Meu Anjo escrita por Mari May


Capítulo 2
A primeira conversa com Sakura




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         Ué, Kakashi-sensei não vai falar mais nada? Ah, de novo com aquele livrinho erótico...

- Foi mal, gente! Faltava só mais um parágrafo pra terminar o capítulo! Hehe!

         Típico.

- Vamos, então, começar logo a aula! – completou.

         Admito: apesar dele me irritar (o que não me irrita?), Kakashi é um ótimo professor.

Como o dito cujo falou, me deu aula ano passado. A princípio, desconfiei se ele era MESMO um professor. Mas, com o tempo, vi que era verdade. A matéria dele é Literatura (acho que já deu pra notar sua paixão por livros).

         Lembro, com detalhes sórdidos, do primeiro livro que ele nos fez ler...

 

- Como professor de literatura, vou indicar um livro pra vocês lerem. É obrigatório. Vou passar um trabalho baseado nele. – um sorriso estranho se forma no rosto do sensei – Só não digo QUAL tipo de trabalho até o prazo de leitura acabar, ou seja, daqui a um mês. Huhuhu!

         Por que tive a sensação de que não vou gostar nem um pouco desse trabalho?

- O livro é “A Lenda dos Porcos Alados e dos Pôneis Falantes”! O autor é o consagrado Jiraiya-sama! Ele é meu “ídolo-escritor”!

         O quê??? O mesmo autor dos livros que o Kakashi-sensei adora??? Como um autor tarado põe um título desses no seu livro, um título que lembra contos-de-fada ou algo do tipo???

         Fico até imaginando os pobres pais que compram esse livro para suas crianças, achando que é mais uma história inocente... E de repente seus filhos deixam de acreditar que vieram do repolho ou da cegonha, pois a história aparentemente inocente lhes revelou toda a verdade sobre de onde vêm os bebês...

- Professor, professor!

- Sim, Naruto?

- Você não pode dar uma dica de como vai ser esse trabalho? Hein, hein, heeein?

- Hããã... Deixa eu ver... Hum... Ééé... Não?

         Naruto capota.

         Um mês se passou, e todos, inclusive eu, estavam ansiosos para saber como seria o trabalho.

- Primeiramente, vou dividi-los em trios: Neji, Lee e Tenten...

- A morena (e que morena!) até vai, mas... O sobrancelhudo??? – murmurou.

- ...Kiba, Shino e Hinata...

- Hã??? Com esses excluídos??? – murmurou também.

- ...Shikamaru, Chouji e Ino...

- O Chouji tudo bem, mas a Temari morre de ciúmes da Ino... Isso vai ser um problemão... Ai, que saco...

         Tanto Ino quanto Chouji são amigos de infância de Shikamaru, mas Temari implica com a amizade dele com a outra loira.

- ...Sasuke, Naruto e Gaara...

         Eu e Naruto nos entreolhamos. Ao mesmo tempo, fitamos o apático ruivo. Como sempre, não esboçou reação.

         Voltamos a nos olhar. Aquilo, definitivamente, não teria final feliz.

         Quando o sensei terminou de escolher os trios, deu início à explicação.

- Como vocês devem ter notado, pois leram o livro...

- Não li porcaria nenhuma. – interrompeu Kiba.

- Nem eu. – completou Naruto.

- Tá, fiquem quietos! Pois bem: esse é o único livro do Jiraiya-sama que, infelizmente, não tem sacanagem. Ele escreveu para seu netinho. Vou dividir os capítulos entre os trios e quero cada grupo encenando sua parte aqui na frente.

- O QUÊ???

 

         Não acreditei que teria mesmo que me expor ao ridículo daquela maneira.

         A minha cena foi justamente a mais patética do livro todo. É quando o pônei macho e a pônei fêmea estão conversando, o pônei macho fala alguma bobagem e a pônei fêmea responde: “Só acredito nisso quando porcos voarem!” Nisso, aparece um mau-humorado porquinho alado voando perto do casal de pôneis.

         Adivinha como os papéis ficaram divididos?

GAARA: o porco alado

NARUTO: o pônei macho

SASUKE: o pônei fêmea

         Isso mesmo: além do estúpido papel de pônei, eu ainda era a fêmea!

         Foi traumatizante. Como se não bastasse, ainda tínhamos que arranjar o figurino. Gaara teve as asas de anjinho e fantasia de porco costuradas pela irmã. Eu e Naruto tivemos que ir numa costureira fazer a fantasia de pônei (o corpo todo ficava coberto pela peça, exceto a cabeça), e ainda tivemos que ouvir da mulher se íamos a algum tipo de “Festa à Fantasia Gay”... É cada uma...

         Xinguei mentalmente o Kakashi tantas vezes que já valeu até sua décima quinta geração.

         Pois bem, Kakashi finalmente resolveu dar aula. Depois, tivemos aula de matemática com o professor Asuma, e enfim bateu o sinal do recreio.

         Como minha mãe me entupiu de comida alegando que eu estava magro demais, só de sentir cheiro de comida já passo mal.

         Resolvi ficar sentado num canto qualquer do imenso pátio.

         E lá estava eu, curtindo o tédio, quando me aparece uma garota de longos cabelos azul-marinho.

- O-oi...

- Oi. Tudo bem?

- Sim...

- Quer se sentar?

- Obrigada...

         Hinata. Outra pessoa, do seleto grupo de pessoas, que considero como amiga. Já falei do Naruto? Ah, então já falei do grupo todo.

- Curtiu bem suas férias, Hinata?

- Sim, bastante... Passeei, vi muitos filmes, dormi na casa da Tenten e ela na minha... Aliás, acho que ela está se interessando pelo meu primo...

- Já falou pra ela do “outro lado” dele? Ou ela já conhecia a fama?

- Já conhecia, mas, mesmo assim, não quer nem saber...

         Hunf... Tenten vai se ferrar com esse mulherengo. A não ser que ela tenha o poder de fazer Neji ter olhos somente pra ela (o que é quase impossível).

- Falando nisso... Vai ser esse ano?

- O quê?

- Que você vai se declarar pro Naruto?

- ...

         É nessas horas que não sei dizer se o que está ao meu lado é Hinata ou um tomate em forma de gente.

- E-e-eu... Er... Eu...

- Falo sério. Se você não se declarar, ele nunca vai saber. A idiotice do Naruto ultrapassa os limites da ignorância humana.

- M-mas... E-eu já sei que vou... L-levar... Um fora...

         O nervosismo tomou conta de Hinata. Ela não pára de tremer, e a qualquer momento pode desmaiar.

         Certa vez, ela foi parar na enfermaria simplesmente porque Naruto disse “Poxa, Hinata-chan, o cara que ganhar teu coração vai ser um cara de sorte!” No segundo seguinte, Hinata já estava estirada no chão.

         Mas o pior não foi isso. Foi o desespero do Naruto: “NÃO! NÃO! NÃÃÃO! EU MATEI ELA! EU MATEI A HINATA-CHAN! AAAH, SOU UM ASSASSINO! AAAH, HINATA-CHAAAN! AAAH, EU VOU SER PRESO! EU VOU MORRER! EU MEREÇO A MORTE! HINATA É COMO UM ANJO! AAAAAAH, MATEI UM ANJO! E EU NEM SABIA QUE ANJOS MORRIAM! SOCOR...!” A essa altura, eu já estava farto daquilo e dei um tapa na cara dele, que se revoltou e esqueceu completamente da menina desmaiada.

         Depois de muito me xingar, Naruto enfim se lembrou do que supostamente fez e voltou a proferir frases dignas de um bêbado. Então, fui obrigado a lhe dar um soco no estômago.

         Final da história: ele também desmaiou e tive que arrastar o imbecil até a enfermaria. Hinata foi levada pela professora Kurenai, que estava passando por ali na hora.     

         É cada um que me aparece...

         Me despeço de Hinata e ando sem rumo pelo pátio. E me arrependo dessa escolha no segundo seguinte.

- Saaasukeeeee! – “ele” berra, correndo na minha direção.

- ...oi, Naruto.

- Eu tava te procurando!

- Que desgraça... Pra quê?

- Nada demais, ué, só pra saber onde você se meteu!

- Putz... Não sei por que ainda perguntei...

- Na verdade, quando atravessei o pátio, vi você com a Hinata... Fala sério, ela é uma gracinha! Mas é tão estranha e hesitante... Quando vou falar com ela, então, fica mais esquisita ainda e com a cara toda vermelha... Será que é algum tipo de doença?

         Pela segunda vez no dia, dou um tapa na minha própria testa.

- Hein, Sasu...?

- Só se for a doença do amor!!! – acabo soltando, sem mais um pingo de paciência pra suportar tamanha estupidez.

         Ele arregala os olhos.

- Q-quer dizer que a Hinata-chan está... Apaixonada???

         Lágrimas de emoção surgem em meus olhos. Depois dessa, ai de quem não acreditar que milagres acontecem!

         Nos encaramos por alguns segundos, sérios.

         De repente, Naruto pergunta:

- Por quem?

         Minha vontade é de esganar essa criatura IGNÓBIA à minha frente.

- Por que não pergunta diretamente a ela, seu animal??? – respondi, no auge da fúria.

- Hum... Boa idéia...

         E lá foi ele atrás de Hinata.

         Não é que, sem querer, acabei tendo uma idéia brilhante pra eles se resolverem?

- É dele que ela gosta, né? – diz uma voz feminina surgindo de trás da pilastra onde eu estava recostado.

         Quando me viro para ver quem era...

- ...Sakura?

- Prazer! Qual o seu nome?

- Sasuke.

- Posso te chamar de “Sasuke-kun”?

- Er... Claro...

- Sasuke-kun, não pense que eu tava espionando... A Ino foi na cantina e me pediu pra esperar aqui... Aí, acabei ouvindo a conversa... Desculpa...

- Que seja. Mas como sabe que a Hinata...?

- Eu vi o modo como ela o olhava. Gosto de observar e analisar as pessoas.

- Você também tem essa mania?

- Hehe... Sim. Decidi torcer secretamente pela Hinata. O que ela sente pelo seu amigo é muito puro e sincero. Pelo menos é a impressão que eu tenho.

         Fiquei admirado com aquelas palavras. Ela estava certíssima!

- Também acho isso.

         Olhamos para onde Hinata estava, e a vimos desmaiada nos braços de Naruto.

- Essa não...

- Ele perguntou na lata e ela, no auge da timidez misturada com nervosismo, desmaiou.

- Exatamente. O Naruto é um palerma mesmo... Tenho minhas dúvidas se um dia ele vai perceber o que a Hinata sente por ele...

- Se não vai por bem, vai por mal! – ela ameaçou, preparando uma das mãos pra socar.

- He... Ótima idéia.

- He... Agradeço.

- Vou lá dar uma ajuda.

- Tá. Tchauzinho!

         Caramba... Foi nossa primeira conversa, e fluiu tão naturalmente... Não sei por que, mas, de algum jeito, me senti à vontade com ela. Que estranho... Eu, hein... Melhor parar de pensar nisso e ir lá acudir aqueles dois.

 


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