... Vamos brincar um pouquinho.

-Claro. Essa – apontei para Gabi – é a Melissa, mas para os íntimos é Mel. A ruiva – mostrei Liz – é Maria Luiza, mas para os íntimos é Malu. A morena de cabelos lisos – mostrei Emma – é Manuela ou Manu pra quem quiser. A de olhos cinzentos – Milena sorriu de forma marota enquanto as outras prendiam o riso - é Monique ou Moni para nós. E eu – só então voltei meus olhos para o menino ao meu lado. – Sou Maria Vitória, para elas, eu sou Mavi. E nós somos irmãs, não amigas!

-Mas vocês não se parecem... – um deles falou.

-Fomos adotadas. Algum problema com isso? – Milena ou Moni soltou (hahahahaha).

-Não é só que...

-Desculpa! Mas nossos pais nos ensinaram a não falar com estranhos. – Soltei minha respostinha e juntas eu e minhas irmãs adotivas com nomes começados em M saímos andando e deixando cinco meninos para trás.

Assim que nos afastamos bastante começamos a rir igual condenadas. Não conseguimos parar e só atraímos mais olhares.

-Nossa! Mavi foi brilhante! – Emma (ops! Manu) ainda brincava...

-Foi sim, maninha. – Gabi ou Mel concordou.

-Tipo, todos os nomes e apelidos com M... – Liz começou a rir e nós nos juntamos a ela.

-Você inventou tudo isso na hora? – Milena perguntou se esforçando para parar de rir.

-Foi. Nossa! Foi demais! – e começamos a rir de novo até os meninos nos encontrarem.

-Hey. O que deu nelas? – Austin perguntou.

-Gatas! – Jake nos chamou e nos começamos a rir ainda mais – Hey! Qual o problema de vocês.

-Nós acabamos de ser assediadas! – Gabriela falou e nós voltamos a rir.

-O que? – Walt estava confuso. Tipo, como alguém é assediada e começa a rir depois? Só as anormais aqui!

Liz resumiu o “assedio” e nos reapresentou com nossos nomes falsos e todos voltamos a rir da minha mentira.

-“Nossos pais nos ensinaram a não falar com estranhos!”. Nossa Sadie... Quer dizer, Mavi. – outra explosão de risos... – Foi brilhante!

-Eu sei!

Voltamos a andar sem rumo e o assunto sério voltou.

-E amanhã? – Jake perguntou.

-Bom... – eu comecei e eles me olharam pedindo mudamente por mais – Pensei: por que atormentar só a Andrea? Tipo, temos mais um monte de professores, um inspetor e diretores para irritar... Por que parar por aí?

-Raio de sol, Mavi, Sadie... Você é brilhante! – Austin comentou e nós voltamos a rir enquanto o celular com as informações de currículos, alergias e afins da “professora” passavam para nossas mãos.

A próxima semana... Amanhã seria o verdadeiro começo das brincadeiras, das travessuras. Até porque, acho que vocês já entenderam que eu tenho muitas confusões amorosas... Entendam que o estrago que eu faço com pegadinhas é ainda maior.

...Amanhã todos os funcionários iriam implorar por paz e reclamar por ter vindo ao trabalho... Amanhã nós seriamos as verdadeiras crianças malvadas.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem qualquer erro!
Mas estou perdoada pelo atraso? como ficou o cap?
a fic está realmente acambando! Gente ela só terá mais 2 caps! então, fantasminhas... Comentem, Recomendem, Favoritem... se manifestem!!
=))))