Ele iria me matar, e eu não iria oferecer qualquer tipo de resistência.

Fechei os olhos e esperei o golpe, mas ao invés disso, recebi o toque de seus dedos no meu rosto.

– Pensei que não iria mais te ver.

Abri os olhos, incrédula e me deparei com James me fitando intensamente.

– Esse era o meu objetivo. – Falei sem desviar o olhar, eu estava praticamente hipnotizada.

– Por que, Lua? O que você queria de mim?

Dei as costas para ele.

– Seu coração, James. Era isso o que eu queria. Sua vida. Queria que você pagasse por tudo de mal que aconteceu aos humanos.

– O que você tem haver com os humanos? – Senti sua mão no meu ombro e respirei fundo, hora de contar a verdade, ou parte dela.

– Eu não sou uma vampira das colinas, não sou quem você pensa. Fui criada por alguém, quando estava à beira da morte depois de um ataque de lobisomens. E, resolvi me vingar, matar você e o líder dos lobos. Não consegui. E ainda não sei o por quê.

– Tem certeza que você não sabe? – James segurou meus ombros e me fez olhar novamente para ele.

Eu ficava presa em seu olhar, perdida, paralisada.

Mas, ele não havia escutado que eu menti? Que eu era criada e não nascida vampira? Ele não entendeu que eu pretendia matar-lo?

– Diga, o que você sente? Eu sei que você sente, Lua. Por mais que eu tente esconder, reduzir meus sentimentos, eles ainda estão aqui. O que você sente por mim?

– Eu te odeio.

– Duvido.

Antes que eu me desse conta do que James iria fazer, senti seus lábios nos meus, firmes, sua mãos desceram até minha cintura, colando seu corpo ao meu, demorei um pouco, mas... Acabei cedendo. Deixei que sua língua explorasse minha boca, prendi uma mão em seu cabelo e puxei, enquanto a outra fazia desenhos em suas costas.

– Desculpas. – Falei quando nos separamos ainda de olhos fechados. – Por ter tentado te matar, por invadir sua casa, por querer matar sua raça, desculpa.

– Só se você passar essa noite comigo.

Ããh?

– Essa noite vamos esquecer que você tentou me matar, que eu sou um líder em guerra, que você é uma ex-humana, super forte por acaso... E linda também.

Mordi o lábio, abri meus olhos e me deparei com um sorriso.

– Mas, não podemos ficar aqui, perto do castelo.

James segurou minha mão e começou andar, subindo o rio, aumentando a velocidade dos passos, e em pouco tempo estávamos correndo.

– Onde estamos indo? – Perguntei enquanto desviava de um árvore, voltando a acompanhar-lo, lado a lado.

– Nascente do rio.

Percebi um sorriso se formando em meu rosto, James não ligava se eu era uma ex-humana, não se importava de eu ter tentado matar-lo, nada.

Ele... Só queria passar um tempo comigo.

Seria melhor até fingir que não tinha importância, mas, eu sabia que tinha toda importância. Estava cansada de negar tudo, de não querer me importar.

Eu me importava com o James, me importava com o Logan e até me importava com o Kendall apesar de seu desejo obsessivo e compulsivo por mim, apesar de tudo o que havia acontecido, eu me importava.

Ele parou, e por pouco não me esbarrava nele.

– É aqui.

Olhei em volta, podia ver uma nascente, de onde saia quase como em jorro água, a luz da lua parecia que estava brilhando, e um pouco mais à frente uma cachoeira com no máximo três metros de altura.

– Só falta um detalhe. – James correu em volta das árvores, espantando alguns vagalumes e fazendo com que eles se acendessem. – Luz.

Soltei um sorriso.

Do modo que eu o olhava, ele não parecia alguém que não perdoava, um assassino, nada. E sim, com algo que eu conhecia muito bem, ele parecia um humano.

Ele voltou para perto de mim, na minha frente e me envolveu em seus braços.

– Essa noite você é minha.

Apenas assenti.

– Então, o que você acha de um mergulho?

– Eu iria adorar.

James me explicou que logo abaixo da cachoeira, havia cavernas subaquáticas e era bastante profundo.

Ele tirou a camisa, mordi o lábio inferior com a visão, eu realmente precisei me conter, quando James se preparou para mergulhar, seus músculos bem definidos se contraíram, e com um impulso ele fez um salto perfeito pela cachoeira. Precisei de alguns para voltar a raciocinar.

Tirei a minha jaqueta e os sapatos, e mergulhei também. Demorei um pouco para voltar a superfície analisando as cavernas, não dava pra ver muita coisa dali, nadei até a superfície mas não encontrei James.

– James? – Olhei em volta e não havia nenhum sinal dele – James? – Chamei mais alto.

Senti uma mão no meu pé, então fui puxada para baixo, percebi que era ele antes que eu acertasse um chute no seu rosto. James me puxou mais para baixo, com um pequeno sorriso no rosto, segurou meus ombros e me beijou, em meio a um sorriso meu.

Saímos da água, alguns vagalumes voavam por perto, me deitei na grama e fiquei olhando para o céu.

– Você não jogou fora a pedra lua?

– Por que eu faria isso? – Olhei pelo canto do olho James sentado ao meu lado.

– Não sei. Gosto de como fica em você. Lua... Eu te falei a verdade no telhado. – Já sabia o que ele iria dizer. Me levantei e fiquei de costas para ele, eu não queria saber.

– Não fale.

– Eu preciso.

James puxou o meu braço, me deixando sem saída, fazendo com que eu olhasse nos seus olhos.

– Você se tornou minha fraqueza, Luanne. Eu faria qualquer coisa para te proteger, eu lutaria e morreria só para salvar você.

– James...

Não consegui dizer mais nada, apenas o abracei, e tentei reprimir uma lágrima que estava quase caindo. Dei um beijo em seu pescoço, outro no seu rosto e terminei em sua boca, passei a língua no seu lábio inferior, prendendo-o em seguida nos meus dentes, James deixou escapar um pequeno gemido, e tomou minha boca.

Seus lábios urgentes nos meus, em um milésimo senti minhas costas se encostarem em uma árvore e prendi minhas pernas na cintura dele, minhas mãos bagunçavam o cabelo dele, enquanto as suas subiam e desciam pelo meu corpo. Ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, abri os olhos e olhei para o céu que já estava mudando de cor.

Céu mudando de cor... Ganhando um tom rosado... Amanhecendo... Primeiros raios... Sol.

– James! O sol. Já está amanhecendo.

James ficou paralisado por dois segundos, então me soltou.

– Não podemos nos expor ao sol. Acho que está na hora de voltarmos. – Ele abaixou a cabeça e deu um sorriso triste.

De mãos dadas corremos de volta para a floresta ao lado do castelo, rápido demais nós chegamos.

– E... Aqui nós nos despedimos James.

– O que? Não. Você vai ficar aqui comigo, do meu lado, vamos vencer essa guerra juntos.

– Eu não posso. O sol já vai aparecer, é melhor você ir.

– VOCÊ ESTÁ PRETENDENDO SE MATAR, LUANNE AILI? – James segurou meu rosto – Não vou deixar.

– O sol não me afeta. E tem gente que precisa de mim. – Logan.

– Eu também preciso de você, Lua. Não me deixe de novo.

Senti meus olhos começarem a ficar cheios.

– Ainda vamos nos ver. Isso não é um adeus.

Não deixei ele falar mais nada, fiquei na ponta dos pés, e encostei nossos lábios. Me afastei um pouco, James ainda estava de olhos fechados, então comecei a correr o mais rápido que eu pude, antes que ele visse a direção que eu estava indo.

Quando o sol apareceu completamente no céu, eu estava na entrada dos túneis. E, para a minha infelicidade, Hayala estava me esperando.

– Preciso falar com você.

– Aconteceu alguma coisa com o Logan?

– Sim. – Ela abaixou a cabeça – É melhor você ver com seus próprios olhos.

Não, não pode ter acontecido nada com ele.

Hayala me guiou por vários corredores, eu comecei a achar estranho porque estávamos indo na direção contrária ao do quarto do Logan. Depois de descemos uma escada, ela parou, olhou pra mim e deu um sorriso maléfico.

– Eu sei aonde você estava. Com os vampiros, certo Luanne? – Congelei, como ela sabia? – Traidora. – Fiquei completamente sem ação.

Só percebi que ela havia me empurrado quando já estava no chão, senti uma raiva crescer dentro de mim, antes que eu me levantasse, Hayala fechou uma grade na minha frente.

Eu estava em uma cela. Ela havia me levado para o calabouço.

– Aqui nós pagamos traição com morte.