When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 49
Say you'll remember me


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos que ainda acompanham essa fic. Capítulo novo para você e fim da 2º fase da fic. No próximo já entramos na terceira e última fase, mal posso esperar para que vocês leiam!

Boa leitura.



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–Então, entendeu?- Cosette perguntou para Grantaire se jogando ao seu lado no sofá. Passara a última meia hora explicando para ele seu trabalho da faculdade.

–Entendi.- Grantaire respondeu sem muita convicção olhando para a tela do notebook.

–Me faça um resumo.- pediu Cosette. Metade de sua nota dependia daquele trabalho e estava nervosa que não estivesse ficado bom o suficiente.

–Esse cara... o fantasma,ele é um louco e que nunca devemos acreditar quando uma voz vinda de dentro da parede diz que é o Anjo da música?- tentou dando um meio sorriso. Não prestara atenção em nada que a amiga havia dito, por uma infelicidade do destino a moça o pegara para plateia.

–Não, Grantaire!- Cosette se indireitou no sofá,passando as mãos pelo cabelo sem paciência. Havia chamado a atenção do amigo durante a apresentação inteira,ele não era o mais atencioso mas era o que estava ao seu alcance no momento em que havia terminado o trabalho.- Erik, ou o Fantasma da Ópera ele nada mais é do que nosso monstro interior. Todos nós o temos aqui dentro...

–Tenho certeza que eu nunca senti vontade de matar todo mundo ou sequestrar alguém e forçar a me amar.- Grantaire a interrompeu.

–Por isso que temos que ver sua história, ninguém é assim por nada, sempre tem algo que o fez ser assim hoje. O que eu quero dizer que todos nós temos isso,contudo nem em todos isso é despertado. Erik tinha a necessidade de contato humano,de ser tratado como igual. Ele é um gênio e quer mostrar isso,no entanto ele o faz de maneiras erradas. Ele exige que paremos e demos uma boa olhada em nós mesmo para procurar certas respostas para perguntas que estão sempre ali,mas sempre as ignoramos preferindo deixar tudo como esta enquanto continuamos insatisfeitos. E quando fazemos isso percebemos que não existe respostas fáceis,contudo o que temos que fazer é reconhecer nossas limitações para se chegar lá. Nós não conhecemos elas, nos acomodamos. O Fantasma usa todo o mal que o fizeram passar para ver até onde consegue chegar. Por isso não conseguimos julgá-lo, porque...- ela parou procurando as palavras certas enquanto gesticulava com a mão.- é impossível se sentir indiferente quanto a isso,porque sabemos que ele possui sentimentos,sentimentos que nós conhecemos. Rejeição,amor,ódio. Se vemos isso,e acabamos torcendo para que ele seja feliz,significa que nós enxergamos um pouco dele em nós mesmo, afinal todos querem ser felizes e amados.

Grantaire assentiu com a cabeça.

–Então... O Fantasma representa aquilo que tememos em nós mesmo?- perguntou incerto.

Cosette arregalou os olhos pulando de joelhos no sofá.

–Ai Meu Deus! Sim,sim,sim. Isso Grantaire! Você entendeu!- a garota apertou as bochechas do amigo enquanto continuava soltando gritinhos alegres.

–Tomara então que nunca nos transformemos nele.- Grantaire concluiu se esquivando das mãos de Cosette.- Você poderia ter falado desse jeito antes, eu teria entendido de primeira.

–Eu sei,mas preciso falar como uma psicóloga tentando explicar um comportamento de uma pessoa. Por isso os termos.- explicou se levantando e indo para a cozinha.- Quer alguma coisa?

–Comida.- respondeu Grantaire vendo as imagens do trabalho de Cosette.- Se o Fantasma seria aquilo que nós tememos em se tornar,a Christine representa a esperança, não? Esperança que consiga se tornar alguém melhor, por isso ele fica tão louco quando ela não retribui seu amor.- indagou quando Cosette lhe entregou um prato com sanduiche.

–Isso, porque ele perdeu sua única esperança de ter uma vida como todos têm e que era o que ele mais queria.

–Eu sou foda na interpretação.- se gabou com a boca cheia.

Cosette revirou os olhos e pegou o celular de cima da mesinha de centro. Abriu a mensagem e seu semblante ficou sério. Grantaire percebendo a mudança esticou o pescoço para tentar ler o que havia deixado a amiga tão séria.

A loura balançou a cabeleira apagando o celular.

–Marius disse que viu Enjolras e Thaís estudando juntos na biblioteca... Honestamente se a Éponine fica sabendo disso,os dois já eram.

–Ela ainda não sabe?

–Eu não contei, nem Marius. Você contou?

–Não. Nem o Courf. Augustinne disse que era melhor não dizer nada. Duvido que o Enjolras tenha contado. Essa garota me irrita demais, e ela tem coragem de aparecer nas reuniões.

–Enquanto eles estiverem só estudando,tudo bem.

–Enjolras nuca trairia a Éponine.- Grantaire garantiu se levantando e limpando as mãos na calça.-Tenho que ir. Obrigado pelo sanduiche e a aula educativa.

Cosette nada disse,apenas assentiu com a cabeça enquanto o amigo saia.

[...]

Grantaire saiu correndo do prédio de Cosette, determinado a encontrar seus amigos e contar seu plano. Ele não podia deixar a prima de Combeferre estragar nada,e ela ia estragar,ele sentia toda a vez que a via e se imaginava enforcando aquele pescocin...

Estancou no lugar e respirou fundo. Não queria pensar em assassinatos. Não depois de tudo que Cosette falara momentos antes.

–Precisamos.- começou assim que encontrou os amigos na sala de estudos da faculdade.- Dar um jeito na Thaís.- Grantaire escutou um pigarro e olhou para o lado.- Ah,oi Comb. Então tampa os ouvidos e canta “lá,lá,lá,lá” que vamos falar mal da sua prima.- pediu.

–Será que vocês podem para de pegar no pé dela? Já não basta vocês serem hostis quando claramente ela esta querendo fazer parte do grupo.

–Desculpa aí, Comb mas não. Sua santa prima tá agora,a sós com o Enjolras,estudando. E nem nos sonhos mais selvagens dela,que provavelmente são com o Jojo ela vai fazer parte do grupo.

–Isso ta ficando chato.- rebateu Combeferre.- Ela se sente mal pelo jeito que agiu. E Enjolras está ajudando em uma matéria em que ela esta com dificuldade.

–Não sabia que em direito entra anatomia .- Courfeyrac comentou como quem não quer nada.- Sinceramente, Combeferre? Você é nosso amigo, porém você não pode nos forçar a gostar da vaga...da sua prima. Grantaire tem razão. Por incrível que pareça ele tem razão em alguma coisa.

–Comb- Jehan o chamou.- A Thaís conhece muita gente, por que ela pede ajuda justamente do Enjolras? Você sabe que eu gosto das pessoas, mas também sei ver segundas intenções. Quando a Éponine descobrir que ela esta aqui, vai ficar uma fera.

–E o que eu devo fazer? Mandar minha prima ir embora do país? Talvez esteja na hora da Éponine crescer e perceber que ninguém é propriedade dela, que o Enjolras pode conversar com quem quiser. E querem saber minha opinião? Esconder da Éponine que a Thais esta aqui não é uma boa coisa.-Combeferre falou irritado juntando suas coisas.- Se tentarem algo com minha prima, vão se ver comigo.- ameaçou antes de sair.

–“Mimimimimi”- Grantaire e Courfeyrac fizeram caretas quando o amigo saiu.

–Então? Alguém tem algo em mente?- Grantaire perguntou. Os amis trocaram um olhar entre si.- O que?

–Olha...da última vez essa história não deu muito certo. E outra estamos atolados de trabalhos. Infelizmente dessa vez a vida amorosa deles não é nossa prioridade.- Joly falou por todos.

–Vocês... vocês estão falando sério?

–Taire...- começou Courfeyrac.- Você mesmo esta cheio de trabalhos e provas para estudar. Não pode ficar perdendo seu tempo nisso.

–Foda-se.- respondeu se levantando.- Eu não to ficando sóbrio para ver meus amigos se afastando por causa daquela garota. Ela vai nos afastar e você preocupado com trabalhos e provas.

–Grantaire.- chamou Jehan.- Nós não vamos ficar jovens e nem juntos para sempre. Temos que cuidar do futuro.

–Esse é o mal de vocês.- falou desgostoso.- Pensam demais no futuro e se esquecem do agora que é o que importa. Mas querem saber? Dane-se vocês, eu vou fazer alguma coisa.

[...]

Grantaire saiu andando até estar perto do rio Senna, não tinha nenhum lugar onde quisesse ir ou alguém com quem conversar. Ele só queria que o presente fosse mais parecido com o passado.

Queria de volta as reuniões no Musain, Enjolras sendo um chato revolucionário e não apenas um chato. Queria poder voltar para quando Éponine chegou e provocava o amigo.

Ele queria que eles ainda lutassem por alguma coisa.

Mas para Grantaire parecia que quanto mais eles se aproximavam do fim da faculdade, menos eles se importavam com aquilo que eles dariam o sangue um tempo atrás.

Não se tratava apenas da vida amorosa de seus amigos, se tratava de todas. Ele queria voltar a ver os amigos com aquela sede de mudança.

Como não sabia voltar ao passado e nem como reacender a velha chama revolucionaria dos amigos ele tentava salvar a única coisa que ainda “sobrevivia” daquela época.

–Malditos que só sabem olhar para o próprio umbigo.- murmurou chutando uma pedrinha.

–Tendo um dia difícil?- um rapaz apoiado na grade indagou,sem dirigir o olhar à Grantaire.

Grantaire soltou uma risadinha sem humor e se apoiou também olhando para o nada.

–Acho que está mais para a vida. Parece que tudo de bom que aparece para mim dura pouco.- desabafou se sentindo melhor por ter colocado aquilo para fora.

–Posso me atrever à perguntar o que está acontecendo?- o rapaz perguntou virando o rosto para ele. Grantaire olhou para o homem ao seu lado.

–Não é nada. Só problemas com meus amigos.

–Talvez se contar eu posso te ajudar.

–Você por acaso não sabe como voltar ao passado, sabe?

O rapaz fingiu pensar por um momento.

–Não.

–Então é inútil... Sou Grantaire a propósito.- se apresentou.

–Simon.- o rapaz estendeu a mão à qual Grantaire apertou.- Então... já que estamos os dois de saco cheio,tá afim de beber alguma coisa.

–Posso me atrever a perguntar o que está deixando de saco cheio?

–Vai me ajudar se eu contar?- indagou Simon com as mãos nos bolsos.

–Talvez. Quem sabe?- deu de ombros.

Simon olhou fixamente para Grantaire.

–Vamos. Eu te conto e em troca você me conta.- propôs.

Grantaire ponderou, as vezes falar o que se passava em sua mente parecia tão idiota.

–Tudo bem.- concordou e saiu andando ao lado de Simon.

Passaram em uma lanchonete e se abasteceram de sanduiches e milkshakes ,para logo sair e começarem uma caminhada enquanto conversavam.

Grantaire não imaginava que pudesse saber tanto sobre uma pessoa que conhecera apenas alguns minutos,mas Simon era transparente. Ainda morava com os pais, acabara de fazer 22 anos, estudante de jornalismo,tinha acabado de sofrer uma grande desilusão amorosa.

Mas por mais que o rapaz contasse sobre a tragédia que fora seu último relacionamento,ou qualquer coisa relacionada à sua vida, ele o fazia com um humor negro que agradava Grantaire.

Grantaire quando menos se deu conta já estava contando. Contando como os amis eram e de como sentia falta. Para sua surpresa Simon já havia ouvido falar do grupo e confessara que sempre teve vontade de comparecer em uma das reuniões,contudo ele nunca fora muito um cara que gostaria de se meter em confusão.

–Então não podemos ser amigos.- Grantaire soltou dando uma risada.

–Por que?- Simon indagou curioso.

–Eu sempre coloco meus amigos em confusões.

Então contou da despedida de solteiro de Marius, contou do resgate à Augustinne na Dinamarca, contou de cada confusão que se lembrava de ter colocado os Amis.

Também contou como sentia falta de Éponine e de como eles eram próximos.

–Era para ela voltar esse mês, mas ela preferiu ficar mais seis meses.- explicou quando Simon perguntou quando ela voltaria.- Ela sonha em ser atriz, o que eu posso fazer? Ela até trancou a faculdade para ir atrás dessa companhia,mas na minha opinião é perda de tempo dela. Éponine fica como faz tudo e nunca subiu no palco. Certo, que ela conhece vários lugares,porém isso não a faz adquirir experiência. Mas ela diz o contrario, fala que isso é ótimo para a carreira dela.

–Ela está certa. Imagina quantas pessoas ela pode conhecer que podem dar uma oportunidade para ela.

–Sim, eu sei mas... você deveria ter visto o último trabalho dela, foi a Rosa, de O pequeno príncipe. Sinto falta de conversar com ela só para dizer bobeiras.

–Celular está aí para isso.

–Como se ela usasse. Ela mais perde celular do que os usa.

Os dois andaram em silêncio, o céu já começava a escurecer, entretanto por algum motivo, Grantaire não queria ter que se despedir. Queria continuar conversando. Simon era sarcástico e por nenhum momento o fizera se sentir inferior.

–Acho que você está se preocupando a toa.- Simon voltou a falar. Grantaire o olhou confuso.- Digo, com seus amigos. Eles ainda são os mesmos, só precisam ser lembrados disso. Principalmente o tal de Enjolras, ele passou por muito, não me surpreende ele estar sendo cauteloso. Mas te garanto que ele ainda é ele. E quanto ao casal, pelo o que você me contou ele nunca faria nada para a magoar, então deixe essa Thaís tentar, ela nunca vai conseguir.- garantiu com tanta certeza que fez Grantaire quase acreditar nele.

–Eu tenho que ir.- Simon anunciou.- Mas foi bom te conhecer.

Grantaire se sentiu decepcionado.

–Ah, sim claro. Já está bem tarde... Digo o mesmo,sobre... você sabe. Te conhecer. Bom...tchau.- acenou com a cabeça indo na direção contraria.- Eu só adoraria te ver novamente.- murmurou para si mesmo quando já estava bem longe do rapaz.

[...]

–Eu definitivamente não sei o que seria de mim sem você.- Thaís suspirou fechando o caderno.- Essa matéria não entrava de jeito nenhum na minha cabeça.

–Sem problemas, essa é meio chata mesmo.- Enjolras respondeu se levantando da mesa.- Acho que eu já vou indo, tenho umas coisas para fazer e marquei de falar com Éponine as oito.- falou enquanto checava o relógio. Estava ansioso para ver o rosto da morena depois de tanto tempo.

–Ela comprou o notebook?- Thaís perguntou enquanto acompanhava Enjolras para fora da biblioteca. Enjolras assentiu com um leve sorriso.- Bom, então nem vou te chamar para beber nada.

–É, vai ter que ficar para outro dia. Até amanhã.- se despediu de Thaís pegando a direção para o seu apartamento.

Assim que chegou correu para o banho e logo em seguida começou a dar uma ajeitada na casa. Coçou atrás das orelhas de Bolinha e estava preparado para começar a leitura de um livro quando a campainha tocou.

Soltou um palavrão e foi atender dando de cara com Thaís.

–Oi. Eu sei que a gente tava junto até agora,mas... pensei em trazer alguma coisa para a gente beber aqui, enquanto você espera dar o horário...

–Thaís, a Éponine não sabe ainda que você está aqui...- Enjolras respondeu sem graça,coçando a nuca,olhando para a garrafa de vinho nas mãos da garota.

–Eu sei, eu sei. E prometo que vou embora assim que ela ficar online. Só me deixa agradecer pela ajuda?- Thaís lhe deu o melhor sorriso e Enjolras depois de um suspiro a deixou entrar.

Ligaram a TV e deixaram em um filme antigo, enquanto bebiam e iam conversando. Ele gostava da companhia de Thaís,gostava dela como amiga,gostava que não tivesse tanto drama quando conversava com ela.

Enjolras olhava o notebook a todo minuto,esperando o momento que Éponine fosse entrar, mas parecia que o tempo não passava.

–Onde a Éponine, está?- Thaís questionou checando o relógio.

Enjolras franziu a testa, não se lembrava onde ela estava dessa vez.

–Não lembro, por quê?

–Por nada. Só para saber oito horas em qual país. Ela está atrasada.

Ele sabia disso, sabia que estava atrasada. Porém iria continuar esperando pelo menos uma hora, talvez onde ela estivesse o sinal não fosse bom...

Thaís suspirou ao seu lado e se inclinou para fechar o notebook.

–O que você está fazendo?- Enjolras indagou irritado voltando a abrir o notebook.

–Enjolras é óbvio que ela não vai entrar... Olha para mim.- pediu virando o rosto do louro delicadamente .- Ela não está aqui, Enjolras. Fazem seis meses que ela se foi.

–Éponine está correndo atrás dos sonhos dela. Não será eu que irei atrapalhá-la.

–Não é essa a questão. Ela nunca dá noticias e quando dá é para dizer que vai ficar mais seis meses fora. Me dói o coração ver você aqui esperando, enquanto ela continua com a vida dela.

–Eu prometi que ia esperá-la.

–Você prometeu esperá-la seis meses. Não um ano. Realmente você acha que ela está esperando?

Enjolras ficou quieto. Estava começando a sentir raiva de Thaís. Sempre sentia quando ela começava a querer insinuar que Éponine era algum tipo de adultera.

–Acho que está na hora de você ir, Thaís. Boa noite.

–Enjolras, eu estou aqui com você!- ela segurou o rosto dele com firmeza.- Eu... passei cada momento aqui com você, enquanto ela está se divertindo. Enjolras está na hora de você começar a viver. E me deixar viver junto de você.

E sem que esperasse mais um segundo para que Enjolras pudesse rebater, ela se jogou encima dele,colando seus lábios no dele.

Enjolras resistiu e tentou tirá-la de cima,mas a garota continuo insistindo, até que ele perdeu a luta e correspondeu ao beijo. Não queria,contudo quando deu por si, já estava retribuindo e suas mãos percorriam as costas de Thaís por dentro da blusa.

–Ah, Enjolras.- Thaís gemeu em sua boca enquanto se colava cada vez mais no corpo do garoto

Ele sabia que era errado,mas por algum motivo não conseguia se desvencilhar dela... Enjolras odiava admitir mas estava... gostando daquilo?

E então como uma pancada o rosto de Éponine apareceu em sua mente. O sorriso com as covinhas,os olhos, seu cheiro, seu mau humor matinal...

Empurrou Thaís com tudo no chão ao mesmo tempo que a porta lhe pareceu bater. Não uma batida estrondosa e sim um leve “click”.

Não sabia se era sua imaginação culpada ou se alguém havia entrado ali. Se alguém tivesse visto ele precisaria descobrir quem e tentar explicar a situação. Por mais que nem para si mesmo ele conseguia dar uma explicação que fazia sentido.

–Thaís, eu...

–Por favor, não diga nada. Só me beije.- pediu tentando se jogar no homem que tinha os olhos arregalados sem acreditar no que havia feito.

–Não.- respondeu com firmeza, e então tudo o que Grantaire o advertira lhe passou pela sua mente.- Não, Thaís. Isso foi um erro, eu... eu nem sei como deixei me levar.

–É porque você gosta de mim. Me ama.- respondeu sorridente se aproximando.

–Saia daqui.- Enjolras pediu sem se importar em ser educado.- Só saia daqui, Thaís... como fui um burro,idiota. Eu não amo você, eu...Não sei o que aconteceu,mas não vai acontecer de novo. Eu sinto muito por ter correspondido.

Thaís o olhou enfurecida e pegou sua bolsa que estava caída no chão,ajeitando sua blusa.

–Não se preocupe que não irei contar isso para ninguém.- Thaís garantiu com a voz gélida enquanto passava por Enjolras que apenas assentiu.

–E Thaís.- ele a chamou, a fazendo virar para encará-lo.- Dessa vez não podemos mais ser amigos.

E quando a garota saiu batendo a porta, ele se sentou no sofá com a cabeça apoiada nas mãos sem acreditar.

Ele fizera exatamente aquilo que seu amigo imprudente e desmiolado o advertira.

O que tanto Grantaire o irritou dizendo que aconteceria uma hora ou outra.

Ele havia traído Éponine.

[...]

Éponine fechou a porta o mais devagar possível para evitar fazer barulho e saiu a passos rápidos de volta para o elevador. Sentia a garganta se fechando,os olhos ardendo e a dor no peito a atingindo.

Como fora tola de acreditar que ele esperaria.

Assim que pisou na calçada saiu andando o mais rápido que pode com suas malas. Não podia ficar ali, simplesmente não podia. Andou com a visão turva por conta das lagrimas que estavam se acumulando. Percebeu um taxi se aproximando e fez sinal.

Jogou as malas no porta malas e entrou no banco traseiro.

–Aeroporto por favor.- pediu com um fiapo de voz.

Havia falado para todos que iria ficar mais seis meses fora para quando voltasse, eles tivessem uma surpresa.

Mas que grande e desagradável surpresa tivera ela.

Procurou o celular em sua bolsa e procurou um numero nos contatos. Colou o celular em sua orelha enquanto chamava. Até que a pessoa do outro lado atendeu.

–Olá...- Éponine começou a falar,respirando fundo para continuar falando com firmeza.- Anthony Starr? Aqui é Éponine Thernadier, nós nos conhecemos... Isso exatamente. Estou ligando para dizer que se o convite ainda é válido, eu adoraria poder fazer parte do workshop.

Éponine esperou enquanto o homem do outro lado demonstrava o quanto estava contente com aquela noticia.

–Sim, estou indo para Nova York hoje mesmo. Nos vemos logo.

Éponine olhou para fora da janela do táxi.

Para ela seria a última vez que veria as ruas de Paris.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...

Escrever esse final me partiu o coração.



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