When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 26
The summer it's getting hot.


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, capítulo novo, honestamente não gostei,achei que ficou sem conteúdo talvez. Leiam e conversaremos nas notas finais, sim?



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–Você não acha que ta na hora de voltar para o mundo real?- Éponine abriu os olhos e encontrou Montparnasse de pé a encarando, ela fez uma careta.

–Mont, você está tampando o sol, e você sabe como eu só gosto de tomar o sol da manhã.- ela ignorou a pergunta que ele havia lhe feito. Montparnasse se sentou na ponta da espreguiçadeira que Éponine estava deitada.

–Éponine você sabe que eu adoro ter você como companhia... mas já fazem três semanas que você ta aqui e está ignorando todas as chamadas dos seus amigos. Não acha que já deu?

–Não estou ignorando ninguém. Ontem mesmo conversei com o Grantaire, o Courf,Joly, Jehan, Cosette e Marius.

Montparnasse olhou para Éponine com as sobrancelhas arqueadas.

–E o Enjolras? Por que você está fugindo dele?

Éponine tirou os óculos de sol e se sentou,olhando para Montparnasse indignada.

–Não estou fugindo dele. Não estou fugindo de ninguém.- Éponine respondeu na defensiva.- Se você não quer que eu fique aqui, ótimo. Eu vou embora!-se levantou irritada com Montparnasse, que a segurou pelo pulso e a fez sentar.

–Ponine... Você sabe que eu cuido de você, e não quero que você vá embora. Mas você não pode ficar ignorando seu namorado por ele ter falado aquilo. Está no gene dos homens serem meio estúpidos,babacas e grossos as vezes.

Éponine voltou a se sentar na cadeira,segurando a mão de Montparnasse,sem olhar nos olhos dele. Os dois haviam passado tanto tempo juntos, que ele poderia entender tudo só com um simples olhar dela.

–Eu sei é que... Eu tenho medo.- admitiu por fim em um fio de voz.

–Medo do que?- ele perguntou erguendo o queixo de Éponine para que ela olhasse para ele.

–Medo, Montparnasse. Medo. Estavamos muito bem, e eu tive medo disso,porque nada comigo vai muito bem por muito tempo. Então eu... eu tive que estragar,porque eu teria certeza que se não deu certo não foi porque a outra pessoa falhou e sim eu. Entende?

–Então você armou uma briga com seu namorado por medo dele falhar com você?- ele perguntou e Éponine confirmou com a cabeça, envergonhada de ter admitido o motivo ridículo que ela brigou com Enjolras. Montparnasse começou a rir e Éponine a olhou irritada,começando a ficar vermelha de ser o motivo das risadas do amigo.

–Agora até você vai rir de mim?

–Não...- ele tentou parar de rir- é que. Foi meio infantil,não?

Éponine revirou os olhos.

–Eu sei que foi. Não pense que eu não me odeio por isso. Mas por outro lado foi bom. Você lembra daquela garota que estava com a gente no bar? Quando a gente se encontrou?- Éponine perguntou, a voz ficando aguda de raiva ao se lembrar da Thaís. Montparnasse fez que sim com a cabeça.

–A loirinha que tava agarrada no Enjolras?

–Essa praga mesma... Então, eu esqueci de contar. Que quando eu fui no Café Musain ela tava lá. E o meu namorado estava sentado do lado dela.

–E o que tem?- Montparnasse perguntou tentando entender o por quê de tanto drama. Éponine jogou os braços para cima se levantando. Ela andou até a grade da varanda da casa de praia,que dava vista para o mar e se voltou para Montparnasse com as mãos na cintura.- Ótima cena.- ele aplaudiu brincando e ganhou um riso sarcástico vindo da garota.

–O que tem? O que tem é que eu cheguei e aquela oferecida...aquela,aquela galinha mal nutrida,estava alisando a perna do Enjolras com aquela mão nojenta e o babaca,inútil do meu namorado, que as vezes é meio burro para certas coisas estava deixando. Agora me diz se eu não tenho razão de estar ignorando ele?

–A feminista está falando novamente.

–Não sou feminista! Só estou dizendo que tenho razão. Assim ele não faz isso de novo.

–Mas ele sabe que você não gosta da garota?- Montparnasse perguntou e Éponine voltou a olhar para o mar.

–Não... mas mesmo assim ainda tenho razão de estar chateada.

Montparnasse fingiu ponderar por um instante, quando na verdade estava tentando segurar a risada. Éponine com ciúmes era uma coisa que sempre valia a pena ver,por mais que ele nunca fosse admitir isso.

–Já parou para pensar que a culpa pode ser sua?- ele questionou.

–RÁ- Éponine bateu as mãos.- Minha?

–É. Se você não tivesse expulsado ele aquele dia, ele teria dito que vocês estavam namorando...

–Mas nós ainda estávamos namorando quando aquela...desgraçada- Éponine abaixou a voz para xingar- voltou. Ele poderia ter dito mesmo que estavamos brigados. Essa é a questão, ele omitiu. Não duvido nada que já tenha levado ela pro apartamento dele...

Montparnasse andou até onde ela estava e colocou suas mãos nos ombros dela.

–Éponine, ele não tem cara de que faria isso. Não pelo o que você me contou. E outra você não acha que esta sendo um pouco ciumenta demais?- Éponine abriu a boca para rebater mas Montparnasse a tampou com a mão.- Me escuta. Eu sei que você é toda desconfiada,mas você tem que parar de arrumar confusão com todo cara que tenta se aproximar de você. Tem que entender que nem todos querem te machucar.

–Eu sei... é que- ela choramingou.- Não estou pronta para encarar o Enjolras de novo. Não enquanto aquela sem sal estiver lá.

–Então você espera ficar aqui até ela ir embora?

–É. Esse é meu plano.- ela respondeu com um sorriso.

–Acho isso meia estupidez da sua parte. Você está dando espaço para ela roubar seu homem.

Éponine o ficou encarando por um tempo.

–Você acha?

Montparnasse confirmou com a cabeça.

–Ao que me parece ela é bem determinada.

Éponine ficou pensando até que por fim balançou a cabeça em negativa.

–Se ele ceder prova que nunca gostou de mim de verdade. Courf e Grantaire estão me deixando a par das novidades.

–E se ele achar que você cedeu aqui,e assim ele ceder lá para se vingar?

–Droga, Montparnasse!- Éponine gritou, saindo de perto dele.- Eu não sei o que fazer, ta legal? Não sei. Só não me faça voltar para lá.- ela implorou.- Se isso acontecer prova que eu tenho que ficar sozinha.

–Cala a boca, Éponine.

Ela o olhou perplexa.

–Você acabou de me mandar calar a boca?

–Sim... Eu tenho uma ideia, não sei se você vai gostar muito mas... Por que você não chama eles para virem para cá passar o final de semana? Inclusive a Thalita. Eu observo o comportamento dos dois, você conversa com o Enjolras, os dois lavam a roupa suja, você mostra quem manda para a garota, e se no final desse fim de semana der algo errado entre esse triangulo amoroso, você vai saber o que fazer. O que acha?

Éponine ficou olhando para a cara do amigo, estudando-o atentamente, tentando entender onde ele queria chegar. Aos olhos dela não parecia uma boa ideia. Todos juntos na mesma casa, ela tendo que conviver com a Thaís se atirando para o Enjolras,e Éponine para pagar na mesma moeda usando Montparnasse para fazer ciúmes em Enjolras. Mas por outro lado se eles se entendessem, Éponine poderia esfregar na cara dela, que ele a escolheu. E só de imaginar a cara de decepção dela, foi o suficiente para Éponine sorrir e entrar correndo dentro de casa procurando seu celular e discando o numero de Courfeyrac.

No terceiro toque, ele atendeu.

–E aí, Ponine? Relaxando muito? Quando vamos ter o ar da sua graça aqui de volta?

–Você me pergunta isso todo dia, Courfeyrac... Mas isso não vem ao caso agora. Liguei para fazer um convite para você passar a todos.- ela falou animada,olhando para Montparnasse que a observava.

–Fale que sou todo ouvidos para a mademoiselle.

–Então... por que vocês não vem passar o final de semana aqui com Mont e eu?

Courfeyrac ficou em silêncio por dois minutos inteiros.

–Pera... Você ta falando sério? Isso é sério? Todos nós?- Courfeyrac ficou extremamente animado.- Grantaire nós vamos passar o final de semana na praia!- ele gritou para o amigo.

–Vou poder nada pelado lá?- Éponine pode escutar a pergunta vinda do Grantaire de longe.

–Diga ao Grantaire que pode... desde que eu não tenha que ver.

–Ah Mon Dieu! Merci, Éponine. Eu não sei quanto aos outros, mas o Grantaire e eu vamos. Vou falar com eles a noite na reunião e... ah.- ele ficou desanimado e o sorriso de Éponine desapareceu ao ouvir aquele som.

–O que foi, Courf?- ela perguntou preocupada.

–Acho que eles vão acabar não indo, porque a prima do Combeferre ainda ta aqui.

–Tudo bem. Pode chamá-la também.

–Acho que você não ouviu direito. A Thaís ainda ta aqui.- ele explicou.

–Eu sei. E estou dizendo que pode chamá-la também.

–O que você está aprontando, Éponine?- perguntou desconfiado.

–Nada.- Éponine fez uma voz doce.- Assim que tiver a resposta me avise, que eu mando o endereço para vocês. Tchau- ela cantarolou e desligou o telefone sem dar chances de ter uma resposta.

–E então?

–Sabe eu acho que vou me arrepender profundamente de ter feito isso. Mas agora é só esperar a resposta.

–Enquanto esperamos por que não vamos pro mar? Já que você não vai depois das 10 horas mesmo.

Éponine jogou o celular no sofá e saiu correndo.

–Vou chegar lá primeiro que você...

[...]

–Isso não vem ao fato. O que estamos discutindo são as melhorias dos estudos!- Enjolras estava socando a mesa enquanto falava.

–Sim. Se os professores não estão felizes com o que recebem, como vão conseguir ensinar, passar algum incentivo para seus alunos?- Thaís complementou o que Enjolras estava dizendo. Desde semana passada os amigos estavam formando pequenos grupos e convidando para o Café Musain, na esperança de conseguir mais apoio para as greves que estavam por vir. Pensar que já havia passado quase dois meses e que logo começaria tudo de novo. E isso significava que deveriam voltar a ativa.

Thaís se mostrou uma ótima ajudante. Por algum motivo, talvez pela carisma dela e o jeito que tinha para falar com as pessoas sempre acabava convencendo os que duvidava que seria uma boa ideia.

Enjolras não podia negar que gostava da companhia de Thaís. Ela era inteligente, engraçada, e tudo era mais fácil, leve, não tinha que medir suas palavras, não era intenso. Mas sentia falta de Éponine com seu sorriso provocativo. A última vez que tivera noticias dela, foi quando Courfeyrac lhe mostrou uma foto dela se divertindo no mar com alguns amigos, do qual só reconheceu Montparnasse.

Ela não atendia seus telefonemas e segundo Grantaire era por causa da Thaís, se ela soubesse que ele não estava mais falando com Thaís, talvez pudesse atender. Mas Enjolras não via motivos para parar de falar com a garota, já que era uma boa amiga.

–E quando isso vai acontecer?- uma garota perguntou levantando a mão e fazendo Enjolras voltar sua atenção para o que estava fazendo.

–Já está acontecendo. Quando acabar as férias é que será anunciado. Os professores já confirmaram que vão entrar em greve. E nós temos que suportá-los, afinal o futuro depende não só dele mas de nós.

–Se nos unirmos nossa voz ficará mais forte.- Thaís concluiu olhando com um sorriso meigo para Enjolras.

–E assim os poderosos serão obrigados a nós ouvir.- Combeferre se juntou.

Grantaire e Courfeyrac ficavam ao fundo observando, e imitando Enjolras e Thaís falando.

–Algo que os dois queiram compartilhar?- Enjolras perguntou mal humorado enquanto todas as cabeças se viravam na direção de Grantaire e Courfeyrac.

–Ãn... não. Só estávamos discutindo como vocês falam bem e com convicção. Me faz até ter vontade de participar disso aí.- Grantaire respondeu sério, mas dava para perceber o tom de ironia mascarado.

Enjolras respirou fundo e voltou a atenção para o grupo.

–Nós nos encontramos todas as sextas feiras no auditório da universidade.

–Sim. E se quiserem participar não esqueçam de colocar o nome de vocês só para termos uma noção de participação.

–E chamem amigos, parentes, colegas de trabalho para se junta a nós. Esse não é um problema só dos estudantes mas de uma sociedade inteira.- Thaís ergueu a voz, enquanto as pessoas se levantavam para irem embora.

–Nos reunimos todos os dias aqui, nesse mesmo horário se caso quiserem mais informações.- Jehan acrescentou enquanto ia distribuindo os panfletos que haviam mandado fazer, explicando o motivo por quê deveriam apoiar.

Quando o lugar se esvaziou, os quatro se sentaram junto com Grantaire e Courfeyrac.

–Por que Joly não veio?- perguntou Jehan se servindo de uma cerveja.

–Ele disse que o precisava ficar no plantão da noite hoje por causa do estagio.- Combeferre explicou.- Acho que fomos muito bem hoje, não?

–Siim, eles pareciam bem animados com o que falávamos- Thaís se sentou toda animada entregando uma cerveja para Enjolras.

Grantaire e Courfeyrac estavam fazendo sua mais nova careta de aversão,enquanto olhavam para Thaís.

–Falei com Ponine hoje cedo.- Courfeyrac anunciou e observou Thaís que ficou rígida.

–E o que ela queria?-Enjolras perguntou ávido por noticias.

–Ligou para nos convidar para o casamento dela com Montparnasse que vai ser feito na praia.- Grantaire respondeu com naturalidade. Enjolras engasgou com a cerveja e Thaís batia desesperada nas costas dele.

–O que?- Enjolras perguntou com os olhos arregalados e o rosto vermelho. Grantaire e Courfeyrac começaram a rir.

–Sabia que essa ia ser a reação dele.- Grantaire admitiu- Seu bobinho.

–Ela ligou nos convidando para ir passar o final de semana com ela.

–Ah.- Enjolras sentiu o alivio tomar conta de si.- E vocês vão?

–Grantaire e eu vamos sim. Mas ela chamou todos nós.

–Inclusive a Thaís.-Grantaire acrescentou icrédulo.

–Eu?

–Sim. Esse é o dom da Ponine. Ter um bom coração.

–Ela deveria ser freira.-Courfeyrac falou em uma voz pensativa. Depois os dois trocaram olhares e riram.- Não. Do jeito que a Eponine é desbocada ia ser expulsa do convento.... Mas e então? Vocês vão?

–Não sei... esse final de semana agora?- Enjolras perguntou. Queria ir mas tinha seus compromissos. Courfeyrac fez que sim com a cabeça.

–Eu vou. Não tenho nada para fazer mesmo. E faz anos que não visito a praia.- Jehan confirmou.

–Como não tem nada para fazer? E as reuniões?- Thaís perguntou indignada, não queria ir, do mesmo jeito que não queria que Enjolras fosse. A vida dos dois estavam tão leve sem ela para ficar atrapalhando com seus dramas. E podia até jurar que talvez Enjolras pudesse estar gostando dela.

–Thaís, nem todos são como você, Enjolras e Combeferre. Pessoas normais querem se divertir. Não é a toa que a Éponine está em uma praia com Montparnasse ao invés de estar aqui. Ele sabe se divertir, e ela quer ficar perto de pessoas que aproveitam a vida.-Courfeyrac tentou conter a irritação que estava sentindo.- Se vocês não querem ir. Ótimo. Francamente vocês três acabam com o humor de qualquer um. E você Enjolras fica enchendo a porra do meu saco pra saber da Éponine mas quando tem a oportunidade de ir vê-la e conversar com ela, que possivelmente é isso que ela quer fazer fica com rabo doce. Honestamente? Merece um pé na bunda. Mas daqueles bem dado. Éponine é areia demais para alguém tão chato como você.

–Está melhor?- Grantaire perguntou para Courfeyrac, pousando uma mão sobre o ombro dele.

–Sim, me sinto mais leve depois de dizer metade do que eu estava guardando... Agora se me dão licença, vou avisar a Ponine que Grantaire, Jehan, Joly e eu vamos.- ele se levantou e foi em direção a saída.

–Como se precisássemos sair de Paris para nos divertir. Não é mesmo?- Thaís se virou para Enjolras sorridente e presunçosa por ele ter decidido não ir.

–Courfeyrac.- Enjolras chamou.- Diga para Éponine que eu vou também.- ele anunciou e Thaís sentiu seu sorriso desaparecer lentamente. Enjolras percebeu que Courfeyrac estava certo, Éponine nunca dizia diretamente quando estava afim de voltar a conversar, ela sempre mandava recado por outra pessoa ou usava como desculpa para se encontrar.

Já Courfeyrac abriu um sorriso vitorioso. Ver a cara de decepção da Thaís não tinha preço. De repente toda aquela segurança e superioridade dela haviam desaparecido.

–Bom, então acho que podemos ir também,né prima?- Combeferre perguntou para Thaís que forçou um sorriso.

–Claro. Vai ser muito divertido.

–Muito bem, vou avisar Éponine.

Courfeyrac pegou o celular do bolso e saiu, depois de alguns minutos voltou.

–Cara... Nós vamos para a praia! Só os ricos vão para a praia.

–Que praia nós iremos?-Jehan perguntou se animando ao pensar no mar.

–Cassis... –Courfeyrac falou lendo em um papel que tinha anotado o endereço.- Ela falou que é um vilarejo e que precisaremos pegar um ônibus mas que não é muito caro, que assim que chegarmos ela irá nos reembolsar... Ah, Enjolras, ela pediu para avisar que já conversou com seu chefe e você está liberado na sexta e no sábado.

–Por que na sexta?

–Ela quer que a gente pegue o ônibus a tarde para chegar a noite e logo no sábado de manhã irmos visitar as praias.

–Mas na sexta nós temos....- Thaís começou. Precisava pensar em alguma coisa, não podia deixar Eponine ficar com Enjolras. Ela não merecia ele de jeito nenhum.

–Nós sempre podemos cancelar. E outra na sexta quem dá a palestra são os professores eles não irão se importar.- Jehan argumentou.

–Galera... Vamos a la playa, oh,ooh,oh.- Courfeyrac comemorou fazendo uma dancinha ridícula.

[...]

–Éponine... Acho que seus amigos estão chegando- Montparnasse estava fumando na janela, quando avistou o grupo descendo de uma das vans que ficavam na rodoviária.

–Cosette,espera um minuto que eu vou lá receber eles e você já termina de me contar.- Éponine estava conversando com Cosette novamente. Era normal as duas passarem boa parte da noite se conversando.

–Ta... Enquanto isso eu vou ir passar a pomada pra queimadura no Marius... Mereço- Cosette revirou os olhos e se levantou indo cuidar de Marius. Éponine riu da amiga e foi em direção a porta.

Ao abri-la encontrou os amigos procurando a casa e... Não pode deixar de revirar os olhos ao encontrar Thaís agarrada ao braço do Enjolras,e ele rindo de alguma coisa que ela havia acabado de dizer.

–Isso não foi uma boa ideia,Mont.- ela murmurou para Montparnasse que estava atrás dela.

–Calma, não fique tensa. E tente não chorar.

–Até parece. Eu chorar por homem.- ela zombou por mais que estivesse sentindo sua garganta se fechar.- Precisam de ajuda?- Éponine gritou para chamar a atenção dos amigos, estava com um sorriso no rosto.

Todos viraram para onde o som da voz de Éponine veio. Enjolras não podia acreditar que estava vendo a garota depois de três semanas. Ela estava ainda mais morena,e parecia que tinha engordado um pouco, o que a deixou com uma aparência saudável. Ela usava um baby doll cinza e seus cabelos estavam preso de qualquer jeito. E logo percebeu Montparnasse atrás dela com uma mão apoiado no ombro dela e sentiu uma certa raiva.

Courfeyrac e Grantaire saíram correndo gritando em direção a Éponine, que também saiu gritando em direção ao rapazes. Ao se encontrarem os três se abraçaram e ficaram pulando e gritando,até que um vizinho abriu a porta e gritou para eles calarem a boca.

–Isso foi muito....- Courfeyrac começou.

–Gay!- Grantaire concluiu. Éponine riu.

–Mas vocês são... Esperando o dia que irão assumir o romance secreto. E aí gente?- ela perguntou para todos em geral.- Oi, Enjolras.- Éponine lançou um olhar mortal para Thaís enquanto cumprimentava Enjolras. Mesmo percebendo, Thaís não desgrudou do braço de Enjolras.- Vamos entrar,vocês devem estar cansados.

Éponine fez um gesto para que a seguissem e voltou para a casa, ao se encontrar com Montparnasse que continuava na porta, ele a abraçou e deu um beijo no topo da cabeça da garota.

–Com licença.- Jehan pediu por todos ao entrar.

–Fiquem á vontade. A casa é de vocês.- Montparnasse indicou a casa toda e se separou de Éponine indo acender mais um cigarro. Ele ofereceu para ela, que aceitou e logo devolveu para ele. Aquele gesto deixou Enjolras chocados, não sabia que Éponine fumava, já que nunca viu e ela nunca mencionou.

–Essa casa é alugada?- Combeferre perguntou enquanto colocava a mochila no chão e se sentava no sofá junto com Enjolras, Thaís, Jehan e Joly. Éponine vinha da cozinha com algumas cervejas que distribuiu para os garotos.

Montparnasse riu sem humor.

–Não. Essa casa é minha, eu comprei para minha mãe.- ele explicou olhando para fora.

–Ah sua mãe está aqui?- Joly perguntou. Montparnasse trincou a mandíbula e saiu para a varanda sem dar uma resposta.- Disse alguma coisa errada?- Joly perguntou sem entender. Éponine trocou um olhar com Enjolras.

–A mãe dele morreu, Joly. Antes dele conseguir comprar a casa pra ela. Era sonho dela ter uma casinha para viver nesse vilarejo.- Éponine explicou e sentiu seu peito se apertar e os olhos se encherem de água ao lembrar da mulher que lhe ajudou.

–Eu não sabia.

–Tudo bem, Joly. Não é culpa sua,ele sempre fica assim, as vezes nem precisa perguntar.- Éponine o tranquilizou.

–Eiii... Me esqueceu aqui?- eles puderam escutar uma voz irritada e Éponine pulou indo correndo para a cozinha.

–Esqueci da Cosette. Venham aqui ela vai ficar feliz em ver vocês.- eles acompanharam Éponine até a cozinha, ela se sentou e eles ficaram em pé atrás dela.- Pardon... mas veja só quem estão aqui.

–Ah oi garotos!- Cosette cumprimentou animada.- E ... Thaís?- ela fez uma careta ao ver a garota ali.

–Oi, Cosette. Como está a vida de casada?- Thaís perguntou, ela gostava de Cosette.

–Bem... o que você ta fazendo de volta? Eu achei que você tinha ido para nunca mais voltar depois de ter me tacado encima do bolo, após sua tentativa fracassada de transar com o Enjolras.- Cosette soltou tudo de uma vez com sorriso falso no rosto. Éponine arregalou os olhos não acreditando que aquilo havia saído da boca da sua amiga fofa e que era livre de remorsos. Grantaire e Courfeyrac começaram a segurar a risada, Enjolras ficou vermelho e olhou para o rosto de Éponine para ver a reação dela e se surpreendeu ao vê-la de olhos fechado respirando fundo para não rir. Combeferre olhava para Thaís que tinha os olhos baixos para não encarar ninguém, e depois para Enjolras.

–O que você disse, Cosette?

–Isso mesmo que você ouviu, Combeferre. A “santinha”- Cosette fez aspas com os dedos.- da sua prima tentou abrir as pernas para o Enjolras e se não fosse a Éponine para atrapalhar, ele teria comido ela. Que belo amigo!- Éponine não aguentou, assim como Grantaire e Courfeyrac e começaram a rir. Rir do jeito que Cosette estava falando, do linguajar que estava usando, da cara de Combeferre ao descobrir e perceber que foi o último a saber da história.

–Como esta a lua de mel?- Jehan perguntou para desviar do assunto embaraçoso.- Doce como deve ser?

Cosette de um suspiro sonhador e abriu um sorriso.

–Uma bosta!- ela respondeu por fim.- Não os lugares é claro. Os lugares são lindos. Mas por causa da anta do Marius!... Sabem? Já estou me sentindo aquelas mulheres casadas que tem 50 anos e estão frustradas com a vida.

–Mas o que aconteceu? Você e Marius foram feitos um para o outro e se amam.- Joly puxou uma cadeira para se sentar perto de Éponine.

–Eu ainda o amo... mas acontece que ele estragou tudo. Não vejo a hora de voltar para casa e ver se melhora.

–O que ele fez de tão grave?- Grantaire se sentou no colo de Éponine.

–O que ele fez? Bom, ele só foi fazer um bronzeamento artificial, porque ele achou que estava desbotado e não queria ir daquele jeito para a praia. E eu falei “querido, você não vai conseguir nascer de novo para ir a praia. Esse é o menor dos seus problemas, com o sol, rapidinho você fica bronzeado.” Mas como sempre, ele não quis me ouvir e foi. Resultado: ele ficou mais tempo do que devia e ficou com queimadura de primeiro grau. Falei pra esse animal ficar no hotel até melhorar,mas não, quis provar que é macho e colocou a sunga e foi parecendo um graveto torrado pra praia. E ao pegar sol piorou, e agora a lindeza aqui não consegue nem se mexer direito e eu tenho que ficar passando remédio nele. Sem falar que tenho que ficar presa aqui.- Cosette terminou de contar, quase chorando de nervoso.

–Calma Cosette. Só falta um mês.- Éponine a consolou.

–Eu falei no dia do seu casamento que ainda dava tempo de fugir comigo.- Grantaire falou com um falso ressentimento na voz e saindo do colo de Éponine.-Agora que se ferre com o Marius.- ele se virou fingindo jogar os cabelos para trás.

–Cosette meu amor, tem uma barata aqui!- eles puderam ouvir Marius gritando e Cosette revirou os olhos.

–Ora, pegue o chinelo e mate ela.

–Você sabe que eu tenho pavor de baratas, Cosette. Vem matar fazendo o favor.- a voz dele estava apavorada.

–Estou conversando agora, Marius.- Cosette se virou para trás para responder.- Do que estávamos falando mesmo? Então, Enjolras está se comportando direitinho?

Enjolras olhou para Éponine que virou um pouco a cabeça para encará-lo.

–Eu acho que estou. Não sei se fiz alguma coisa que não fosse considerada certa, Cosette.

–AAAAAH É VOADORA !- Marius apareceu correndo todo duro com o chinelo na mão, de cueca e o corpo descascando e algumas partes meio que em carne viva.- COSETTE É VOADORA!

Cosette revirou os olhos e bufou impaciente.

–Já volto.- ela saiu da frente do computador e Marius se sentou respirando rapidamente.

–Que papelão ein, Marius Pontmercy.- Courfeyrac falou com desaprovação.- É assim que você honra o seu nome?- Marius olhou assustado para o computador.

–Aquela era voadora. Tudo bem ser barata. Mas voadora já é sacanagem.

–Mas é um viado mesmo.- Grantaire falou balançando a cabeça.

–Marius, volta pra cama.- Cosette mandou.

–Já matou a barata?

–Já, Marius. Já matei a barata.

–Então tá. Tchau gente.- Marius se despediu e Cosette o ajudou a voltar para a cama.

–Olha gente... perdi o clima pra conversar. Até outro dia.- e a tela ficou preta.

–Bom... isso foi interessante.- Éponine falou fechando o notebook- Onde está o Combeferre?

–Foi conversar com a Thaís.- Enjolras respondeu e Éponine assentiu com a cabeça.

–Vamos, vou mostrar os quartos.

Eles subiram um lance de escadas.

–O último quarto do corredor é do Montparnasse. E o terceiro aqui é o meu.- Éponine apontou.- Os outros podem pegar. Se alguém não quiser dividir, tem mais dois quartos no andar de baixo.

–Você e Montparnasse dormem em quartos separados?- Grantaire perguntou com uma sobrancelha arqueada.

–Mas é claro. Por que diabos eu dormiria no mesmo quarto que ele? As vezes ele gosta de trazer visitas e o que eu estaria fazendo lá? Ele é só meu amigo, não meu namorado.- Éponine enfatizou as palavras.

Os garotos foram escolher os quartos e Enjolras ficou no corredor com Éponine.

–Quer ficar no meu quarto?- ela perguntou sem olhar para ele.

–Quero sim... Se você não quiser me expulsar depois.- ele respondeu.

Éponine abriu a porta do quarto.

–Entre. Acho que precisamos conversar.

–Sim, precisamos.- Enjolras concordou ao passar pela porta do quarto.- O que foi isso de sumir, sem me atender, sem dar explicações e por um motivo besta?- ele disparou ao deixar a mochila no chão se virando para encarar Éponine.- Se você não quer isso Éponine, é só dizer. Não quero que fique comigo por pena, ou por se sentir obrigada.

–Não,Enjolras. Não estou com você por pena ou por me sentir obrigada... Eu realmente gosto de você e... quanto a nossa discussão, me desculpe foi infantil da minha parte ter feito tudo aquilo por nada. Eu tenho que entender nem sempre o que eu quero, é o que eu vou ouvir. Aquela noite eu estava estressada. Me desculpe por ter te mandado embora mais um vez sem motivo.- ela murmurou envergonhada.

Enjolras se aproximou dela, pegou seu rosto com suas duas mãos e a fez encará-lo.

–Tudo bem, eu deveria ter sido um pouco mais educado na minha resposta. Mas ainda não entendo o por quê você não me atendeu.

Éponine se separou dele.

–Esse é o ponto que eu queria chegar.- Éponine apontou o dedo para o peito de Enjolras.- Não quero você perto da Thaís.

–O que? Por que?- Enjolras perguntou sem entender.

–Não é obvio? Ela ainda quer você. E você, me desculpe, é meio burro de não ter percebido. Então ou você se afasta dela, ou eu me afasto de você. Entendido?- ela perguntou colocando as mãos na cintura.

–Éponine, isso é passado. Ela nem gosta mais de mim. Somos só amigos- ele puxou Éponine pela cintura e tentou dar um beijo nela que escapou do abraço.

–Você não vê o que todo mundo vê,porque é ingênuo. Essa é a minha condição. Se afasta dela e eu fico perto de você. Não se afaste e eu me afasto de você... Você tem até o domingo a noite para me responder... Pode ficar com o quarto, eu na verdade durmo no quarto do andar de baixo. Sendo assim não estou te expulsando do quarto.- Éponine anunciou ao sair e deixar Enjolras sozinho.

Ele se jogou na cama e ficou olhando para o teto, então os dois idiotas do Grantaire e Courfeyrac tinham razão quando diziam que Éponine não gostava da Thaís e era por isso que não falava com ele. Mas o que podia fazer? Não podia chegar na garota e dizer “Sinto muito Thaís, mas não podemos ser amigos porque minha namorada não gosta de você”. Enjolras sempre disse que não trocaria amizade por nada, mas também não queria terminar com Éponine. Que resposta iria dar para Éponine no domingo a noite?

Talvez ele devesse se impor, dizer que estava fora de cogitação, que Thaís era sua amiga e perguntar se ele pedisse, ela pararia de conversar com Montparnasse.

Mas sabia que se dissesse isso, ela iria na hora responder “então acho melhor terminamos, porque Montparnasse sempre esteve ao meu lado”. E mesmo que sentisse ciúmes, Enjolras sabia o por quê Montparnasse era tão importante para Éponine.

Escutou três batidas na porta e Joly enfiou a cabeça.

–Estão chamando a gente para ir para a praia.

–Agora?

–É . Parece que eles acenderam uma fogueira e tem uns amigos de Montparnasse e Éponine aí.- Joly explicou e saiu fechando a porta.

Enjolras se levantou e tirou a calça, trocando por um shorts e chinelo e desceu, saindo pelas portas do fundo, que eram de vidros para se juntar ao grupo.

Thaís estava lá sentada ao lado de Combeferre, ela sorriu e o chamou para sentar com eles, mas Enjolras escolheu sentar perto de Joly e Jehan. Éponine estava sentada no meio de duas garotas, uma ruiva e outra morena. Tinha uma caixa de isopor aberta que estava cheia de cerveja, e uma cesta com comida.

–Ta deixa eu apresentar vocês.- Éponine se levantou.- Essas são Caitlyn- apontou para a ruiva que acenou para todos.- Melissa.- a morena se levantou e fez reverência.- Aquele é o Jude.- ela apontou para um cara de dreads que jogava a futebol com Montparnasse.- E esse é o Damien, ele é italiano e namorado da Melissa.- ela explicou.- Muito bem, agora desse lado de cá temos: Grantaire, Courfeyrac, Joly, Jehan, Enjolras, Combeferre e a prima do Combeferre que não faz parte do grupo, Thaís.- Éponine apontou para cada um.

–E qual deles é seu namorado, Ponine? Por que não é possível tantos homens bonitos e você não querer nenhum deles- Caitlyn perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

–No momento, é o loiro de olhos azuis.- Éponine respondeu olhando para Enjolras.- Mas vamos ver se ele merece continuar sendo meu namorado, não é verdade Jojo.

–Vocês conhecem a Éponine desde quando?- Courfeyrac perguntou com uma pontada de ciúmes ao vê-la sentada com os outros e não com eles.

–Ah de alguns verões já.- Jude responde colocando mais graveto na fogueira.- Somos uma família de rejeitado pelos pais.

–A nós!- Melissa levantou a garrafa de cerveja no ar para um brinde,e os quatro bateram suas garrafas.- Nós conhecemos a Éponine na época que ela e Montparnasse ainda eram um casal.

–Vocês moram onde?- Jehan perguntou.

–Aqui. Nós todos vivemos de artesanato...- Caitlyn respondeu- temos uma lojinha em Cannes, menos eu, já que sou tatuadora profissional.

–E viciada em Taylor nas horas vagas.- Melissa zombou.

–E viciada em Taylor nas horas vagas.- Caitlyn acrescentou revirando os olhos.- Preconceito que vocês tem contra ela, viu... menos a Ponine.

–Também, depois da lavagem cerebral que você me fez todos esses dias!

Montparnasse se aproximou.

–Vocês querem jogar?

–Só se for vôlei.- as garotas responderam e Montparnasse bufou.

–Tudo bem pode ser vôlei.

E assim eles fizeram time e ficaram um bom tempo jogando, até que Éponine jogou a bola no mar,mas não foi rápida o suficiente para conseguir recuperar. O outro grupo de amigos dela começaram a aplaudir e falar “muito bem” e “que ótima jogadora, não?”.

Éponine aproveitou para ficar na água, e logo os amigos foram se juntar a ela, e ficaram brincando de jogar água uns nos outros, de montar nas costas dos garotos. Courfeyrac tentou fazer isso em Grantaire que deu um empurrão e o olhou com cara feia e murmurou um “não cara,para”.

Depois de muito tempo saíram da água e voltaram para perto da fogueira, que tinha uma cor meia azulada. Éponine e Montparnasse entraram para pegar toalhas para todos e quando voltaram, Jude estava tocando uma melodia no violão e os outros comendo.

–São todas as noites assim na praia?- Jehan perguntou com aquela vibe que estava sentindo.

–Nem sempre. Algumas noites simplesmente são destinadas a serem mágicas.-Caitlyn respondeu de olhos fechados e sentindo a música.- As vezes as pessoas que estão com você no momento é que fazem a magia acontecer. Por isso sou sempre grata aos meus amigos, que geralmente eles fazem isso acontecer.

–Eu penso assim também.- Jehan respondeu com certa admiração. Caitlyn abriu os olhos e deu um sorriso doce para ele.

–Montparnasse no que você trabalha?- Combeferre perguntou, estava curioso para saber o que ele fazia que tinha dinheiro para comprar uma casa no litoral, sendo que era tão novo. Os outro grupo riu e olharam para Montparnasse.

–Digamos que eu dependo muito da sorte.

–Sim. Precisa ter sorte para a policia não encontrá-lo.- Damien respondeu com um sotaque engraçado.

Thaís tinha ficado quieta o tempo todo, mas agora havia conseguido se aproximar mais de Enjolras e o encarava, enquanto mordia o lábio inferior, ouvindo as conversas animadas ao redor. Enjolras havia gostado dos outros amigos de Éponine, eles eram o tipo de pessoas que você não colocava muita fé,por causa do estilo de vida,mas que ao começar a conversar percebia que eram pessoas inteligentes,mas que escolheram ser pessoas despreocupadas, que largaram tudo e foram viver na praia ou de “amor” como eles gostavam de dizer.

–Você poderia me emprestar o violão?- ela perguntou em um fio de voz, envergonhada. Jude parou de tocar e olhou para a garota.

–Ta. Pode.- ele deu de ombros e passou o violão para ela.

–Toque alguma musica da Taylor.- Caitlyn pediu com um sorriso esperançoso.

–Qual você quer?

–AIMEUDEUS! Você sabe tocar?

–Algumas.- ela confessou. Melissa e Éponine olhavam com desprezo para Thaís, assim como foi com Éponine, o santo de Melissa não bateu muito bem com o de Thaís.

–Toque a que você quiser. Eu gosto de todas.- Caitlyn pediu feliz.

–Ta. Vou tocar a minha preferida no momento.

–Só não estrague a música como você fez com aquela da Avril, sim?- Grantaire falou com intenção de deixar a garota mal. Éponine riu, como se estivesse dizendo que aquilo seria uma coisa impossível.

Thaís ignorou o comentários e começou a dedilhar algumas notas antes de começar a tocar.

http://www.youtube.com/watch?v=1-1fv95eH9Y

I’m walking fast through the traffic lights

(Estou caminhando rápido pelas luzes do tráfego)

Busy streets and busy live

(Ruas e vidas ocupadas)

And all we know is touch and go

(E tudo o que sabemos é toque e vá)

We are alone with our changing minds

(Estamos sozinhos, com nossas mentes em transformação)

We fall in Love till it hurts or bleeds, or fades in time

(Nos apaixonamos até doer, sangrar ou passar com o tempo)

Ela tocava olhando para o violão com medo de errar alguma nota,por mais que soubesse de cor todos os acordes daquela musica. Os dois grupos a observava tocar em silêncio.

And I never saw you coming

(E eu não vi você se aproximando)

And I’ll never be the same

(E eu nunca serei a mesma)

Thaís levantou a cabeça lentamente e começou a tocar olhando diretamente para Enjolras, ignorando o fato que Éponine estava ali também.

You come around and the armor fall

(Você chega e a armadura cai)

Pierce the room like a cannonball

(Atravessa o quarto como uma bola de canhão)

Now all we know, is don’t let go

(Agora, tudo que sabemos é não soltar)

We are alone just you and me

(Estamos sozinhos, só você e eu)

Up in your room and our slates are clean

(No seu quarto e estamos em pratos limpos)

Just twin fire signs, four blue eyes

(Só sinais de fogo iguais, quarto olhos azuis)

Quando Thaís cantou essa parte, Éponine teve que se segurar onde estava sentada. Montparnasse apertou a mão da amiga para acalmá-la,percebendo o que Thaís estava aprontando, e começando a sentir uma pontada de raiva por aquela garota.

So you were never a sant

(Então você nunca foi santo)

And I’ve loved in shades of wrong

(E eu amei em tons errados)

We learn to live with the pain

(Aprendemos a viver com a dor)

Mosaic broken hearts

(Mosaico de corações quebrados)

But this love is brave and wild

(Mas esse amor é corajoso e selvagem)

And I never saw you coming

(E eu nunca vi você se aproximando)

And I’ll never be the same

(E eu nunca serei a mesma)

This is a state of grace

(Este é um estado de grace)

This is the worthwhile fight

(Esta é uma briga pela qual vale a pena lutar)

Love is a ruthless game

(O amor é um jogo cruel)

Unless you play it good and right

(A não ser que você o jogue direito)

These are the hands of fate

(Estas são as mãos do destino)

You’re my Achilles heel

(Você é meu calcanhar de Aquiles)

This is the golden age of something good

(Esta é a era de ouro de algo bom)

And right and real

(E certo e real)

Thaís estava deixando bem claro que não iria desistir de tentar conquistar Enjolras. Mesmo que Combeferre tivesse acabado de dizer que era para ela parar, que ele agora tinha namorada, e que os dois estavam felizes e que não era para ela atrapalhar, Thaís não aceitava se dar por vencida. Não iria aceitar tão fácil, sem antes lutar para ter o Enjolras. O fato de Éponine a ter convidado também, foi apenas um incentivo a mais para ela não desisitir.

And I never saw you coming

(E eu nunca vi você se aproximando)

And I’ll never be the same

(E eu nunca serei a mesma)

This is a state of grace

(Este é um estado de grace)

This is the worthwhile fight

(Esta é uma briga pela qual vale a pena lutar)

Love is a ruthless game

(O amor é um jogo cruel)

Unless you play it good and right.

(A não ser que você o jogue direito)

As últimas notas preencheram o ar e morreram lentamente. Eles ficaram em silêncio. Thaís encarando Enjolras e ele retribuindo, preso aos olhos igualmente azuis da garota.

Melissa deu uma cotovelada em Caitlyn que ainda estava meio fora do ar, e quando a garota a olhou com uma careta de dor, Melissa indicou com um olhar Éponine que tinha um olhar mortal ao encarar Enjolras e Thaís.

Finalmente Éponine conseguiu ter uma reação, e riu sarcasticamente, fazendo assim Enjolras olhar para ela.

–Inacreditável!- ela murmurou irritada e saiu pisando duro, puxando Montparnasse consigo.

Melissa se levantou e foi atrás dos dois,mas voltou para trás para pegar Caitlyn que era um pouco lerda para entender o que estava acontecendo.

–Que papelão ein, Jojo?- Grantaire perguntou se levantando.- Já que aparentemente a festa acabou eu vou entrar porque quero aproveitar dois dias na praia. E se alguém atrapalhar, juro pelo vinho mais raro, que vou matar o filho da puta. Bonsoir.

–Eu não sei o que acabou de acontecer aqui, mas vou ir ver a Éponine e ir dormir. Bonsoir- Jude se despediu e logo em seguida Damien também entrou, ficando só Courfeyrac olhando com desaprovação para Enjolras, Combeferre olhando decepcionado para Thaís e Jehan e Joly encarando os quatro.

–Pelo visto não ouviu nada que te falei... Me de um bom motivo para que eu não a coloque em um ônibus de volta para Paris, para que assim você pegue um avião de voltar para Londres?

–Porque eu já sou adulta e você não manda em mim. E eu não vou deixar a Éponine tirar o Enjolras de mim. Ela não o merece.- Thais respondeu cheia de veneno, no mesmo tom baixo que Combeferre usava.

–Já basta. Vamos entrar. Bonsoir.- Combeferre se despediu e saiu puxando Thaís a força para dentro de casa.

Enjolras e Courfeyrac ficaram um tempo em silêncio.

–Cara eu sei que você pensa que eu sou um retardado, e talvez eu seja mesmo.- Courfeyrac quebrou o silêncio.- Mas... se você gosta da Thaís, fala de uma vez para a Éponine e para de fazer ela passar nervoso. Eu não gosto disso. Dê a chance dela conhecer outros caras.

–Courfeyrac, eu não gosto da Thaís.- Enjolras se defendeu.- Não desse jeito.

–Não é o que parece. Acho que prefiro que você volte a ser aquele cara solitário que só liga para a França.- Courfeyrac se levantou e limpou a areia do shorts.- Só tente não estragar o final de semana dos seus amigos.

Courfeyrac entrou deixando Enjolras sozinho, mas logo ele também entrou e encontrou a casa vazia, apenas pode ouvir conversas vindas de um quarto no andar de baixo.

Ele precisava se decidir. Não queria magoar Éponine, do mesmo jeito que não queria dar falsas esperanças para Thaís. Ele não gostava dela, e talvez fosse isso que ele tivesse que dizer. Talvez ele só tinha que ser franco e tudo isso iria acabar.

Mal Enjolras tinha noção, que Thaís já havia deixado bem claro para Éponine que não iria desistir tão fácil assim.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, é isso, espero que tenham gostado e o próximo será o que eles irão aprontar nesse final de semana. Tive que dividir porque senão ia ficar muito longo e muito cansativo e eu não queria isso. Enfim não curti muito esse capítulo.

Agora uma coisa irônica, assim que eu escrevi as notas iniciais vi escrito ali do lado onde ta escrito as dicas "não diga nas notas que o capítulo ficou ruim", é acho que eu vivo fazendo isso. Não vai ser nenhuma dica que vá me fazer parar, sou uma pessoa muito verdadeira com meus leitores.

Mas espero que gostem, mesmo que eu não tenha gostado. E como de costume, peço para me dizerem o que acharam. Podem me xingar, eu deixo.

Até mais



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