– eu não queria que fosse assim... Mas, droga math! Eu não posso continuar com você se eu penso em outro - falei com o coração doendo, odiava fazer isso, mas eu não achava justo, nem com ele, nem com meu coração que tantas vezes tentou escolher outro que não fosse loren.

– sempre teve outro? Eu nunca tive chance? - perguntou-me com a cara fechada, com a máscara que usava quando não queria demonstrar nada, mas eu o conhecia o suficiente para saber que a indiferença era apenas uma fachada.

– desculpa, eu... Eu gosto de você, mas sei que não vou conseguir retribuir o que você sente...

– então não devia ter aceitado charlotte! Quer saber, tenta ficar longe de mim - ele disse rancoroso, senti meu coração se apertar novamente. A cena se repetia, era sempre a mesma coisa!

Meu nome é charlotte willis e vou contar minha história pra vocês. Quando eu tinha 13 anos viajei para ficar três meses afastada dos meus pais, ter uma experiência diferente de responsabilidade. E lá conheci um cara por quem me apaixonei verdadeiramente pela primeira e única vez na vida, mas ele era 7 anos mais velho que eu, e mesmo sem nenhum dos dois ligando pra isso, quando voltei para minha cidade meus pais descobriram e me tiraram qualquer forma de comunicação com ele. Ele era simplesmente a ancora que me deixava com os pés no chão, que não me deixava enlouquecer com os problemas da minha casa, ele era meu tudo, seu nome era loren.

Com o telefone de uma amiga contei tudo pra ele, e chorando, decidi que o melhor a fazer era terminar tudo, ele tinha uma vida para seguir, tinha sonhos e eu não ia deixar ele desistir de tudo, ou pior ser preso e ser impedido de realisa-los, por minha culpa. Quando fiz isso minha vida virou de ponta cabeça e acabei caindo em uma depressão das grandes, tentei tirar minha própria vida, comecei a beber escondida, me envolvi com pessoas erradas, simplesmente não conseguia ser eu mesma sem ele.

Eu tentava sair disso, ficar com outros caras, me apaixonar novamente, mas era quase impossível não pensar nele. E ele seguiu com a própria vida, arrumou outra pessoa, alguém que pudesse ficar ao seu lado sem repreensão, enquanto eu só me afundava na minha própria merda, já não consegui suportar a idéia de ter um futuro que não fosse com ele ao meu lado.

Eu ouvia elogios, "você está cada dia mais bonita", "que menina inteligente", "o futuro que a aguarda será ótimo". E cada vez que eu ouvia uma coisa dessas eu queria chorar, não me achava bonita o suficiente, chegava até a ser sem graça, gorda, não conseguia ser a melhor em nada e meu futuro não existia sem ele.

E hoje a cena de um termino se repetia, eu me sentia mal por ele, mas estava indiferente em relação ao que eu sentia, nunca quis machucar ninguém, mas não importava o quanto insistisse, eu não iria esquece-lo nem se morresse.

Sabe aquele lance de imprintting do crepúsculo, que a pessoa não é mais conectada à terra pela gravidade, e sim pela outra pessoa? Era isso que eu sentia.

Vi math se afastando e fui para minha roda de amigos, ultimamente isso me ajudava.

– e então?? - perguntou-me nathy, esperançosa, ela sempre apoiara um "namoro" com math, mesmo eu nunca pensando em ter isso com ele.

– então o que? - perguntei realmente indiferente

– o que ele falou sua idiota?? - indagou sempre delicada...

– ele me quer longe - respondi ainda indiferente

– e você não ta nem um pouco triste? - retrucou indignada.

– nathy, você sabe como sou desapegada - falei com uma careta - eu to preocupada com ele, sim, mas fiz o certo - dei de ombros deixando todos de boca aberta, poucos ali sabiam o motivo de eu não querer mais nada com ele. - e por favor, vamos mudar de assunto.

– ta, você vai mesmo faltar na prova pra viajar? - perguntou Thaís fazendo o que pedi.

– vou, não posso deixar de ir, sem contar que eu preciso conversar com uma pessoa que estará lá - disse abaixando o olhar.

– você só vai por isso?

– não né, a noiva é importante pra mim, não posso deixar de ir gente - falei levantando os olhos e dando um meio sorriso, uma das garotas me ofereceu uma lata de coca que eu apenas mexi um pouco no canudo e tomei um gole, sentindo assim que o liquido bateu em meu estômago, tudo voltando.

Disfarçadamente sai de perto deles e fui até o banheiro, tentando não correr. Assim que cheguei no banheiro me enfiei dentro do primeiro box na minha frente e coloquei o nada que tinha no meu estômago nos encanamentos da escola.